sábado, 30 de junho de 2012

Governo injeta US$ 60 mi em fábrica de mísseis


A poucos minutos a pé da estação de metrô Voikovskaia, em Moscou, entre edifícios residenciais e empresas, está localizada a fábrica de mísseis antiaéreos Avangard (vanguarda, em português).

Outrora secreta, a área ocupada pelas oficinas foi há muito tempo fotografada por satélites e esquadrinhada pelos serviços secretos estrangeiros. Hoje em dia, apesar de a fábrica manter o mesmo regulamento rigoroso de entrada e saída dos tempos soviéticos,  não faz mais sentido esconder sua localização.

A empresa entrou no século 21 totalmente arruinada. Nas oficinas não havia calefação nem água. No inverno, o pessoal da empresa tinha que fazer fogueiras nas oficinas de montagem para aquecer o equipamento que não funcionava a baixas temperaturas.

Segundo o diretor-geral da Avangard, Guennádi Kóguin, o processo de decadência foi gerado pela destruição do sistema de gestão setorial nos anos 90. Sem encomendas nem financiamento, a empresa estava pedindo socorro. 



A recuperação começou em 2002 quando a companhia foi incorporada ao consórcio Almaz-Antei, focado em desenvolver sistemas de defesa antiaérea. Com a adição de diversos setores e centros de pesquisa e desenvolvimento pouco tempo, a empresa quase alcançou a capacidade produtiva dos tempos soviéticos.

Embora a empresa passe por situações difíceis comuns a qualquer companhia, Kóguin acredita que auxílio estatal de aproximadamente dois bilhões de rublos (cerca de US$ 60 milhões) entre 2011 e 2020 cumprirá o objetivo de modernizar as instalações.

Do montante a ser recebido, 1,2 bilhões serão investidos, até 2015, na compra de equipamento e mais de 600 milhões, para atualizar a infraestrutura da empresa, conhecida por construir os sistemas de mísseis antiaéreos S-300 e S-400. “Atualmente, a empresa investe no programa de sua modernização entre 100 e 120 milhões de rublos por ano”, contrapõe Kóguin.

No ano passado, a Avangard fechou contratos de quatro e cinco anos com o ministério da Defesa da Rússia, período em que a Avangard manterá o monopólio de fornecimento de munições para o sistema de mísseis antiaéreos S-400 Triunfo. 


Linha dura

A oficina de montagem de mísseis antiaéreos tem estrutura moderna. Pisos espelhados, limpeza impecável e, no inverno, a temperatura média no interior da oficina é de 23 graus positivos.

A empresa tem um forte esquema de controle de qualidade em cada etapa de produção. “Se um componente não passar por nosso controle de qualidade, fazemos uma reclamação à empresa parceira ou subcontratada e lhe cobramos uma multa”, adianta Kóguin.

Os mísseis prontos são enviados ao centro de controle de qualidade e testes (CCQT), onde todos os seus componentes elétricos são testados. Depois, os mísseis são submetidos ao teste de infiltração de água.

Após as avaliações no CCQT, os mísseis recebem ogivas e são enviados a depósitos militares onde permanecem sem manutenção técnica durante todo o período de armazenamento, ou seja, 10 anos.      

Missão secreta

Diversos países mostram interesse pelos sistemas de defesa antiaérea russos S-300 e S-400, seja para compra ou conhecimento científico. O acesso de estranhos às oficinas de montagem é, contudo, terminantemente proibido.


A China é um dos principais consumidores de armas russas e, em particular, dos meios de defesa antiaérea. Em 2010, a Almaz-Antei entregou a este país 15 grupos de sistemas de mísseis antiaéreos S-300 Favorit.

Um ano depois, o Serviço de Segurança Federal flagrou um cidadão chinês tentando obter a documentação técnica do sistema de mísseis antiaéreos S-300 considerada segredo de Estado.

Os sistemas de mísseis antiaéreos russos têm várias vantagens em relação aos sistemas análogos norte-americanos MIM-104 EUA Patriot. Os S-300 e S-400 levam cinco minutos, no máximo, para serem colocados em posição de tiro, enquanto o Patriot precisa de meia hora.
Os sistemas russos são capazes de lançar mísseis verticalmente e guiá-los para o alvo de zero a 360 graus. O Patriot americano só é capaz de lançar mísseis de zero a 180º graus e sob ângulo de  38 graus. Ou seja, para organizar uma defesa aérea à volta de uma instalação ou uma unidade militar, serão necessários duas vezes mais Patriots do que os S-300 ou S-400 russos.

Kóguin desmentiu as notícias de que o S-400 ainda não tem um míssil antiaéreo de longo alcance. “Tais mísseis já estão em testes no campo de provas de Achuluk [na Região de Astrakhan]. Se os primeiros mísseis do S-300 tinham um alcance de 75 km, hoje, as versões modificadas desses mísseis são capaz de atingir alvos a uma distância de 250 km.” 
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