sexta-feira, 4 de maio de 2018

A preocupante queda no orçamento militar da Rússia

Arábia Saudita 'espera que Israel faça o trabalho por eles e lute contra Irã'

O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou ter informações provando que o Irã estaria continuando com seu programa secreto nuclear militar. O especialista israelense Meir Litvak, analisa o papel de cada parte envolvida nas tensões na região.
Na segunda-feira (3), o premiê de Israel afirmou que os serviços secretos israelenses obtiveram arquivos provando que o Irã possui um projeto nuclear militar.
Segundo Meir Litvak, chefe do Centro de Estudos Iranianos da Universidade de Tel Aviv, Netanyahu escolheu um bom momento para a revelação referente às declarações de Donald Trump de que os EUA podem abandonar o acordo nuclear do Irã e estender sanções contra o país.
É possível que Netanyahu queira influenciar o presidente Trump para que saia do acordo, tendo feito sua declaração [sobre programa nuclear iraniano] antes da decisão de Trump", opinou Litvak.
Teerã descartou as afirmações de Netanyahu sobre seu programa, afirmando que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já estudou o caso. Porém, o analista israelense prefere não acreditar plenamente nas palavras do Teerã.
"Até 2003, a AIEA bem como várias inteligências internacionais afirmavam que o Irã estava desenvolvendo armas nucleares […] O Irã, por sua vez, negou que havia tentado desenvolver potencial nuclear militar […] Eles mentiram antes e estão mentindo agora", opinou o especialista à Sputnik Internacional, destacando que a declaração de Netanyahu não é prova suficiente de que Teerã teria violado o acordo nuclear.
Outro aspecto que agrava as tensões entre Irã e Israel é o recente ataque, realizado supostamente por Tel Aviv contra a base síria T-4, utilizada também pelas forças iranianas, que poderiam resultar em um confronto.
"Há um perigo que Israel e Irã estejam se dirigindo rumo ao confronto e terão que se enfrentar no final […] Não acho que um confronto direto de grande magnitude no Oriente Médio traga vantagens para nenhuma das partes", disse Litvak, expressando esperanças que medidas diplomáticas sejam tomadas para prever este cenário.
Até mesmo a Arábia Saudita, que também considera o Irã uma ameaça à sua segurança, não quer se envolver em um conflito aberto.
Se houver um confronto, eles [sauditas] ficarão de lado. Acho que estão esperando secretamente que Israel ataque o Irã, mas eles próprios não farão nada e até poderão condenar Israel para acalmar o povo […] Eles esperam que Israel faça o trabalho por eles e lute contra o Irã, para depois se beneficiar disso", comentou Litvak.
Concluindo, o analista ressalta que os israelenses estão preocupados principalmente com o fato que a Síria possa se tornar "uma base para mísseis iranianos, apontados na direção de Israel", pois duvida que Irã abandone completamente o território sírio.
"Espero que sejam implementadas algumas medidas para impedir que a Síria se torne base avançada do Irã", afirmou.

O que se tornou ponto de virada na relação de Putin frente ao Ocidente?

Historiadora francesa e especialista em assuntos da Rússia, Helene Carrere d’Encausse contou em entrevista à edição suíça Basler Zeitung que acontecimentos se tornaram o ponto de virada na política externa do presidente russo Vladimir Putin.
Segundo a historiadora, no fim do século passado, a Rússia estava em uma situação de caos e os países ocidentais se aproveitaram da situação, ignorando a posição de Moscou na arena internacional.
A atitude de desprezo do Ocidente e o bombardeio da Iugoslávia foram os dois fatores-chave na formação da política de Putin, acredita Carrere d'Encausse.
"A Rússia herdou da URSS o título de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Quando os países da OTAN decidiram bombardear Belgrado, deveriam ter convocado o Conselho de Segurança, mas não o fizeram, o que se tornou o ponto de virada para Putin […] Eles queriam mostrar à Rússia que tal não era importante. Mais tarde, ele se tornou primeiro-ministro, depois presidente. Seu objetivo era claro: nunca mais a Rússia devia ser tratada deste modo", opinou a historiadora ao jornal suíço.
Após chegar ao poder, o objetivo principal de Putin foi evitar o colapso do Estado e construir um país forte e centralizado, o que ele conseguiu, acha a especialista.
Falando do aumento das tensões entre a Rússia e o Ocidente, Carrere d'Encausse sublinha a importância de negociações e da busca compromissos.
"Putin é uma pessoa racional, com ele se pode negociar. O Ocidente não ganha nada com as sanções, antes pelo contrário: estamos perdendo um parceiro que pode ajudar a resolver outras questões", ressaltou.
Ao mesmo tempo, a historiadora acrescenta que as sanções impostas à Rússia incentivam o país a fazer reformas e poderá levar Moscou a sair da crise com uma economia mais forte.
Em 6 de abril, Washington anunciou novas sanções contra os "esforços globais de desestabilização" alegadamente levados a cabo por Moscou.
A lista de sanções divulgada atinge ministros, deputados e senadores russos, grandes empresários, bem como empresas públicas e privadas.