quinta-feira, 11 de julho de 2013

Caso NSA evoca lembranças do nazismo e do comunismo nos alemães

DA DEUTSCHE WELLE
Denúncias de espionagem e controle estatal feitas por Edward Snowden reavivaram na memória de muitos alemães as tristes lembranças do nazismo e da Stasi. Apesar de não haver protestos, a indignação é perceptível.
Um governo quer coletar o maior número possível de informações sobre seus cidadãos, mas estes se recusam a colaborar e invocam seu direito à privacidade. A resistência é tão grande que pessoas de várias classes sociais saem às ruas para protestar. Marchas e manifestações se espalham pelo país.
Isso tudo aconteceu em 1983 na Alemanha. Na época, o governo queria fazer um censo detalhado da população. Todos os alemães maiores de idade deveriam preencher um questionário com informações básicas, como moradia, estado civil e ocupação profissional.
Diante da dimensão da coleta de dados revelada pelo ex-consultor da CIA Edward Snowden, a ira de 30 anos atrás parece até ridícula. Se o que ele disse é verdade, a Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) consegue, por meio do controle de telefonemas e e-mails, saber muito mais sobre as pessoas do que qualquer questionário de um censo.
E, segundo as denúncias, a NSA não espiona apenas cidadãos dos Estados Unidos, mas também de vários outros países, incluindo a Alemanha e também o Brasil.
"DITADURA DO CONTROLE"
E como reagiram os alemães desta vez? Segundo uma recente pesquisa de opinião, quatro em cada cinco esperam uma posição firme da chanceler federal Angela Merkel, que deveria exigir explicações dos Estados Unidos em vez de deixar o caso cair no esquecimento. Mas protestos de rua não foram registrados.
"Os tempos mudaram", afirma o professor de política e história Ulrich Sittermann, da Universidade de Bremen, ele próprio um dos manifestantes que saiu às ruas na década de 1980. Sittermann lembra-se bem do contexto em que as manifestações surgiram.
"Elas eram um elemento dos novos movimentos sociais", comenta. "Havia o movimento contra a energia nuclear, o movimento em favor dos direitos das mulheres. E, nesse contexto de manifestações, surgiu também o movimento contra o censo", relembra.
Hoje apenas uma minoria protesta contra a espionagem online e o desrespeito à privacidade porque os alemães estão tão acostumados a usar e-mails e Facebook que poucos conseguem ver com clareza os riscos dessas mídias, opina Sittermann.
Ele considera essa situação perigosa. Sem resistência popular, a Alemanha pode se tornar uma "ditadura do controle", diz.
OUTRAS FORMAS DE PROTESTO
Mesmo não indo às ruas, os alemães têm encontrado outras maneiras de expressar sua indignação com as atividades de espionagem dos americanos, reveladas por Snowden. Em fóruns na internet, nas seções de cartas dos grandes jornais e no próprio Facebook é possível perceber a indignação causada pelas denúncias. E também a admiração de muitos alemães por Snowden.
A editora da seção de cartas do jornal alemão Die Zeit, Anna von Münchhausen, comenta que a maioria dos leitores respondeu "sim" a uma enquete com a pergunta "você ajudaria Edward Snowden a se esconder?".
"Algumas pessoas chegam a fazer comentários do tipo 'Snowden colocou a própria vida em perigo pela liberdade das pessoas, nós todos deveríamos protegê-lo'", conta Münchhausen.
Outros leitores comparam a situação atual com a da antiga Alemanha Oriental, quando a Stasi, o serviço secreto dos comunistas, era onipresente.
"Eu me lembro dos tempos obscuros da Alemanha Oriental, que afundou devido à própria incapacidade. Também eu fui sistematicamente espionado, e hoje isso se repete, só que de maneira muito mais profissional e perfeita", comentou um leitor.
UMA QUESTÃO DE LIBERDADE
Essa comparação e uma ainda mais antiga na história alemã --a lembrança do nazismo-- parecem mexer com muitos alemães, avalia Münchhausen. Talvez por isso eles estejam muito mais chocados com as revelações de espionagem do que a maioria dos americanos.
"Aqui na Alemanha essa situação toca num nível bem diferente de medo e preocupação, pois temos uma história com um Estado fascista, que espionava e controlava sistematicamente seus cidadãos, o que causou sofrimento em milhares de pessoas", diz Münchhausen.
Já os americanos têm outras experiências históricas. "Desde o 11 de Setembro, a luta contra o terrorismo foi posta acima de tudo, e para esse fim todos os meios são válidos", diz o especialista em mídias sociais Nico Lumma.
As reações que ele observou nas redes sociais alemãs nas últimas semanas não são tão tolerantes quanto as dos americanos.
"As pessoas estão irritadas com o alcance dessa espionagem. Acho que a maioria já tinha suspeitado que isso acontecia, mas agora esperam que o governo alemão deixe claro para os EUA que a coisa não pode continuar desse jeito", opina Lumma.
Segundo ele, o tom geral entre os alemães é que não se trata de uma questão de proteção de dados, mas de liberdade.
FOLHA DE S PAULO
SNB

A abrangente concepção de emprego da Força Terrestre

Tenente-Coronel Moises da Paixão Junior
 
O Estado-Maior do Exército (EME) apresentou, no início do ano de 2013, o novo conceito operacional para o emprego da Força Terrestre Brasileira: Operações no Amplo Espectro. Tal iniciativa não só busca acompanhar a evolução dos conflitos no século XXI, mas também propõe adaptações importantes em definições consagradas na literatura doutrinária mundial, por entender, acertadamente, que possuímos uma realidade própria na interpretação do termo Defesa Nacional.
 
A nova proposta constitui-se em mais um marco na evolução da organização, do preparo e do emprego de nossos meios de combate. Nesse sentido, visualizam-se três importantes momentos na Instituição ao longo dos últimos trinta anos: o primeiro, por ocasião da FT 90, com os reflexos iniciais já no ano de 1986, talvez um dos esforços de transformação de curto prazo de maior impacto na Força (criação dos Grandes Comandos Militares, mecanização de diversas Unidades, aquisição e repotencialização de blindados, implantação da Aviação do Exército, ampliação das escolas militares etc.); um segundo momento quando da adoção da Doutrina Delta, na metade da década de 90, rompendo com consagrados conceitos ainda decorrentes da Segunda Guerra Mundial; e o momento atual, ocasião em que o Estado-Maior do Exército (EME) conduz mais um ambicioso Processo de Transformação da Força, ao mesmo tempo em que apresenta um novo conceito doutrinário para seu emprego, intitulado Operações no Amplo Espectro.
 
O presente artigo pretende ampliar o debate a respeito do tema, por meio da adição de ideias, lições aprendidas, dados coletados de edições da Military Review, citações e honestas opiniões pessoais, baseadas na vivência profissional e no que acompanho diariamente no desempenho da função de Oficial de Ligação do Exército Brasileiro junto ao Centro de Armas Combinadas (CAC) do Exército dos Estados Unidos da América (EUA), no Forte Leavenworth/Kansas.
 
OPERAÇÕES NO AMPLO ESPECTRO
 
“Convém organizar as Forças Armadas em torno de capacidades, não em torno de inimigos específicos. O Brasil não tem inimigos no presente. Para não tê-los no futuro, é preciso preservar a paz e preparar-se para a guerra.”
 
Estratégia Nacional de Defesa
 
A designação “Operações no Amplo Espectro” enfatiza que os conflitos atuais envolvem não somente o combate entre oponentes armados. As operações constituem-se, também, na aplicação dos meios de combate, de forma simultânea ou sucessiva, combinando atitudes ofensiva, defensiva, de pacificação, de Garantia da Lei e da Ordem, de apoio às instituições governamentais e internacionais e de assistência humanitária, em ambiente interagências.
 
É interessante considerar que a maioria dos argumentos utilizados para justificar alterações na estrutura de uma Força ou em sua doutrina normalmente se ampara nas previsões sobre as ameaças futuras, em evoluções na natureza da guerra ou em consumado hiato tecnológico que ameace, pela obsolescência, seus equipamentos militares. Em nosso caso, tal iniciativa ocorre em meio à consolidação de termos militares utilizados por exércitos com larga experiência expedicionária e paralelamente aos projetos de modernização da Força Terrestre desencadeados no decorrer de 2012.
 
Coerentemente, as adaptações propostas para a doutrina buscam atender às nossas realidades. O termo amplo espectro assegura nosso preparo para as ações ofensivas e defensivas, garantindo assim a necessária dissuasão no nosso contexto regional. O novo conceito enquadra também as Operações de Pacificação, ou seja, nosso envolvimento em ações complexas, normalmente desenvolvidas em centros urbanos, tais como a seus instruendos em um ambiente multilíngue.
 
As operações nos centros urbanos sugerem, ainda, que um erro tático cometido por um integrante da tropa normalmente tem repercussão imediata no contexto estratégico do ambiente operacional e, principalmente, na opinião pública nacional.
 
O Tenente-Coronel C. A. Klinguelfus destaca o seguinte a respeito da atuação da Força de Pacificação na cidade do Rio de Janeiro, nos anos de 2010 e 2011:
 
“Desde o início das operações se fez todo o possível para, em conjunto com o Poder Público, responder às necessidades dos moradores. Assim, foram reparados os prejuízos causados pelas operações militares e houve o acompanhamento das obras de infraestrutura e restauração dos serviços básicos, iniciativas mediadas pela Seção de Assuntos Civis — tudo com o propósito de estender a visão positiva da Força de Pacificação. Mesmo com tais ações, mais cedo ou mais tarde, a presença constante das tropas do Exército nas ruas tende a produzir desgaste no relacionamento destas com os moradores locais, caso a retirada demore a ocorrer”.
 
O engajamento militar isolado não mais garante a vitória. Ele simplesmente estabelece as condições mínimas para o sucesso estratégico, o qual é moldado em uma fase de estabilização, a mais decisiva de um conflito. O gráfico a seguir mostra a nova face dos conflitos: A título de comparação, a figura enquadra o conflito no Haiti e a atuação da Força de Pacificação no Estado do Rio de Janeiro.
 
Desconsiderando, logicamente, eventuais imprecisões quanto aos prazos do eixo horizontal8, bem como a falta de dados estatísticos detalhados para o perfeito traçado da linha do nível de violência no gráfico, observa-se que o conflito pode ser dividido em três fases, na seguinte sequência: intervenção, estabilização e normalização.
 
• A primeira, a de intervenção, é a fase considerada indispensável. É a fase da ascendência do poder militar sobre a diplomacia, geralmente o período do confronto armado de alta intensidade contra um oponente identificado. Os objetivos desta fase podem ser a vitória militar, o fim do confronto entre grupos beligerantes ou a entrada com sucesso do poder militar no teatro de operações. Aqui se enquadra a maioria das ações de emprego conjunto das forças singulares.
 
• A segunda fase é considerada decisiva, pois nela a Força estabelece as condições para o sucesso estratégico, ou seja, o retorno da paz. Denominada fase de estabilização, ela é conduzida no terreno, no coração dos centros urbanos. É a fase mais demorada, na qual são priorizados os esforços de reconstrução, diante da segurança proporcionada por uma força terrestre, e do trabalho de diversos atores não militares. O soldado aqui deve possuir a capacidade de adaptar-se e, fundamentalmente, saber dialogar. O sucesso ou o fracasso nessa fase é frequentemente determinado por ações desencadeadas em seu início.
 
• A terceira fase é a de normalização, quando as bases dos sistemas político, judiciário e social são aceitas pelos protagonistas do conflito. A progressiva retirada da Força em favor de uma autoridade legítima, da força de segurança local e de atores não militares caracteriza o sucesso da operação militar.
 
Adicionalmente, podemos perceber que a área elíptica em roxo na figura representa o espaço de batalha ou ambiente operacional para a combinação de atitudes, ou seja, para as Grandes Unidades empregarem seus elementos de manobra na condução de operações ofensivas e defensivas, de pacificação, de GLO, de ajuda humanitária, etc. É também o espaço de atuação interagências e de parceiros multinacionais.
 
O quadro 1 resume o emprego das operações previstas no amplo espectro, dependendo do ambiente interno ou externo:
 
O CAMPO DE BATALHA DO SÉCULO XXI
 
“Em uma época em que todos têm um celular com câmera e são capazes de registrar uma operação desproporcional, como poderá uma Força Armada fugir ao julgamento moral e a uma condenação estrategicamente contraproducente?” Fromm, Pryer e Cutright.
 
O ambiente operacional visualizado nos conflitos atuais possui, dentre outras, as seguintes características principais:
• O oponente prefere conduzir o combate no interior dos centros urbanos, pois este oferece uma variedade de vantagens físicas para o defensor. Além disso, o ambiente urbano tende a reduzir as vantagens tecnológicas conduzidas pelo atacante.
 
• A mídia encontra-se presente, com capacidade de instantaneamente divulgar o que está acontecendo, impactando a opinião pública, de forma positiva ou negativa, e, assim, o moral da tropa.
 
• O oponente utiliza equipamentos celulares e dispositivos portáteis de comunicações para coordenar suas ações e agilizar a transmissão de informações sobre a situação e os deslocamentos da tropa.
 
• Faz-se uso das mídias sociais para ampliar o número de seguidores e provocar grande concentração pública em local e hora predeterminados pelo oponente.
 
• A população é o terreno a ser conquistado por ambos os lados. É necessário influenciá-la, pois a sua reação em favor da operação é essencial para a conquista do objetivo estratégico.
 
• O oponente busca imiscuir-se no meio da população, contando com ela para obter informações e abrigo.
 
• São utilizados explosivos improvisados, obstáculos rudimentares e outras ferramentas para canalizar ou dificultar o avanço da tropa.
 
• A presença de ONGs, agências governamentais ou internacionais neutras, sérias, organizadas, dotadas de espírito público e dispostas a efetivamente contribuir para a solução de óbices que estejam interferindo na condução da operação. Por outro lado, é também comum à presença momentânea de determinados atores/entidades que aparecem no ambiente operacional normalmente querendo emprestar seu prestígio pessoal/institucional (ou suposto) na solução de determinada questão, quando na realidade buscam aproveitar, única e exclusivamente, a cobertura realizada pela mídia no local dos eventos para deixar registrada a sua imagem junto às diversas audiências.
 
Na obra Concrete Hell — Urban warfare from Stalingrad to Iraq (“Inferno de concreto – combate urbano - de Stalingrado ao Iraque”, em tradução livre), Dimarco acrescenta: “O moderno combate urbano, em muitos aspectos, não é tão diferente dos combates praticados ao longo da história das guerras. Dada a forma como o combate tem evoluído nas últimas décadas do século XX, muitos especialistas acreditam que o complexo campo de batalha urbano será o ambiente comum dos conflitos no século XXI. Se esse for o caso, então a história militar está indo ‘de volta para o futuro’, revelando que o combate urbano é comum e, na realidade, mais comum na história das guerras que a clássica batalha em campo aberto.” 
 
O ambiente urbano é difícil de conquistar, manter e controlar. Ele confina o combate, forçando o Exército a operar de forma diferente da manobra em campo aberto. É o local onde o oponente, utilizando o combate assimétrico, espera derrotar ou resistir a um exército moderno.
 
Assim, como consequência, pode-se também considerar que as forças militares entraram na era da condução das operações no meio da população, e esta espera ordem, segurança e respeito.
 
O CONCEITO DA “GUERRA EM TRÊS BLOCOS” (THREE BLOCK WAR)
 
“Enquanto ninguém pode enxergar o futuro, é possível, no mínimo, indicar poucas direções a respeito das prováveis tendências.” Martin Van Creveld
 
O termo “Guerra em Três Blocos” foi concebido pelo general Charles C. Krulak quando comandou o Corpo de Fuzileiros Navais do Exército dos EUA (1995-1999). Baseado nos desafios enfrentados pelos Marines em estados falidos, tais como a Somália e a Iugoslávia na década de 90, Krulak imaginou o futuro campo de batalha como urbano, assimétrico, com poucas distinções entre combatentes e não combatentes, e com diversos eventos e atividades ocorrendo mais ou menos ao mesmo tempo e em um espaço de terreno limitado:
 
Em um momento no tempo, nossos militares estarão distribuindo alimentos e roupas para refugiados civis, provendo assistência humanitária. No momento seguinte, estarão entre duas facções tribais conduzindo operações de paz e, finalmente, também se envolverão em uma batalha altamente letal de meia intensidade — tudo isso no mesmo dia [...] tudo isso no interior de três blocos da mesma cidade. Isso será o que chamamos de guerra em três blocos”.
Mais recentemente, no documento “Em direção às Operações Terrestres 2021: Estudos sobre o Conceito de Emprego da Força”, as Forças Armadas do Canadá retomam o conceito:
 
“As tropas devem estar preparadas para conduzir uma variedade de operações (intenso combate em uma área, operações de estabilização em outra e ajuda humanitária em uma terceira) [...] O Afeganistão ilustra as demandas da guerra em três blocos”.
 
Dentre as diversas literaturas sobre o tema, ressalto a concepção de Dimarco quando ele conclui sobre o combate urbano no século XXI:
 
“[...] a guerra em três blocos visualiza que em um bloco viaturas blindadas e o poder aéreo atuam com ataques convencionais para destruir o [oponente] ou conquistar uma posição no terreno. No bloco seguinte, a presença de forças militares garante o funcionamento de infraestruturas vitais e a segurança de civis contra ataques de forças [adversas]. Em um terceiro bloco, uma Unidade militar foca no treinamento e policiamento conjunto com a polícia nacional, apoia a reconstrução da infraestrutura e do
[restabelecimento] das instituições civis voltadas para a governança, em estreita coordenação com o governo e a população local”.
 
Uma leitura atenta do acima exposto pode nos aproximar do reconhecido trabalho realizado pela tropa brasileira no Haiti desde 2004. Ao longo dos oito anos como integrante da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, e desde a década de 50 enviando tropas de paz e observadores militares para diversos países, pode-se considerar que a Força Terrestre brasileira foi desenvolvendo uma doutrina própria de preparo e emprego para missões dessa natureza.
 
Hoje, a capacidade de mobilização e a coleção de destacados resultados em todas as missões de que participa despertam o interesse e a admiração de diversos exércitos. A partir de junho de 2013, o batalhão brasileiro no Haiti contará com uma fração do Exército canadense, valor pelotão, além de rotineiramente também operar com integrantes dos exércitos do Paraguai, Bolívia e Peru.
 
A experiência no Haiti permitiu criar uma doutrina de pacificação genuinamente nacional, aprendida e aperfeiçoada dia a dia na condução contínua e simultânea de patrulhas a pé, motorizadas ou mecanizadas (ação de presença), inserindo a participação da polícia local (legitimidade, transmissão de valores, profissionalismo e técnicas) em ações conjuntas; na execução de trabalhos de engenharia (visibilidade e compromisso com o desenvolvimento); no contato com a população (respeito e solidariedade); e no trabalho em parceria com as agências da ONU, ONGs e instituições locais (interagências).
Essas atividades, aliadas às características do soldado brasileiro, dentre as quais se destacam a resistência, adaptabilidade e solidariedade, conferem estreita ligação com uma expressão muito difundida naquele país: “É o jeito brasileiro de construir a paz”.
 
PROVÁVEIS IMPACTOS DAS OPERAÇÕES NO AMPLO ESPECTRO NA FORÇA TERRESTRE
 
“O Exército, embora seja empregado de forma progressiva nas crises e conflitos armados, deve ser constituído por meios modernos e por efetivos muito bem adestrados. O Exército não terá dentro de si uma vanguarda. O Exército será, todo ele, uma vanguarda.”
Estratégia Nacional de Defesa
 
O conceito “Operações no Amplo Espectro” discutido neste artigo define os tipos de operações que poderão ser desencadeadas e o ambiente do campo de batalha considerado. Doravante, acredito que o próximo passo será explicar como as lições já aprendidas, decorrentes de nossas operações finalizadas ou em curso, agora codificadas em doutrina, os nossos meios e o reequipamento institucional anunciado irão integra-se em um só conjunto para orientar o melhor emprego da Força Terrestre.

Nesse sentido, é possível projetar que:

 
- Será necessário estudar o impacto do processo de reequipamento em curso na Força nas variantes ofensiva, defensiva e pacificação. A mecanização da infantaria, os novos radares e meios de defesa antiaérea e o modelo do fuzil IA2 apropriado para determinada operação (7,62 mm ou 5,56 mm) são exemplos que deverão demandar estudos e experimentações doutrinárias de modo a definir a melhor forma de emprego dessas capacidades.
- A tendência de atuar no meio da população do ambiente operacional exige que as Unidades, antes voltadas exclusivamente para o combate convencional, sejam também equipadas e adestradas para o emprego de recursos não letais.
 
- A integração das tropas blindadas e mecanizadas no ambiente de pacificação, dotadas também de capacidade não letal, ampliará o tema “emprego de blindados em ambiente urbano”. As operações militares recentes no Estado do Rio de Janeiro atestam a importância desses meios como elementos que facilitam a entrada em locais onde o acesso é difícil, devido ao terreno, à exposição das forças de segurança, ou a ambos.
 
- Os Projetos Estratégicos do Exército Brasileiro, em particular o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras Terrestres (SISFRON) e o Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres (PROTEGER), irão exigir prontidão e pronta resposta. Portanto, considerando a dimensão continental do Brasil, recursos que assegurem a mobilidade orgânica e a estratégica serão essenciais para responder com eficiência a qualquer ameaça direcionada ao patrimônio sob a guarda desses sistemas. Para confirmar isso, ressalta-se o previsto na Estratégia Nacional de Defesa com relação à concepção do Exército como vanguarda:
 
“Na paz, significa a versatilidade com que se substitui a presença — ou a onipresença — pela capacidade de se fazer presente (mobilidade) à luz da informação (monitoramento/controle). Na guerra, exige a capacidade de deixar o inimigo em desequilíbrio permanente, surpreendendo-o por meio da dialética da desconcentração e da concentração de forças [...]”.
 
Considerações finais 
 
Enquanto no passado os objetivos pretendidos na solução de um conflito tendiam a depender diretamente dos resultados dos combates, atualmente as conquistas militares nos campos de batalha do século XXI somente criam as condições mínimas para o sucesso estratégico. Por essa razão, a Força Terrestre estáampliando, por meio das Operações de Amplo Espectro, a sua forma de combater, indo além das tradicionais ações ofensivas e defensivas, combinando simultaneamente outras atitudes no mesmo espaço geográfico, para também enquadrar iniciativas que promovam o sucesso estratégico esperado ao fim de um conflito.
 
A transição da Força para o novo conceito doutrinário não será uma tarefa difícil para o Exército Brasileiro. A questão crítica, no momento, concentra-se na atual mobilidade da tropa para atender ao princípio da onipresença e no tempo necessário para as Unidades atingirem um nível de adestramento no Amplo Espectro, empregando, com segurança, os diversos novos meios previstos no processo de reequipamento institucional.
 
Os desafios identificados acima servirão de estímulos motivadores para o aperfeiçoamento profissional de nossos jovens oficiais e sargentos, sendo combustível suficiente para também desencadear estudos e debates em nossas escolas, nos centros de instrução e no recém-criado Centro de Doutrina do Exército, em torno de ideias destinadas a promover a atualização doutrinária.
 
Por fim, acredito que podemos perfeitamente adaptar, no âmbito do Exército cujo Patrono é orgulhosamente reconhecido como “O Pacificador”, o pensamento do General alemão Carl Von Clausewitz: “Operações no Amplo Espectro incluem também a continuação das grandes operações de combate por outros meios”.
SNB

EUA vão enviar técnicos ao Brasil para investigar denúncias de espionagem

Lu Aiko Otta - Brasília
(Atualizada às 16h20) BRASÍLIA - O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, comprometeu-se a organizar uma equipe de especialistas em vários setores associados às comunicações para investigar as denúncias de espionagem de cidadãos brasileiros por agências americanas.
Em reunião com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na terça-feira, Shannon disse que a equipe de técnicos deverá prestar esclarecimentos ao governo brasileiro. O embaixador entregou a Patriota um documento, de uma página, informando a criação do grupo de especialistas e se comprometendo a colaborar.
Shannon reconheceu como legítimo o direito do Brasil de protestar contra a suposta espionagem, mas em nenhum momento admitiu que seu governo tenha realizado tais atividades. Documentos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden indicam que e-mails e telefonemas de brasileiros foram monitorados e uma base de espionagem em Brasília teria sido montada pelos americanos.
Na terça-feira, o jornal O Globo noticiou que cidadãos da Colômbia, México, Argentina, Equador, Venezuela, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Paraguai, Chile, Peru, Brasil e El Salvador foram alvos do programa de monitoramento de ligações telefônicas e internet da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).
Em nota divulgada nesta quarta-feira, o governo brasileiro afirmou que "não autorizou nem tinha conhecimento das atividades denunciadas. A eventual participação de pessoa, instituição ou empresa do País nestas atividades é inconstitucional, ilegal e sujeita às penas da lei."/ Com informações da Agência Brasil
SNB
NOTA.. O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon,
NÃO. VOCES ESTÃO DE BRINCADEIRA- ORGANIZAR UMA EQUIPE DE ESPECIALISTA DA.. CIA PARA INVESTIGAR HÁ. ESPIONAGEM DOS EUA SERA QUE O GOVERNO BRASILEIRO ESTA DORMINDO SERA QUE NOS SOMOS. BURROS ASIM COMO PODERIAMOS.. CONFIAR NOS AMERICANOS-
COM OS- F-18 COM UMA TECNOLOGIA ULTRAPASSADA SERIA MELHOR O 
T-50 DA RUSSIA OU SU-35 - ACORDA BRASIL

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Atualizado Submarine Kaluga entregue à Marinha


O Kilo-class diesel elétrico submarino Kaluga foi atualizado no estaleiro Zvezdochka e voltou para a Marinha. Na quarta-feira o submarino vai deixar a planta e se juntar à Frota do Norte.
RIA Novosti
SNB

BRASIL APOSTA EM SATÉLITE E CABOS ÓTICOS PARA A SEGURANÇA DA INTERNET

BRASÍLIA - O governo trabalha em três frentes para tentar garantir a privacidade e a segurança da internet no país: o lançamento de um satélite brasileiro, a construção de dois cabos submarinos e a instalação de um Ponto de Troca de Tráfego (PTT) internacional - centro dados em que todas as estradas da internet se encontram. Mas, apesar de minimizarem os problemas, para especialistas não há garantia de que as medidas acabem com a vulnerabilidade da internet porque trata-se de uma rede mundial.
A iniciativa mais adiantada é o lançamento do satélite. Até o fim do mês deve ser divulgado o nome da empresa que vai fornecer o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), e a expectativa é de que ele seja lançado em meados de 2015. A Telebras e a Embraer formaram uma parceria e criaram a empresa Visiona Tecnologia Espacial. Ela fez uma licitação internacional para fornecimento do sistema de satélite, e três empresas foram pré-selecionadas: a Mitsubishi Electric Corporation-MELCO; Space Systems/Loral; e Thales Alenia Space.
A proposta é a construção de dois cabos submarinos de fibra ótica pela Telebras em parceria com outras empresas privadas nacionais ou internacionais. O modelo poderá ser o mesmo utilizado para o lançamento do satélite. O primeiro deles fará a ligação Fortaleza-Caribe-Europa, e o outro, Uruguai-Brasil-África-Europa.
O centro de dados, chamado de PTT internacional, deverá ser instalado em Fortaleza. Atualmente o país só conta com pontos de trocas nacionais. Os PTTs internacionais em operação estão instalados em Estados Unidos, Japão e Europa - são por eles que passam todas as informações dos usuários de internet brasileiros, quando vão acessar qualquer site cujo provedor esteja em outro país: por exemplo, ao conectar-se ao Facebook ou ao Google, está fazendo uma conexão internacional para os EUA.
Violação de dados já é crime
O governo quer ainda incentivar a construção de anéis óticos na América do Sul para tentar evitar que o tráfego de dados da internet precise passar pelos EUA. O primeiro a ficar pronto foi em Santana do Livramento (RS), no mês passado, com a interconexão da estrutura de fibra ótica entre o Brasil e o Uruguai, parceria entre a Telebras e a Antel, empresa de telecomunicações uruguaia. Está sendo negociada a parceria com os governos da região, a próxima é a ligação entre as redes da Telebras e da empresa argentina Arsat.
Para uma fonte do governo, as medidas não vão assegurar totalmente a segurança, mas ou o país se isola do mundo ou haverá sempre o risco de invasão da internet. Um especialista do mercado concorda. Ele disse que espionagem é crime, coisa de ladrão. Ele defende um trabalho conjunto em várias frentes, inclusive com cláusulas de sigilo nos contratos.
O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros disse que já existe penalidade prevista no artigo 5º da Constituição para quem viola dados, que é reclusão de dois a quatro anos e o pagamento de multas. Mas isto somente para a empresa que estiver instalada no país - uma vez que não se pode processar uma companhia estrangeira.

- A exigência de ter o Ponto de Troca ajuda porque garante que a empresa possa ser penalizada pela lei brasileira, mas não garante a segurança e a privacidade. A segurança será sempre violável em termos tecnológicos - disse ele.
SNB

DESAFIOS ESTRATÉGICOS PARA A SEGURANÇA E DEFESA CIBERNÉTICA

Com vistas a cumprir sua atribuição de realizar estudos e pesquisas destinados a promover o planejamento de longo prazo governamental e contribuir para a implementação da Estratégia Nacional de Defesa, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) criou o programa “Encontros da SAE”.
 
No âmbito desse programa, a SAE promove reuniões técnicas, seminários e oficinas de trabalho visando  a aprofundar o entendimento de temas considerados estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico e para a segurança nacional. Entre os assuntos examinados ao longo de 2010, estão: a segurança da Amazônia e da “Amazônia Azul”; o planejamento das políticas nuclear, espacial e de tecnologia da informação e comunicação; o aperfeiçoamento da doutrina naval brasileira; a cooperação sul-americana na área de defesa e o X Encontro Nacional de Estudos Estratégicos.
 
Este livro compila os artigos elaborados com base nas apresentações realizadas durante a Reunião Técnica sobre Segurança e Defesa Cibernética, desenvolvida no dia 16 de dezembro de 2010, na cidade de Brasília-DF. Ela foi organizada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos em parceria com o Comando do Exército, por meio do Estado-Maior do Exército.
 
O evento buscou atingir dois objetivos principais. O primeiro foi proporcionar aos servidores do governo federal conhecimentos sobre as atividades de segurança e defesa cibernética, identificando o papel  desenvolvido pelas Forças Armadas e de outras instituições do Estado brasileiro na área, bem como  de outros órgãos públicos e privados envolvidos ou relacionados com o tema. O segundo objetivo consistiu em contribuir para capacitar os órgãos públicos a propor políticas públicas que considerem a indissolubilidade do binômio defesa–desenvolvimento, permitindo ao País estabelecer um sistema de segurança e defesa cibernética que envolva também os sistemas de informação ligados às infraestruturas críticas.
 
O evento teve cerca de 110 participantes, oriundos de ministérios, de autarquias, das Forças Armadas e de órgãos que têm interesse no tema e competência na formulação de políticas públicas. A reunião foi estruturada na forma de painéis e contou com a presença do ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, e do secretário-executivo, Luiz Alfredo Salomão.
 
Os painéis abordaram temas transversais relativos à segurança e à defesa cibernética no País. Foram  apresentados diagnósticos dos assuntos em debate e os desafios mais relevantes no que tange aos seguintes aspectos: a formulação de políticas públicas e de marco legal para o uso efetivo do espaço cibernético, especialmente no que concerne à manutenção das infraestruturas críticas do País; o estabelecimento de medidas que contribuam para a gestão da segurança da informação e comunicações e para a produção do conhecimento de inteligência; o estímulo das atividades de pesquisa e desenvolvimento para atender às necessidades do setor; a retenção de talentos; e o estabelecimento do perfil da carreira que deve ser de estado.
 
Na conclusão do livro, os organizadores apresentam um documento de trabalho com vistas a contribuir  na orientação do planejamento estratégico para a Segurança e Defesa Cibernética e na fundamentação  das políticas públicas nesse domínio. Tal documento é uma proposta, com sugestões para a criação e a implementação de um grupo de trabalho do Setor Estratégico Cibernético, a ser constituído pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, em parceria com o Ministério da Defesa, especialmente no que tange à criação do Sistema de Segurança e Defesa Cibernético brasileiro. Para essa proposta, tomou-se por base as apresentações da Reunião Técnica e os artigos produzidos pelos palestrantes
SNB

Ariane 6: design selecionado novo lançador,

Aeronave deve começar a atuar na próxima década. Construção focará em reduzir custos com desenvolvimento e exploração.
A ESA (a agência espacial europeia) divulgou nesta terça-feira (9) uma imagem que mostra como vai ser seu foguete de nova geração, o Ariane 6.
Os diretores da agência esperam que o Ariane 6 comece a atuar na base espacial de Kourou, na Guiana Francesa, no início da próxima década.
A construção do foguete foi aprovada em novembro de 2012, em uma reunião de ministros europeus na Itália. Após mais de sete meses de estudos, chegou-se ao projeto final, que focou em minimizar os custos de desenvolvimento e exploração.
Em junho deste ano, o foguete da atual geração, o Ariane 5, decolou com uma carga recorde destinada à Estação Espacial Internacional (ISS).As agências espaciais da França e Europa divulgaram ontem (09) o design do futuro lançador Ariane 6, sucessor do Ariane 5, em operação. O novo lançador, que deve entrar em operação no início da próxima década, terá uma performance inferior ao Ariane 5, mas seu custo de operação deverá ser menor.

O Ariane 6 terá os dois primeiros estágios com propulsores de combustível sólido, com propulsão criogênica (oxigênio e hidrogênio líquidos) sendo utilizada apenas no estágio superior. Sua capacidade de inserção de cargas úteis em órbita de transferência geoestacionária, destino da maior parte dos satélites de comunicações, não será superior a 6,5 toneladas (o Ariane 5 hoje é capaz de lançar cerca de 9 toneladas, capacidade que será incrementada na versão ME - Midlife Evolution, para 11 toneladas). O custo alvo para cada lançamento é de 70 milhões de euros, assumindo uma cadência de 9 a 15 missões por ano.

O design selecionado não é modular, como especulado antes, mas surge numa única configuração: três propulsores de combustível sólido, cada um com 135 mil quilos de combustível, alinhados formando o primeiro estágio. O segundo estágio terá um propulsor de combustível sólido similar. O terceiro e último estágio será formado por um motor Vinci, da companhia europeia Snecma/Safran, em desenvolvimento para o Ariane 5 ME, previsto para entrar em operação em 2018.

A seleção do design do Ariane 6 levou em conta três critérios principais: custos de desenvolvimento, tempo para entrada em serviço e custos operacionais. Outro ponto levado em consideração foi também a sinergia com o lançador Vega, que tem propulsores de combustível sólido, levando-se a economias de escala.

Os governos que integram a Agência Espacial Europeia devem se reunir no final de 2014 para decidir sobre o desenvolvimento integral do novo lançador, que segundo estimativas da agência espacial francesa, deve alcançar de 2,5 a 3,5 bilhões de euros num período de 7 anos iniciando-se em 2015. Acredita-se que o governo francês deva assumir cerca de 50% dos custos de desenvolvimento, cabendo aos demais países europeus a fatia restante.
FONTE:...SNB