quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dilma demite Jobim da Defesa após novas críticas ao governo


Depois de ler a entrevista na qual chama ministra de 'muito fraquinha', presidente avaliou que ministro estava em situação 'insustentável'; Aldo Rebelo é cotado para assumir pasta

BRASÍLIA - Depois de ler a íntegra da reportagem da revista Piauí com o perfil e as declarações do ministro da Defesa, a presidente Dilma Rousseff avaliou que Nelson Jobim ficou numa "posição politicamente insustentável" e decidiu demiti-lo, no final da manhã desta quinta-feira, 4. Segundo fontes do Planalto, a presidente teria pedido para ele antecipar a volta de Tabatinga (AM).
Ao contrário do que disseram alguns assessores do ministro da Defesa, a presidente não soube, "há um mês", que ele havia, em entrevista à Piauí, feito críticas às ministras escolhidas por Dilma depois da crise do caso Palocci, e que trabalham diretamente com ela no Palácio.
Jobim disse à revista que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, é "fraquinha", e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília". O ministro da Defesa considerou o governo Dilma "atrapalhado" pela maneira como, dois meses atrás, tratou da Lei de Acesso à Informação, promovendo vários recuos ao se posicionar sobre o sigilo dos documentos ultrassecretos - no final, a presidente optou por manter a proposta da Câmara, contrária ao sigilo eterno e permitindo que documentos ultrassecretos tenham sigilo de 25 anos renovado por apenas mais 25 anos. A outra proposta era favorável a renovar indefinidamente o sigilo.
Dilma ficou irritada como fato de Jobim ter se encontrado nesta quarta-feira, 3, com ela e, na audiência, não ter falado sobre as críticas às ministras. Antes da audiência, no Planalto, a presidente havia recebido no Palácio da Alvorada, o assessor de Jobim, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino. Ele não falou com Dilma sobre a reportagem da Piauí.
No início da noite dessa quarta, Jobim ligou para Ideli Salvatti, falou da reportagem e disse que as palavras dele estavam "fora de contexto". Ideli foi até a presidente e fez o relato sobre o que ouvira de Jobim.
Na manhã desta quinta, quando já estava na Amazônia, a caminho da Tabatinga, Jobim tentou falar também com a ministra Gleisi Hoffmann. A ministra-chefe da Casa Civil não quis atender Jobim e mandou dizer, depois, pelos assessores, que as opiniões do colega da Defesa era "irrelevantes".
Um dos nomes cotados para o lugar de Jobim é o do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). Alguns assessores citam também a possibilidade de o vice-presidente, Michel temer, assumir temporariamente, se for necessário, o cargo. O atual ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, também faz parte da bolsa de aposta.
Por conta de outras declarações, Jobim já estava na lista dos auxiliares de Dilma que ela deve tirar do governo na primeira reforma ministerial, no final deste ano ou no início de 2012.
O ministro viajou na noite de quarta para São Gabriel da Cachoeira (AM). Nesta manhã ele partiu para Tabatinga (AM), onde, ao lado do vice-presidente da República, Michel Temer, assina um plano de vigilância de fronteiras entre Brasil e Colômbia.
Em recente entrevista concedida ao programa "Poder e Política", da Folha de S. Paulo e UOL, Jobim criou incomodo no Planalto ao fazer questão de revelar que, nas eleições do ano passado, votou no candidato tucano José Serra, o adversário da candidata vencedora, Dilma Rousseff.

Defesa para de importar farda da China


Os militares aproveitaram o debate no governo sobre o Plano Brasil Maior, de incentivo à indústria, para se livrar dos uniformes camuflados sem qualidade fabricados na China.
Anteontem, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo pagará até 25% a mais nos produtos nacionais para o uso das Forças Armadas. A medida está sendo comemorada pelas tropas.

Por ano, o Ministério da Defesa gasta R$ 100 milhões na compra de 400 mil uniformes camuflados de indústrias localizadas na China. A maior fornecedora é a Diana Paolucci, uma empresa brasileira radicada em território chinês.

Embora técnicos do governo afirmem que as licitações impõem exigência de qualidade, os militares da Aeronáutica, do Exército e da Marinha reclamam que a vida útil das peças não chega a um ano, especialmente na região amazônica.

Desconforto psicológico. O Comando Militar da Amazônia conta com 26 mil homens, a maioria usa uniformes camuflados com etiqueta de indústria chinesa, o que, segundo eles, causa certo "desconforto psicológico".

O Planalto divulgou anteontem com estardalhaço que o bolo de R$ 15 bilhões que a pasta da Defesa terá para compras neste ano ficará no País, especialmente nas indústrias têxtil e calçadista. O passe de mágica, na versão do governo, foi o decreto regulamentando a Lei 12.349, de 2010, que fixa as regras para compras governamentais. A regulamentação estipula a margem de preferência de até 25% nos processos licitatórios.

Na verdade, suspensórios, coletes balísticos e boinas já são comprados no mercado interno. O mesmo ocorre com os coturnos.

Desde 2010, o governo estabeleceu uma sobretaxa de US$ 12 para cada par de coturno importado, o que afastou os chineses da área de calçados.

O Ministério da Defesa é favorável a compra integral de fardas e coturnos verde-amarelas. Para os militares, incentivar a indústria brasileira de defesa é uma questão estratégica. Com a medida tomada por Dilma Rousseff, os militares dizem acreditar que o governo deu mais um passo na consolidação da barreira contra os produtos chineses na área.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Battleship - Brasil - Trailer 1 (Official

Battleship, adaptação ao cinema do jogo de batalha naval da Hasbro, ganhou o seu primeiro trailer. Parece uma mistura de Transformers (também da Hasbro) com Batalha de Los Angeles… na água.
O filme coloca uma frota internacional para combater uma invasão alienígena. O diretor Peter Berg detalhou a trama no ano passado. Liam Neeson faz o Almirante Shane, futuro sogro do protagonista, vivido por Taylor Kitsch. Brooklyn Decker, Alexander Skarsgård e Rihanna também estão no elenco.
Battleship tem lançamento marcado para 18 de maio de 2012.

Brasil envia expedição para conhecer e explorar fundo do oceano

A missão chefiada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) contou com geólogos, oceanógrafos, biólogos, entre outros cientistas. Nenhuma empresa brasileira se interessou ainda pelas pesquisas, pagas pelo governo federal.Outro motivo estratégico é ocupar espaços e evitar que consórcios de outros países tenham posições privilegiadas a poucas milhas do nosso litoral. Cada bloco reservado pelo Brasil implica a reserva de bloco de igual extensão para a Humanidade, onde nunca haverá exploração por outro país, segundo as regras da CNUDM. Portanto, ocupar espaço significa evitar que outros pontos estratégicos sejam ocupados por demais países.Voltou ontem ao Rio o navio Marion Dufresne, que o governo brasileiro alugou da França para promover pesquisas geológicas a milhares de metros de profundidade no sul do Atlântico. A expedição – a segunda de uma série de quatro – foi ao Alto do Rio Grande, uma cordilheira no solo do oceano. Nessa região, de águas internacionais, indícios apontam uma concentração relevante de minérios valiosos. 

Alguns cientistas acreditam que essa descoberta tem potencial para ser, para a mineração, o que foi o pré-sal para a indústria petrolífera brasileira.

Neste ano, o Brasil investirá R$ 48 milhões para enviar o Marion Dufresne quatro vezes até a região. É a primeira vez que o Brasil manda uma missão até a plataforma profunda do Atlântico Sul, a mais que o dobro de distância da costa do que os campos do pré-sal. Enquanto o solo de regiões do Pacífico e de outros mares já possui blocos cedidos a diversos países, as profundidades além de mil metros no sul do Oceano Atlântico permanecem intocadas pelo homem. 


A última razão, que pode ser a mais relevante no longo prazo, é econômica. No fundo do Atlântico, onde o Brasil desenvolve pesquisas, já foram encontrados nódulos de minerais cobaltíferos e carbonático, além das chamadas terras raras. “Ali pode haver muito dos minerais que são a maior sensação atual e no futuro, como o lítio, usado em produtos de alta tecnologia.” Também pode haver muito calcário, mineral usado como fertilizante que é importado pelo Brasil atualmente. “São reservas estratégicas”, completa Barreto.

O fundo do mar é tido como a última fronteira para a mineração no mundo, que um dia terá de ser explorada, quando os minérios em terra ficarem mais raros. A visão assemelha-se até ao que tem acontecido em um momento presente com o petróleo, que tornou interessante a países como o Brasil buscá-lo em locais mais remotos, como o pré-sal.

Mas, assim como ocorreu com o pré-sal, a exploração comercial dessas jazidas ainda demanda muitos anos de pesquisa para se tornar possível e viável comercialmente. Contudo, já existem ideias de como fazê-lo. Uma delas, explica Barretto, é enviar um equipamento que destrua parte dessas rochas e outro que sugue o conteúdo. 

Na missão do Marion Dufresne, uma draga foi arrastada sobre o fundo do oceano e trouxe uma porção de amostras à tona, das quais se inferiu o potencial de exploração. “A exploração ainda é experimental, mas tecnicamente sabemos que é possível”, diz Barretto.

A próxima fronteira

sábado, 30 de julho de 2011

CLA Está Pronto para Operações de Lançamentos de Grandes Foguetes


Tecnologicamente avançado e pronto para realizar lançamentos de grande porte. Essa foi a conclusão sobre o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) manifestada ontem pelos ministros Nelson Jobim (Defesa),Paulo Bernardo (Comunicações) e Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) ao visitarem na manhã de ontem as instalações do CLA. A avaliação servirá como base para um relatório que será encaminhado pelo Ministério da Defesa para a presidente Dilma Rousseff com o objetivo de solicitar aumento do orçamento para investimento das atividades espaciais.

A presença dos ministros no Centro de Lançamento de Alcântara dissipou definitivamente a polêmica de que o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, poderia ser substituído por outro centro operacional, como vinha sendo especulado. De acordo com o ministro Nelson Jobim, a tecnologia já existente no CLA permite ao Brasil pensar na autonomia das atividades ligadas ao espaço, como, por exemplo, colocar em órbita os próprios satélites geoestacionários. Mas, para isso, ele reconhece que é preciso investir em operações com os Veículos lançadores de satélites (VLS), cujas atividades vão acontecer no CLA.

“Ter um programa espacial forte é fundamental para a autonomia do país, mas para isso temos que voltar nossos olhos para os nossos pontos centrais do Programa Espacial Brasileiro que se encontram no CLA e no programa Alcântara Cyclone Space (ACS)”, enfatizou Jobim.

“O que o Brasil
precisa é ter
capacitação e
autonomia, e o
desenvolvimento
do CLA é
fundamental”

Nelson Jobim
Ministro da Defesa

Recursos – Jobim ressaltou ainda que a visita ao Centro de Lançamento de Alcântara objetiva trazer novos recursos para o Programa Espacial como um todo, pois, no início deste ano, ocorreu um corte de R$ 50 milhões no orçamento destinado à Ciência e Tecnologia. Como reflexo do corte, foram reduzidos lançamentos previstos no cronograma anual do CLA, que de 14 passou para sete este ano.

“Com base no que observamos, percebemos aqui uma tecnologia forte, preparada para lançamentos complexos. No entanto, ainda é preciso fazer novos investimentos para acelerar nossas atividades. Essa visita é a base de um relatório para solicitarmos novos investimentos à presidente Dilma”, adiantou.

Sobre a tecnologia do CLA, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, se disse impressionado não só com os recursos físicos, mas também com a preparação dos técnicos no CLA, o que deixa o governo bastante otimista com relação a futuros lançamentos. Quanto aos cortes no orçamento, o ministro classificou como ajustes necessários do governo, mas disse que está otimista com a possibilidade de novos recursos.

“Os programas de desenvolvimento, incluindo o espacial, são prioridades nos assuntos estratégicos brasileiros. No futuro, criaremos os nossos próprios satélites geoestacionários. Não temos nenhuma dúvida que a presidente Dilma vai dar sinal verde para novos investimentos”, observou Paulo Bernardo.

Programa – Para o presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antônio Raupp, a visita ao CLA serviu para definir pontos atualmente prioritários do Programa Espacial Brasileiro, que é simbolizado pelo Centro de Lançamento e Alcântara Cyclone Space, que devem realizar lançamentos de grande porte no próximo ano no Maranhão.

“Os dois pontos fundamentais do programa são a ACS e o Centro de Lançamento de Alcântara. No próximo ano, a ACS deverá lançar o foguete Cyclone 4 e o CLA será responsável pelo lançamento do VLS, pois plataforma de lançamento encontra-se em fase de finalização”, destacou.

Raupp viajou no início do mês a Ucrânia, onde conheceu a tecnologia empregada no foguete Cyclone 4, que será lançado do CLA. “Eu voltei de lá muito otimista. O processo de fabricação do foguete está bastante adiantado e para nós, que somos responsáveis pelas instalações físicas do CLA, o programa ACS é uma de nossas prioridades”, definiu.

Sistemas – O novo sistema da Sala de Controle do Centro de Lançamento de Alcântara, que estava em fase de testes nos últimos lançamentos, foi inaugurado oficialmente ontem com a presença dos ministros, do presidente da AEB, Marco Antônio Raupp, e do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. A modernização da sala foi iniciada há três anos.

Ontem, foi simulado o funcionamento de todos os sistemas da Sala de Controle, como telemedidas, rastreio e de monitoramento de vôo. Os sistemas analógicos foram substituídos por digitais, o que minimiza questões de interferências nos lançamentos.

A comitiva visitou ainda a Casamata – sala de monitoramento do foguete – que também foi modernizada, e a Torre Móvel de Integração (TMI), que se encontra em fase final da interligação dos sistemas eletrônicos e de comunicação. Os ministros sobrevoaram a área onde está sendo construído o sítio de lançamento da ACS.

De acordo com o diretor do CLA, coronel Ricardo Rodrigues Rangel, a visita dos ministros consolida a importância do Centro para a autonomia do país. “Hoje com a conclusão da modernização do CLA, mostramos que estamos completamente preparados para lançamentos de grande porte. A visita dos ministros é um reflexo disso. Nós estamos preparados para fazer o primeiro vôo de qualificação do VLS em 2012”, enfatizou Rangel.

MAIS

Torre Móvel de Integração

Investimento:
R$ 44 milhões

Conclusão:
Inicio de 2012

Primeiro lançamento:
Primeiro semestre de 2012

SETORES MODERNIZADOS

Sala de Controle:
- desempenha as atividades de telemedidas, rastreio e monitoramento dos foguetes durante o lançamento

Casamata:
- setor responsável pelo monitoramento e preparação do foguete antes do lançamento

Modernização:
- substituição dos equipamentos analógicos para digital para otimizar as atividades de rastreio

CLA

O Centro de Lançamento de Alcântara – CLA, organização do Comando da Aeronáutica, é subordinado ao Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial – CTA e atua nas missões de lançamento e de rastreio de engenhos aeroespaciais, coleta e processamento de dados de suas cargas úteis, incluindo testes e experimentos científicos de interesse da Aeronáutica, relacionados com a política
nacional de desenvolvimento aeroespacial.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Petrobras – Gabrielli : "o maior plano de negócios do mundo" .


Executivo com maior tempo na presidência da Petrobras, José Sergio Gabrielli admitiu ontem pela primeira vez que pode voltar à política. Ele, que disputou a primeira eleição em 82 e a última em 90, sem nunca ter vencido, descartou "peremptoriamente" a possibilidade de uma candidatura à Prefeitura de Salvador em 2012. "Não nego que posso vir a ser candidato, mas é muito cedo para tomar decisão", respondeu, quando questionado se pretende concorrer ao governo da Bahia em 2014. Gabrielli já ultrapassou os seis anos e quatro meses de mandato de Joel Rennó, que até ontem tinha ocupado o poderoso cargo por mais tempo.Essa afirmação foi a única sobre política que Gabrielli fez na entrevista concedida ontem ao Valor para falar sobre o novo plano estratégico da companhia, de US$ 224,7 bilhões, o "maior plano de negócios do mundo", como o executivo faz questão de destacar. "Esse plano é mais do que o governo americano teve de orçamento em dez anos para levar o homem à lua, mais do que os aliados investiram durante a Segunda Guerra Mundial", afirma o executivo.

Com 688 projetos acima de US$ 25 milhões com maturidades diferentes, o plano mantém o horizonte mais longo até 2020. Muitos dos projetos serão cimentados apenas no fim da década, incluindo o início da produção em grande escala no pré-sal, quando a companhia planeja pular dos atuais 2,1 milhões de barris de petróleo/dia para quase 5 milhões de barris/dia em 2020, dos quais 2 milhões de barris no pré-sal. Esse processo vai exigir um extraordinário esforço de construção de sondas, plataformas de produção de diversos tipos e barcos de apoio. É também para 2020 que Gabrielli aponta ao defender as novas refinarias.

"Sem as [novas] refinarias a importação [do país] seria de 40% do mercado. E a Petrobras não é suicida. Não vamos perder 40% do nosso mercado", enfatizou.

Gabrielli mostra números que justificam o plano que, segundo ele, não teve nenhum atraso, apesar de ter sido apresentado três vezes ao conselho de administração. "É pura intriga. Não tem o vai e vem. Estamos falando no maior plano de negócios do mundo. Ninguém vai aprovar sem olhar com cuidado o que está fazendo. O processo de aprofundamento naturalmente tem uma aproximação entre diretoria e conselho de administração, que estão sempre interagindo. Estamos com um plano grande depois de crescer muito."

O executivo começou a responder sobre os efeitos, na Petrobras, da política industrial que o governo promete divulgar em breve lembrando o tamanho da frota de embarcações que a estatal vai ter em 2020. Cita, por exemplo, as encomendas de 65 sondas de perfuração em águas profundas, acima de 2 mil metros de lâmina d"água, quando atualmente a frota mundial é de 70 sondas do tipo. E diz que quem tem uma escala desse tamanho pode, e deve, abrir e expandir a indústria nacional. No total, a empresa vai adicionar 658 embarcações de portes e complexidade diversos à frota até 2015 e, em 2020, esse número terá aumentado para 810 embarcações.

O executivo ressalta ainda o "potencial gigantesco" de produção no pré-sal e as vantagens trazidas pelo salto na produção para a companhia desenvolver um parque de fornecedores nacionais. E frisa que é errado avaliar a questão considerando o fato de a companhia ser estatal, e com menos governança, segundo os críticos.

"A diferença não é por ser estatal nem [por ser] privada. É o tamanho, a escala", enfatiza. Gabrielli lembra em seguida os preços da última licitação para afretamento de sondas que ficaram pouco acima do mercado internacional e cita o exemplo da plataforma P-57, que, segundo ele, saiu em prazo menor do que seria se fosse feita no exterior a um preço igual. Com a escala das encomendas da empresa, a expectativa é pagar preços mais altos no início e preços decrescentes ao final das encomendas. "Nós temos uma situação diferenciada", enfatiza.

O mesmo argumento é usado para justificar o fato de a empresa ter perdido R$ 55 bilhões em seu valor de mercado no primeiro semestre deste ano. Primeiro ele lembra que a Petrobras fez uma capitalização "que foi a maior da história do mundo" e isso demanda tempo para o mercado "deglutir e para ajustar o portfólio dos acionistas". Segundo, discorre sobre as expectativas de preço e sobre a economia mundial.

Ele lembra que atualmente o preço de petróleo alcançou faixas parecidas com as de 2008, quando a cotação atingiu o pico de US$ 147, com a diferença de a economia mundial estar hoje "rateando". Tudo isso conjugado com uma nova realidade, a seu ver não muito bem entendida, que é o fato de o crescimento mundial depender cada vez mais do crescimento de países antes periféricos, como China, Índia, Brasil, África, e menos da Europa, Estados Unidos e Japão.

"Esse fenômeno altera as relações econômicas e políticas, mas econômicas em primeiro lugar, e isso se reflete nos mercados. A Petrobras, por outro lado, tem uma perspectiva de crescimento que, quem sabe fazer conta, vai ver que ela vai precisar de muito investimento. E é a longo prazo. Consequentemente, não é uma empresa que vai dar grande retorno e folga de caixa no curto prazo. Ela não pode ter o crescimento que ela está prevendo... ela não vai dar resultado no curto prazo, só dá resultado no longo prazo", avisa.

Os investimentos de US$ 53,4 bilhões destinados ao desenvolvimento da produção no pré-sal - equivalentes a 45,4% dos US$ 117,7 bilhões destinados à exploração e produção até 2015 - foram alvo de críticas de alguns analistas e elogiados por outros. Gabrielli gostou particularmente do relatório do BTG Pactual em que o analista Gustavo Gattass elogia o aumento dos investimentos no pré-sal em detrimento do pós-sal. "Dois anos atrás, teríamos dito que esse é um movimento um pouco arriscado", diz o relatório, que tem recomendação de compra para as ações.