domingo, 17 de janeiro de 2010


EUA rebatem críticas do Brasil sobre controle aéreo


Casa Branca nega “”unilateralismo”" no auxílio; Obama vê na tragédia do Haiti chance de reaproximar País



Patrícia Campos Mello



Segurança Nacional dos EUA, Denis McDonough, esclareceu ontem ao Estado que Washington assumiu o controle do aeroporto de Porto Príncipe a pedido do governo haitiano e não pôde permitir o pouso de todos os aviões apenas por “motivos de segurança”.



“O governo haitiano que nos pediu para tornar o aeroporto operacional, estamos seguindo o acordo com os haitianos de trabalhar com os controladores de voo”, disse McDonough. “Há aviões demais e nós quisemos apenas evitar acidentes”, afirmou, negando que haja “ação unilateral” por parte dos EUA, como havia acusado o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim.



Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, queixou-se com a secretária de Estado, Hillary Clinton, do fato de os americanos controlarem o aeroporto e terem impedido o pouso de aviões brasileiros.



Não foi só o Brasil que reclamou. Dois aviões do Programa de Alimentação Mundial da ONU tentaram pousar no aeroporto e foram desviados. Os EUA estão priorizando o pouso de seus aviões com tropas e equipamentos e de aeronaves para retirar americanos e outros estrangeiros do país.



“Há 200 voos entrando e saindo todos os dias, o que é um número enorme para um país como o Haiti”, disse Jarry Emmanuel, diretor de logística aérea para a missão do programa da ONU no Haiti. “Mas a maioria desse voos é para as forças armadas americanas”, disse ao New York Times. “A prioridade deles é garantir a segurança. A nossa é alimentar as pessoas.”



NOVA IMAGEM



Dentro do governo Barack Obama, a operação de socorro ao Haiti é vista como uma oportunidade de ouro de mostrar que os EUA ainda são uma grande potência mundial, que assumem responsabilidade pelos “irmãos mais fracos” do hemisfério, mas não seguem mais a cartilha intervencionista do passado. Obama queria provar , na primeira tragédia internacional de seu governo, que não repetiria o fracasso retumbante de seu antecessor, George W. Bush, no socorro às vítimas do furacão Katrina.



Dentro do departamento de Estado, havia a esperança de que a missão de resgate no Haiti pudesse reaproximar o Brasil e os EUA, depois que uma série de divergências no ano passado – como as eleições em Honduras e a visita do iraniano Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil – esfriaram o relacionamento. Como os dois países são os mais influentes no Haiti, os EUA como maior doador e lar de 500 mil haitianos, e o Brasil como líder das tropas da missão de paz da ONU, seria uma boa oportunidade para juntar esforços.



“Obama teve uma ótima conversa com o presidente Luís Inácio Lula da Silva e ressaltou o desejo dos EUA trabalhar com o Brasil no Haiti”, disse McDonough ao Estado. “Obama elogiou a liderança do Brasil no Haiti na última década.”



Mesmo assim, ao longo da conferência de imprensa McDonough não havia mencionado o Brasil. Referiu-se duas vezes ao purificador de água dos argentinos, à atuação da República Dominicana e à ajuda dos franceses e chineses. Mas só falou sobre o Brasil depois de ser questionado.



O funcionário do Comando Sul dos EUA responsável pela relação com o Brasil, coronel Willie Berges, garantiu que Washington não deseja se sobrepor ao Brasil no Haiti. “Para nós a prioridade, é óbvio, é a ajuda e não duplicar esforços com a Minustah.”



“Hillary falou ontem com Amorim e, certamente, vai novamente expressar sua satisfação com a colaboração brasileira hoje (ontem)”, disse McDonough. Ele afirmou que é o governo do Haiti que está liderando o esforço e estabelecendo as prioridades.



Na sexta-feira, o secretário de Defesa, Robert Gates, também havia tentado rebater as críticas de unilateralismo americano no pacote de resgate. Gates afirmou não estar preocupado com a possibilidade de a ajuda americana ser vista como uma intervenção no país ou uma ameaça.



“Dado o papel que nós teremos na entrega de alimentos, água e assistência médica, acho que a reação será de alívio ao ver os americanos trazendo ajuda”, disse Gates. “E ainda há muitas outras pessoas em terra – os brasileiros têm uma presença significativa e estão fazendo muita coisa.



Militares do Brasil e dos Estados Unidos firmam acordo para distribuição de comida e água. Ministro Nelson Jobim declara que forças de paz devem permanecer no país por mais 5 anos.




Porto Príncipe – Brasil e EUA fecharam uma parceria para a distribuição de alimentos em Porto Príncipe. O Brasil será responsável pela segurança da operação, e os EUA vão distribuir comida pronta e água. A primeira operação estava marcada para a tarde de ontem em frente ao Palácio Nacional, um dos principais pontos atingidos pelo terremoto. A parceria começa um dia depois de os EUA terem anunciado o envio de até 10 mil soldados ao Haiti, o que permitiria na prática o controle das operações de resgate, auxílio e segurança no país. O controle por direito é das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), comandadas militarmente pelo Brasil. O aumento da presença militar americana causa desconforto, mas as informações sobre o que cada um vai fazer mudam de acordo com o lado ouvido.



Segundo o coronel João Batista Bernardes, comandante do batalhão de infantaria da força militar brasileira, 130 militares vão trabalhar na operação. “Os americanos têm material disponível, mas não conhecem bem a área. Nós temos know-how da distribuição de comida”, disse. A parceria foi resultado de um pedido do representante militar dos EUA no país, Eric Stuart. Apesar de as tropas estarem assumindo todos os serviços de apoio à população após o terremoto, o coronel diz que há uma tentativa de fazer o governo haitiano assumir suas funções.



Em Brasília, o subsecretário-geral da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Simões, disse que a prioridade é ajudar o povo haitiano. O chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Félix, ressaltou que as forças de paz do Brasil continuarão prioritariamente com a atribuição de manter a ordem no país. Ele ressaltou, porém, que nesse momento pode ser necessário que os soldados auxiliem na prestação de ajuda humanitária no Haiti.



Félix afirmou ainda que é importante conversar com o governo haitiano para definir quais são as prioridades do país em termos de ajuda humanitária, para que não aconteça como no tsunami de 2004 – quando um navio brasileiro com suprimentos enviado à Indonésia teve de voltar porque não havia necessidade da carga no momento. Para Félix, não interessa de onde a ajuda está vindo e sim que chegue a quem precisa.



O ministro da Defesa Nelson Jobim disse que a destruição no Haiti deve manter por no mínimo mais cinco anos a presença de tropas brasileiras no país. Para ele, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) precisa ter seu orçamento e foco de ação ampliados para manter a paz no local. Ele considera “impossível” a saída antes desse prazo, mas o atual mandato acaba em 2011 e precisa ser renovado.



As tropas brasileiras mantêm busca por quatro militares desaparecidos após o desabamento da sede administrativa da Minustah no país, liderada pelo Brasil, no Hotel Christopher, na capital Porto Príncipe. Na sexta-feira, o ministro Nelson Jobim disse ser “eufemismo” considerar os quatro militares desaparecidos e já os aponta entre os mortos. O Comando do Exército, contudo, mantém lista anterior de 14 militares mortos.



O comando militar afirma ainda que as equipes de resgate dos Corpos de Bombeiros do Rio e do Distrito Federal enviadas ao Haiti já resgataram “diversos sobreviventes” na região de Bel Air. Outra medida tomada pelos militares brasileiros no Haiti foi intensificar patrulhas, “no intuito de evitar o aumento dos índices de violência na cidade de Porto Príncipe, que permanece estável no que tange à segurança”.



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Ajuda começa a ser entregue à população do Haiti

sábado, 16 de janeiro de 2010

/ edição do dia 13/01/2010 RSS .O Portal de Notícias da Globo





O Ministério das Relações Exteriores informou que funcionários do governo vão fornecer, por telefone, informações sobre brasileiros que estão no Haiti. Os telefones divulgados pelo Itamaraty são:



(61) 3411-8803

(61) 3411-8805

(61) 3411-8808



(61) 3411-9718

(61) 8197-2284




Doações



A Embaixada da República do Haiti está arrecadando doações em dinheiro. Para colaborar, podem ser feitos depósitos ou transferências de qualquer banco, mesmo de fora do Brasil, para a conta corrente abaixo:



Nome: Embaixada da República do Haiti

Banco: Banco do Brasil

Agência: 1606-3

CC: 91000-7

CNPJ: 04170237/0001-71





O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também recebe doações só em dinheiro. A entidade não recebe outros tipos de doações em função da dificuldade de enviá-las ao país.



Dados para depósitos ou transferências:



Nome: Comitê Internacional da Cruz Vermelha

Banco: HSBC

Agência: 1276

CC: 14526-84

CNPJ: 04359688/0001-51





O Viva Rio, que está desde 2004 no Haiti, onde desenvolve projetos sociais ligados às áreas de segurança, desenvolvimento e meio ambiente, também abriu uma conta para quem quer fazer doações às vítimas do terremoto:



Banco: Banco do Brasil

Agência: 1769-8

CC: 5113-6

CNPJ: 00343941/0001-28

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Ministro da Defesa Nelson Jobim elogiou a atuação da Força Aérea Brasileira na ajuda às vítimas do terremoto no Haiti. Ao desembarcar na Base Aérea de Brasília na madrugada de hoje, ele destacou o papel da FAB ao disponibilizar aeronaves para transporte de suprimentos e pessoas. Também ressaltou o impacto positivo que o Hospital de Campanha (HCAMP) vai gerar em Porto Príncipe, proporcionando atendimento médico à população.




“A atuação da FAB tem sido extraordinária. Vamos instalar o Hospital de Campanha no Campo Charle. Ele pode ser montado em até quatro a seis horas. Por meio dele, vamos ter condições de avaliar a necessidade de enviar um módulo hospitalar da Marinha”. Ele descreveu também uma situação dramática, na qual sete mil pessoas já foram sepultadas e um inúmero ainda não contabilizado de corpos continua preso entre escombros de edificações. De acordo com Jobim em vários locais ainda não é possível remover o cadáveres em função do risco de desmoronamentos, já que a região ainda está muito instável e não se pode conduzir instrumentos e maquinários pesados.



Outra preocupação é com a alimentação da população local. “O problema básico é que não se resolve enviar alimentos que dependam de cocção, ou seja, arroz, feijão que se tenha que cozinha. Tem que ser alimentos que se possa comer de imediato, enlatados, um chocolate, um biscoito, um pão”, lembra o ministro. Jobim ressalta, ainda, que há milhares de pessoas estão morando nas ruas porque suas casas foram comprometidas ou porque têm medo de voltar e elas desabem.
Ajuda financeira




Depois do forte terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira, houve uma grande mobilização internacional de ajuda e as doações ao país já superam US$ 500 milhões – ou mais de 50% do orçamento do país (US$ 967,5 milhões em 2008).



A ajuda de EUA, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento equivalem a US$ 400 milhões desse total.



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na quinta-feira o envio de US$ 100 milhões, afirmando que ela é uma “ajuda inicial” para apoiar os esforços de assistência humanitária no Haiti.



Também na quinta-feira, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, disse que a instituição oferecerá US$ 100 milhões “de forma imediata” para o Haiti se recuperar do terremoto da terça-feira.



O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou a doação emergencial de US$ 200 mil para os trabalhos humanitários mais imediatos, mas deve mas deve desbloquear US$ 90 milhões dos US$ 330 milhões que tem em carteira para desenvolvimento do Haiti, que é o país mais pobre das Américas. O montante será usado nos trabalhos de reconstrução mais prioritários do país caribenho.



Além disso, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, anunciou que espera aprovar mais US$ 128 milhões em novas doações ainda neste ano.



A liberação de US$ 100 milhões em recursos emergenciais do Banco Mundial foi anunciada na quarta-feira. A instituição também está avaliando um fundo especial de reconstrução.



Outras doações de países e instituições



- Brasil: US$ 15 milhões

- ONU: US$ 10 milhões

- Grã-Bretanha: US$ 10 milhões

- Austrália: US$ 9,3 milhões

- Fundo para Segurança de Risco de Catástrofes do Caribe (CCRIF, em inglês): US$ 8 milhões

- Irlanda: US$ 5 milhões doados por empresas para a reconstrução das telecomunicações

- Canadá: US$ 4,8 milhões

- União Europeia: US$ 4,37 milhões

- Espanha: US$ 4,37 milhões

- Holanda US$ 2,9 milhões

- Alemanha: US$ 2,17 milhão

- Dinamarca US$ 2 milhões

- Itália US$ 1,5 milhões

- China: US$ 1 milhão

- Goldman Sachs: US$ 1 milhão

- Suécia: US$ 1 milhão



Outras



- Cruz Vermelha: US$ 5 milhões em doações coletadas por mensagem de texto

- Golfista Tiger Woods: US$ 3 milhões

- Atores Angelina Jolie e Brad Pitt: US$ 1 milhão

- Magnata americano Ted Turner: US$ 1 milhão



*Com informações de AP, Reuters e AFP



Hollywood está se mobilizando para ajudar as vítimas do Haiti. Depois de Angelina Jolie e Brad Pitt confirmarem a doação de US$ 1 milhão para reconstruir o país, devastado pelo terremoto desta semana, George Clooney disse que vai apresentar o Teleton, programa para arrecadar fundos em prol das vítimas.





Madonna também divulgou um comunicado em seu site oficial: “Minhas orações estão com o povo do Haiti. Imploro a todos os meus fãs e amigos que se juntem a mim nesta luta”. A cantora doou US$ 250 mil.





De acordo com o jornal ‘The Boston Globe’, Gisele Bündchen já fez uma doação de US$ 1,5 milhão à Cruz Vermelha. A top teria visto imagens da devastação causada pelo terremoto na TV e ficado bastante emocionada.



apresentadora Oprah Winfrey também já fez diversos pedidos em seu programa e site para que as pessoas contribuam com qualquer quantia.





Bem, e até Tiger Woods resolveu abrir a carteira: o golfista, que enfrenta má fase por conta de um escândalo de traições públicas, doou US$ 3 milhões para a instituição do músico Wyclef Jean, a Yele. Além disso, irá mandar um hospital móvel ao Haiti.





Outros nomes de Hollywood como Ben Stiller, Natalie Portman, Olivia Wilde e Paris Hilton também foram a público pedir doações para o povo haitiano.





A MTV já confirmou que estão trabalhando no programa, mas ainda não existe uma data certa para ir ao ar. A atração está prevista para ser transmitida no dia 22 de janeiro, para todas as emissoras parceiras, incluindo a VH1.





Para fazer uma doação à Cruz Vermelha, clique aqui.

5. Satélite em órbita às vésperas de 2010




Brasil marca data para lançar Ciclone 4





Raymundo Costa escreve para o “Valor Econômico”:



O Brasil já marcou data, mas está atrasado na implantação do acordo que fez com a Ucrânia para o lançamento do foguete Ciclone 4, a partir de uma base em Alcântara, no Maranhão.



A data é julho de 2010, a três meses da eleição presidencial. Talvez por isso agora procura acelerar para acertar o passo com os parceiros da Europa oriental e ingressar num mercado estimado em US$ 10 bilhões, para os próximos dez anos, de lançamento de satélites.



No início do mês, o ministro Sergio Resende (Ciência e Tecnologia) e o diretor-geral da parte brasileira da binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), Roberto Amaral, estiveram em Kiev para acertar os ponteiros com os sócios. Como resultado dessa reunião, nos próximos dias o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne no Palácio do Planalto três ministros, dois secretários, o Ministério Público Federal e o Incra para adotar as providências necessárias para acelerar o projeto..



Se há atraso no Brasil, os ucranianos tomaram todas as providências burocráticas e estão dentro do cronograma acertado para que o primeiro lançamento ocorra em julho de 2010. "No Brasil temos dois problemas", diz Roberto Amaral, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e diretor-geral da ACS. "Primeiro, as relações difíceis com unidades quilombolas; depois, estamos atrasados na construção do porto".



No caso dos quilombolas, a reunião do Planalto deve decidir pela realização de obras e regularização fundiária das terras ocupadas por cerca de 202 descendentes de escravos. Em relação ao porto, a ACS espera a liberação de R$ 100 milhões. O porto será fundamental para as operações do centro de lançamentos da ACS, pois o foguete Ciclone 4 será construído na Ucrânia e transportado, talvez em partes, para o Brasil.



Nessa primeira fase do projeto, o Brasil só terá acesso à tecnologia ucraniana no que se refere à estação de lançamento. No que se refere ao foguete propriamente dito, ele será desenvolvido inteiramente na Ucrânia por ucranianos. Trata-se de um desenvolvimento do Ciclone 3 - já ocorreram 121 lançamentos, sendo que somente cinco foram abortados e nenhum deles por acidente. Como diz Roberto Amaral, "é um foguete de sucesso, já testado".



"A Ucrânia entra com o desenvolvimento do Ciclone, o planejamento do sítio e com a tecnologia da plataforma", discorre Amaral. "O foguete vem construído. Desmontado. Já a plataforma toda será construída aqui, com a participação de técnicos e operários brasileiros", disse. Enquanto operam com o Ciclone 4, Brasil e Ucrânia acertaram que vão formar uma parceria para o desenvolvimento do Ciclone 5 - aí sim, com a transferência de alguma tecnologia de foguetes.



No mercado estimado em US$ 13 bilhões, nos próximos dez anos, a ACS estima que pode "absorver" no período US$ 4 bilhões. O valor que pode ser cobrado de cada lançamento do Ciclone 4 é avaliado em US$ 50 milhões. A ACS estima fazer entre seis e oito lançamentos anuais e assegurar uma receita entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões.



No estudo de mercado em execução pela ACS, o público alvo da empresa são os EUA, hoje responsáveis por 42% do mercado mundial de satélites. O Brasil ainda precisa negociar mecanismos de salvaguardas para que a autoridade americana mais tarde não diga "pode ou não pode". Aos olhos do governo de hoje, não é necessário a realização de um acordo para os americanos usarem os centros de Alcântara. O que precisa haver é o acordo de salvaguardas.



O governo rechaça os termos de um acordo que era negociado pelo embaixador Ronaldo Sardenberg para a cessão da base de Alcântara aos EUA, que entre outras acusações valeram a pecha de "entreguista" ao diplomata - sem transferência de tecnologia e sem poder investir o que fosse arrecadado com os lançamentos no desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS), projeto genuinamente brasileiro.



O que o Brasil quer discutir é o lançamento de satélites de origem americana pela ACS. Para isso, terá de fazer um acordo de salvaguardas, no sentido de que não tentará abrir tecnologia alheia, mas também pretende impor condições, como saber qual é a carga a ser transportada. O argumento é que se essa carga cai no mar, é preciso saber minimamente o conteúdo para decidir o que fazer. Toxidade, por exemplo.



O que o Brasil oferece em troca para falar tão grosso? A localização de Alcântara, situada próxima à linha do Equador, o que torna o lançamento de foguetes a partir de suas bases 30% mais barato - ou capaz de levar o equivalente a 30% a mais de carga. "Não tem concorrentes", diz Amaral.



Na realidade, tem sim: a base aérea de Kourou, na Guiana Francesa, localizada tão próximo da linha do Equador quanto Alcântara, só que mais ao Norte, enquanto a cidade maranhense está mais ao Sul. Mas os franceses operam um veículo - o Ariane 5 - muito maior que o Ciclone. É uma questão de nicho de mercado. Se o cliente tiver um satélite cujo veículo lançador é da classe do Ciclone, ele não vai optar pelo Ariane 5, e vice-versa.



Antes de fechar o acordo com os brasileiros, os ucranianos fizeram consultas ao governo dos EUA. Os americanos teriam apenas imposto condições em relação à transferência de tecnologia e ao uso militar - se um país é capaz de por um satélite em órbita, também é capaz de construir um míssil intercontinental.



Os planos para Alcântara, é bom ressaltar, não se restringem mais ao centro de lançamento do VLS, aquele mesmo em que ocorreu o acidente em que morreram 21 técnicos brasileiros e destruiu completamente a plataforma do veículo. Trata-se agora do projeto de um complexo. Não mais de apenas um sítio de lançamento, mas de vários. Três, para ser exato.



Um deles é o centro de lançamento do Ciclone. Os outros dois podem ser negociados pelo governo brasileiro. Nada impede que seja com os EUA ou a Rússia, que, aliás, está dando uma mão no desenvolvimento do VLS, que é um foguete apropriado para o lançamento de satélites pequenos, científicos. Se tudo der certo, será um satélite desses que Lula terá em órbita em 2010, a três meses da eleição.

EMAIL-apocalipsn@gmail.com
Corpo de Zilda Arns chegou ao Brasil durante a madrugada e é levado a Curitiba, onde será feito o velório da médica e sanitarista fundadora da Pastoral da Criança. Zilda Arns morreu no terremoto que atingiu o Haiti
População haitiana briga por água e comida nas ruas


Ajuda humanitária ainda encontra dificuldades para chegar às vítimas do terremoto



 ..Três dias depois do terremoto mais violento em 200 anos no Haiti, a ajuda humanitária ainda encontra dificuldades para alcançar vítimas do tremor.



Nas ruas da capital Porto Príncipe, pessoas brigam por causa da pouco comida que chega. Há falta de água, e os corpos estão espalhados pelas ruas. Com a situação de higiene precária, aumentam os riscos de doenças.



A Cruz Vermelha estima que entre 45 mil e 50 mil pessoas tenham morrido por causa do terremoto. O governo haitiano fala em "centenas de milhares de mortos".