quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O novo papel da WikiLeaks


A infraestrutura nuclear do Irã foi destruída por mercenários israelenses com o apoio de curdos ainda em meados de 2011. Não há mais nada para bombardear lá. Aquilo que é publicitado atualmente sobre a preparação de um ataque israelense não é nada mais do que uma campanha encomendada pelos líderes europeus. Eles precisam de distrair seus cidadãos, que estão cansados da crise – esse é o significado dos e-mails de funcionários da empresa de inteligência e estratégia norte-americana Stratfor, publicados no site da WikiLeaks.
A empresa de inteligência privada Stratfor é chamada de “CIA de sombra”, um tributo à sua autoridade e influência. O sensacional vazamento de informação “iraniana” foi precedido de um intenso desembarque de militares americanos em Jerusalém. Desde janeiro, militares de alta patente começaram chegando lá um após outro. No decorrer de negociações agitadas, eles, por enquanto, não conseguiram convencer as autoridades israelenses a abandonar os planos de ataque. A 5 de março, Barack Obama tentará por sua vez fazê-lo durante uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Washington. Portanto, todas as declarações sobre a destruição do programa nuclear do Irã e a transferência de atenção da Europa em crise para Israel é um jogo tático, diz o perito militar Viktor Baranets:
"O objetivo aqui está claro: diminuir a agressividade de Israel. Dizendo que não é por vontade própria que Israel o está fazendo. Que Israel, em geral, até é contra ataques ao Irã. Mas está sendo incitado pelos países europeus. Como se Israel fosse uma criança ingénua".
O especialista sugere que os americanos precisam desse vazamento de informação como um argumento seguro para dissuadir Israel da guerra, se outros não funcionarem. O site WikiLeaks, neste caso, atua como uma ferramenta na guerra de informação dos Estados Unidos não apenas contra o Irã mas, desta vez, também contra Israel. Uma espécie de “luva” na mão dos serviços secretos dos EUA. Com essa descarga falsa, Washington incentiva Tel Aviv a recusar essa aventura, nem mesmo desdenhando utilizar a falsificação, continua Viktor Baranets:
"Estou absolutamente convencido de que o site WikiLeaks está começando a usar a todo vapor os serviços de inteligência dos EUA. Note que o WikiLeaks publicou um e-mail da Stratfor. Isso é ridículo. Sua autenticidade não pode ser verificada. Se tal documento impresso existisse, seria sua cópia que o WikiLeaks teria publicado. Mas tal cópia não existe. Isso indica mais uma vez que tudo não passa de uma mentira".
As instalações nucleares iranianas, sem dúvida, existem. Se não existissem, então para que a comunidade internacional precisaria de fazer pressão sobre o Irã? Para que então teriam viajado a Jerusalém os enviados norte-americanos? No entanto, o nível de sucesso nuclear do Irã tampouco deve ser sobrestimado, diz o professor de Estudos Orientais do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Serguei Drujilovsky:
"Tudo está a um nível primitivo. Bushehr nunca mais começa a funcionar plenamente. Os preparativos para o enriquecimento de urânio ao nível de 20 por cento são pouco convincentes, há poucas centrífugas. São permanentes inspeções enervantes da AIEA, relatórios, discussões no Conselho de Segurança, sanções. Pode-se dizer simplesmente: nós neutralizamos o programa nuclear iraniano. Isso seria correto porque ele não existe como tal. Sim, o programa militar nuclear iraniano agora está desativado. Está desativado porque não existe".
Segundo Serguei Drujilovsky, mercenários israelenses e os curdos poderiam ter desempenhado um certo papel no Irã. Embora não fosse na destruição de instalações nucleares:
"Nos sabemos que estão eliminando físicos nucleares iranianos. Algo está sendo feito. Não para prejudicar o programa nuclear iraniano, mas para prejudicar a credibilidade do regime. Se o regime não pode proteger seus físicos nucleares e enfrentar ataques cibernéticos de seus adversários, então, o regime não é tão forte como se pensa. Isso é o que se pretende mostrar aos iranianos e é o que lhes está sendo mostrado, que alguém pode chegar calmamente e fazer explodir um carro com um cientista nuclear".
O recente vazamento de informação não está ligado à crise europeia, diz o cientista. A crise é um fenômeno recente, enquanto é o próprio Irã, anti-americano e anti-ocidental, ainda desde a revolução de 1979 que está incentivando o Ocidente e Israel a considerarem derrubar ou alterar o seu regime. Cedo ou tarde, essa tentativa há-de ocorrer. Além disso, o Irã está mudando a imagem do grande  Médio Oriente que se desenvolvia nos últimos anos bastante bem.
Os norte-americanos já estão mantendo o fogo em vários pontos quentes do mundo e não precisam de outro, ainda mais com cheiro a catástrofe nuclear. Especialmente em um ano eleitoral. Portanto, tudo está sendo utilizado para deter Israel. Até para a WikiLeaks inventaram um novo papel.voz da Russia segurança nacional

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