terça-feira, 26 de março de 2013

DIVULGADO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA MICROSSATÉLITES METEOROLÓGICOS


Brasília, 25 de março de 2013 – Eventos hidrológicos extremos, como cheias e estiagens, e seus impactos são apenas alguns dos motivos que fizeram com que a Agência Nacional de Águas (ANA) procurasse a Agência Espacial Brasileira (AEB) para desenvolver, em parceria, um sistema de satélites com a missão de coletar dados hidrometeorológicos.
Recentemente, as duas instituições assinaram memorando de entendimento e formaram um Grupo de Trabalho (GT), com representantes da AEB, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da ANA.
Como resultado, o GT publicou o “Estudo de análise de viabilidade e alternativas de configuração de microssatélites para contribuir na missão ANA em sua coleta de dados hidrometeorológicos”. O documento expressa as alternativas de configuração para a missão que atendam a realidade atual e busquem a otimização da infraestrutura já instalada no Brasil e gerenciada pela ANA, também visando a economicidade dos recursos públicos. A ideia é que as instituições possam desenvolver uma constelação de pequenos satélites para aperfeiçoar o sistema brasileiro de monitoramento de águas.
“O uso de sistemas espaciais é imprescindível para coletar dados em áreas geográficas em que se têm dificuldades ou restrições de acesso. Com o uso de satélites, pode-se avaliar, com rapidez e razoável precisão, eventos dependentes das mudanças meteorológicas relativas à variação do tempo, especificando-se com precisão sua localização geográfica”, explica o presidente da AEB, José Raimundo Coelho.
Conclusões – O Grupo de Trabalho concluiu que os satélites para o novo sistema devem ser um aperfeiçoamento do SCD-1 e SCD-2, satélites atualmente utilizados. Além de modernizados, deverão contar com novos subsistemas para possibilitar correções de atitude e órbita.
De fato, os novos satélites para coleta de dados devem possuir um subsistema de propulsão, de forma a garantir manobras de mudança de fase nas órbitas, conforme requerido pelas alternativas de solução. Também deverão contar com um subsistema de controle de atitude em três eixos, necessário para o correto apontamento dos satélites. No mais, os satélites contarão com subsistemas semelhantes aos presentes no SCD-2, capazes de atender às funções básicas de sobrevivência e aos requisitos da missão.
Ao contrário do que tem sido a regra para os satélites desenvolvidos até o momento pelo Brasil, por tratar-se de uma possível constelação de vários satélites, seu desenvolvimento e produção permitirão ganhos de escala industrial, com o consequente barateamento do valor unitário de cada satélite.
O novo sistema também fará pleno uso da infraestrutura de solo já existente para controle, recepção e armazenamento de dados, mas imporá aos técnicos e organizações envolvidas um novo desafio, que será o de gerir uma constelação de satélites, o que nunca foi feito antes no Brasil.Este documento resume o estudo de análise de viabilidade e alternativas de configuração de microssatélites para contribuir na missão da Agência Nacional de Águas (ANA) em sua coleta de dados hidrometeorológicos, com a cooperação gerencial e técnica da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A ANA é a maior usuária do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA) operado pelo INPE. Nesse sistema, foram instaladas aproximadamente mil Plataformas de Coleta de Dados incluindo outras aplicações em meteorologia, qualidade de água, entre outras, atendendo a cerca de uma centena de organizações usuárias. Entretanto, o segmento espacial constituído pelos satélites SCD-1 e SCD-2 não atende às demandas atuais da Rede Hidrometeorológica Nacional. Nessa rede, os dados devem ser adquiridos em intervalos menores que uma hora, e em qualquer localidade do território brasileiro. Soma-se a isso que os referidos satélites já ultrapassaram a vida nominal para eles estimada, e hoje operam de forma degradada.
Para concretizar esse estudo de viabilidade foi constituído um Grupo de Trabalho (GT) com membros da ANA, AEB e INPE, para estudar e propor alternativas de configuração para missão de coleta de dados hidrometeorológicos que atendam a realidade atual e busquem a otimização da infraestrutura já instalada no país e a economicidade dos recursos públicos.
O Grupo de Trabalho iniciou suas atividades com a caracterização e detalhamento das demandas da Rede Hidrometeorológica Nacional, constituída por 2.699 estações pluviométricas e 1.830 estações fluviométricas, das quais 795 utilizam transmissão via satélite ou celular para sua recepção. Atualmente, 202 plataformas operam no Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, com potencial de aquisição de novas plataformas ou por conversão do meio de transmissão de mais 1550 plataformas nos próximos cinco anos. Com o setor elétrico incluído na rede de plataformas, o total demandado para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais é de cerca de 3 mil plataformas adicionais.
Paralelamente, o Grupo de Trabalho levantou o estado atual do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais e avaliou o grau de atendimento das demandas atuais.
Considerando o estado atual do sistema e as demandas da Rede Hidrometeorológica Nacional, o estudo de análise de missão gerou soluções alternativas de configuração orbital dos satélites que são descritas a seguir.


A Situação atual do Sistema de Coleta de Dados


O Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais é constituído pela constelação de satélites SCD-1 e SCD-2 (lançados, respectivamente, em 1993 e 1998), pelas diversas redes de plataformas de coleta de dados espalhadas pelo território nacional, pelas Estações de Recepção de Cuiabá (MT) e de Alcântara (MA), pelo Centro de Missão Coleta de Dados (SINDA) em Natal (RN), e pelo Laboratório de Instrumentação Meteorológica (CPTEC/LIM). Os satélites SCD-1 e SCD-2 foram colocados em dois planos orbitais diferentes, com aproximadamente 750 km de altitude e 25 graus de inclinação em relação ao plano do Equador, o que permite uma cobertura adequada de todo o território nacional. Cada satélite completa 14 órbitas por dia, das quais oito são visíveis à estação receptora principal, localizada em Cuiabá.
A meta inicial de desempenho desse sistema, que considerava apenas um satélite, era receber corretamente pelo menos uma mensagem por dia de cada plataforma, independente de sua localização. Atualmente, essa meta não é aceitável para a maioria das aplicações que utilizam o sistema, que impõe a recepção de pelo menos cinco mensagens distribuídas ao longo do dia. Isso só é satisfeito considerando a operação simultânea dos dois satélites.
Para o conhecimento da situação atual do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, realizou-se uma análise de cobertura baseada em dados reais do sistema em operação. Foi utilizado o conjunto de satélites SCD-1 e SCD-2, porém, com o SCD-1 operando apenas quando iluminado, desconsiderando passagens curtas (menores que três minutos), e com a restrição de recepção pelas estações de Cuiabá e de Alcântara.
A Tabela 1 apresenta os tempos de revisita do sistema atual para um conjunto de dez plataformas espalhadas no território nacional, suas latitudes e longitudes, bem como a duração das passagens, o intervalo entre as passagens (gaps) e a porcentagem de revisitas que cumprem o tempo melhor ou igual a uma e duas horas.

Tabela 1 – Tempos de revisita para o sistema SBCDA.
Plataforma de   coleta de dados
Lat (grau)
Long (grau)
Duração Pass.   Max. (min)
Duração Pass.   Média (min)
GapMax.   (h)
Gap   Médio (h)
% Revisita ≤ 2   h
% Revisita ≤ 1   h
Amapá (AP)
2,05
-50,79
25,16
13,16
5,22
1,58
85,50
17,45
Atalaia (AL)
-9,52
-36,03
24,17
12,19
1,65
1,46
100
8,63
Colatina (ES)
-19,53
-40,63
16,14
11,97
1,85
1,47
100
7,37
Cucui  (AM)
1,18
-66,83
21,93
09,85
3,48
1,46
92,38
21,82
Faz. Angical (TO)
-12,28
-48,30
26,36
14,52
1,61
1,42
100
8,63
Fortaleza (PA)
-6,04
-57,64
26,24
14,19
1,60
1,41
100
10,67
MET Cruz. Sul (AC)
-7,6
-72,77
17,79
09,73
1,69
1,42
100
16,94
Quarai (RS)
-30,38
-56,46
15,30
12,58
3,65
1,65
95,88
0
S. Pedro S. Paulo (PE)
0,917
-29,34
21,45
10,42
5,24
1,71
83,77
20,24
Trindade (ES)
-20,5
-29,30
15,05
09,23
1,81
1,53
100
6,94

Por meio do estudo do desempenho atual do sistema brasileiro, observa-se que o tempo de revisita ou gap máximo para esse conjunto de plataformas fica entre 1,60 a 5,24 horas; os gaps médios são entre 1,41 a 1,71 horas, e a duração média das passagens está entre 9,23 a 14,52 minutos. Além disso, o tempo de revisita satisfatória menor do que uma hora cumpre esse requisito em menos de 22% dos casos, e entre 83% e 100% dos casos o critério de duas horas.
A análise de revisita permite avaliar quando a comunicação via satélite entre uma plataforma de coleta de dados e uma estação de recepção em solo pode ocorrer. Para avaliar o desempenho de funcionamento ou a qualidade dos dados recebidos, deve-se considerar também o grau de degradação ocorrida nos satélites SCD-1 e SCD-2 em função do tempo de operação em órbita, principalmente o SCD-1, com mais de 20 anos para uma vida útil inicial de um ano.

Alternativas para a Continuidade do Sistema de Coleta de Dados

A demanda da ANA requer a continuidade do programa de satélites brasileiros para evitar a interrupção do sistema de telemetria para as plataformas hidrometeorológicas existentes, e para atender a ampliação prevista para rede de plataformas da ANA e de outros usuários.
A ANA considera que os requisitos mínimos para o sistema de satélites de comunicação, tendo em vista a demanda sinalizada e as condições atuais de monitoramento, são: transmissão e recepção de dados em intervalo máximo de uma hora, palavra de transmissão de pelo menos 32 bytes (compatível com o atual sistema SBCDA), cobertura em todo o território nacional e disponibilidade de transmissores a custos reduzidos. Além disso, seria desejável que o sistema de satélites brasileiros pudesse oferecer transmissão intra-horária de dados, a cada 15 minutos, por exemplo, com capacidade de interrogação e de atender aproximadamente 3 mil plataformas de coleta de dados. Essas funcionalidades são importantes para o acompanhamento de sistemas de alerta em bacias hidrográficas com baixo tempo de concentração, e para a realização de manutenção e atualização remota das plataformas.
Para o atendimento dessas demandas, as soluções para o segmento espacial baseiam-se em constelações de satélites de órbita baixa (LEO), com planos orbitais entre 25 a 30 graus. A restrição de revisita melhor que uma hora e em qualquer localidade do território nacional implica em pelo menos seis satélites distribuídos em três planos orbitais, notando que essa configuração reflete a demanda das comunidades usuárias do sistema, que por sua vez se alinham às necessidades nacionais mais recentes. Caso essas restrições possam ser abrandadas, pode-se reduzir o número de satélites.
Observa-se, ainda, que órbitas de inclinação igual a 0o (equatorial) cobrem bem a região amazônica, porém, para cobertura de todo o território nacional, a inclinação da órbita deve ficar em torno de 30º. Outro critério a ser observado é o tempo de passagem do satélite sobre a plataforma.
As Tabelas 2 e 3 sumarizam os resultados com diferentes configurações de satélites, para as localizações das plataformas em Oiapoque, Cuiabá e Chuí, mostrando a porcentagem de revisita satisfatória de até 60 e 15 minutos, respectivamente.
Tabela 2 – Estudo do tempo de revisita satisfatória de até 1 h.
Configuração de órbita dos satélites
Porcentagem de revisita menor que 1h em   função da Localização da plataforma
No   de Planos Orbitais
No   de Satélites por Plano
Total   de Satélites
Inclinação   da Órbita
Oiapoque
Cuiabá
Chuí
1
2
2
0o
100%
100%
__ (*)*
1
4
4
100%
100%
__ (*)*
2
2
4
30o
100%
100%
92,80%
2
3
6
100%
100%
96,93%
2
4
8
100%
100%
100%
3
1
3
100%
93,38%
56,21%
3
2
6
100%
100%
100%
3
4
12
100%
100%
100%
6
1
6
100%
100%
100%

De acordo com a Tabela 2, para o sistema de dois planos orbitais e dois satélites por plano orbital, as plataformas instaladas em Cuiabá e Oiapoque seriam atendidas dentro do critério desejado, porém, no Chuí o tempo de revisita máximo é de 1,4 horas, não atendendo as necessidades. O acréscimo de mais satélites nos planos orbitais (dois planos e três satélites por plano) melhora para a plataforma instalada no Chuí, porém ainda não atende ao critério desejado. Com os resultados da solução de oito satélites colocados em dois planos orbitais, nota-se atendimento para as três localidades de referência, e melhora para revisitas de 15 minutos. Os resultados com a solução de três planos orbitais, com apenas um satélite para cada plano orbital, atende apenas aos critérios de revisita de até uma hora no Oiapoque.
A solução com menor número de satélites é a de três planos orbitais e dois satélites por plano orbital, totalizando seis satélites. Esse sistema passa a atender aos requisitos de revisita de uma hora. A Figura 1 mostra os resultados da análise. Cada traço no formato de um “H” representa uma passagem sobre a plataforma. O “H” mais estreito significa uma passagem mais curta enquanto que o “H” mais largo representa uma passagem mais longa sobre a localidade.
Figura 1 – 3 Planos/6 Satélites (30º) – Distribuição das passagens dos satélites
 (01 dia) e visualização 3D da constelação.
Tabela 3 – Estudo do tempo de revisita satisfatória de até 15 minutos.
Configuração orbital para revisita de até 15   min
Porcentagem do atendimento para revisita   menor que 15 min em função da localização da plataforma
No   de Planos Orbitais
No   de Satélites por Plano
Total   de Satélites
Inclinação   da Órbita
Oiapoque
Cuiabá
Chuí
1
2
2
0o
0%
0%
__ (*)*
1
4
4
100%
100%
__ (*)*
2
2
4
30o
51,82%
20,23%
0%
2
3
6
43,89%
23,02%
0%
2
4
8
52,92%
100%
78,28%
3
1
3
0%
0%
0%
3
2
6
72,81%
45,78%
6,71%
3
4
12
100%
100%
100%
6
1
6
0%
0%
0%

Uma solução para atender ao requisito de tempo de revisita de 15 minutos seria uma constelação com três planos orbitais e quatro satélites por plano orbital. Nessa solução, qualquer plataforma de referência poderia ter acesso ao sistema a cada 15 minutos e os gaps seriam menores 11,4 minutos para Chuí, 13,2 minutos para Cuiabá e 6,6 minutos para Oiapoque.
Os resultados da análise considerando um plano orbital a 0˚ de inclinação com dois satélites distribuídos nesse plano atendem ao requisito de revisita para uma hora para a região Amazônica. Nesse caso, o gap médio coincide com o gap máximo (37,99 min. para Oiapoque e 40,64 min. para Cuiabá). Considerando o mesmo plano orbital com quatro satélites, o tempo de revisita será reduzido para cerca de 15 minutos, com gap de 11,17 minutos para Oiapoque e 13,83 minutos para Cuiabá. É importante ressaltar que essas soluções com plano orbital de 0° de inclinação atendem somente a região acima de 26° de latitude Sul. A região sul do Brasil não seria atendida por essa solução, pois as plataformas não teriam visibilidade e/ou acesso aos satélites.
O Grupo de Trabalho discutiu, ainda, que de forma preliminar os custos associados e os prazos de desenvolvimento para cada uma das alternativas de solução, considerando os seguintes itens:
a)      Custos máximo e mínimo do satélite em função de participação da indústria nacional;
b)      Primeiro satélite, considerando a necessidade de desenvolvimento e os demais satélites com custo recorrente;
c)      Lançador capaz de injetar mais de um satélite por plano orbital;
d)     Satélites com capacidade de propulsão a bordo para definição e manutenção das constelações; e
e)      Prazo estimado de desenvolvimento com os itens anteriores entre 24 a 48 meses.

Comentários Finais

As análises e estudos realizados mostram que as demandas da Agência Nacional de Águas podem ser atendidas como extensão ou continuação do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados, hoje em operação com os satélites SCD-1 e SCD-2.
Como existem outros grandes potenciais usuários do sistema de coleta de dados, os estudos devem ser ampliados e mesmo refinados para dimensionamento detalhado do sistema, principalmente com relação ao desempenho total do mesmo considerando as colisões de mensagens e a necessidade de faixa de frequência para a transmissão das plataformas de coleta de dados.
É urgente que o sistema seja atualizado, garantindo a continuidade da prestação de serviços do SBCDA. Os satélites SCD-1 e SCD-2 já expiraram em muito seu prazo de vida útil, mesmo que ainda em operação. Assim, não é possível prever quando esses satélites pararão de funcionar, descontinuando o sistema.
Foram identificadas as seguintes soluções para o requisito de revisita de uma hora (em 100% dos casos ou parcialmente):
a)    Constelação de três planos orbitais de 30º e dois satélites por plano, totalizando seis satélites;
b)   Constelação de dois planos orbitais de 30º e dois satélites por plano, totalizando quatro satélites;
c)    Substituição do SCD-1 em seu plano orbital; e
d)   Constelação de um plano orbital equatorial (com inclinação próxima a 0˚) e dois satélites.

Foram identificadas as seguintes soluções para o requisito de revisita de 15 minutos (em 100% dos casos ou parcialmente):
a)    Constelação de três planos orbitais e quatro satélites por plano, totalizando 12 satélites;
b)   Constelação de um plano orbital equatorial composto de quatro satélites.

Dentre os desafios do novo sistema, cabe enumerar: a necessidade de subsistema de propulsão no satélite para inserção na posição orbital adequada e sua manutenção ao longo do tempo; a necessidade de sistema de estabilização em três eixos; o lançamento de múltiplos satélites para redução de custos de lançamento; o gerenciamento da constelação; e a necessidade de um plano para reposição regular dos satélites com vistas a manter sua operacionalidade.
Observa-se a grande importância na continuidade do SBCDA, que pode ser realizada de diversas maneiras. Entretanto, deve ser selecionada a estratégia que melhor atenda as necessidades dos usuários, com envolvimento da indústria nacional, e em função da disponibilidade de recursos financeiros.


* Wilson Yamaguti é engenheiro eletrônico e mestre em Engenharia. Atua como coordenador da Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) e chefe da Divisão de Sistemas Espaciais (DSE) do INPE.
* Aurea Aparecida da Silva é doutora em Engenharia e Tecnologia Espaciais e mestre em Física. Atualmente faz parte do Programa de Capacitação Institucional no INPE.

Wilson Yamaguti
* Aurea Aparecida da Silva
AEB......SNB


segunda-feira, 25 de março de 2013

Brasil e China assinam acordo de crédito de US$ 30 bi


EDUARDO CUCOLO - Agencia Estado
BRASÍLIA - O Brasil e a China assinam nesta terça-feira (26) um acordo que dará aos dois países uma linha de crédito equivalente a US$ 30 bilhões na moeda do parceiro comercial. O acordo de troca (swap, em inglês) de moeda é uma espécie de "cheque especial". O Banco Central (BC) brasileiro, por exemplo, deixa disponível esse valor na moeda nacional para o país asiático, que pode ou não usar o recurso.
O Brasil, por sua vez, pode sacar o mesmo valor em yuan, em caso de necessidade. Em outubro de 2008, o Brasil fechou acordo semelhante com os Estados Unidos, como parte da estratégia para combater os efeitos da turbulência financeira internacional daquele período, mas a linha nunca foi usada. Nem pelos brasileiros nem pelos americanos.
O objetivo da medida é criar uma reserva adicional para ser usada em caso de falta de financiamento internacional, que reforça a situação financeira dos dois países. A linha para troca de moeda com a China era negociada desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), também conhecida como Rio+20, no Rio. O acordo será assinado na África do Sul, onde o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, participam da reunião de ministros das Finanças e presidentes de BCs de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics), grupo de países emergentes
SNB

KC-390 - Passa a Revisão Crítica de Projeto


A Força Aérea Brasileira e a Embraer atingiram, nesta sexta-feira (22/03), um importante marco da fase de desenvolvimento do projeto do cargueiro KC-390. A Revisão Crítica de Projeto (do inglês Critical Design Review - CDR) foi realizada nas duas últimas semanas por pilotos, engenheiros e técnicos das duas instituições em São José dos Campos (SP). O processo cumpre com os prazos estabelecidos no cronograma do projeto. A partir de agora, a empresa parte para a fase de construção dos protótipos, cujo primeiro voo está programado para o segundo semestre de 2014. Depois, virá a produção em série.

Para o chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Tenente-Brigadeiro do Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo, a data pode ser considerada histórica. A fase de CDR completa um ciclo importante. O detalhamento executado consolida todos os requisitos da aeronave. “Mais que um passo, é um salto. O dia de hoje representa um ponto de inflexão no projeto, saindo da fase de concepção e detalhamento para o início de produção dos protótipos que vão demonstrar definitivamente a capacidade deste avião.”

De acordo com o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, são poucas as experiências de desenvolvimento no Brasil de projetos com semelhante nível de tecnologia e complexidade. “Para a indústria aeronáutica é um marco. Estamos mudando de patamar do ponto de vista tecnológico”, afirma. Para ele o fortalecimento da indústria nacional tem repercussão direta no fortalecimento da FAB. “Ter ao lado da Força Aérea uma indústria que consegue produzir e exportar produto com essa tecnologia aumenta o nível de representatividade mundo afora”, explica.

“Este é um grande marco do Programa e estamos orgulhosos com o resultado de todo nosso esforço em demonstrar a maturidade do projeto à FAB”, disse Paulo Gastão Silva, Diretor do Programa KC-390 na Embraer. “Temos certeza de que o KC-390 virá a ser mais um grande sucesso da provada combinação entre requisitos muito bem definidos pela FAB e as soluções desenvolvidas pela Embraer para atendê-los.”

Operacionalidade – O KC-390 deve substituir as aeronaves C-130 Hércules operadas pelos Esquadrões 1º/1º Grupo de Transporte e 1º Grupo de Transporte de Tropa, ambos sediadas no Rio de Janeiro. A nova aeronave deverá operar também a partir de bases aéreas na região amazônica. O projeto é estratégico não apenas para garantir maior mobilidade militar, mas também para consolidar o desenvolvimento da indústria nacional de defesa. Para o comandante do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, o novo avião se adapta perfeitamente à realidade de um país continental. “Da Amazônia à Região Sul, o Brasil precisa de um avião assim, pela capacidade de carga, autonomia, operação em qualquer tipo de pista e da tecnologia embarcada”, resume o oficial-general.

Voo virtual, mock-ups e simuladores – É na unidade da Embraer em São José dos Campos que está localizada a área de desenvolvimento do projeto KC-390. Em vários andares, os engenheiros desenvolvem softwares e sistemas para a aeronave.

Para o voo virtual, por exemplo, foram necessários cinco anos de desenvolvimento tecnológico na Embraer, além dos trabalhos específicos no KC-390, até atingir a integração de todos os sistemas que a aeronave vai receber. Agora, os profissionais conseguem usar modelos reais desses sistemas e componentes para avaliar seu comportamento e suas interações. O simulador permite, inclusive, avaliar como as informações serão apresentadas ao piloto.

Um dos itens que torna o KC-390 um projeto moderno é a adoção do fly by wire, um sistema onde o controle da aeronave é feito por softwares. De acordo com o Coronel Engenheiro Sergio Carneiro, gerente do projeto do KC-390 na Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), este item é o que há de mais moderno em sistemas de voo para pilotagem.
“Não existem mais cabos, molas e hastes para transferir os movimentos que o piloto comanda na aeronave até as superfícies de controle. Todas as informações são processadas em computadores que enviam as ordens de deslocamento diretamente aos atuadores dessas superfícies”, afirma o gerente do projeto. O novo sistema reduz a carga de trabalho do piloto, o que permite aumentar sua concentração na missão e torna a resposta do avião aos comandos mais precisa e segura.
Saiba mais - As novidades do KC-390 estarão entre os destaques no stand da FAB na feira de defesa e segurança, LAAD, que será realizada de 9 a 12 de abril no Rio de Janeiro. A construção de um avião nacional para transporte de tropas e reabastecimento em voo atende a estratégia de ampliar a mobilidade militar, seja para o transporte de tropas ou o atendimento em missões humanitárias. Cada aeronave terá capacidade para transportar até 80 soldados, ou uma carga máxima de 23 toneladas. O desenvolvimento do projeto começou em 2009.

O projeto prevê um total de investimentos na ordem de R$ 4,5 bilhões apenas na fase desenvolvimento. Argentina, Portugal e República Tcheca são parceiros no desenvolvimento da aeronave. O projeto já tem 60 intenções de compra e conta com um mercado estimado de 700 aeronaves. A construção do avião de carga deve atingir cerca de U$$ 20 bilhões em exportações.
SNB

Segurança da Copa 2014 terá 'drones' da FAB e PF; Exército estuda compra

Vant Falcão está sendo produzido pela Avibras para as Forças Armadas.
Tahiane Stochero
A segurança do espaço aéreo brasileiro durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 terá apoio de pelo menos seis veículos aéreos não tripulados – vants, como os drones são chamados em português – da Polícia Federal e da Aeronáutica. Os equipamentos já serão usados para monitoramento durante os jogos da Copa das Confederações, entre 15 e 30 de junho, que servirá de teste para os eventos dos anos seguintes
.O Exército, que desenvolve projetos de vants com empresas e institutos de pesquisas, pediu em 2013 a abertura de um crédito suplementar na Lei Orçamentária Anual para a compra de drones, também pensando em reforçar a segurança durante a Copa.
Em 18 de fevereiro, a FAB recebeu dois aviões não tripulados feitos pela empresa israelense Elbit, que custaram R$ 48,174 milhões e serão montados em Santa Maria (RS), de onde devem operar a partir de março. Duas outras unidades do modelo, que foram enviadas em 2010 para testes, ficarão no país pelo menos até o fim do Mundial.
Uma ordem de serviço para que a tropa e os drones estejam a postos para uso foi expedida pelo Comando de Defesa Aérea Brasileira (Comdabra) e já chegou ao Esquadrão Hórus, no Rio Grande do Sul, que abriga os equipamentos, segundo o coronel Donald Gramkow, comandante da unidade.
A primeira ação de vigilância de eventos internacionais usando drones foi em 2012, quando o Brasil sediou a Rio +20 (Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável). Militares vigiaram dia e noite o local onde mais de 100 chefes de Estado estavam reunidos. Essa ação e os aprendizados da Copa das Confederações servirão de base para a construção de uma doutrina para o empregos de drones na Copa, na Olimpíada e em possíveis outros casos.
"Na Rio +20 e nas Operações Ágata, feitas nas fronteiras pelo Ministério da Defesa, realizamos várias missões conjuntas com outros órgãos de segurança pública, com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Polícia Federal e instituições estaduais e federais que possibilitaram a troca de informações e de inteligência. Enquanto monitóravamos o local com o vant, em tempo real, todos podiam ver as imagens em um centro de controle de acesso restrito. Em algumas vezes, percebemos que havia algo suspeito e avisamos o policiamento em terra para agir", afirma o coronel Gramkow.
A PF tem dois drones israelenses Heron, feitos pela Israel Aerospace Industries Ltd (IAI), que chegaram ao país em 2010 por aproximadamente R$ 80 milhões. Esses vants, que ficam na Base Aérea de São Miguel do Iguaçu (PR), são os únicos para uso civil certificados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e são usados para obtenção de informações de inteligência e apoio ao combate ao narcotráfico e ao contrabando na fronteira com o Paraguai.

Os drones da PF, que estavam parados em 2012 devido a uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) voltaram a operar secretamente em dezembro do ano passado, auxiliando, inclusive, na realização de prisões. O TCU informou que o processo está em andamento e ainda em sigilo, e que não poderia fornecer informações. O projeto inicial englobava 14 aeronaves ao custo de quase R$ 600 milhões. Quase R$ 80 milhões já teriam sido gastos.
Centro de controle
Cada aeronave não tripulada é monitorada de um centro de controle, onde piloto e operador de sensores contam com mais de 10 telas de vídeo para que possam, por exemplo, localizar alvos, ver a posição do avião no radar e desviar de possíveis obstáculos no percurso.
"Os soldados acompanham as imagens enviadas e podem usar ainda outros instrumentos, como sensores de infra-vermelho, raio-x e imageador radar, que pode desenhar e mapear uma região mesmo com tempo encoberto por nuvens ou mau tempo", diz Gramkow.
Com esse recurso, é possível detectar a presença de pessoas armadas nos estádios ou nas áreas restritas aos atletas, por exemplo. Não há definição sobre que jogos serão monitorados pelos drones, mas o emprego dos equipamentos será permanente durante a Copa.

Imagens captadas por drones podem permitir que a artilharia antiáerea do Exército intercepte com maior rapidez aeronaves que, por ventura, tentarem invadir a área dos estádios. O vant israelense da FAB, chamado de hermes, tem peso máximo de decolagem de 450 kgs e voa por até 16 horas seguidas. Seu raio de alcance é de até 200 km, voando a uma altitude que varia entre 3.048 metros e 4.900 metros.
Ao contrário dos Estados Unidos, que formam pilotos especificamente para drones, a FAB optou por manter o seu piloto de vant voando outro tipo de aeronave. "Piloto ruim não é o que não sabe pilotar, mas o que não sabe decidir, o que é inseguro e pode provocar acidentes. Um piloto de vant, sentado em uma sala, precisa ter consciência situacional, saber onde está voando e o que pode ocorrer, para poder reagir rápido", diz o coronel.Exército estuda compra
Até 2014 deve ficar pronto o Falcão, drone de mais de 800 kg, que está sendo produzido pela brasileira Avibras com investimento do Ministério da Defesa e que será vendido pela Harpia (empresa formada por Embraer, Avibras e a israelense Elbit, uma das líderes do ramo).

O modelo está entre os favoritos para ser adquirido pelos militares brasileiros, que já realizam uma pesquisa de mercado para a compra.
Além dos eventos internacionais no país, o Exército quer usar vants no monitoramento dos 17 mil km de fronteiras que o Brasil tem com 10 países. As aeronaves farão parte ainda do Sistema Proteger, que irá monitorar a Usina Hidrelétrica de Itaipu e outros locais estratégicos para o país. 
Em relação à Copa, o Exército diz aguardar mudanças na legislação em relação a operação de vants em áreas povoadas para analisar se drones de pequeno porte podem ser usados para sobrevoar as cidades-sede dos jogos.
"O drone é a evolução do poder de combate, ele sintetiza tudo. Ele tem sensores capazes de localizar qualquer coisa, consegue transmitir a informação em tempo real para qualquer lugar – o que só o drone é capaz – e pode neutralizar e eliminar a ameaça naquele exato momento. É uma arma completa", diz o general da reserva do Exército Alvaro Pinheiro, que é especialista em terrorismo e táticas de guerra e defensor da capacidade brasileira em operar drones com armas.
"É evidente que o Brasil precisa ter capacidade de operar drones, tanto para vigilância para combater. O drone é cirúrgico, é um instrumento de apoio ao combate exatamente para diminuir efeitos indesejáveis, como a morte de inocentes ou destruição de locais errados", defende.
Atualmente, um terço das aeronaves da Força Aérea dos Estados Unidos já são drones. São mais de 7.800 unidades, a maioria estacionada no Oriente Médio. Especialistas dizem ainda que quase metade dos pilotos que os militares americanos estão formando hoje é exclusiva para drones.
"O Falcão ainda não voo, porque os investimentos são altos. Espera-se uma encomenda alta das Forças Armadas ainda em 2013 para que entre na fase de testes", diz Flávio Araripe de Oliveira, coordenador do projeto da FAB em parceria com a Avibras.América Latina
A realocação de drones americanos para a América Latina após o fim das guerras no Iraque e no preocupa os países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Em 2012, o general Norton Schwartz afirmou drones de multicapacidades, que estão sendo retirados do Oriente Médio, passarão a operar na América para missões de espionagem e combate ao tráfico, em especial no Caribe, Colômbia e México.
Dias depois, em 28 de novembro, 11 países que integram o bloco deciriram construir um drone conjunto, sob comando do Brasil. No evento, realizado no Peru, o vice-presidente, Michel Temer, disse que o país já estava desenvolvendo um modelo para uniformizar o sistema de voo de aviões não tripulados na América Latina e também proteger a Amazônia.
"Há possibilidades enormes do uso militar de vants na América Latina. Mas seria um avião de maior porte e que pode até dar apoio a caças. A maior preocupação é com acidentes e riscos envolvendo sobrevoar áreas populosas. Por isso, o seu voo seria em alta altitude", explica o capitão José Augusto de Almeida, do Departamento de Ciência e Tecnologia da FAB.
A Associação Brasileira de Produtos de Defesa (Abinde) defende que o governo adquira produtos nacionais. Dentre os made in Brasil em desenvolvimento, o Falcão é cotado até para exportação após ter recebido R$ 40 milhões de arpote do Ministério da Defesa para ser concebido.
"Estamos na fase de configuração para atender às exigências dos militares, fazer ensaios no terreno e preparar a produção de um lote piloto de quatro unidades. Alguns testes já foram feitos em Pirassununga (SP)", diz Renato Tovar, diretor da Avibras.
"Esperamos que ainda em 2013 seja assinado com o Ministério da Defesa um contrato de desenvolvimento, no qual serão feitos ensaios de voo do Falcão", disse ao G1o vice-presidente de operações da Embraer, Eduardo Bonini.

"O Falcão será o nosso vant nacional. Estamos aguardando que as Forças Armadas nos enviem a configuração de sensores que precisam, para que o projeto possa avançar", acrescentou o presidente da unidade de negócios Defesa e Segurança da Embraer, Luiz Carlos Aguiar.
Compra de vant nacional
No programa "Café com Presidenta" exibido em cadeia nacional de rádio em 21 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff explicou para a população para que servem os aviões e destacou que vants da FAB e da PF foram usados para localizar laboratórios de refino de cocaína em operações conjuntas com Bolívia, Colômbia e Peru.
"Vant é um avião pequeno que voa sem piloto. Esse avião faz o mapeamento de regiões de difícil acesso, registrando imagens em altíssima resolução e transmitindo essas imagens. Mesmo à noite, ele consegue enxergar a ação dos criminosos sem ser percebido por eles. Com isso, os agentes identificam mercadorias suspeitas que atravessam a fronteira brasileira pelos rios, identificam garimpos ilegais e também pistas clandestinas usadas pelo tráfico", disse Dilma.
"Nós trabalhamos pela segurança das famílias nas cidades brasileiras e por uma convivência de paz e harmonia com os países da América do Sul", completou a presidente na ocasião.
O Ministério da Defesa informou ainda analisar a quantidade e o modelo de aeronave que será comprada, mas que "estuda ajudar a indústria nacional por meio de aquisições" .

O governo brasileiro pode, eventualmente, controlar as exportações. Além disso, em parceria com a Avibras, está sendo criado um sistema de navegação, controle e pilotagem de drones, que poderá ser utilizado em aeroportos ou vants em qualquer lugar do país.
Drone como arma
Além dos drones de vigilância, as Forças Armadas também querem ter a possibilidade de, no futuro, colocar mísseis em seus vants. O Ministério da Defesa e Avibras confirmaram ao G1 ter projetos para produção e emprego de um "drone de combate", mas ainda estudam o tema com cautela.
"O projeto existe, mas vai ficar para o futuro. Por enquanto, o foco prioritário é vigilância e monitoramento. O assunto é ainda bastante delicado. Precisamos primeiro avançar na atuação de vants de reconhecimento", afirmou Renato Tovar, diretor da Avibras.O drone capaz de receber armamento teria configuração especial, com eletrônica e aviônica diferenciadas. "Isso depende também de que tipo de armas o governo gostaria de usar, para que fins, se será para o Pré-Sal, para fronteiras terrestres, etc", completou.
"A Avibras tem uma versão futura para colocar armamento no Falcão, caso algum cliente venha a pedir. Também há um projeto para uso em patrulhas marítimas, com sensores e radares diferenciados capazes de localizar navios e submarinos no mar", diz Flávio Araripe.
As Forças Armadas possuem, segundo o Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012, pelo menos 8 projetos que visam a aquisição de drones, entre 2013 e 2030, tanto para vigilância do mar como controle do espaço aéreo.
Os estudos seguem a Estratégia Nacional de Defesa, decreto publicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008, que aponta como uma de suas diretrizes básicas "programas de veículos aéreos não tripulados (vants), primeiro de vigilância e depois de combate", se o país quiser ganhar projeção internacional e prevenir ataques a seu território nos próximos 20 anos.

Segundo o texto, os drones com armas, conhecidos como Predadores (Predator, do nome em inglês), serão para o país "meios centrais, não meramente acessórios, do combate aéreo".
"A indústria de defesa espera um investimento maciço das Forças Armadas para alavancar o setor que, devido às atuais normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não pode usar comercialmente o produto. O Brasil tem muito a crescer no uso militar dos vants", defende Antonio Castro, da Associação Brasileira de Produtos de Defesa (Abinde).
O Ministério da Defesa ressaltou que as aplicações atualmente vislumbradas para estes veículos "são variantes da missão de reconhecimento e sem armas", mas que "isso não significa que essas aeronaves não possam ser utilizadas em combate".
Os Estados Unidos logo perceberam o potencial militar de drones e passaram a usar a nova tecnologia para atacar alvos no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália, além de monitorar outros países. A eficácia das missões, entretanto, é contestada por organizações de direitos humanos, que apontam um grande número de inocentes entre as vítimas dos bombardeiros e contestam a legalidade do emprego militar desse recurso. Críticos falam em "assassinatos sem julgamento", "guerra suja" e "violação das leis internacionais".
A Fundação Nova América, baseada em Washington, contabiliza 350 ataques desde 2004, a maioria durante o governo de Barack Obama, com número de mortos entre 1.963 e 3.293, incluindo entre 261 e 305 civis. Segundo o Escritório de Jornalismo Investigativo, em Londres, o número de vítimas fatais em ataques americanos com drones é maior, entre 2.627 e 3.457, sendo entre 475 e 900 civis. No dia 20 de fevereiro, o senador republicano Lindsey Graham, defensor do uso de drones em ataques militares, disse que o número de mortos soma cerca de 4.700 pessoas, incluindo inocentes.Marinha usa drone nacional
Ao contrário da FAB, que optou por comprar drones de Israel, mais compatíveis com as especificações que precisava para vigiar as fronteiras do país, a Marinha usa o Carcará, um vant produzido pela brasileira Santos Lab e adquirido após uma licitação internacional.

Segundo Roberto Sbragio Júnior, diretor da empresa, os vants tem 2 metros de envergadura e pesam de 1,8 kg a 4 kg, movidos a bateria. Por serem militares, os Carcarás não precisam de autorização da Anac para operar e possuem custo de R$ 600 mil a unidade.

Os veículos da Marinha estão no Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea, no Rio de Janeiro, e são usados desde 2007, quando foram empregados pela primeira vez em uma manobra de adestramento em Itaoca (ES). Em 2009, os fuzileiros receberam duas novas unidades, de um modelo de nova geração, que servem para inteligência.

A ideia agora é aplicar os drones embarcados em navios ou porta-aviões na costa brasileira para diagnosticar possíveis invasores. Até 2030, a Marinha pretende comprar mais 10 unidades: os primeiros cinco devem chegar até 2022. Os aviões serão usados para busca e salvamento em alto mar, monitoramento de plataformas de petróleo e reconhecimento de embarcações envolvidas em pesca predatória, extração mineral, pirataria, contrabando e crimes ambientais.
G-1 SNB

Governo manda tropa da Força Nacional proteger Belo Monte


Diante dos conflitos que paralisam as obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, o governo decidiu enviar tropas da Força Nacional e Segurança Pública ao local.
Portaria do Ministério da Justiça, publicada na edição desta segunda-feira do "Diário Oficial da União", informa que efetivo da Força Nacional será enviado ao Pará, por 90 dias --prazo que poderá se estendido--, atendendo à demanda do Ministério de Minas e Energia.
Segundo a portaria, o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, solicitou o envio de tropas no dia 21, data em que um grupo de manifestantes, composto na maioria por índios, ocupou um dos canteiros de obras de Belo Monte e paralisou as atividades de cerca de seis mil operários no sítio Pimental, no rio Xingu.
O uso das tropas tem o objetivo de "garantir incolumidade das pessoas, do patrimônio e a manutenção da ordem pública nos locais em que se desenvolvem as obras, demarcações, serviços e demais atividades atinentes ao Ministério das Minas e Energia", afirma o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na portaria.O protesto no canteiro da usina na semana passada foi o segundo envolvendo índios neste ano.
Em janeiro, eles fecharam o acesso ao sítio Pimental durante três dias, reclamando de impactos da obra ao rio Xingu, e terminaram o protesto após uma garantia de indenização.
No ano passado, índios chegaram a realizar um quebra-quebra nos escritórios da obra. No início deste mês, operários tocaram fogo em alojamentos. Um operário foi preso após a polícia encontrar bananas de dinamite em seu armário.
A hidrelétrica de Belo Monte tem conclusão prevista para 2019 e deverá ser a terceira maior do mundo.
FOLHA .....SNB

Rússia vai construir submarino de patrulhamento acústico


A marinha de guerra russa aprovou a construção de um submarino de patrulhamento acústico e análise da situação.

Esse navio se destina a coordenar as ações dos outros navios.
O submarino será equipado com sistemas que lhe permitirão detectar em regime passivo navios de superfície e submersíveis, assim como alvos aéreos a baixa altitude, a uma distância até 600 km. A uma distância de 100 km, o navio será capaz de determinar com precisão o tipo de alvo. Todos os sistemas do submarino irão funcionar em regime passivo, não emitindo sinais ativos e permitindo ao navio ficar invisível para o adversário.
SNB

FAB TV - Especialistas da FAB - Programa Especial

SNB