segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Brasil tem versão ‘Keep Walking’

Lapidar pedra é árduo, mesmo que seja em versão digital para um filme publicitário de um minuto. O que estava em jogo era a "transformação" do Pão de Açúcar em um gigante de pedra que se levanta na orla carioca em direção ao seu destino sob o mote: "O gigante não está mais adormecido. Keep Walking, Brazil". O que se vê como o Pão seria, na verdade, o joelho do gigante adormecido.




Fazer isso, sem parecer brega ou falso, exigiu empenho. E, lógico, investimentos consideráveis em equipe estrelada, contratada para a tarefa. "A grande preocupação era ser realista, para que o público imaginasse que aquilo poderia acontecer", diz Otto Von Sothen, presidente, no País, da Diageo, a maior fabricante global de bebidas destiladas - entre elas o uísque Johnnie Walker, produto para o qual o comercial foi feito.



É a primeira vez que a premiada campanha ganha versão fora da Escócia, país sede da Diageo. Criada em 99, a campanha - que já teve a versão do androide que queria ter sentimentos, dos homens-peixe e até outra com o ator Harvey Keitel- parte de um princípio de compreensão universal: "continue andando mesmo diante das intempéries". Embutido nesse princípio estava a ideia de que uma dose de uísque pode ajudar a superar momentos ruins. Tudo feito com elegância, para que figuras ilustres participassem.



O Brasil mereceu a deferência porque é o segundo maior consumidor de Johnnie Walker, atrás apenas dos EUA, e à frente de 180 países onde a marca é comercializada. No ano fiscal terminado em junho de 2011, o consumo de uísque no Brasil cresceu 30% para a Diageo. "Acredito que a nossa receita com uísque possa dobrar de tamanho em cinco anos no País", aposta Sothen. Com tal ambição, nada mais natural que a iniciativa de encomendar à agência NeogamaBBH uma versão "made in Brazil" da festejada campanha.



"Keep Walking é, em si, uma grande ideia. Uma ideia gigante. Talvez uma das maiores ideias da publicidade no mundo", diz Alexandre Gama, presidente da agência.



O resultado final não decepcionou o diretor de marketing da Diageo, Leandro Medeiros, para quem "a criação brasileira contou com uma superprodução que não ficou devendo nada aos outros filmes da série".



Embora a filial da empresa não revele o valor, não ficou barato. Nada menos de R$ 5 milhões. Para chegar ao resultado final, a peça teve 420 pessoas na produção, seis dias de filmagens, 11 quilômetros de filme, 216 figurantes e 12 mil horas de computação gráfica.



O comercial foi dirigido pelo inglês Peter Thwaites e teve efeitos especiais produzidos pela The Mill, ganhadora de Oscar por Gladiador. Para compor o gigante em escala que desse proporção real, a empresa trabalhou com designers de 3D. "A metáfora do gigante não mais adormecido é um fato", afirma Gama. "A mensagem do ‘Keep Walking, Brasil’ é um incentivo ao País".

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