sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A furtividade do Super Hornet


Guilherme Poggio
O desenvolvimento do Boeing F/A-18E/F Super Hornet beneficiou-se de uma série de tecnologias e estudos de aeronaves furtivas (principalmente em relação à redução da assinatura radar) promovidos nos EUA ao longo de quase duas décadas. Quando o Super Hornet foi projetado o F-117 Night Hawk já era uma aeronave madura, o B-2 já havia ganhado corpo, o programa ATF estava em andamento e mesmo o cancelamento do programa A-12 havia gerado muito conhecimento no campo da furtividade.
Portanto, no início da década de 1990 a Marinha dos EUA (USN) já reunia um volume substancial de estudos no campo da furtividade que permitia projetar um caça com assinatura radar bastante reduzida. Mas não era intenção da USN repetir os mesmos erros do programa A-12 Avenger II, o projeto do bombardeio furtivo que foi cancelado em 1991.
Buscou-se uma aeronave com desenho convencional (e consequentemente mais barata) que incorporasse características furtivas no seu desenho. O Super Hornet foi pensado desta maneira desde a prancheta.
Mas mesmo sendo uma aeronave com desenho convencional, no aspecto estrutural foram tomadas diversas medidas para reduzir a assinatura radar, como painéis com formas especiais que dispersam as ondas de radar para direções diferentes daquela do emissor. Dentre os painéis especialmente projetados estão as portas de acesso ao compartimento do trem de pouso.
Outros detalhes ao longo da fuselagem como a estrutura em forma de losango no entorno do sensor do ângulo de ataque (ver foto acima, à esquerda) colaboram para diminuir a seção reta radar.
As tomadas de ar dos motores também receberam atenção diferenciada. Além de permitir um fluxo de ar maior em relação ao Hornet antigo (devido à exigência do novo motor 414), o desenho originalmente ovalado foi substituído por uma geometria de superfícies retas, em forma de “caixa” (ver foto no início desta matéria). O desenho da tomada de ar também permitiu esconder melhor as palhetas do fan, outra grande fonte de reflexos.
Porém, mais importante que os detalhes da estrutura é o largo emprego de materiais absorventes de feixes de radar (RAM), capazes de absorver determinadas faixas do espectro de frequência.
Considerando estas modificações no seu desenho, acredita-se que a seção reta radar do Super Hornet tenha sido reduzida quase pela metade em relação ao Hornet original, mesmo sendo um avião bem maior que o seu antecessor.
Portanto, por ser um projeto mais moderno que os demais caças de quarta geração, como Rafale, Gripen e Typhoon, o Super Hornet incorporou desde o seu nascimento atributos no seu desenho que permitiram uma sensível redução da sua assinatura radar.
Mas isso não quer dizer que a Boeing esteja satisfeita. Existem estudos avançados sobre o programa “Silent Hornet” (imagem acima), uma versão do Super Hornet que engloba novas melhorias quanto ao aumento da furtividade. Dentre as novas características anunciadas, e que podem ser vistas na ilustração acima e na foto abaixo estão: tanques conformais, pod externo de desenho furtivo que carrega armas internamente (4 mísseis ar-ar AMRAAM ou bombas de pequeno diâmetro – SBD) e IRST instalado interamente, com sensores projetando-se em uma carenagem sob o nariz.

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