sexta-feira, 15 de março de 2013

Guerra no Iraque custa mais de US$ 2 trilhões aos EUA, mostra estudo


DANIEL TROTTA - Reuters
A guerra dos EUA no Iraque já custou 1,7 trilhão de dólares, com um adicional de 490 bilhões de dólares em benefícios devidos aos veteranos de guerra, e as despesas podem crescer para mais de 6 trilhões de dólares ao longo das próximas quatro décadas considerando os juros, mostrou um estudo divulgado nesta quinta-feira.
A guerra já matou pelo menos 134 mil civis iraquianos e pode ter contribuído para as mortes de até quatro vezes esse número, de acordo com o Projeto Custos da Guerra do Instituto Watson para Estudos Internacionais da Universidade Brown.
Quando as forças de segurança, insurgentes, jornalistas e trabalhadores humanitários foram incluídos, o número de mortos da guerra subiu para estimados 176.000 a 189.000, segundo o estudo.
O relatório, um trabalho de cerca de 30 acadêmicos e especialistas, foi publicado antes do 10º aniversário da invasão norte-americana no Iraque, em 19 de março de 2003.
Foi também uma atualização de um relatório de 2011 do Instituto Watson produzido antes do 10º aniversário dos ataques de 11 de setembro, que avaliou o custo em dólares e as mortes das guerras resultantes no Afeganistão, Paquistão e Iraque.
O estudo de 2011 apontou que o custo combinado das guerras foi de pelo menos 3,7 trilhões de dólares, com base em gastos reais do Tesouro dos EUA e compromissos futuros, como indenizações médicas e por incapacidade de veteranos de guerra dos EUA.
Essa estimativa subiu para quase 4 trilhões de dólares na atualização.
O número de mortos estimados das três guerras, anteriormente de 224.000 a 258.000, aumentou para 272.000 a 329.000 dois anos depois.
Foram excluídas as mortes indiretas causadas pelo êxodo em massa de médicos e pela infraestrutura devastada, por exemplo. Nos custos, não foram contabilizados os trilhões de dólares em juros que os Estados Unidos podem pagar nos próximos 40 anos.
Os juros sobre as despesas com a guerra no Iraque podem chegar a 4 trilhões de dólares durante esse período, segundo o relatório.
O relatório também analisou o peso sobre os veteranos e suas famílias, mostrando um custo social profundo, assim como um aumento nos gastos com veteranos. O estudo de 2011 apontou que as indenizações médicas e por incapacidade para veteranos depois de uma década de guerra totalizaram 33 bilhões de dólares. Dois anos depois, esse número subiu para 134,7 bilhões de dólares.
POUCOS GANHOS
O relatório concluiu que os Estados Unidos ganharam pouco com a guerra, enquanto o Iraque foi traumatizado por ela. A guerra revigorou os militantes radicais islâmicos na região, causou um retrocesso dos direitos das mulheres, e enfraqueceu um sistema de saúde já precário, segundo o relatório.
Enquanto isso, o esforço de reconstrução de 212 bilhões de dólares foi em grande parte um fracasso, com a maior parte do dinheiro sendo gasto em segurança ou perdido para o desperdício e a fraude, acrescentou.
A administração do ex-presidente George W. Bush citou sua convicção de que o governo do ditador iraquiano Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa para justificar a decisão de ir à guerra. As forças dos EUA e aliadas mais tarde descobriram que esses estoques não existiam.
Os defensores da guerra argumentaram que a inteligência disponível na época concluiu que o Iraque tinha as armas proibidas e observou que mesmo alguns países que se opuseram à invasão concordaram com a avaliação.
SNB

Bombardeios dos EUA violam soberania do Paquistão, diz ONU


LOUIS CHARBONNEAU - Reuters
Os Estados Unidos violaram a soberania paquistanesa e destruíram estruturas tribais nos bombardeios feitos por aviões não-tripulados durante operações de combate ao terrorismo perto da fronteira com o Afeganistão, disse um investigador de direitos humanos da ONU em nota na sexta-feira.
Ben Emmerson passou três dias no Paquistão nesta semana como parte de uma investigação sobre das ações militares norte-americanas sobre os civis.
"Como uma questão de direito internacional, a campanha dos EUA com ‘drones' (aviões teleguiados) no Paquistão está (...) sendo conduzida sem o consentimento de representantes eleitos do povo, ou do governo legítimo do Estado", disse a nota divulgada pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos, em Genebra.
Emmerson anunciou em janeiro que investigaria 25 ataques com drones no Paquistão, Iêmen, Somália, Afeganistão e territórios palestinos. Ele deve apresentar seu relatório final em outubro à Assembleia Geral da ONU.
Autoridades dos EUA disseram que não comentariam as declarações do relator
SNB

O enxame global


Estado de S.Paulo
"Um plano era usar um avião não tripulado para bombardear a área, mas ele foi rejeitado, pois recebemos ordem para capturá-lo com vida." Foi assim que Liu Yuejin, diretor do escritório antidrogas do Ministério de Segurança Pública da China, descreveu a caçada a Naw Kham, líder uma grande operação de narcotráfico no Triângulo Dourado, suspeito de ter matado 13 marinheiros chineses. Eles o apanharam numa emboscada noturna do outro lado da fronteira.
Esse caso é útil para se pensar o mercado global para sistemas aéreos não tripulados (drones) e para onde ele vai, um tópico que ganhou reforços na semana passada com a reportagem do New York Times a respeito da confusão sobre se foram drones americanos ou paquistaneses que realizaram um controvertido ataque aéreo.
Discutimos com frequência sobre um suposto monopólio dos EUA dos drones que estaria possivelmente se esgotando. Ou, como a revista Time intitulou uma matéria: "Monopólio sobre drones: esperamos que tenham aproveitado enquanto durou". O artigo diz em seguida: "Isso vai ocorrer; a questão é quando". A resposta é: muitos anos atrás. Hoje, os EUA lideram no campo da robótica militar, e como o país gasta mais dinheiro e faz mais uso de sistemas não tripulados, certamente deve liderar mesmo. Dito isso, há cerca de 8 mil aviões não tripulados no estoque americano e outros 12 mil veículos terrestres não tripulados. Um número crescente deles é grande e armado.
A depender da fonte que se queira citar, 75 a 87 países possuem aviões não tripulados. Desses, ao menos 26 possuem sistemas maiores e são armados. Ao que se sabe, somente EUA, Grã-Bretanha e Israel usaram drones armados, mas o motivo de outros não o terem usado é, com frequência, política, não tecnológica. Ou eles não estão em guerra ou optaram por não seguir essa via ainda. Mas esses limites políticos estão mudando. Veja-se a discussão aberta da China sobre seus planos no Diário do Povo, ou a recente decisão da Alemanha de adquirir drones armados para missões no exterior, acompanhando decisões de Itália, França e outros países.
Em suma, quando conversamos sobre um suposto futuro de proliferação de drones, é comum ignorarmos a realidade atual. Já temos um mercado que é global tanto com relação a seus consumidores quanto a seus fabricantes, de empresas americanas como General Atomics a ASN Technology, uma das maiores fabricantes da China, e ADE da Índia.
O que realmente importa não é a proliferação para um número maior de países, mas a proliferação da aquisição e o uso da tecnologia. A primeira geração de sistemas não tripulados se parecia com os que estavam substituindo. Agora, vemos um conjunto crescente de tamanhos, formatos e formas.
Nessa tendência, a questão tamanho é importante para a discussão sobre drones armados. Não se trata apenas de que os drones estão ficando menores, mas de que eles também estão transportando munição cada vez menor. Assim, se você quiser, por exemplo, realizar uma eliminação seletiva, teria de enviar um MQ-9 Reaper carregando um JDAM ou um conjunto de mísseis Hellfire? Ou um míssil teleguiado do tamanho de uma revista enrolada, ou uma minúscula bomba do tamanho de uma lata de cerveja equipada com GPS dariam conta do recado, em especial quando se trata de causar menos danos colaterais?
E se essa arma menor é tudo que você precisa, para que precisaria de um drone do tamanho de F-16 para carregá-la? Embora a discussão sobre a proliferação de drones armados tenha como foco países que abrigam sistemas grandes, em breve teremos de tratar dos que têm sistemas menores. E, em certo ponto, teremos de perguntar como definir um drone e como regulamentá-lo. Já estamos no mundo do Switchblade, o drone de vigilância que é carregado num pequeno tubo e pode voar a 80 km/h, mas se for preciso pode se transformar num meio letal e causar uma explosão do porte de uma granada de mão. Outra tendência que terá importância é a crescente inteligência e autonomia dos drones armados.
A expansão desse mercado vai mudar ainda mais dentro de alguns anos, quando a facilidade de uso encontrar barreiras políticas civis menores. Apesar de os drones estarem hoje principalmente ausentes de usos civis, há um processo em curso para integrar sistemas aéreos não tripulados nas partes civis do sistema de espaço aéreo nacional e global. O Congresso americano estabeleceu recentemente um prazo em 2015 para o espaço aéreo americano se abrir para um uso civil e comercial mais amplo de drones, e as mesmas tendências estão em jogo em muitos outros países, da Grã-Bretanha ao Brasil.
Já não vivemos em um mundo onde somente os EUA têm a tecnologia e não estamos avançando para um futuro em que a tecnologia será usada somente da maneira como a usamos agora. Enfrentar os desafios colocados pela proliferação de drones não é impossível. Se quisermos enfrentar os riscos e começar a criar padrões globais, o melhor é começar a reconhecer seu status hoje e para onde iremos no futuro muito próximo. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
SNB

Força Aérea dos EUA mantém contrato com Embraer


Agência Estado
WASHINGTON - O Departamento de Defesa dos EUA decidiu ignorar os protestos da Beechcraft e manter o contrato de US$ 427,5 milhões com a Embraer e sua parceira Sierra Nevada para o fornecimento de 20 aviões A-29 Supertucano à Força Aérea do Afeganistão. Citando a necessidade de avançar com esse projeto, depois de muitos adiamentos, o Pentágono anunciou "circunstâncias incomuns" para dar andamento ao projeto.
Na semana passada, a Beechcraft havia contestado o resultado da licitação junto ao Escritório de Prestação de Contas do Governo dos EUA (GAO), o que levou o Pentágono a suspender temporariamente o contrato, que havia sido reafirmado duas semanas atrás. A Beechcraft já havia contestado o resultado da concorrência em dezembro de 2011, provocando uma reavaliação que só foi concluída nos primeiros dias de março. As informações são da Dow Jones.
SNB

quinta-feira, 14 de março de 2013

Megaobservatório é inaugurado a 5 mil metros de altitude nos Andes


Foi inaugurado nesta quarta-feira (13) um novo observatório astronômico sobre o longínquo platô de Chajnantor, a 5 mil metros de altitude, na Cordilheira dos Andes chilena.
Batizado de Alma (sigla em que significa  “grande conjunto milimétrico/submilimétrico do Atacama ) o projeto é resultado de quase três décadas de planejamento, discussões e negociações. A um custo de US$ 1,4 bilhão, é o maior projeto astronômico já executado em terra – em volume de investimento, só perde para telescópios que funcionam no espaço. Ao todo, são 20 os países envolvidos, entre eles o Brasil, em menor proporção (veja a situação brasileira abaixo, e o Chile, que oferece seu território como sede do empreendimento.O Alma consiste num conjunto de 66 antenas (atualmente 57 já estão operando ou estão no local, prontas para operar, sendo que as 9 restantes devem estar funcionando ainda este ano) que captam ondas emitidas por corpos frios em lugares muito longínquos do universo, com as quais se espera obter novas informações sobre a origem de estrelas e planetas, bem como sobre a presença de partículas orgânicas em lugares a bilhões de anos-luz da Terra.As antenas instaladas no alto da cordilheira, em local próximo a San Pedro de Atacama, no Chile, podem ser deslocadas numa área com raio de 16 km sobre o platô de ar rarefeito. Elas captam ondas de tamanho milimétrico e submilimétrico, em frequências invisíveis ao olho humano – o sistema, portanto não é ótico. “O Alma sintetiza um telescópio de 16 quilômetros, o que seria impossível construir”, explica Thijs de Graauw, diretor do projeto.
A grande aposta desse enorme complexo é que as antenas, que podem ser mudadas de lugar, combinam de forma sincronizada as informações que capturam, funcionando como um imenso espelho do espaço.Há dois modos principais de funcionamento desse conjunto. As antenas podem ficar espalhadas pelo terreno, com maior distância entre si, quando o objetivo é focar num ponto mais específico do espaço e analisá-lo de forma detalhada, ou também é possível agrupá-las todas numa área central, com o que se tornam uma poderosa ferramenta para produzir imagens amplas do céu.A mudança de configuração é feita por um supercaminhão transportador com 28 rodas, capaz de percorrer o terreno acidentado do platô andino carregando as antenas, que pesam dezenas de toneladas.
Além da logística arrojada e do supercomputador que junta as informações, cada antena do observatório também consiste em um complexo artefato tecnológico. Para receber com mais pureza o sinal dos objetos interestelares, alguns dos equipamentos são resfriados a 4 Kelvin (-269° C).
A localização do Alma, em território chileno, perto das fronteiras da Bolívia e da Argentina, é estratégica: o ar rarefeito da grande altitude fazem com que a interferência da umidade da atmosfera seja menor.
Sistemas de correção anulam eventuais desvios nas imagens que o ar ainda possa causar.
Os sinais captados pelas antenas são remetidos a um supercomputador, um dos mais rápidos que existem no mundo atualmente, que junta as informações e as remete a um centro de operações que fica 2 mil metros montanha abaixo.
O Alma foi criado numa parceria entre o ESO (Observatório Europeu do Sul), o NAOJ (Observatório Astronômico Nacional do Japão) e o NRAO (Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA).Junto com a inauguração oficial do Alma, foi divulgada a publicação de três artigos com os primeiros resultados produzidos pelo complexo, dois deles na revista "Nature" e um no "Astrophysical Journal".
Os pesquisadores descobriram que algumas galáxias longínquas se encontram mais longe do que se supunha. Elas são formadoras de estrelas e, com isso, concluiu-se que uma fase de formação intensa desses corpos celestes ocorreu há 12 bilhões de anos, quando o universo tinha menos de 2 bilhões de anos - um bilhão de anos mais cedo do que o que se pensava anteriormente.
Mais do que isso, os cientistas detectaram água em uma destas galáxias, o que configura o registro mais distante desse tipo de molécula no espaço.
Encontrar moléculas essenciais para a existência de vida, como água e compostos orgânicos, é uma das missões do Alma. O equipamento, no entanto, poderá apenas detectar a presença desses ingredientes, e não confirmar efetivamente a existência de vida extraterrestre.Brasil no ESO
Em 2010, o Brasil assinou sua entrada como membro do ESO e, portanto, também é “sócio” do Alma. No entanto, sua condição de membro ainda depende de ratificação do Congresso Nacional. Ao ratificar sua entrada, o país passará a contribuir financeiramente com o ESO e empresas brasileiras poderão fornecer produtos e serviços ao Alma e a outros observatórios.
Apesar de não ser um integrante efetivo do grupo, no entanto, cientistas brasileiros já podem propor observações no novo observatório inaugurado nesta quarta. Esses pedidos, assim como os de astrônomos de outros países, passam pela análise de um corpo técnico para avaliar sua relevância. Toda a informação produzida no Alma é disponibilizada gratuitamente à comunidade científica após um ano.
G-1 ...SNB

Centro de Lançamento de Alcântara completa 30 anos

SNB

Contrato da Embraer nos EUA é paralisado

Medida foi tomada após a fabricante americana Beechcraft questionar a licitação de US$ 428 milhões vencida pela empresa brasileira

A Força Aérea dos Estados Unidos emitiu uma ordem de interrupção de trabalhos para Embraer e Sierra Nevada, vencedoras de uma licitação para venda de aeronaves Super Tucano que serão usadas pelos EUA no Afeganistão. A suspensão ocorre após a concorrente Beechcraft Corporation contestar o resultado da licitação, declarou ontem ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o porta-voz da Força Aérea dos EUA, Ed Gulick.
Em comunicado, Gulick destaca: "A Força Aérea emitiu uma ordem de interrupção dos trabalhos na segunda-feira." Apesar da ordem de interrupção, o porta-voz defendeu a escolha pela Força Aérea americana do consórcio formado por Embraer e Sierra Nevada para o fornecimento dos aviões que serão usados pelos EUA no Afeganistão. Gulick destacou que a Força Aérea, ao declarar vencedor esse consórcio, tomou a decisão "bem fundamentada" e que avaliou "de forma completa e justa" as outras propostas recebidas.
A ordem de interrupção dos trabalhos é um procedimento padrão, que se segue quando um concorrente questiona o resultado de uma licitação.
Pelo contrato, a americana Sierra Nevada e a brasileira Embraer devem fornecer 20 aeronaves Super Tucano, no valor inicial de US$ 428 milhões. O contrato, porém, pode chegar a US$ 950 milhões, dependendo da demanda futura da Força Aérea por novos aviões.
Empregos. Na última sexta-feira, a Beechcraft, que acaba de sair de uma concordata, anunciou que abriria uma ação formal no Escritório de Contabilidade do Governo dos EUA contra a decisão da Força Aérea. Segundo um comunicado da empresa, cerca 1,4 mil postos de trabalho no Kansas e em outros Estados estão em perigo devido à decisão da Força Aérea, que estaria transferindo a geração de empregos para o Brasil. A Embraer, porém, já informou que os aviões serão produzidos nos EUA, com geração de exatamente 1,4 mil empregos.
Depois que o processo entrar no Escritório de Contabilidade do governo dos EUA, os auditores têm até 100 dias para rever o caso e tomar uma decisão, destacou o porta-voz da Força Aérea.
Esta é a segunda vez que a Beechcraft Corporation tenta atrapalhar a venda de aeronaves a Força Aérea americana pela Sierra Nevada e a Embraer. Em 2011, as duas ganharam a licitação para o mesmo contrato, mas a então Hawker Beechcraft entrou na Justiça contra a decisão e o governo decidiu cancelar a licitação e fazer outra, após descobrir "deficiências no processo e documentação que não poderiam confirmar a adequação" da decisão de declarar as duas empresas vencedoras.
Em 27 de fevereiro, a Sierra Nevada e a Embraer foram novamente declaradas vencedoras do contrato. Gulick destaca que o processo de licitação começou em maio de 2012 e um novo time cuidou da avaliação.
NOTIMP..SNB