terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eclipse parcial do Sol é visível sobre o Oriente Médio e a Europa

AP


GENEBRA - O primeiro eclipse parcial do Sol em 2011 foi observado na manhã esta terça-feira, 4, no Oriente Médio e em grande parte da Europa. Os romenos acordaram sob uma luz rosada no céu, enquanto os suecos acompanharam um belo nascer do Sol.





Michaela Rehle/ReutersCerca de dois terços do Sol sumiu por trás da Lua



Na Suíça, a cortina de nuvens e neve parecia um anoitecer de luzes cintilantes, enquanto as pessoas pegavam trens e ônibus para chegar ao trabalho. O fenômeno atingiu seu auge em Genebra, Berna e outras cidades do país no meio da manhã. Em seguida, o dia cinzento em altitudes mais baixas começou a clarear.





Cerca de dois terços do Sol sumiu de vista por trás da Lua nesta terça, algo que não ocorria na Suíça desde agosto de 1999. Um eclipse menor foi observado no país em agosto de 2008. A Secretaria da Saúde local alertou as pessoas, especialmente crianças, a usarem óculos especiais de proteção - e não os caseiros - para observar o fenômeno.





No sul da Romênia, um céu limpo ofereceu uma chance de vislumbrar um brilho rosa pálido e quase sobrenatural que se espalhou ao longo da capital, Bucareste. Moradores subiram no topo de edifícios cobertos de neve para ter uma visão melhor, ou usaram óculos escuros e se amontoaram próximo a estações de metrô na Praça da Revolução. Alguns assistiram o espetáculo ao vivo pela televisão. Os romenos não terão outro eclipse até março de 2015.





"Esta manhã vi uma luz estranha", contou o estudante de arquitetura Andrei Carlescu, de 21 anos, que ficou fascinado pela maneira como a luz apareceu no horizonte. "No começo, não sabia o que estava acontecendo. Havia crianças de cerca de 9 ou 10 anos que usavam óculos especiais e olhavam para isso."





O eclipse foi visto primeiro nesta terça em Jerusalém, onde o Sol parecia ter perdido sua parte superior direita. A ocultação transitória da principal estrela do Sistema Solar ocorre quando a Lua se alinha entre o Sol e a Terra, projetando uma sombra sobre a superfície do planeta e obscurecendo o disco solar. Durante um eclipse parcial, apenas parte dele é "apagado".





A Europa Ocidental acordou com um nascer do Sol em eclipse. Astrônomos aguardam o maior fenômeno sobre a Suécia, onde cerca de 85% do astro será bloqueado. "É graças à posição da Lua", explicou Niclas Henricson, chefe do Observatório Tycho Brahe, localizado no sul do país.





Dez pessoas se reuniram no observatório para conferir o eclipse com telescópios móveis, caso o tempo nublado ajude. Segundo ele, os suecos só têm essa oportunidade uma vez a cada 45 anos - o próximo eclipse solar total do país será em 2126.





Para não perder o espetáculo, o empresário de tecnologia da informação Christian Ander, de 31 anos, foi a um parque para vê-lo, mas, devido ao fato de ter ocorrido logo cedo, não era tão perceptível como poderia ter sido se tivesse acontecido no final do dia. "Foi lindo, como uma espécie de nascer do Sol", revelou.





Na cidade de Cracóvia, sul da Polônia - onde a sombra da Lua pôde ser vista apagando o Sol progressivamente -, as pessoas assistiram a uma transmissão televisiva ao vivo. A forma de "croissant de ouro" era visível no céu escuro pela manhã. Apesar disso, a maior parte do país esteve coberta por nuvens que apagaram a visão espetacular.



Um pôr-do-sol em eclipse será visível desde a Rússia central, passando por Cazaquistão, Mongólia e noroeste da China.

Cientista amador descobre quatro planetas fora do sistema solar

O que você faz no seu tempo livre? Joga futebol, vai no cinema? Peter Jalowiczor descobre planetas. Esse astrônomo amador que, segundo o Mail Online, nunca teve um telescópio, foi capaz de estabelecer a existência de quatro exoplanetas fora do sistema solar.




Game online ajuda cientistas na busca por novos planetas



Foram as horas que ele passou analisando dados divulgados pelos cientistas em seu computador que forneceram importantes informações para os pesquisadores descobrirem os planetas e, por isso, o a equipe de busca de planetas Lick-Carnegie o nomeou co-descobridor dos exoplanetas: HD 31253b, HD 218566b, HD177830c and HD 99492c.



Jalowiczor utilizou um processo chamado espectrometria doppler, que busca pequenas mudanças de luminosidade nas estrelas, o que pode significar que um planeta passou por ela, orbitando-a.



A esperança dos cientistas, que liberaram dados acumulados durante décadas em 2005, é que a chamada "ciência cidadã" ou ciência amadora ajudasse na análise dos dados e resultasse em ainda mais descobertas.

Coreia o Sul posiciona mais aviões de patrulha antissubmarina

A Coreia do Sul posicionou cinco aviões adicionais de patrulha antissubmarinos para se proteger de um possível ataque da Coreia do Norte, indicou a imprensa nesta terça-feira, em meio à tensão vivida em torno da fronteira marítima em disputa.


As forças armadas posicionaram no sábado passado cinco aviões de vigilância P-3CK, que se somam aos 11 aviões antissubmarinos que já patrulhamos o mar diante do litoral oeste e leste, informou o jornal JoongAng Ilbo.



"A medida tem o objetivo de melhorar a capacidade para detectar submarinos, depois do ataque da Coreia do Norte contra o barco de guerra (sul-coreano) Cheonan", indica o jornal, citando fontes oficiais.



Seul, apoiada por uma investigação multinacional, culpou Pyongyang de ter torpedeado o barco de guerra Cheonan em março de 2010, matando 46 marinheiros, uma acusação que a Coreia do Norte nega de forma veemente.

China está desenvolvendo caças furtivos (stealth), afirma revista

A China está desenvolvendo caças furtivos, dificilmente detectáveis por radares, disse nesta terça-feira o fundador da revista canadense Kanwa Asian Defense, Andrei Pinkov, à Agência Central de Notícias de Taiwan.




Os aviões, chamados J-20, não chegam ao nível dos caças furtivos dos Estados Unidos e da Rússia, mas mostram que a indústria militar chinesa deu um salto de qualidade, disse Pinkov à agência taiuanesa.



A maior limitação dos J-20 chineses é sua incapacidade de superar a velocidade do som, razão pela qual não podem se equiparar aos caças furtivos americanos e russos da quarta geração.



Os novos aviões chineses foram desenvolvidos e estão sendo fabricados em Chengdu, província de Sichuan, e representam o fim da era em que a China construía seus aviões de combate copiando modelos estrangeiros, avaliou Pinkov.



As fotos dos J-20 vazadas na internet mostram um avião que é uma mistura entre o americano F-22 e o russo T-50, acrescentou o fundador da Kanwa Asian Defense.

Confira 16 países onde conflitos podem eclodir em 2011

Além do Oriente Médio, das Coreias e do Irã - pontos já tradicionais de problemas geopolíticos -, dezenas de zonas de tensão política e social se espalham pelos continentes no início da segunda década do século XXI. A partir desse quadro e com base em dados do International Crisis Group, a revista Foreign Policy elaborou uma lista de 16 países que passam por uma situação delicada e que, no decurso de 2011, podem se ver em meio à eclosão de conflitos de proporções mais graves.




Costa do Marfim

As eleições de outubro são a chave para o 2011 da Costa do Marfim, que segue dividida entre os candidatos que se proclamam vencedores do pleito: Laurent Gbagbo, que assumiu a Presidência, respaldado por setores do Exército e pelo Conselho Constitucional; e Alassane Outtara, antigo premiê, defendido pela comunidade internacional. A disputa perdura, e o país fica à beira do conflito: a ONU reportou desaparecimentos e estupro, e ao menos 20 pessoas já morreram.



Colômbia

O presidente Juan Manuel Santos empreendeu reformas e buscou a reaproximação com Equador e Venezuela, mas o problema das guerrilhas permanece um desafio. Apesar de avanços, as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) ainda possuem 8 mil soldados, enquanto outros grupos ocupam o mercado do tráfico e fazem aumentar a violência: a taxa de homicídios em Medellín, segunda maior cidade, cresceu mais de 100% no último ano. O pedido de paz pode não se concretizar.



Zimbábue

Governado pela frágil aliança entre antigos rivais, o Zimbábue também começa 2011 em meio a disputas eleitorais. De um lado está Robert Mugabe, que há tempos mantém a presidência; de outro, Morgan Tsvangirai, o premiê e lider oposicionista. A coalizão, que é de 2009, poderia acabar com um novo pleito, mas divergências emperram o avanço: Mugabe quer eleições para renovar toda a estrutura política, e Tsvangirai espera passar a votação de uma nova constituição.



Iraque

Invadido pelos EUA em 2003, o Iraque passou anos da última década mergulhado na violência. Agora, à medida que as ruas parecem mais seguras, a arena política mostra seus riscos. Após nove meses, o novo governo foi finalizado em dezembro, mas é fraco. Enquanto políticos demoram a tomar as rédeas, teme-se que as mesmas voltem à insurgência - seja por fraqueza das forças de segurança, seja pela influência de vizinhos, como o Irã, que há tempo presta apoio a xiitas.



Venezuela

Em 2010, o presidente Hugo Chávez e seu partido perderam o controle da Câmara, mas essa derrota, que poderia frear os projetos do governo, pode perder significância depois que a Assembleia Nacional concedeu temporariamente a Chávez o direito de governar por meio de decretos. Enquanto isso, a violência urbana cresce, o país se torna um corredor para o tráfico internacional de drogas, e forças de segurança pública se veem acusadas de corrupção.



Sudão

Após duas décadas de guerra, o Sudão assinou em 2005 o Tratado de Naivasha, que punha fim ao conflito. Desde então, a paz vem sendo testada, e em 9 de janeiro um capítulo decisivo será escrito com a realização do referendo sobre a autonomia da região sul. O "sim" deve vencer, e se espera que o resultado seja aceito. No entanto, caso o resultado não venha a ser bem aceito, teme-se a volta do antigo conflito entre Norte e Sul.



México

O presidente Felipe Calderón declarou guerra aos carteis de drogas, mas o conflito já matou mais de 30 mil pessoas. A tensão é maior na fronteira com os Estados Unidos, onde grupos lutam pelo controle do tráfico que dá acesso comercial às grandes áreas metropolitanas americanas. Em 2010, temendo mais retaliações, um jornal publicou uma carta perguntando o que era permitido publicar. A situação parece longe de qualquer solução.



Guatemala

A luta pelo controle do lucrativo tráfico na fronteira mexicana com os EUA levou a violência à vizinha Guatemala. Dotada de um Estado fraco e de instituições frágeis, a sociedade guatemalteca pode ter de enfrentar em 2011 as repercussões da guerra das drogas no próprio solo. No final de 2010, ações policiais foram empreendidas para tentar retomar o controle de regiões próxima ao México.



Haiti

Para os haitianos, janeiro não será somente o mês do aniversário de um ano do terremoto de 2010, que devastou o mais pobre país do mundo ocidental. Neste mesmo mês, o país volta às urnas para finalizar um conturbado processo eleitoral que define o governo que terá a missão de começar a resgatar o Haiti de 2010, ano em que o país também teve de enfrentar uma drástica epidemia de cólera. Cerca de um milhão de haitianos permanecem sem lar na capital Porto Príncipe.



Tadjiquistão

Extremamente pobre, carente de serviços públicos e controlado há anos pelo grupo político do ex-líder soviético Emomali Rahmon, o Tadjiquistão pode ter de lidar em 2011 com a presença massiva de guerrilhas que vêm lutando ao lado do Talibã na tumultuada região central da Ásia. O governo vem tentando lidar com ataques oriundos da fronteira sul afegã, mas pouco resultado foi obtido até agora.



Paquistão

O Paquistão ainda enfrenta a crise gerada pelas enchentes de 2010, que desalojaram 10 milhões de pessoas. Por outro lado, o crescimento de grupos insurgentes ligados ao Afeganistão vem espalhando violência por diversas cidades paquistanesas. E o governo, por sua vez, mostra dificuldades de lidar com estes desafios, à medida que se encontra dividido entre governantes fracos, impopulares, e um exército poderoso.



Somália

Em 2011, a Somália deve seguir enfrentando o perigo da perda de controle de território para a insurgência islâmica. Atualmente governado por um grupo de transição apoiado pela União Europeia, o país permanece frágil e somente vem resistindo a ataques devido à ajuda provida pelas forças da União Africana. Um dos grupos insurgentes é o Al Shabab, que almeja a construção de um Estado muçulmano conservador e, no momento, trabalha para obter o controle da capital Mogadishu.



Líbano

O Líbano pode ter um 2011 delicado. Um Tribunal Internacional deve julgar membros do Hezbollah acusados de tentar assassinar o ex-premiê libanês, Rafik Hariri, numa decisão que poderia causar uma onda de violência. A situação com Israel também é incerta: após a guerra de 2006, a relação entre ambos não é das mais fecundas e se teme um novo conflito. Na foto, bandeiras libanesas e iranianas são expostas na visita do presidente Mahmoud Ahmanidejad.



Nigéria

A Nigéria teve um 2010 tumultuado: o presidente morreu devido a problemas cardíacos; centenas de pessoas foram assassinadas, vítimas de violência entre muçulmanos e cristãos; e o petróleo foi palco de ataques e sequestros de rebeldes ao longo do delta do Níger. Esses serão os desafios com os quais o novo presidente, a ser eleito na primavera de 2011, terá de lidar.



Guiné

A Guiné teve seu presidente assassinado em 2008. O episódio forçou a formação de uma junta militar, que, embora bem recebida, se mostrou inapto a governar depois de assassinar 150 manifestantes que realizavam um protesto pacífico. A junta convocou eleições, e, em dezembro de 2010, o país comemorou a posse do primeiro presidente eleito democraticamente, Alpha Condé. Em 2011, ele terá pela frente o desafio de manter a paz na Guiné e reorganizar as riquezas do país.



República Democrática do Congo

Anos após a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), durante a qual 4,5 milhões morreram, a República Democrática do Congo segue um foco de tensão, por trás da qual reside a chamada "maldição dos recursos": a busca pelo controle do ouro, do cobalto e diversos outros minerais que abundam no país. Nenhum dos atores em jogo parece ter poder suficiente para controlar o país, mas todos parecem ter recursos para seguir tentando.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

MBDA – Aster, SAMP/T e Exocet

Neste ano ALIDE foi a Plessis Robinson, no sul de Paris, para conhecer a história e as perspectivas de uma das maiores empresas globais da indústria global de defesa, a especialista em mísseis MBDA.




Se as quatro letrinhas do nome da empresa ainda podem pegar vários aficionados no contra-pé, alguns dos produtos da MBDA são conhecidos até por gente que nada entende da área de Defesa. O míssil Exocet, por exemplo, que foi uma das “estrelas” da cobertura da mídia na Guerra das Malvinas. Como recentemente várias fontes tem apontado o novo sistema de mísseis anti-aéreos Aster como o item de maior interesse da Marinha do Brasil para as nossas próximas fragatas de 6000 toneladas, venha ela de onde vier, Itália, França ou Grã-Bretanha, uma conversa com os executivos da MBDA se fez necessário

Entre 1995 e 2001 a indústria de defesa global passou por um importante ciclo de fusões e aquisições que a reorganizou formando um pequeno número de gigantes multinacionais. Antes disso, porém, as anteriores ondas de consolidação industrial tinham ocorrido quase sempre delimitadas pelas fronteiras nacionais, aglomerando sob uma única marca dezenas de pequenas empresas especializadas que não tinham mais condições de competir, numa época de orçamentos de defesa cada dia mais enxutos e tecnologias cada vez mais caras. Na Europa, surgiu a partir de meados da década de 70 um leque de empresas nacionais estatais como a Aerospatiale e British Aerospace, mas vinte anos depois a globalização da economia mundial, e principalmente a maturação do Mercado Comum Europeu, abriu as portas para que de uma hora para outra as barreiras que isolavam estas empresas ruíssem, formando novas oportunidades de associação entre as empresas locais. Uma das iniciativas mais notáveis destes novos tempos foi à criação da EADS – European Aeronautic Defense and Space Company, a partir de pedaços das empresas aeroespaciais nacionais da França, Alemanha e Espanha. Os Italianos que haviam agrupado suas indústrias aeroespaciais sob a holding Finmeccanica, pularam os Alpes e o Canal da Mancha para abocanhar a Westland inglesa e uma boa parte da área de radares da indústria britânica. O segmento da aviação civil de grande porte se organizou ao redor do “Grupo de Interesse Econômico” Airbus, um consórcio franco-britânico e alemão, posteriormente transformado em uma nova empresa propriamente dita.




Uma das últimas destas associações recebeu o nome de MBDA. Esta entidade especializada em sistemas de mísseis tornou-se quase que o monopólio europeu neste segmento, unindo diversos programas nacionais sob um grande guarda-chuva institucional desenhado para enfrentar no mesmo nível os gigantes americanos desta área, especialmente a Raytheon e a Lockheed Martin, que também tinham gasto boa parte das décadas anteriores comprando as empresas menores deste segmento. Em poucos anos, ficou claro que quem não fosse um gigante não teria qualquer futuro no mercado.



A criação da MBDA se deu em etapas, com o estabelecimento, inicialmente no Reino Unido, da Matra BAE Dynamics (MBD) em 1996 e da Aerospatiale Matra Missiles (AMM) na França, em 1999. Em dezembro de 2001 estas duas empresas e a área de mísseis da empresa italiana Alenia Marconi Systems se fundiram gerando a nova MBDA. Em 2005, os alemães da empresa LFK se associaram a ela para fechar o projeto europeu de mísseis numa única estrutura corporativa. A divisão societária final ficou sendo: BAE Systems com 37.5% das ações, EADS com 37.5% e Finmeccanica com 25% da nova empresa.

No dia de nossa visita, a MBDA estava recebendo um grupo de repórteres especializados que vieram conhecer as linhas Mistral 2 e VL Mica visando produzir conteúdo em tempo para publicação no período da Eurosatory 2010 ocorreria em Paris em algumas semanas depois. O tour começou com uma apresentação aos veículos que lançam os sistemas de defesa antiaérea terrestre da empresa européia. Num pátio lateral havia um caminhão equipado com um reparo duplo SIMBAD do tradicional MANPAD (míssil antiaéreo leve disparado do ombro do soldado). Ao seu lado, outro um reparo no solo permitia que todos os presentes chegassem bem perto dos sistemas de mira e de comunicações do SIMBAD. Mais à direita havia um caminhão transportador de mísseis de recarga VL MICA. A instalação destes mísseis no veículo lançador era efetuado por um guindaste localizado a ré da cabine do transportador. O último veículo é um modelo fechado de Comando e Controle (C2) onde dois operadores podem trabalhar num ambiente climatizado, interagindo em tempo real com um centro de combate localizado remotamente e recebendo dados sobre os alvos oriundos de uma multiplicidade de fontes locais e externas. O VL MICA é a versão terra-ar do conhecido míssil francês ar-ar MICA. Nesta função o míssil é lançado verticalmente (“VL”!) desde um casulo reclinável do veículo lançador. Com um alcance de 20 Km o VL MICA se posiciona exatamente entre o Mistral, que atende ao curto alcance, e o SAMP/T (com seus mísseis Aster), de muito maior longo alcance. Curiosamente, o VL MICA usa um veículo de C2 totalmente diferente daquele empregado no SAMP/T. Esta surpreendente falta de “conceito de família” entre as duas linhas da MBDA se explica pelo fato da empresa francesa Thales, que responde por esta área no programa Aster, não participar do programa VL MICA.


Realizada a fusão que criou a MBDA, um elemento importante a ser resolvido era como contemporizar o fato de que cada uma das linhas de produtos anteriores à criação da nova empresa, por definição, foi criada por uma das empresas nacionais sob encomenda dos seus governos locais. Por exemplo, a linha Exocet foi desenvolvida independentemente pela Aeroespatiale para uma demanda das forças armadas francesas, enquanto a linha Aspide foi criada pela Alenia sob instruções e financiamento da Marinha e Força Aérea italianas. Segundo Bruno de La Motte, ex-comandante do destróier francês Cassard (D614)e atual Consultor Sênior para produtos navais da MBDA, estes são produtos “legado” e por isso deverão ser tratados, desenvolvidos e comercializados de forma isolada entre si. Um exemplo disso é o programa FREMM onde os navios franceses serão entregues com mísseis antinavio Exocet e os italianos com o TESEO Otomat. A independência e o poder de ingerência dos governos individuais podem ficar incomodamente evidentes caso o Brasil queira comprar a FREMM italiana e deseje equipá-lo com o míssil de cruzeiro de origem francesa SCALPEm meados de abril deste ano o software da versão FREDA da fragata FREMM já se encontrava pronto. A modificação, melhoria, do seu radar Herakles para a função de defesa aérea do GT foi segundo o executivo da MBDA “um desafio menor”. O lançador Sylver da fragata já é compatível com o míssil Aster 30 de maior comprimento. Um fato que deve ser tomado em conta, é que a nova capacidade de disparar mísseis de cruzeiro como o SCALP naval, imediatamente, torna as FREMMs/FREDAs em alvo de maior valor para os submarinos, navios e aeronaves inimigas, o que coloca mais importância na defesa aérea do navio e do GT. Em contrapartida a disponibilidade de mísseis antiaéreos de longo alcance, como o Aster 30 imediatamente afasta a ameaça dos aviões de patrulha marítima, os “snoopers” ou “curiosos”, como são chamados na terminologia da MB).




Na Euronaval deste ano um dos destaques da MBDA na área de defesa aérea naval foi o lançador XX. Esta torreta leve com sistema conterador para mísseis SAM Mistral 2 foi apresentado pela primeira vez ao público. O forte crescimento do mercado de navios mais leves como corvetas e Navios Patrulha Oceânicos abre uma janela para um sistema mais automatizado do que o veterano reparo duplo direcionado manualmente Sadral. Por ser controlado automaticamente desde o COC do navio não mais é necessário colocar qualquer tripulante exposto no convés externo para disparar o míssil.


Conclusão


Como corporação, a MBDA está, só agora, saindo de sua conturbada fase de formação e caminha para renovar e ampliar sua extensa linha de produtos. A parceria industrial e a transferência de tecnologia com as indústrias dos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, é um caminho esperado pela empresa nos próximos anos. A empresa atua em muitos segmentos e está exemplarmente trabalhando para maximizar a sinergia potencial de seus produtos entre eles, como bem se vê no caso da evolução do produto MICA. A verdade é que existe muito mais coisa para falar sobre a MBDA e suas variadas linhas de produtos do que se pode explorar em apenas meio dia. Da próxima vez falaremos mais detalhadamente das oportunidades que a empresa reserva para a FAB e para o Exército Brasileiro.



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Aeronáutica quer novo foguete nacional

Ele substituiria, a partir de 2020, o VLS-1, que pegou fogo em 2003, matando 21 pessoas na base de lançamento Alto custo do projeto entregue ao ministro da Ciência e Tecnologia pode ser entrave para a para a sua execução








A Aeronáutica está planejando um novo foguete lançador de satélites brasileiro. O VLS-Beta, como está sendo chamado, deve substituir a partir de 2020 o malfadado VLS-1, que pegou fogo em 2003, matando 21 pessoas.



O VLS-Beta integra uma proposta entregue na semana passada à equipe do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Ela foi elaborada pelo DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Espacial), da força aérea Brasileira, pelo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil).

Seu objetivo é aproveitar o governo que entra para influir no rumo da política espacial, que sofre cronicamente de falta de planejamento, financiamento e integração entre seus atores.

A conta apresentada a Mercadante é salgada: para o setor de satélites, seriam R$ 500 milhões por ano a partir de 2016. O desenvolvimento de foguetes nacionais precisaria de R$ 160 milhões ao ano, subindo para R$ 210 milhões de 2016 a 2017.



Para comparação, todo o PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais) terá em 2011 R$ 350 milhões.



O que as três instituições prometem em troca é o desenvolvimento de um parque industrial de alta tecnologia -algo equivalente ao que a Embraer representa hoje.




O VLS-Beta integra a família de lançadores Cruzeiro do Sul, substituta do VLS.



Ele representa uma inovação em relação ao VLS-1, um projeto da década de 1980 que caducou e é considerado um "beco sem saída tecnológico", incapaz de colocar em órbita cargas maiores que 150 kg (satélites de observação pesam dez vezes isso).



O VLS-1, cujo voo inaugural será em 2015, tem um sistema de propulsão considerado antiquado, com quatro motores no primeiro estágio.



A Aeronáutica quer concluí-lo como "demonstrador tecnológico", mas sabe que o foguete não tem futuro.



O Beta teria só um motor no primeiro estágio e poderia colocar em órbita satélites já em desenvolvimento no país, como os da série Amazônia (de monitoramento da floresta) e Lattes (de pesquisa de clima espacial e de raios-X).



Antes de o Beta ficar pronto, porém, o DCTA quer usar uma evolução do VLS-1, batizada Alfa, para lançar satélites do Inpe a partir de 2015.



A parte alta do foguete, crucial para transportar a carga útil, seria desenvolvida em parceria com algum país que domine a tecnologia.



A Aeronáutica trabalha também, com a Alemanha, no desenvolvimento de um foguete pequeno, o VLM-1, a ser lançado a partir de 2015.



Os dois foguetes são uma resposta dos militares à parceria Brasil-Ucrânia para lançar o foguete ucraniano Cyclone-4 a partir de Alcântara, com fins comerciais.



O ex-ministro Sergio Rezende (PSB) apostou nela para suprir a deficiência do VLS-1. A Aeronáutica nunca engoliu o Cyclone, que abocanha recursos que poderiam ser do foguete nacional.



Fonte:Folha de S. Paulo - CLAUDIO ANGELO