quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Embaixador português na Rússia explica como Portugal pode ligar Brasil e OTAN

Hoje (14), na sede da agência russa Rossiya Segodnya, foi aberto o 6º Modelo Internacional da ONU do qual participou, dando uma palestra sobre o balanço da diplomacia portuguesa, o embaixador de Portugal na Rússia, Mário Godinho de Matos. A Sputnik Brasil conversou com o diplomata sobre os temas mais recentes ligados ao mundo lusófono.

Sputnik: Há dois dias, houve uma reunião entre os ministros da Defesa português e brasileiro, durante a qual o titular da pasta brasileiro disse que Portugal era, vamos dizer, uma plataforma para se aproximar à OTAN. Então, como o senhor avalia as perspectivas da cooperação na área de defesa e segurança?
Mário Godinho de Matos: Exatamente, nós notamos essas afirmações que foram feitas há poucos dias. Como sabe, entre Portugal e o Brasil há um largo espectro de relações a todos os níveis: econômicos, culturais, políticas também… A área de defesa é uma área em que também se pode fazer progressos e avanços.
Portugal, como sabe, é um país-fundador da NATO [OTAN], ou seja, somos membros desta organização desde o início da sua constituição. E dados os laços tão fortes que temos com o Brasil, obviamente que estaremos sempre num algo de ligação entre aquilo que o Brasil quer fazer em termos da defesa e aquilo que nós, inseridos na Europa, numa estrutura da defesa europeia e transatlântica, também podemos propor.
S: Há pouco, o primeiro-ministro português António Costa foi à República Centro-Africana onde ficam 160 militares portugueses que tomam parte de uma missão das Nações Unidas. Como o senhor embaixador poderia comentar e explicar e importância desta missão para o seu país?
MGM: As missões das Forças Armadas portuguesas no estrangeiro e nesse tipo de missões de paz como essa que referiu, na África, e outras também — temos colaborado nos Bálcãs, no Médio Oriente — são um vetor muito importante da nossa política externa, porque, justamente como membros da NATO [OTAN] e da União Europeia, fizemos um esforço muito grande, também do ponto de vista orçamental, para estar presente no maior número de frentes possíveis de luta contra o terrorismo, contra, enfim, as situações como essa que referiu [guerra civil na República Centro-Africana] em que se deve garantir o respeito pelos direitos humanos e, portanto, essa é uma frente que temos.
Temos dado muita atenção [a estes assuntos] e participamos em várias áreas no mundo com esse tipo de participação das nossas Forças Armadas.
S: António Guterres assumiu funções há pouco, e já houve uma situação em que o secretário-geral [da ONU António Guterres] propôs a candidatura de Salam Fayyad, palestino, para o posto do enviado especial na Líbia. Esta candidatura foi rejeitada, rechaçada primeiramente pelos EUA. Como o senhor embaixador pode comentar a situação, quais são os obstáculos neste caminho, digamos, e como pode avaliar o empenho que António Guterres já fez na ONU?
MGM: Bem, como pode imaginar, para mim é muito difícil estando aqui, em Moscovo [Moscou], comentar uma iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas. Enfim, sendo [ele] cidadão português e hoje [em dia ele é também] secretário-geral das Nações Unidas quem tenta interpretar, no âmbito das Nações Unidas, quais são as forças que estão presentes.Portanto, não conheço os detalhes dessa nomeação, nem como é que ela se desenvolveu, apenas posso comentar que, como comentou aqui o vice-ministro [das Relações Exteriores russo] Gatilov, as Nações Unidas são uma realidade muito complexa, onde se cruzam muitos interesses nacionais de diversos países e isso é visível em todos os níveis — no Conselho de Segurança, na Assembleia Geral. E é dentro dessa complexidade "onusiana", como se costuma dizer, que todos esses processos se desenvolvem, mas eu sinceramente não conheço os detalhes para comentar.
S: Também há poucos dias, os ministros da Defesa italiana, português, espanhola e francês escreveram uma carta conjunta ao secretário-geral da OTAN, dizendo que queriam um reforço, vamos dizer, do flanco Sul da OTAN. Então, será que isto pode ser ligado, por exemplo, às preocupações dos países europeus com a nova administração norte-americana, com Trump que várias vezes questionou a eficácia da OTAN? Qual pode ser o motivo de tais ações?
MGM: Não, eu penso que essa é uma questão antiga. Eu próprio trabalhei na delegação portuguesa na NATO [OTAN] durante vários anos. E já nessa altura tínhamos uma relação com o flanco Sul da NATO [OTAN], ou seja, com os países do Magreb [região africana que está limitada pelo Mar Mediterrâneo a norte e fica em proximidade dos respectivos países europeus]. Chamava-se então essa iniciativa [de] Diálogo Mediterrâneo.
Agora tem outros nomes, mas a ideia é a mesma: é reforçar o flanco Sul da NATO [OTAN]. Então, há um flanco Leste, como sabe, e um flanco Sul. Evidentemente que estes países que referiu, entre os quais o meu, Portugal, Espanha, Itália, França e talvez Grécia também, temos uma preocupação muito específica com o terrorismo e com instabilidade, melhor dizendo, que hoje em dia existe em vários países na outra costa do Mediterrâneo. Está muito perto de nós. É um assunto que nos diz diretamente respeito. E essa manifestação dos ministros da Defesa foi justamente para, junto do secretário-geral da NATO [OTAN], frisar que esse era também um aspecto muito importante.

Mudança de jogo: China protegerá seus céus com sistemas russos S-400 em breve

O diretor de cooperação internacional da Corporação Estatal russa Rostec, Viktor Kladov, comunicou que já foi iniciada a produção dos sistemas antiaéreos S-400 Triumph para a China.

Durante conversa com o serviço russo da Rádio Sputnik, o especialista militar Oleg Ponomorenko explicou por que os sistemas de mísseis de ponta serão responsáveis pela mudança de jogo para os militares chineses.
Na terça-feira (14), ao falar com repórteres durante exposição internacional Aero India 2017 em Bangalore, Kladov confirmou que a fabricação de sistemas de mísseis S-400 para a China já foi iniciada. "No momento, há um contrato operacional assinado com a China para o fornecimento de sistemas S-400. Eles estão na fase de produção", disse o funcionário da empresa.
Kladov acrescentou que "vários países manifestaram interesse" no sistema de defesa aéreo russo, enfatizando que "a capacidade de produção é limitada".
Em junho do ano passado, o diretor geral da Rostec, Sergei Shemezov, disse que os S-400 previstos para a China não seriam entregues antes de 2018, acrescentando que a primeira prioridade era armar os próprios militares russos. A China confirmou oficialmente a compra de pelo menos três lotes (seis divisões) de S-400 para suas forças de defesa aérea. Cada divisão consiste em oito lançadores, 112 mísseis, bem como os veículos de comando e apoio necessários.
Em 2015, a Índia anunciou que também gostaria de comprar vários batalhões do sistema móvel de mísseis terra-ar, juntamente com milhares de mísseis. Moscou fechou acordo de fornecimento dos sistemas com a Índia em outubro do ano passado, após reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, durante a cúpula do BRICS em Goa.
Em novembro, a Turquia comunicou que também estava negociando com Moscou sobre a compra de S-400, e em julho, o Vietnã se mostrou interessado em comprá-los.
O S-400 é o sistema de defesa aérea da próxima geração da Rússia, capaz de transportar quatro tipos diferentes de mísseis para destruir alvos aéreos que se encontram a distâncias de no máximo 400 km. A arma é projetada para ser capaz de detectar e destruir todos os objetos aéreos inimigos, incluindo aviões, helicópteros, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos voando a velocidades de até 4.800 m/s. Eles também são capazes de atingir objetivos do solo.
Projetado pelo Consórcio da defesa aérea Almaz-Antey e construído pela Empresa de construção de máquinas Fakel, o S-400 começou a ser introduzido no exército russo em 2007. Desde 2016, a Rússia recebeu 39 divisões, ou seja, 312 lançadores.
O interesse da China no S-400 começou a ser circulado pela mídia em 2011. Em 2012, fontes próximas aos Serviços Federais Russos de Cooperação Técnico-Militar, que regulam a cooperação militar-técnica com outros países, disseram que as negociações sobre a compra de uma divisão (consistindo em oito lançadores) estavam em andamento. Em 2014, esse número foi aumentado para quatro divisões. De acordo com os últimos relatórios, a China está pensando em comprar seis divisões, que custaria 3 bilhões de dólares (cerca de 9 bilhões de reais).
De acordo com especialistas, o alcance de 400 km do S-400 permitirá que Pequim controle facilmente seu próprio espaço aéreo de ataques, bem como espaço aéreo de países e territórios vizinhos, incluindo Taiwan e as Ilhas Senkaku — grupo de ilhas no mar da China Oriental controlado pelo Japão, mas também reivindicado por Pequim.
Em entrevista ao serviço russo da rádio Sputnik, o analista de segurança e especialista do Centro de Estudos Estratégicos de Moscou, Oleg Ponomarenko, explicou por que a entrega de S-400 para a China tem vários benefícios para a Rússia.
Em particular, esta é uma oportunidade, com a ajuda de um parceiro estrangeiro, de realizar a produção e financiar o desenvolvimento de sistemas de última geração", disse Ponomarenko. "Além disso, é um grande anúncio para essas armas", acrescentou.
Por isso, vejo apenas benefícios aqui. Até mesmo os norte-americanos… elogiam nossos sistemas SAM, e têm toda a razão de elogiar, pois os sistemas possuem muitas vantagens [sobre os seus concorrentes]", observou o especialista.
A China também se beneficiaria tremendamente da aquisição das armas defensivas, acrescentou Ponomarenko. "Se considerarmos, por exemplo, o ambiente [de segurança] em torno da China, esses sistemas poderiam fornecer assistência inestimável em caso de qualquer conflito, ambos com potenciais agressores estrangeiros e regionais".
Apontando para as características técnicas do S-400, o especialista apontou que o sistema pode funcionar não só com seus próprios mísseis, "mas pode interagir com outros sistemas de mísseis terra-ar, que realizam a defesa mais perto do limite interno de detecção".
Assim, Ponomarenko observou que "este sistema pode muito bem mudar o equilíbrio de forças no teatro de operações militares. Suas características técnicas, faixa de detecção e faixa de direcionamento não permitirão que aeronaves inimigas se aproximem da área de operações de combate".

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Novo drone inovador parece e se movimenta como um morcego (VÍDEO)


Cientistas de várias universidades técnicas dos EUA criaram um drone extraordinariamente pequeno e manobrável cuja imagem foi inspirada pelos morcegos.

O gadget, que se chama Bat Bot, pode subir e voar para cima e para baixo que nem um verdadeiro mamífero noturno. No vídeo abaixo, postado pela equipe científica no YouTube, se pode observar seu primeiro voo de teste.
De acordo com as legendas, o novo drone pesa apenas 85 gramas, sendo que seu "esqueleto" é feito de fibra de carbono coberto com "pele" de silicone.
Cada asa do dispositivo tem 9 articulações, o que desempenha um papel crucial ao garantir sua flexibilidade durante um voo (um morcego vivo tem mais de 40 articulações nas suas asas). Quatro articulações são passivas, enquanto as cinco restantes funcionam de modo autônomo.
Elas fazem com que o Bat Bot possa voar sem usar uma hélice, aumentando sua capacidade de manobra em condições difíceis nas quais os drones comuns simplesmente não funcionam.
O eventual passo seguinte para os autores do projeto será equipar o drone com uma câmera e um transmissor. Pelas estimativas, o preço total do projeto com duração de 3 anos é de cerca de 1,5 milhões de dólares.
Os morcegos já serviram de inspiração para a mais recente tecnologia de drones no Reino Unido. Anteriormente, o Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas britânico comunicou que seus cientistas tinham elaborado um micro veículo aéreo (MAV, na sigla em inglês) não tripulado baseado nas asas de morcego.Os novos drones fazem parte da família Veículos Não Tripulados em Miniatura e podem ser muito pequenos, tendo 15 centímetros de largura. Os aparelhos estão sendo elaborados com fins comerciais, governamentais e militares, dado que eles podem vigiar de forma remota áreas inacessíveis a veículos no terreno.

Especialista: 'Militares não foram preparados para atuar em Segurança Pública'

Nove mil militares (oito mil do Exército e mil da Marinha) foram designados para atuar, a partir desta terça-feira, 14 de fevereiro, na Segurança Pública do Rio de Janeiro e em dois outros municípios da Região Metropolitana, Niterói e São Gonçalo. Os municípios da Baixada Fluminense não terão presença militar.

As informações foram prestadas na manhã desta terça-feira pelo Ministro da Defesa, Raul Jungmann, no Comando Militar do Leste, no centro do Rio de Janeiro. Segundo o Ministro, os militares iniciaram sua atuação nesta mesma terça-feira e estão assim distribuídos: os oito mil militares do Exército ocuparão toda a Transolímpica, no entorno de Deodoro e alguns pontos da Avenida Brasil, além de áreas de Niterói e de São Gonçalo. Já os mil integrantes da Marinha estão encarregados de patrulhar toda a via ao Para o antropólogo Paulo Storani, ex-instrutor do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro), Professor de Ciências Policiais na Faculdade Cândido Mendes e um dos mais respeitados nomes em Segurança Pública, à primeira vista, a entrada em cena dos militares nesta questão pode ser uma medida de tranquilização para a população do Rio de Janeiro e outros municípios da Região Metropolitana. Storani porém pondera que a questão precisa ser abordada sob ângulos mais precisos:
"Não basta só estar fardado e armado nas ruas. Embora tenha um papel fundamental, a presença fardada – quer seja de policial militar ou de militar das Forças Armadas – tem de ser melhor entendida. A natureza da função das Forças Armadas não é atuar em Segurança Pública, da forma como nós a entendemos. Elas podem atuar episodicamente numa situação como essa (solicitação do governo do Estado ao governo federal) mas, efetivamente, os militares não foram preparados para isso."Ainda de acordo com o Ministro Raul Jungmann, na quarta-feira, 22, haverá uma reunião de avaliação sobre a primeira semana de atuação das Forças Armadas na Segurança Pública do Rio de Janeiro. Esta atuação poderá se estender a todo período de Carnaval (até o dia 28) e, inclusive, entrar pelo mês de março, de acordo com o que for acordado entre as autoridades estaduais e federais.
Nas redes sociais, muitas pessoas, incluindo políticos e outras figuras públicas, se manifestaram sobre a utilização de tropas das Forças Armadas no Rio, demonstrando, em geral, certa preocupação com essa essa medida. 

Por que sistemas de defesa antiaérea russos S-400 são tão populares no mundo?

O sistema de defesa antiaérea S-400 é muito popular no estrangeiro, uma série de países quer comprá-lo, informou o diretor de cooperação internacional e política regional da corporação estatal russa Rostec, Viktor Kladov.

"É verdade que os S-400 são objeto de procura no mercado internacional. Uma série de países expressa seu desejo a comprá-los, mas a produção é limitada", Kladov declarou aos jornalistas.
A feira internacional de aviação AeroIndia-2017 será realizada entre os dias 14 e 18 de fevereiro, na base militar da Força Aérea indiana em Bangalore, onde as empresas russas expõem mais de 400 tipos de armamentos.

Porretes nucleares estão outra vez na moda: EUA estudam esquemas para combater a Rússia

Recentemente em Washington, na conferência "Armas estratégicas do século XXI", foi apresentado o relatório "Novas realidades das ameaças e as exigências para a dissuasão nuclear".

O autor é o presidente do Instituto Nacional de Políticas Públicas dos EUA e ex-assistente do vice-secretário da Defesa dos EUA, Keith B. Payne, que escreve sobre a ameaça nuclear da União Soviética e da Rússia já há décadas e é considerado um dos principais e mais influentes especialistas nesta área.
Payne disse que o mundo se tornou um lugar mais perigoso após a revisão e "amolecimento" da doutrina nuclear dos EUA em 2010, e que os países ocidentais têm de arrumar sua política para não se desfasarem da realidade. A razão para isso são as ações agressivas da Rússia e da China.
Mudança de rumo
Recentemente se soube que a administração Trump vai realmente rever a doutrina. O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos Estados Unidos, general David Goldfein declarou: "Eu espero que já nesta primavera tenhamos uma revisão da doutrina nuclear. Chegou a hora de reavaliar o complexo nuclear para desenvolver as linhas políticas estratégicas para o Departamento de Defesa dos EUA."                                  
O que oferece Payne? Segundo ele, até recentemente, os Estados Unidos consideravam a ameaça do uso de armas nucleares por terroristas como a principal, a sua tarefa principal era a não-proliferação das armas nucleares e a redução de armamento nuclear dos Estados Unidos encorajaria outros países a seguir esse caminho.
Em 1991, os americanos acreditavam que um confronto com a Rússia era tão pouco provável quanto o ressurgimento na Europa de guerras entre católicos e protestantes. Em 2012, todo o mundo tinha certeza de que o risco de uma guerra nuclear dos EUA com a Rússia ou a China era algo do passado, e não do futuro.
Agora tudo mudou. Desde 2016, os relatórios do Pentágono declaram que a dissuasão nuclear é o principal objetivo. A razão para isso são as ações da Rússia e da China para a revisão da ordem mundial e o aumento de suas capacidades nucleares.
Em novembro do ano passado, o ex-chefe do Pentágono, Ashton Carter, disse: "Embora nem nós, nem os nossos aliados, não tenhamos criado durante 25 anos nada de novo, os outros o têm feito — incluindo a Rússia, Coreia do Norte, China, Paquistão, Índia e — durante algum tempo — o Irã. Não podemos esperar mais."
Jogos psicológicos
Payne diz que a agressão russa contra a Ucrânia em 2014 e as ameaças da Rússia de ser a primeira a realizar um ataque nuclear contra os países da OTAN mudaram a realidade e destruíram as ilusões do Ocidente. Essas ameaças russas sugerem que as abordagens dos EUA das questões de dissuasão nuclear falharam. Além disso, isso levanta dúvidas e cria hesitação entre os aliados da OTAN.
Por que a Rússia está se comportando de forma tão agressiva?", questiona Payne. Porque a Rússia acredita que o Ocidente impôs condições injustas Rússia depois da Guerra Fria e que, além disso, o Ocidente planeja suas ações agressivas contra a Rússia inclusive a mudança de regime.
Payne observa que o desejo de compensar perdas importantes leva muitas vezes ao risco, mesmo que em um jogo estejam perdas ainda maiores. A Rússia acredita que necessita, e ela tem essa vontade, de quebrar o status quo, mas os países ocidentais não são unânimes em suas decisões e eles não têm vontade de resistir se a guerra começar, especialmente se for nuclear. Por esta razão, a Rússia pensa que tem espaço para manobrar e pressionar o Ocidente.
Além disso, como a Rússia supõe que o Ocidente não assumirá um conflito nuclear, no curto prazo no teatro de operações europeu a Rússia tem vantagem militar, o que a estimula ainda mais para atemorizar o Ocidente.
Ao mesmo tempo, Moscou não deseja a guerra e se comporta de forma prudente e racional. Assim, no âmbito do pensamento racional, o Ocidente precisa de demonstrar que tem vontade e que não tem medo de uma guerra com os russos, acredita Payne.
Ameaçar abertamente
Daqui, de acordo com Payne, vem a necessidade de estabelecer uma "linha" que a Rússia realmente tenha medo de atravessar. Isso subentende a implementação de tropas da OTAN perto da fronteira com a Rússia, a aceleração da introdução do F-35 com bombas nucleares B61-12, bem como a modernização global das armas nucleares norte-americanas.
As incertezas e ambiguidades na dissuasão nuclear já não impedem a possibilidade de uma guerra, mas sim o contrário. Às vezes é preciso apenas ameaçar abertamente o inimigo. Payne acredita que Moscou consegue entender apenas uma tal atitude.
Por isso, Payne avalia de forma positiva a resposta da primeira-ministra britânica Theresa May quando, no verão do ano passado, lhe perguntaram se ela estaria disposta a usar armas nucleares. May respondeu que os inimigos devem saber que a Grã-Bretanha está pronta para realizar um ataque nuclear, e que o preço de um ataque à Grã-Bretanha ou seus aliados iria exceder os benefícios que o inimigo poderá esperar ganhar com suas ações.
Ao mesmo tempo, May observou: "Como vimos no exemplo da anexação ilegal da Crimeia, não há nenhuma dúvida sobre o desejo do presidente Putin em minar o sistema internacional, baseado em regras, para avançar na perseguição de seus próprios interesses. Ao longo dos últimos dois anos temos visto um aumento preocupante tanto da retórica russa sobre o uso de armas nucleares, como da frequência de treinamentos nucleares repentinos. Ele (Putin) já ameaçou instalar armas nucleares na Crimeia e Kaliningrado, um enclave russo no mar Báltico, na fronteira com a Polónia e a Lituânia."
O próprio Payne escreveu há um ano: "O presidente russo, Vladimir Putin, disse que o colapso da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século XX. Ele considera o Ocidente como seu causador e como uma ameaça à aspiração de Moscou de recuperar o domínio sobre as ex-repúblicas da União Soviética, se necessário — pela força. Esta visão se reflete nas operações militares russas na Geórgia, em 2008, bem como na ocupação da Crimeia, em 2014. Aparentemente, a Rússia colocou suas forças nucleares em alerta quando conduziu operações militares contra a Geórgia e, em 2014, o presidente Putin encarou a possibilidade de o fazer novamente."
Fazer um esforço
Payne propõe responder da seguinte forma: "Reconhecer que as expectativas otimistas em relação à Rússia, que surgiram após a Guerra Fria, não refletem a realidade e reorientar devidamente a política dos EUA." Para isso, de acordo com Payne, é necessário "retomar os investimentos em forças e meios de inteligência, para entender melhor a Rússia moderna, incluindo seu programa nuclear."
Nós precisamos de restaurar a confiança nos meios de dissuasão americanos e nas linhas vermelhas, especialmente destinados a evitar que a Rússia seja a primeira a efetuar um ataque nuclear", "é preciso concentrar a vontade e as forças não-nucleares da OTAN para contrariar as garantias Putin que as tropas russas podem em dois dias alcançar cinco capitais da OTAN", diz Payne.
No outono passado, Keith Payne também atacou os planos da administração Obama, que se prontificou a considerar a rejeição dos EUA de serem os primeiros a realizar um ataque nuclear.
Um dos argumentos mais fortes dele era o seguinte: hoje não há nenhuma garantia que o Ocidente possa rapidamente, e sem baixas enormes, vencer uma guerra não nuclear contra a Rússia ou a China, por isso as armas nucleares se tornam novamente o fator principal de dissuasão.
Com a nova administração Trump, Payne, provavelmente, terá um maior entendimento mútuo.

Guerra Cibernética, o novo campo de batalha no século 21