quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

EUA advertem que não tolerarão bloqueio do Irã


GUSTAVO CHACRA , CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo
Depois de o regime do Irã ameaçar fechar o Estreito de Ormuz caso europeus e americanos imponham um embargo ao petróleo e sanções ao Banco Central do país, a Marinha dos EUA reagiu com dureza, afirmando que não tolerará o bloqueio da passagem.
"A ameaça de bloquear a liberdade de navegação num estreito internacional é algo claramente fora da comunidade de nações. Nenhuma ação nesse sentido será tolerada", disse o comunicado da Marinha americana, por intermédio de sua 5.ª Frota, baseada em Bahrein justamente para garantir o trânsito de navios petroleiros. "O fluxo livre de bens e serviços através de Ormuz é vital para a prosperidade global e regional", acrescentou uma porta-voz militar americana.
O estreito, por onde passa 40% do petróleo comercializado no mundo, liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e tem pouco mais de 30 km de largura em um dos seus trechos. Quase toda a produção da Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes, Qatar, Bahrein e mesmo do Irã utiliza essa passagem.
Autoridades iranianas haviam afirmado que poderiam fechar o estreito em resposta a novas sanções europeias e americanas. O embargo ao petróleo iraniano e a adoção de medidas contra governos ou entidades que negociem com o Banco Central do Irã, conforme já foi aprovado por 100 votos a 0 no Senado dos EUA, podem ser aplicadas em breve. Também não se descarta a hipótese de uma nova resolução no Conselho de Segurança da ONU.
Na terça-feira, o vice-presidente do Irã, Mohammad Reza Rahimi, afirmou que, se sanções forem impostas, "nenhuma gota de petróleo passará pelo Estreito de Ormuz". Ontem, o comandante da Marinha iraniana, almirante Habibollah Sayyari, afirmou que "o Irã tem controle total desta passagem estratégica". Segundo o militar, em declarações publicadas pelo site da Press TV, de Teerã, "fechar o Estreito de Ormuz é muito fácil para as forças navais iranianas".
Na verdade, a 5.ª Frota da Marinha dos EUA possui uma força naval bem superior à iraniana. São mais de 20 navios de guerra, incluindo porta-aviões, e 15 mil soldados prontos para entrar em ação caso haja necessidade. Países como a Arábia Saudita também dão sinais de que agiriam em caso de interrupção por parte dos iranianos. "Estamos sempre prontos para reagir a ações maléficas", disse a porta-voz militar dos EUA em Bahrein.
A França e a Grã-Bretanha, assim como operadores de petróleo, afirmavam ontem que se trata apenas de retórica iraniana. Na avaliação deles, o Irã não levaria adiante a ameaça. O objetivo dos europeus e dos americanos, com as sanções, é frear o programa atômico iraniano que, segundo eles, tem finalidade militar. Teerã nega e diz que suas operações nucleares têm apenas fins civis.

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