terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Confira 16 países onde conflitos podem eclodir em 2011

Além do Oriente Médio, das Coreias e do Irã - pontos já tradicionais de problemas geopolíticos -, dezenas de zonas de tensão política e social se espalham pelos continentes no início da segunda década do século XXI. A partir desse quadro e com base em dados do International Crisis Group, a revista Foreign Policy elaborou uma lista de 16 países que passam por uma situação delicada e que, no decurso de 2011, podem se ver em meio à eclosão de conflitos de proporções mais graves.




Costa do Marfim

As eleições de outubro são a chave para o 2011 da Costa do Marfim, que segue dividida entre os candidatos que se proclamam vencedores do pleito: Laurent Gbagbo, que assumiu a Presidência, respaldado por setores do Exército e pelo Conselho Constitucional; e Alassane Outtara, antigo premiê, defendido pela comunidade internacional. A disputa perdura, e o país fica à beira do conflito: a ONU reportou desaparecimentos e estupro, e ao menos 20 pessoas já morreram.



Colômbia

O presidente Juan Manuel Santos empreendeu reformas e buscou a reaproximação com Equador e Venezuela, mas o problema das guerrilhas permanece um desafio. Apesar de avanços, as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) ainda possuem 8 mil soldados, enquanto outros grupos ocupam o mercado do tráfico e fazem aumentar a violência: a taxa de homicídios em Medellín, segunda maior cidade, cresceu mais de 100% no último ano. O pedido de paz pode não se concretizar.



Zimbábue

Governado pela frágil aliança entre antigos rivais, o Zimbábue também começa 2011 em meio a disputas eleitorais. De um lado está Robert Mugabe, que há tempos mantém a presidência; de outro, Morgan Tsvangirai, o premiê e lider oposicionista. A coalizão, que é de 2009, poderia acabar com um novo pleito, mas divergências emperram o avanço: Mugabe quer eleições para renovar toda a estrutura política, e Tsvangirai espera passar a votação de uma nova constituição.



Iraque

Invadido pelos EUA em 2003, o Iraque passou anos da última década mergulhado na violência. Agora, à medida que as ruas parecem mais seguras, a arena política mostra seus riscos. Após nove meses, o novo governo foi finalizado em dezembro, mas é fraco. Enquanto políticos demoram a tomar as rédeas, teme-se que as mesmas voltem à insurgência - seja por fraqueza das forças de segurança, seja pela influência de vizinhos, como o Irã, que há tempo presta apoio a xiitas.



Venezuela

Em 2010, o presidente Hugo Chávez e seu partido perderam o controle da Câmara, mas essa derrota, que poderia frear os projetos do governo, pode perder significância depois que a Assembleia Nacional concedeu temporariamente a Chávez o direito de governar por meio de decretos. Enquanto isso, a violência urbana cresce, o país se torna um corredor para o tráfico internacional de drogas, e forças de segurança pública se veem acusadas de corrupção.



Sudão

Após duas décadas de guerra, o Sudão assinou em 2005 o Tratado de Naivasha, que punha fim ao conflito. Desde então, a paz vem sendo testada, e em 9 de janeiro um capítulo decisivo será escrito com a realização do referendo sobre a autonomia da região sul. O "sim" deve vencer, e se espera que o resultado seja aceito. No entanto, caso o resultado não venha a ser bem aceito, teme-se a volta do antigo conflito entre Norte e Sul.



México

O presidente Felipe Calderón declarou guerra aos carteis de drogas, mas o conflito já matou mais de 30 mil pessoas. A tensão é maior na fronteira com os Estados Unidos, onde grupos lutam pelo controle do tráfico que dá acesso comercial às grandes áreas metropolitanas americanas. Em 2010, temendo mais retaliações, um jornal publicou uma carta perguntando o que era permitido publicar. A situação parece longe de qualquer solução.



Guatemala

A luta pelo controle do lucrativo tráfico na fronteira mexicana com os EUA levou a violência à vizinha Guatemala. Dotada de um Estado fraco e de instituições frágeis, a sociedade guatemalteca pode ter de enfrentar em 2011 as repercussões da guerra das drogas no próprio solo. No final de 2010, ações policiais foram empreendidas para tentar retomar o controle de regiões próxima ao México.



Haiti

Para os haitianos, janeiro não será somente o mês do aniversário de um ano do terremoto de 2010, que devastou o mais pobre país do mundo ocidental. Neste mesmo mês, o país volta às urnas para finalizar um conturbado processo eleitoral que define o governo que terá a missão de começar a resgatar o Haiti de 2010, ano em que o país também teve de enfrentar uma drástica epidemia de cólera. Cerca de um milhão de haitianos permanecem sem lar na capital Porto Príncipe.



Tadjiquistão

Extremamente pobre, carente de serviços públicos e controlado há anos pelo grupo político do ex-líder soviético Emomali Rahmon, o Tadjiquistão pode ter de lidar em 2011 com a presença massiva de guerrilhas que vêm lutando ao lado do Talibã na tumultuada região central da Ásia. O governo vem tentando lidar com ataques oriundos da fronteira sul afegã, mas pouco resultado foi obtido até agora.



Paquistão

O Paquistão ainda enfrenta a crise gerada pelas enchentes de 2010, que desalojaram 10 milhões de pessoas. Por outro lado, o crescimento de grupos insurgentes ligados ao Afeganistão vem espalhando violência por diversas cidades paquistanesas. E o governo, por sua vez, mostra dificuldades de lidar com estes desafios, à medida que se encontra dividido entre governantes fracos, impopulares, e um exército poderoso.



Somália

Em 2011, a Somália deve seguir enfrentando o perigo da perda de controle de território para a insurgência islâmica. Atualmente governado por um grupo de transição apoiado pela União Europeia, o país permanece frágil e somente vem resistindo a ataques devido à ajuda provida pelas forças da União Africana. Um dos grupos insurgentes é o Al Shabab, que almeja a construção de um Estado muçulmano conservador e, no momento, trabalha para obter o controle da capital Mogadishu.



Líbano

O Líbano pode ter um 2011 delicado. Um Tribunal Internacional deve julgar membros do Hezbollah acusados de tentar assassinar o ex-premiê libanês, Rafik Hariri, numa decisão que poderia causar uma onda de violência. A situação com Israel também é incerta: após a guerra de 2006, a relação entre ambos não é das mais fecundas e se teme um novo conflito. Na foto, bandeiras libanesas e iranianas são expostas na visita do presidente Mahmoud Ahmanidejad.



Nigéria

A Nigéria teve um 2010 tumultuado: o presidente morreu devido a problemas cardíacos; centenas de pessoas foram assassinadas, vítimas de violência entre muçulmanos e cristãos; e o petróleo foi palco de ataques e sequestros de rebeldes ao longo do delta do Níger. Esses serão os desafios com os quais o novo presidente, a ser eleito na primavera de 2011, terá de lidar.



Guiné

A Guiné teve seu presidente assassinado em 2008. O episódio forçou a formação de uma junta militar, que, embora bem recebida, se mostrou inapto a governar depois de assassinar 150 manifestantes que realizavam um protesto pacífico. A junta convocou eleições, e, em dezembro de 2010, o país comemorou a posse do primeiro presidente eleito democraticamente, Alpha Condé. Em 2011, ele terá pela frente o desafio de manter a paz na Guiné e reorganizar as riquezas do país.



República Democrática do Congo

Anos após a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), durante a qual 4,5 milhões morreram, a República Democrática do Congo segue um foco de tensão, por trás da qual reside a chamada "maldição dos recursos": a busca pelo controle do ouro, do cobalto e diversos outros minerais que abundam no país. Nenhum dos atores em jogo parece ter poder suficiente para controlar o país, mas todos parecem ter recursos para seguir tentando.

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