sexta-feira, 20 de abril de 2012

Angola sai da Guiné


Notícias de última hora (ver página 34) dão conta de tiroteios em Bissau, cercos às embaixadas de Angola e Portugal e tentativa de assassinato de Carlos Gomes Júnior, o candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais. A segunda volta deverá ter início neste fim de semana) O Governo angolano acabou esta semana com Programa Especial de Cooperação com o Governo da GuinéBissau, segundo uma nota divulgada nesta Quarta Feira, 11. Com essa medida põe-se igualmente fim ao Protocolo para Implementação de um Programa de Cooperação Técnico-Militar e de Segurança. Na prática, isso significa o regresso dos efectivos militares angolanos que na Guiné ajudavam a dar corpo à reforma das forças armadas e de segurança daquele país, envolvidas ciclicamente em acções de desestabilização e subversão da ordem constitucional.
Na base desta decisão estão pronunciamentos de oficiais guineenses que subitamente começaram a duvidar da necessidade da presença angolana, ligando-a a um clima de mal-estar que se vive em Bissau. António Indjai, chefe do Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné, por exemplo, foi citado como tendo dito que “as tropas angolanas devem partir”, apesar de ter sido uma das figuras presentes em Luanda aquando das negociações para instalação da MISSANG, a missão militar angolana.
No comunicado que dá conta da sua retirada, Angola reitera a sua disponibilidade para continuar a cooperar com a Guiné Bissau, tanto no plano bilateral como multilateral, para a estabilidade naquele país.
A República de Angola contribuiu com pelo menos 30 milhões de dólares para apoiar a reforma dos órgãos de defesa e segurança, apoia a modernização dos órgãos de comunicação social e a formação de jornalistas guineenses, que têm a tarefa de sensibilizar os militares e a sociedade civil sobre a importância da referida reforma.
A Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau "Missang" foi formalmente lançada em Bissau no dia 21 de Março de 2011, numa cerimónia presidida pelo já falecido Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, na presença do ministro angolano da Defesa, Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem.
Na altura, o acto ficou marcado pela apresentação do efectivo composto por cerca de 200 elementos de diferentes especialidades, que têm sido suporte de apoio à reforma do sector de defesa e segurança das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
FA DA GUINÉ NEGAM “CULPAS”
O porta-voz do Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné Bissau, Daba Na Walna, afirmou no dia 9 de Abril que os militares nunca pediram o abandono da MISSANG “Não é da competência das Forças Armadas dizer que a MISSANG acaba ou não. É o Governo que assinou acordo com Angola e a MISSANG é o fruto desse acordo. Não está mencionado em nenhuma cláusula do acordo, para que a Missão adquira materiais bélicos”, informou.
Daba Na Walna disse que os militares angolanos se reforçaram em meios e homens de pois da tentativa de golpe de estado de 26 de Dezembro.
Entretanto, vários observadores ligam a “insatisfação” dos militares guineenses à impossibilidade de ditarem as suas regras, num momento em que a Guiné Bissau vive uma crise política resultante da primeira volta das eleições presidenciais. António Indjai, que já havia ameaçado publicamente matar o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, veria na crise eleitoral uma oportunidade para, com cobertura de uma “contestação política” (os candidatos adversários ao do PAIGC falam em fraude eleitoral) encabeçada por Kumba Ialá dar um golpe de Estado.
CONSEQUÊNCIAS
António Indjai, referenciado em alguns ciclos como estando implicado no tráfico de drogas, teria, com um golpe de estado e com a colocação de políticos da Oposição no poder, um ascendente e protecção política no Estado.
Domingos Mascarenhas, embaixador de Cabo Verde em Angola, disse, comentando a situação guineense, que “A experiência mostra que toda a ajuda a quem não queira ser ajudado está condenada ao fracasso”, referiu.
Sobre as eleições e o impasse que se criou em Bissau quando o segundo candidato mais votado na primeira volta das eleições, Kumba Ialá, se recusa a participar na segunda volta e tendo os restantes concorrentes a alinhar no discurso da fraude, Mascarenhas disse:“Nada garante-nos que a legitimidade daquele que viesse a ser eleito não será posta em causa por àqueles que desistiram ou que não puderam ir à segunda volta, para tanto apresentando argumentos de toda a índole..segurança nacional

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