sábado, 4 de agosto de 2012

Robô fará manutenção de usina hidrelétrica


JOSÉ ROBERTO CASTRO, ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo
O complexo trabalho de monitoramento e manutenção de tubulações e turbinas em usinas hidrelétricas, antes feito por mergulhadores, desde abril é feito por robôs no interior do Estado de São Paulo. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveu, em parceria e com financiamento da geradora AES Tietê, um robô operado por controle remoto capaz de fazer o trabalho.
O robô custou R$ 1 milhão e demorou quase dois anos para ficar pronto. Medindo 64 centímetros de largura, 12 de altura e 28 de profundidade, mais ou menos o tamanho de uma CPU de computador, o equipamento pode pesar até 18 quilos. Ele é menor que os equipamentos similares usados em plataformas de petróleo porque opera em tubulações mais apertadas. O robô se liga ao controlador por um cabo de 300 metros de comprimento.
A principal inovação do equipamento, na comparação com similares, é o novo sistema de captura e processamento de imagens subaquáticas, totalmente desenvolvido pela parceria. Com duas câmeras frontais, que permitem visão de 360 graus, e uma câmera traseira, o robô captura imagens em alta definição,
"O diferencial é o processamento de imagens. Com as câmeras, podemos identificar trincas e fissuras. Com isso, é preciso menos tempo para fazer o reparo", afirma o professor responsável pelo projeto, Rogério Thomazella, da Unesp de Bauru.
No Brasil, robôs como o da AES são muito usados para reparos nos sistemas de exploração de petróleo em águas profundas. Em menor escala, a tecnologia é a mesma utilizada na exploração dos restos do Titanic e no vazamento de petróleo do Golfo do México, em 2010.
Antes de desenvolver seu próprio equipamento, os reparos da AES eram feitos por operários, quando se tirava toda a água da turbina, ou por mergulhadores especializados em manutenção de barragens. O processo era arriscado para os trabalhadores, além de demorado e caro para a empresa, porque exigia a paralisação da usina por até um dia. "Hoje a gente para a máquina, lança o robô na água e isso dura, no máximo, duas horas", conta o diretor de Operação e Manutenção da AES Tietê, Ítalo Freitas.
Por enquanto, a AES conta com apenas um robô para fazer o monitoramento de dez usinas hidrelétricas, mas a intenção, segundo o diretor, é aumentar este número. "A ideia é fazer a substituição dos mergulhadores de forma gradual. Nossa demanda é muito grande para um robô só." Ainda segundo Freitas, a empresa está satisfeita com os resultados nestes primeiros meses.
Para Thomazella, o robô já é capaz de substituir os mergulhadores, o que deverá acontecer nos próximos anos.
Aprimoramento Por enquanto, o robô da AES não faz reparos, mas a intenção da empresa é que isso aconteça em pouco tempo. Com o desenvolvimento de um braço mecânico, o robô será capaz de fazer pequenos consertos nas tubulações e nas turbinas. Outro projeto da empresa é equipá-lo com um aparelho de ultrassom, que detectará rachaduras que começam a se formar e não aparecem na superfície. "A intenção é fazer com que ele tenha cada vez mais habilidades", conta Freitas.
O professor Thomazella se mostra animado com as possibilidades de aplicação oferecidas pelo novo robô. Sem entrar em detalhes, ele avisa que já existem ideias embrionárias de novos equipamentos que podem ser acoplados ao robô. "É uma tecnologia totalmente nova. Nem no exterior a gente vê isso sendo usado em usinas. A aplicação é muito vasta."
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