sábado, 10 de dezembro de 2011

Rússia deve abrir caminho para que mulheres liderem voos espacias


O espaço cósmico está à espera de mulheres russas. O chefe da agência espacial da Rússia, Vladíir Popókin, informou que a unidade de cosmonautas vai promover um concurso público destinado a mulheres. Ele declarou também que Helena Serova, no momento a única mulher que faz parte desta unidade, deve fazer uma viagem espacial.
Rússia deve abrir caminho para que mulheres liderem voos espacias
Foto: Nasa
Em 1961, o governo soviético criou o grupo feminino de cosmonautas, alguns meses depois do voo espacial de Iúri Gagáin. Na época, foram recrutadas cinco jovens que começaram a treinar na nave espacial Vostok. Todas deixaram implícito que adiariam a maternidade por conta da carreria. Afirma-se que essa exigência foi imposta por Serguêi Korolev. Em março de 1963, pela primeira vez na história, deviam ser colocadas em órbita, com a diferença de apenas um dia, duas naves espaciais, Vostok-5 e Vostok-6, pilotadas por Valentina Terechkova e Valentina Ponomariova.

Tudo estava pronto para a partida mas ocorreu uma mudança inesperada. Na reunião do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética de 21 de março de 1963, foi decidido que os planos seriam radicalmente alterados. Valentina Ponomariova, que estava mais bem preparada do que Terechkova, foi afastada do voo. Terechkova teve que se mudar para a nave espacial Vostok-6, enquanto o comando da nave Vostok-5 de Ponomariova foi confiado a Valeri Bikóvski.

Depois de Terechkova, a União Soviética não enviou mulheres ao espaço durante 19 anos. Apenas em 1982 ficou famoso o nome de Svetlana Savítskaia, participante da expedição da nave espacial Soyuz à estação Saliut – 7. Dois anos depois, durante o seu segundo voo a essa estação, ela se tornou a primeira mulher a entrar no espaço aberto. A terceira cosmonauta russa – e por enquanto a última – é Elena Kondakova. Em 1994 e em 1997 ela realizou voos à estação Mir a bordo da nave espacial Soyuz e do foguete lançador Atlantis.  Por que motivo a lista de mulheres cosmonautas russas é tão pequena? Sabemos que a sua preparação nunca foi interrompida. 

“De acordo com o nosso conceito, o cosmonauta deve estar pronto para enfrentar qualquer problema que possa surgir em órbita, particularmente em um trabalho especialmente complicado e difícil – a saída para o espaço aberto”, disse Igor Lissov, especialista em voos espaciais. “É comum a opinião de que a mulher, por força das suas particularidades fisiológicas, não dá conta desta tarefa tão bem quanto o homem. Creio que muitas russas iriam desmentir isso com prazer, demonstrando na prática o contrário, mas acontece que não lhes proporcionam essa oportunidade. Os americanos, que já enviaram ao Espaço no mínimo 30 mulheres, demonstraram que a mulher pode exercer perfeitamente as mesmas funções que o homem.”

“Quanto à Rússia, aí entra em ação o chamado chauvinismo masculino, mais a dúvida: ‘será que ela poderá executar o programa do voo?’”, prossegue o perito.

“Desconfio que esse preconceito se enraizou na mentalidade de muitos homens que dirigem o setor. Existem certas particularidades, existem problemas, mas tudo isso pode ser superado. Especialmente agora, quando na estação trabalham permanentemente três cosmonautas nossos , a mulher bem que poderia ficar simplesmente isenta da necessidade de entrar no espaço aberto. Em órbita sempre existe muito trabalho a fazer. É preciso levar a cabo experiências científicas, fazer a manutenção dos sistemas da estação. Quando a tripulação da nossa Estação Espacial Internacional estava reduzida a "um homem e meio", não havia muita opção, cada um devia fazer qualquer tipo de trabalho. Agora pode-se escolher, pode-se mandar, inclusive, uma pessoa que não seja cosmonauta profissional para cuidar de pesquisas puramente científicas”, acrescentou Lissov.

Está cada vez mais próxima a época em que os homens irão viver permanentemente em bases lunares ou marcianas. Entre eles haverá homens e mulheres. Já hoje se discute se será possivel ou não incluir uma mulher na primeira expedição que irá a Marte. É evidente que o futuro da exploração do espaço cósmico é impossível sem mulheres e é bom que a agência espacial russa Roscosmos esteja de acordo com essa tendência.

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