segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Disputas pelo Mar do Sul da China elevam tensão em cúpula asiática


JASON SZE - Reuters
O Japão advertiu nesta segunda-feira que a disputa sobre o Mar do Sul da China poderia prejudicar "a paz e a estabilidade" na Ásia, já que a China mantém estancado um plano para aliviar as tensões e os desentendimentos se aguçaram entre as Filipinas e o Camboja, também envolvidos na reivindicação de águas territoriais.
O mal-estar se tornou um desagradável pano de fundo na chegada do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Camboja para participar de uma cúpula regional, onde se prevê que ele vá fazer um chamado à China e nações do Sudeste asiático para que resolvam o problema, uma das principais questões de segurança na Ásia.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, questionou os esforços do Camboja, um firme aliado da China, de limitar as discussões do encontro no que se refere ao Mar do Sul da China, área rica em minérios, onde as reivindicações chinesas se sobrepõem às de quatro países do Sudeste asiáticos e de Taiwan.
"O primeiro-ministro Noda levantou a questão do Mar do Sul da China, observando que isto é uma preocupação comum à comunidade internacional, e que iria ter impacto direto sobre a paz e a estabilidade da Ásia-Pacífico", assinalou um comunicado do governo japonês, depois que Noda se reuniu com líderes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), integrada por dez nações.
Essa declaração se seguiu a um comunicado divulgado no domingo por uma alto funcionário do Ministério de Relações Exteriores do Camboja, Kao Kim Hourn, dizendo que os líderes do Sudeste da Ásia "tinham decidido que de agora em diante não vão internacionalizar o Mar do Sul da China
Num sinal de tensão, o presidente filipino, Benigno Aquino, contestou o comunicado cambojano e disse que não foi feito nenhum acordo como esse, ao expressar suas objeções nos minutos finais de uma discussão tensa entre Noda e líderes da região.
Enquanto o primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, começava a encerrar o encontro com Noda, Aquino levantou repentinamente a mão e interveio rispidamente.
"Houve vários pontos de vista expressos ontem sobre a unidade da Asean que nós não entendemos que seriam traduzidos como um consenso da Asean", disse ele, segundo seu porta-voz.
"Que fique registrado que isso não foi o que entendemos. A via da Asean não é a única via para nós. Como um Estado soberano, é nosso direito defender nossos interesses nacionais."
As vias diplomáticas alternativas para as Filipinas iriam provavelmente envolver os Estados Unidos, um de seus mais estreitos aliados, cujo governo vem afirmando ter interesse nacional na liberdade de navegação através das rotas vitais no Mar do Sul da China.
No domingo, a Asean concordou formalmente em iniciar conversações sobre um Código de Conduta com o objetivo de reduzir o risco de focos de conflito naval, de acordo com seu secretário-geral, Surin Pitsuwan. Mas o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, pareceu ter minimizado a necessidade de ação urgente, durante conversas no domingo à noite com Hun Sen.
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Qin Gang, disse que não conseguia "lembrar" de Hun Sem ter feito uma requisição formal de conversas.
"Leva algum tempo para a China e a Asean discutirem o Código", afirmou o porta-voz, repetindo o comunicado cambojano de que a Asean havia alcançado "uma posição comum" de não internacionalizar a questão e contradizendo assim diretamente ao presidente Aquino.
Obama vai reunir-se com líderes da Asean na noite desta segunda-feira e, na terça-feira, se encontrará com Wen.
A China reivindica soberania sobre águas ao Sul de sua costa e ao Leste de seu território continental no Sudeste asiático, o que deixa o país em oposição direta às Filipinas e Vietnã, aliados dos EUA. Brunei, Taiwan e Malásia também reivindicam parte das águas territoriais na região.
As relações sino-japonesas estão em momento de tensão por causa de uma disputa dos dois países por ilhas conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyu na China. 
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