domingo, 15 de setembro de 2013

O voo do falcão

Um projeto ambicioso, desenvolvido para fins militares, poderá levar o Brasil a se tornar um importante polo de pesquisa, desenvolvimento e produção de novas tecnologias relacionadas aos veículos aéreos não tripulados, os vants – também conhecidos como drones. Idealizado para uso das Forças Armadas, o Falcão, como foi batizado, será o maior vant militar nacional. Se o projeto avançar, a aeronave terá 11 metros de envergadura, de uma ponta a outra da asa, e autonomia mínima de 16 horas. Ele poderá atuar em operações de vigilância marítima e de fronteiras, missões de busca e salvamento, no combate ao tráfico de drogas, crimes ambientais e na segurança e monitoramento de grandes eventos, como os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, ano em que a aeronave deverá ser concluída. Até agora, cerca de R$ 85 milhões já foram investidos por parte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), de institutos de pesquisa e da própria indústria.
O Falcão começou a ser desenvolvido pela Avibras no final da década passada. A empresa brasileira com sede em São José dos Campos, interior paulista, em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da Aeronáutica, contou com os sistemas de navegação e controle de outra empresa da mesma cidade, formada no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Flight Technologies. Desde fevereiro deste ano, o Falcão integra a linha de produtos da Harpia Sistemas, empresa criada a partir da associação entre a Embraer Defesa & Segurança, braço militar da Embraer, e a AEL Sistemas, com sede em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, subsidiária da Elbit Systems, uma das maiores fabricantes de produtos de defesa de Israel – a mesma a fornecer os primeiros drones para uso da Força Aérea Brasileira (FAB) em 2010. Em janeiro deste ano, a Avibras também se tornou acionista da Harpia. “Desde então conduzimos estudos de configurações para atender aos requisitos operacionais das Forças Armadas para um sistema de vant capaz de cumprir missões de inteligência, vigilância e reconhecimento”, diz Rodrigo Fanton, presidente da Harpia. O primeiro protótipo do Falcão está sendo usado como ponto de partida para a adequação aos requisitos apresentados pelo Ministério da Defesa, que incluem um conjunto de sensores, sistema de comunicação de dados e uma estação de controle em solo.A aeronave terá cerca de 800 quilos (kg), podendo transportar mais combustível e equipamentos do que outros drones da mesma categoria a uma altura de 5 mil metros. Dentro do veículo aéreo, no lugar do piloto, poderão ser instalados sensores, câmeras e radares, entre outros itens. Boa parte da estrutura do Falcão foi desenvolvida com tecnologia nacional, como os sistemas de eletrônica de bordo, controle e navegação. “Ele terá dimensões equivalentes ao Super Tucano, aeronave turboélice da Embraer para ataque tático”, comenta Flavio Araripe d’Oliveira, coordenador do projeto vant no DCTA. “Vants de médio e grande porte, como o Falcão, são controlados do solo por técnicos em contêineres equipados com computadores e sistemas de comunicação”, diz.
O Falcão utiliza outro vant brasileiro como plataforma de testes para o sistema de navegação e controle: o Acauã, um drone de 150 kg e 5 metros de envergadura concluído em 2010. Ele foi desenvolvido pelo DCTA, centros de pesquisa do Exército (CTEx) e da Marinha (IPqM) (ver Pesquisa FAPESP n° 185) e pela Avibras. Foram realizados dezenas de voos experimentais na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, interior de São Paulo. Hoje o Acauã é utilizado pelo DCTA, Exército e Marinha, e pelas empresas Flight Technologies e Bossan Computação Científica (BCC), do Rio de Janeiro, num novo projeto, agora voltado à concepção de uma tecnologia de pouso e decolagem automáticos, que já apresentou bons resultados nos primeiros experimentos em pista realizados em agosto. O projeto conta com financiamento de R$ 4 milhões da Finep. “Desenvolvemos um sistema com sensores de aproximação com DGPS, que garante um posicionamento muito preciso por satélite, e radar altímetro capaz de medir a altura da aeronave em relação ao solo. Até agora, pouso e decolagem eram realizados apenas sob o comando de um operador”, explica D’Oliveira.
Também no DCTA pesquisadores do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em parceria com professores do ITA e engenheiros da empresa TGM Turbinas, com sede em Sertãozinho, interior paulista, trabalham em outro projeto que poderá impulsionar o setor brasileiro de drones. Trata-se de um motor turbojato movido a querosene de aviação que pode ser usado em vants com peso máximo de 1,2 tonelada. A Turbina Aeronáutica de Pequena Potência (TAPP) é a primeira a ser produzida no Brasil com características de durabilidade e potência de 5 mil newtons (N), força capaz de impulsionar uma aeronave de até 1,5 tonelada. “Planejamos um grupo de turbinas que possam ter aplicações em vants, mísseis e uma linha para geração de energia”, diz Alexandre Roma, da TGM, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto. Ele conta que o equipamento não será usado no Falcão, mas instalado inicialmente em alvos aéreos para treinamento de pilotos em aviões de combate.
Produção em sérieEm julho, a turbina foi testada pela primeira vez no banco de provas do IAE. Segundo o engenheiro mecânico José Francisco Monteiro, coordenador do projeto, todos os componentes da TAPP foram fabricados no Brasil, exceto o rolamento para a sustentação de seu eixo. Um dos objetivos é qualificar a mão de obra brasileira para sua produção em série. “Como essa turbina pode ser instalada em mísseis de longo alcance, sua comercialização tem sido dificultada, devido aos tratados de não proliferação de armas nucleares. A alternativa é fabricar a turbina no Brasil”, avalia Monteiro. Novos testes estão programados até o fim deste ano com o objetivo de fazê-la atingir a rotação máxima de 28 mil rotações por minuto. O projeto conta com financiamento de R$ 30 milhões da Finep. A agência já firmou 23 contratos e convênios, num total de R$ 69 milhões, voltados ao trabalho de pesquisa e desenvolvimento tecnológico de vants no Brasil, conta William Respondovesk, chefe do Departamento das Indústrias Aeroespacial, Defesa e Segurança da Finep.As vantagens inerentes ao uso dos drones em operações militares – sobretudo pelos Estados Unidos, após os atentados de 11 de setembro de 2001 – têm atraído cada vez mais a atenção de vários países. Entre 2005 e 2012, por exemplo, o número de nações que adquiriram essa tecnologia subiu de 41 para 76. Nesse mesmo período, o número de programas de pesquisa voltados para essa área nesses países saltou de 195 para 900, impulsionando um mercado em contínua evolução. Os norte-americanos ainda controlam boa parte desse mercado. Juntas, as empresas North Grumman e General Atomics Aeronautical Systems detêm 63% de toda a produção mundial de drones, de acordo com o Government Accountability Office dos Estados Unidos.
Também os gastos anuais em pesquisa, desenvolvimento e comércio dessas aeronaves devem dobrar na próxima década, chegando aos US$ 12 bilhões – totalizando US$ 90 bilhões nos próximos 10 anos –, como mostra o relatório World unmanned aerial vehicles systems, market profite and forecast 2013, divulgado em junho pela consultoria norte-americana Teal Group, especializada nas áreas aeroespacial e de defesa. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos deve seguir líder nesse setor. Israel vem logo em seguida. O país foi responsável por 41% dos drones exportados entre 2001 e 2011, segundo a Stockholm International Peace Research Institute, organização voltada à realização de pesquisas em questões sobre conflitos e segurança internacionais.Obtenção de dados
Avanços recentes em áreas de tecnologia computacional, além do desenvolvimento de materiais mais leves e de avançados sistemas globais de navegação, também têm atraído a atenção de pesquisadores, que usam drones para a obtenção de dados em áreas de difícil acesso. No dia 13 de junho a revista Nature publicou um artigo mostrando como esse tipo de tecnologia pode ser útil para o mundo acadêmico. Pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, por exemplo, têm usado vants para medir jatos de ventos que sopram no continente antártico. Isso poderá ajudá-los a entender a dinâmica que deu origem à formação das geleiras marinhas ao redor da Antártida. Também os biólogos aderiram aos vants em seus trabalhos de campo. Já na Índia, a World Wildlife Fund (WWF) tem usado os drones para detectar a presença de caçadores.
Esse crescimento para além do âmbito militar tem se refletido no Brasil. Nos últimos anos, pelo menos cinco empresas passaram a investir em pesquisa e desenvolvimento de novas aeronaves. A AGX é uma delas. Com sede em São Carlos, interior paulista, a empresa desde 2009 trabalha com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC), com sede na Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, na concepção de soluções voltadas para o uso de vants na agricultura, meio ambiente e mineração. “Esse é o setor mais dinâmico, e o de maior crescimento, da indústria aeroespacial e de defesa em todo o mundo”, diz Adriano Kancelkis, diretor-presidente da AGX, empresa que contou com o apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da FAPESP.Com características distintas, mas com várias possibilidades de adaptação para missões na agricultura, dois de seus drones, Tiriba e Arara II, possuem tecnologia nacional. Podem ser usados em levantamentos aerofotográficos com câmeras convencionais de alta definição, sensores e câmeras termais e multiespectrais. “Essa tecnologia é capaz de identificar com precisão a existência de pragas e falhas em lavouras e áreas atingidas por erosão e assoreamento de rios”, explica Kancelkis. Lançado em 2011, o Tiriba tem motor elétrico e pode atingir os 100 km/h, se mantendo em operação por até meia hora. O drone está sendo usado num projeto-piloto de monitoramento ambiental em parceria com a Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo. “Já realizamos alguns voos, mas o vant ainda está em fase de certificação na Agência Nacional de Aviação Civil [Anac], instituição responsável pela emissão de autorizações para voos dessas aeronaves”, diz.
Agricultura de PrecisãoA empresa também tem investido em novos modelos, como o VSX, aeronave desenvolvida em parceria com a Aeroálcool, com sede em Franca, interior paulista, e o INCT-SEC. Com autonomia de voo de 20 horas, o vant pode cumprir missões com até 4 mil km de alcance numa velocidade de 200 km/h. “O VSX foi projetado para carregar um radar do tipo SAR que permite mapear, no caso de uma floresta, não só a copa das árvores, mas também o que está por debaixo delas, no solo”, conta Kancelkis. O projeto recebeu R$ 2 milhões da Finep. A ideia é que o VSX seja utilizado pela fabricante do radar, a Orbisat, com sede em Campinas, em áreas de conflito urbano, calamidades e no monitoramento de fronteiras. A AGX também acaba de firmar uma parceria com a Universidade de Purdue, nos Estados Unidos. “O objetivo é atuar no segmento de agricultura de precisão naquele país, além de desenvolver novas tecnologias para sensoriamento remoto”, diz.Entre 2010 e 2013, a XMobots, empresa com sede em São Carlos, realizou um trabalho de mapeamento e quantificação do desmatamento em torno da Usina Hidrelétrica de Jirau, em construção no rio Madeira, em Rondônia. “O objetivo era que nosso vant, o Apoena, fizesse a captação de imagens que revelassem se a atividade realizada pelas empresas estava de acordo com a legislação ambiental”, explica Giovani Amianti, um dos sócios da XMobots, que também recebeu financiamento do Pipe em 2007. Depois de alguns meses, as imagens produzidas pelo drone passaram a ser usadas como parâmetro para determinar o metro quadrado que cada empresa havia desmatado. O Apoena realizou operações durante 18 meses e em seguida foi substituído pelo modelo Nauru por mais um ano. “Agora o Apoena está numa fase de maturação tecnológica. Pretendemos lançar uma nova versão no início de 2014; uma aeronave maior, com capacidade de voo superior a 8 horas, mais segura e capaz de operar em cidades”, diz Amianti.
O Nauru é um drone menor que o Apoena, com autonomia de 5 horas, 15 kg e envergadura de 2,3 metros. Em maio, o vant obteve da Anac o Certificado de Autorização de Voo Experimental. “Com isso nos tornamos a única empresa do país autorizada pela Anac a fazer voos voltados à pesquisa e desenvolvimento de drones. Até então, apenas a Polícia Federal possuía vants civis aptos a voar no Brasil”, conta Fábio Henrique Assis, diretor da XMobots. Mas ele explica que o trâmite legal para essa aeronave é mesmo mais simples, já que o Nauru será usado para fins agrícolas, em espaço aéreo segregado. Em junho, durante uma feira de geotecnologia realizada em São Paulo, a empresa lançou o Echar, um novo modelo de 2,1 metros de envergadura, 6 kg e autonomia de 60 minutos. Suas aplicações variam do monitoramento de garimpo ilegal, extração irregular de madeira, invasão de áreas ambientais à previsão de produção agrícola. “O Echar foi desenvolvido a partir da demanda de nossos clientes”, conta Amianti.Também em Gavião Peixoto, município próximo a São Carlos, no interior de São Paulo, pesquisadores da Embrapa Instrumentação usam drones na área de agricultura de precisão. Um modelo diferente, semelhante a um mini-helicóptero, faz sobrevoos periódicos em plantações de laranja para detecção do greening, doença que afeta o amadurecimento dos frutos, deixando as folhas das plantas amareladas. “Usamos vants em atividades agrícolas desde 1998, com o projeto de Aeronave de Reconhecimento Assistida por Rádio e Autônoma (Arara) em parceria com o professor Onofre, da USP” (ver Pesquisa FAPESP n° 123), conta o engenheiro eletrônico Lúcio Jorge, da Embrapa. “Investimos no desenvolvimento de metodologias de processamento de imagens para drones de baixo custo.” O mini-helicóptero sem piloto, usado para pulverização no controle de pragas em culturas de arroz, soja e trigo, foi adquirido pela Embrapa da empresa Rotomotion, dos Estados Unidos. “Esse projeto nos permitiu desenvolver softwares e sistemas de captura de imagens para as diferentes aplicações agrícolas no Brasil”, diz o pesquisador. “Mas o projeto requer mais investimento, sobretudo pelo fato de a Rotomotion ser uma empresa pequena, tendo dificuldades em atender às demandas no Brasil, como treinamentos e ajustes no sistema.” A Embrapa conta ainda com sistemas multirrotores, os chamados multicópteros, com software livre, que são uma opção tecnológica mais barata.
Mesmo com o desenvolvimento acelerado do setor, os voos de vants ainda carecem de regras específicas. “Nos baseamos em normas existentes para as aeronaves tripuladas”, explica Assis, da XMobots. Hoje os principais fatores de risco associado ao voo de drones no mundo se referem à segurança das pessoas em áreas por eles sobrevoadas, possível colisão com aeronaves que compartilham do mesmo espaço aéreo e danos materiais numa eventual queda. “Eles devem ser tratados como aviões, não como brinquedos”, diz João Batista Camargo Júnior, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP. Para ele, regras específicas devem ser criadas de acordo com a aplicação que o drone terá. Segundo Nei Brasil, presidente da Flight Technologies – empresa que já desenvolveu e entregou ao Exército e a Marinha três drones de pequeno porte –, a Anac pretende regulamentar o voo de vants civis até 2014. “A Anac segue as recomendações da Organização de Aviação Civil Internacional, que criou grupos de trabalho para discutir regras para a adoção de vants pelo mercado civil”, diz. Para Camargo Júnior, o país precisa estar atento. “As autoridades aeronáuticas devem zelar pela segurança da população em relação aos vants sem comprometer a pesquisa e o desenvolvimento da indústria nacional.”
Projetos
1.
 Um sistema de mapeamento automático de produtividade agrícola (nº 2005/04485-2); Modalidade Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe); Coord.Rafael Alexandre Ferrarezi/AGX; Investimento R$ 52.152,00 (FAPESP).

2. Projeto de um sistema aviônico certificável para veículos aéreos não tripulados (vants) de aplicação civil (nº 2007/55661-0); Modalidade Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe); Coord. Giovani Amianti/XMobots;Investimento R$ R$ 56.940,84 e US$ 16.670,37 (FAPESP).
FONTE FAPESP ..SNB

Agentes da CIA conseguem atuar livremente no Brasil

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO


Pelo menos uma vez por semana, dois agentes da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, chegam a um dos prédios da Polícia Federal em Brasília, no setor policial sul da capital.
Em menos de cinco minutos, eles passam pela portaria e se dirigem a uma reunião em um dos edifícios onde ficam os cerca de 40 agentes brasileiros da Divisão Antiterrorismo (DAT).
A desenvoltura dos americanos não é por acaso: ali, os computadores, parte dos equipamentos e até o prédio, dos anos 90, onde estão reunidos e trabalham os policiais que investigam terrorismo no Brasil, foram financiados pelos EUA.
Nas duas últimas semanas, a Folha entrevistou policiais federais, militares da inteligência do Exército e funcionários do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.
Todos admitem que os acordos de cooperação entre a Embaixada dos EUA e a PF são uma formalidade. E que, na prática, os americanos têm atuação bastante livre em território brasileiro. Procurada, a Embaixada dos EUA no Brasil não se pronunciou.
Segundo a Folha apurou, a atuação da inteligência americana no Brasil não se limita à espionagem eletrônica, revelada em documentos do ex-analista da NSA (Agência de Segurança Nacional) Edward Snowden.
Os americanos estão espalhados pelo país atrás de informações sobre residentes no Brasil, brasileiros ou não. Eles dão a linha em investigações e apontam quem deve ser o alvo dos policiais federais, dizem essas fontes.
Na prática, os americanos acabam se envolvendo em operações das mais diversas.
Em 2004, por exemplo, a Operação Vampiro, que desmantelou uma quadrilha que atuava em fraudes contra o Ministério da Saúde na compra de medicamentos, teve participação da CIA.
Em 2005, os americanos estiveram diretamente envolvidos no rastreamento do lutador de jiu-jítsu Gouram Abdel Hakim, suspeito de pertencer a uma célula da rede terrorista Al Qaeda.
POLÊMICA
A parceria entre a Embaixada dos EUA e a Polícia Federal --formalizada por meio da assinatura de um memorando em 2010, mas ativa na prática desde muito antes disso-- é polêmica.
Um de seus críticos é o ex-secretário nacional Antidrogas Walter Maierovitch. "Opinei pela não oficialização do convênio, em relação às drogas, porque era um acobertamento para a espionagem desenfreada, sem limites", lembra Maierovitch.
À época, a justificativa para o convênio era que o auxílio entre americanos e brasileiros serviria para o combate às drogas. Depois do 11 de Setembro, no entanto, o foco passou a ser o terrorismo.
Os americanos mantêm escritórios próprios no Rio, com a justificativa da realização da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016, e em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para vigiar a atuação das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na fronteira.
"O que mais tem é americano travestido de diplomata fazendo investigação no Brasil", afirma o policial federal Alexandre Ferreira, diretor da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais).
Cinco bases da PF para o combate ao terrorismo funcionam hoje no país --no Rio, em São Paulo, em Foz do Iguaçu e em São Gabriel da Cachoeira. Todas contam com equipamentos e tecnologia da CIA para auxiliar nos trabalhos, e há agentes americanos atuando em parceria com os brasileiros.
"O problema não é a parceria. O problema é do Brasil, que não faz o dever de casa e não se protege contra esse 'amigo' que busca, na verdade, seus interesses", diz o professor Eurico Figueiredo, do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF (Universidade Federal Fluminense).
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ATUAÇÃO DA CIA NO BRASIL
O ACORDO
O acordo entre a Polícia Federal e a Embaixada dos Estados Unidos foi formalizado em 2010
REPRESENTANTES
Quem representa o governo americano no acordo é a CIA, a Agência Central de Inteligência. Na PF é a Divisão Antiterrorismo (DAT)
OBJETIVO
A cooperação técnica prevê intercâmbio, compartilhamento, transferência de conhecimento, apoio de qualquer natureza e fomento de programas, projetos e ações voltados para o combate ao terrorismo
INVESTIMENTO
O acordo não prevê financiamento de nenhum programa
BENEFÍCIOS
Policiais federais contam que os computadores do DAT foram doados pelos americanos. Em cursos nos Estados Unidos, os policiais brasileiros ganham dos americanos a hospedagem e o aluguel de carros durante o período de estudo
DAT/CIA
As unidades dividem três bases no país: São Paulo, Foz do Iguaçu (PR) e São Gabriel da Cachoeira (AM). As reuniões semanais em Brasília acontecem em prédio construído com ajuda dos americanos na década de 1990
DENTRO DA LEI
Os agentes do DAT buscam autorização judicial e assim investigam ações de possíveis grupos terroristas no país a partir de informações passadas pela CIA
ZONA CINZA
Assim são chamadas pelos policiais federais algumas técnicas dos espiões americanos no país: invasão de sistemas, compra de informações e suborno de funcionários de empresas públicas ou privadas
DIPLOMACIA
Alguns espiões têm cargos na embaixada americana em Brasília ou nos consulados do Rio, de São Paulo, Porto Alegre (RS), Recife (PE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Manaus (AM)
FONTE ..FOLHA ..SNB

Modernização dos aviões de combate AF-1 da Marinha do Brasil

Por Ivan Plavetz
Em 03 de setembro, na unidade da Embraer Defesa e Segurança (EDS) de Gavião Peixoto, aconteceu mais um voo do primeiro protótipo do programa de modernização da frota de aviões de combate AF-1 Falcão (A-4KU Skyhawk) da Marinha do Brasil (MB). Designado AF-1B, a aeronave foi comandada pelo capitão-de-corveta (FN) Paulo Mário, sendo a primeira vez que um piloto de asas fixas da MB experimenta o renovado avião.O AF-1B demonstrador de conceito do programa realizou seu voo inaugural no dia 17 de julho, sendo o primeiro dos 12 exemplares selecionados para receberem a modernização. O contrato assinado entre a Marinha do Brasil e a EDS em abril de 2009 prevê a revitalização estrutural e a integração de avionica no estado-da-arte, incluindo um novo painel dotado de mostradores multifuncionais digitais (MFD), radar multipropósito IAI/Elta EL/M 2032, sistemas eletrônicos de autodefesa e datalink.
SNB

sábado, 14 de setembro de 2013

LAÇADOR - Força Aérea Brasileira emprega mais de 60 aviões em operação na Região Sul

A Região Sul do país é o cenário da Operação Laçador que inicia na próxima segunda-feira (16) e vai até o dia 27 de setembro. No exercício simulado, sob a coordenação do Ministério da Defesa, militares da Força Aérea Brasileira (FAB), da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro treinam e simulam situações de conflito. As missões desenvolvidas, simultaneamente, nos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná tem o objetivo de aprimorar a integração entre as Forças Armadas no Sul. 

A Laçador também capacita as tropas das unidades militares do Sul em ações de combate e apoio logístico. Cerca de 1500 militares da FAB estão envolvidos em atividades de infiltração e exfiltração aérea, assalto aeroterrestre, ressuprimento aéreo, defesa aérea, ataque a locais estratégicos, varredura, apoio aéreo aproximado, patrulha antissubmarino e reconhecimento aéreo. São 64 aeronaves da FAB que participam do exercício simulado, com o envolvimento da Base Aérea de Canoas (BACO), Base Aérea de Santa Maria (BASM) e Base Aérea de Florianópolis (BAFL). 

A integração entre as Forças Armadas permeia toda a Operação Laçador. Aeronaves de ataque da FAB fazem a cobertura de tropas do Exército e as aeronaves P-3AM vão simular a defesa e a tomada do 
controle da região marítima com a Marinha do Brasil, no Porto de Rio Grande. As atividades ocorrerão, inclusive, durante as madrugadas da Região Sul, em que os militares da Aviação de Transporte da FAB farão treinamentos de lançamento de paraquedistas da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército Brasileiro e com o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARASAR). Será realizada, ainda, uma Ação Cívico-Social (ACISO), na cidade de Nova Santa Rita (RS). 

Conheça algumas missões 
Infiltração aérea – Uma pequena quantidade de paraquedistas militares é lançada em um determinado território para prepararem uma Zona de Lançamento, para receber o restante da tropa paraquedista. 

Assalto Aeroterrestre – Missão em que um grande número de paraquedistas são lançados em uma determinada área, com o objetivo de tomar a posição de inimigo. Normalmente, é realizado na luminosidade baixa ao nascer do dia. O objetivo é surpreender e tomar a área inimiga.

Ressuprimento aéreo – Cargas são lançadas dos aviões em pleno voo e, com o uso de paraquedas, chegam ao solo em condições de que seu conteúdo seja recuperado pela tropa paraquedista em solo. 

Reabastecimento em voo - As aeronaves transferem combustível de uma aeronave para outra. A sigla usada pelos militares para a missão é REVO. 

Reconhecimento aéreo – Nestas missões, as tripulações coleta dados específicos sobre forças inimigas e áreas sensíveis. O especialista faz a imagem da área, analisa a vulnerabilidade do local e leva todo o material para que decisões estratégicas possam ser tomadas pelo comando da operação. 

Ataque a locais estratégicos – As aeronaves atacam locais estratégicos do inimigo com aeronaves a baixa altura. 

Defesa aérea – Os caças atuam no combate aéreo e fazem a escolta e a proteção às aeronaves de ataque e de transporte. 

V
arredura – Caças fazem uma varredura antes da ação das aeronaves de ataque. Os F-5M, por exemplo, podem lançar misseis e fazer cobertura radar com o objetivo de possibilitar o ataque de aeronaves a baixa altura em pontos estratégicos do inimigo. 

Patrulha – As aeronaves de patrulha realizam missões para detectar possíveis forças inimigas e, se for necessário, acionam caças para combater os adversários, tanto navios quanto submarinos. 

Apoio aéreo aproximado – Na missão, as aeronaves E-99 atuam como um radar móvel e acompanha as aeronaves vigiadas. Os aviões têm radares móveis aeroembarcados, o que é fundamental para assegurar a leitura radar de todo o espaço aéreo e sobre aeronaves voando a baixa altura.

 F-5M – É um caça tático de defesa aérea e ataque ao solo. O F-5M é extremamente manobrável e rápido, constituindo-se um excelente avião para combates aéreos.

A-1 – É um avião de ataque ar-superfície usado para missões de interdição, apoio aéreo aproximado e reconhecimento aéreo. O AMX é capaz de operar em altas velocidades subsônicas a baixa altitude, tanto de dia quanto de noite, e se necessário, a partir de bases pouco equipadas ou com pistas danificadas.

 A-29 – O A-29 Super Tucano é uma aeronave turboélice de ataque leve e treinamento avançado, que incorpora os últimos avanços em aviônicos e armamentos.

F-2000 – Caça supersônico para defesa aérea. O Mirage F-2000 pode atingir 2,2 vezes a velocidade do som, que é de mais de 330 metros por segundo.

P-3AM – O P-3AM Orion é uma aeronave de patrulhamento marítimo de longo alcance e guerra antissubmarino com base em terra. Os sensores do P-3AM conseguem identificar os rastros na superfície do mar e, desta forma, identificar a embarcação de origem, mesmo muitas horas depois da abertura dos tanques. A aereonave pode fotografar o navio infrator e encaminhar as fotos com um relatório para as autoridades ambientais, por exemplo, como prova para a aplicação de multas. 
P-95 – O P-95 Bandeirante Patrulha, também conhecido pelo apelido de "Bandeirulha", foi criado a partir do avião de transporte leve C-95 Bandeirante, e tem como função o patrulhamento marítimo.

C-130 – É uma aeronave com quatro turbopropulsores que tem como função principal o transporte aéreo em várias Forças Armadas em todo o mundo. O Hércules tem capacidade para 88 militares ou 64 paraquedistas. A versão para reabastecimento em voo de caças é o KC-130. 

C-105 – É um bimotor turbo-hélice desenvolvido para o transporte tático militar e empregado no lançamento de paraquedistas e

C-105 – É um bimotor turbo-hélice desenvolvido para o transporte tático militar e empregado no lançamento de paraquedistas e carga. A aeronave é a principal responsável pelo suporte logístico na Região Amazônica. Para as missões de busca e salvamento existe a versão SC-105. 
 R-99 – É uma aeronave de sensoriamento remoto, capaz de realizar o imageamento cartográfico em altíssima resolução de objetivos no solo, a grande altitude, havendo ou não densa cobertura natural por meio de sofisticados sensores que cobrem as variadas faixas do espectro eletromagnético.

RA-1 – É a versão de reconhecimento do caça A-1. 

 RQ-450 – O Hermes 450 é um veículo aéreo não-tripulado de alto desempenho multi-missão que opera em qualquer condição climática, em períodos de paz ou de conflito, noite/dia, sem a necessidade de alocar tropas em áreas de risco. O ARP pode permanecer em voo totalmente carregado por mais de 15 horas realizando as diversas missões de aquisição e designação de alvo, missões de inteligência, entre outras.

E-99 – É uma aeronave de alerta antecipado e controle com capacidade autônoma de vigilância e controle aéreo. É capaz de prover dados de inteligência sobre aeronaves 
voando a baixa altura, sobretudo na Amazônia Brasileira.

H-60 – É um helicóptero médio bimotor de transporte de tropas e carga e assalto.

H1-H – Helicóptero destacado para atividades de busca e salvamento.


Fonte: Agência Força Aérea SNB

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

BRASIL PROPÕE À ARGENTINA ALIANÇA PARA DEFESA CIBERNÉTICA

Janaína Figueiredo - Correspondente
 
BUENO AIRES - Em meio à crescente tensão gerada pelas atividades de espionagem do governo americano, que envolveram até a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras, o ministro da Defesa, Celso Amorim, desembarcou ontem em Buenos Aires com uma importante mensagem para o governo argentino: o Brasil considera fundamental iniciar um processo de cooperação em matéria de defesa cibernética com "seu principal parceiro estratégico". 
 
A defesa cibernética é, talvez, a mais importante área para a Defesa no século XXI. Cada vez se tornará mais difícil usar armas convencionais, é praticamente impossível, salvo casos isolados, o uso de outras armas de destruição de massas. As armas cibernéticas podem ser armas de destruição de massas, e nós temos de estar preparados para nos defender — disse Amorim, em conversa com correspondentes brasileiros na embaixada do Brasil, em Buenos Aires. 
 
O ministro, que veio acompanhado pelo diretor do Centro de Defesa Cibernética do Exército, general José Carlos dos Santos, assegurou que, nessa matéria, "é muito importante a cooperação com outros países da América do Sul, começando pela Argentina". 
 
Como será essa cooperação, ainda não sei, temos de evoluir, até porque nosso centro ainda é um pouco embrionário. Mas os passos iniciais devem ser rápidos, porque o mundo está mudando rapidamente — enfatizou Amorim, que foi recebido pela presidente Cristina Kirchner na residência oficial de Olivos. 
 
Hoje, o ministro conversará sobre esse e outros assuntos com seu colega de pasta argentino, Agustin Rossi (nomeado recentemente), e com o chanceler Héctor Timerman. 
 
Um dia depois de o ministro das Relações Exteriores, Luiz Figueiredo, ter se reunido com a chefe do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, em Washington, para intensificar a queixa do Brasil pelas atividades de espionagem do governo americano, Amorim referiu-se ao encontro: 
 
Não conheço o resultado das conversas do meu colega Figueiredo com a Susan Rice, mas um dos casos recentes (Amorim não quis mencionar especificamente a espionagem à Petrobras) ilustra como essa questão da cibernética está ligada aos recursos naturais... e nossa região é muito rica em recursos naturais, energia, petróleo, alimentos... — comentou o ministro. Para Amorim, o Brasil nunca será capaz de proteger seus recursos sem uma adequada defesa cibernética.
 
O risco não é só espionagem, é também de sabotagem... a guerra cibernética é a guerra do futuro, esperamos que não aconteça — frisou. 
 
Perguntado sobre novas medidas para reforçar a segurança na costa brasileira, o ministro lembrou que a região é "uma preocupação central da Defesa" mas não revelou mais detalhes. Amorim insistiu em deixar claro que "ninguém superará suas vulnerabilidades integralmente. Temos de entender a importância do assunto, trabalhar, mas saber que o Brasil é vulnerável, como também são os Estados Unidos".
 
— O que pudermos fazer em conjunto com outros países da América do Sul, principalmente com a Argentina, será bom — reforçou o ministro. 
 
A cooperação entre os países da região em matéria de defesa cibernética começou a ser discutida pelos presidentes do Mercosul na última cúpula do bloco, em julho passado, em Montevidéu, no Uruguai. 
FONTE O GLOBO..SNB

terça-feira, 10 de setembro de 2013

NOVO FUZIL É APOSTA DA IMBEL PARA RECUPERAÇÃO FINANCEIRA

Marcos de Moura e Souza
Após uma fase de sérias dificuldades financeiras, a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), fabricante armamentos vinculada ao Ministério da Defesa, acredita estar perto da virada. A empresa começou a produzir o novo modelo de fuzil que espera ser o escolhido pelos militares para substituir parcialmente os FAL 7.62 que estão nas mãos das três forças. O ministério fala em trocar 10 mil fuzis por ano a partir de 2014.
O negócio também interessa à fabricante gaúcha de armas Forjas Taurus. A Imbel, no entanto, está num estágio mais avançado do que a concorrente do Sul. Mil e quinhentos Imbel A2 - ou apenas IA-2 calibre 5.56 - já foram fabricados para testes militares e a empresa afirma que a capacidade de produção da maior de suas cinco fábricas, em Itajubá, sul de Minas Gerais, é suficiente para atender à toda futura demanda da Defesa.
Para fazer parte do cardápio de compras das Forças Armadas, o IA-2 precisa ainda passar por uma última etapa da burocracia militar: o termo de adoção, o que a Imbel calcula que será emitido em breve.
Um contrato de 10 mil fuzis IA-2 envolveria um valor aproximado de R$ 55 milhões, disse ao Valor o diretor industrial da empresa, o coronel da reserva Alte Zylberberg. "Esse fornecimento representaria a estabilidade da fábrica de Itajubá no mínimo por dez anos; e a estabilidade de Itajubá é a estabilidade da Imbel e a possibilidade continuidade de recuperação."
A Imbel viveu anos conturbados, com alto endividamento e atrasos sucessivos nas entregas (veja reportagem ao lado). A empresa vem se reequilibrando e este ano a previsão é faturar R$ 105 milhões - isso se os contratos que espera ainda fechar nos próximos meses sejam concretizados. Se isso não ocorrer, a previsão é que o faturamento fique em R$ 67 milhões, disse Zylberberg, pouco mais do que os R$ 65 milhões de 2012.
A Imbel define o IA-2 como o primeiro fuzil nacional. Foi desenvolvido por sua equipe de engenheiros e usa componentes do belga FAL e do americano M16. A arma passou por testes militares do Exército, Marinha e Aeronáutica. Isso significa que soldados já saltaram com ele de paraquedas, o usaram para tiros submersos, o testaram em ambientes tomados por poeira, em campos frios do Sul e na umidade e calor da Amazônia.
"A expectativa da Imbel é que parte dos FAL 7.62 [usado pelas Forças Armadas] seja substituída pelo IA2 5.56, que é mais leve, compacto e moderno; e que parte seja convertida no IA2 7.62 [uma versão mais moderna que a Imbel faz aproveitando a arma antiga] e que com isso se abra, principalmente, o mercado sul-americano", disse Zylberberg. "Temos vários países na expectativa. Já existem conversas. Estou protelando uma viagem a um país da América do Sul com negócio praticamente fechado. Existem várias consultas." Fora da região, a Imbel recebeu proposta de compra da Arábia Saudita.
Da mesma família do novo fuzil, a carabina IA-2 está em uso há dois anos por policias militares e civis no Brasil e mais 15 mil unidades foram vendidas, diz Zylberberg.
A Imbel tem uma longa história como fabricante do fuzil FAL no país. Além de ter suprido as Forças Armadas do Brasil, vendeu a arma para mais de 20 países na América do Sul, América Central e África. O FAL, concebido no pós-Segunda Guerra pela belga F. N. Herstal, foi um fuzil de sucesso mundo afora. Quase 100 países o empregaram. Mas lentamente foi perdendo espaço para um fuzil originalmente americano, calibre 5.56. Hoje é esse o calibre padrão dos países que integram a OTAN e usado por outros fora da aliança, como o Brasil.
A expectativa do Ministério da Defesa, segundo a assessoria de imprensa, é adquirir cerca de 10 mil novos fuzis por ano. Para isso, o Congresso precisa aprovar um plano de modernização das forças que está em tramitação e é preciso orçamento. O ministério estima que a partir de 2014, comece, pelo Exército, a substituição parcial dos 200 mil fuzis das forças de Defesa.
Ainda segundo o ministério, só o IA-2 atende aos requisitos operacionais básicos (ROC), um novo critério criado em 2012 pelo governo para habilitar produtos para serem adquiridos pelas três forças. Mas, ainda segundo o ministério, há a possibilidade de que a Taurus também apresente um fuzil.
"A Forjas Taurus pretende produzir um fuzil de assalto chamado FAT 556, equivalente ao M4, um dos fuzis mais modernos do mundo. Este produto é de uso exclusivo para as Forças Armadas e está em fase de apostilamento pelo Exército", disse a empresa. O apostilamento é um conjunto de testes feito pelo Exército pelo qual um armamento precisa passar para poder ser comercializado. Além de oferecer às Forças Armadas, a Taurus diz que pode exportar o fuzil.
  FONTE VALOR ..SNB

Espionagem contra Dilma atrapalha lobby dos EUA para venda de caças

Decisão a ser tomada pela presidente deverá ser motivada pelo critério da “confiança mútua” entre países. França e Suécia superaram desvantagens técnicas

O episódio de espionagem norte-americana sobre os contatos da presidente Dilma Rousseff pode ter acabado com as chances dos Estados Unidos de firmar um contrato com o Brasil para a venda de 36 caças para reequipar as Forças Armadas. A decisão a ser tomada pela presidente Dilma Rousseff deverá ser motivada muito mais pelo critério da “confiança mútua” entre países, que pelas vantagens técnicas do modelo norte-americano F-18 Super Hornet, fabricado pela empresa Boing.
Denúncias: Após Dilma, Petrobras teria sido alvo de espionagem dos EUAPor se tratar de estratégia de defesa, o assunto vem sendo tratado a sete chaves pelo alto comando das Forças Armadas, pelo Ministério da Defesa e pela presidente. No entanto, é comum no governo a avaliação de que os Estados Unidos não preenchem mais os requisitos para atender ao contrato, que pode chegar a R$ 5 bilhões, definido no projeto FX-2, que prevê a reequipar as Forças Armadas.
A proposta, dizem interlocutores da presidente, foi pensada não como uma simples compra de equipamentos, mas como um acordo de longo prazo com o objetivo de desenvolver a tecnologia nacional por meio de transferência de conhecimento.
Além disso, o governo também tem levado em consideração que, nos últimos três anos, os outros dois modelos concorrentes conseguiram superar algumas desvantagens técnicas em relação ao modelo norte-americano, já utilizado por muitos países com grande desempenho.
Quando a decisão de compra foi tomada, ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o caça francês Rafale, fabricado pela Dassault, era utilizado somente na França. Atualmente, a Dessault conseguiu fechar um contrato com a Índia, que já vem utilizando os aviões.
Parceria
Conta ainda em favor da França, a experiência considerada exitosa envolvendo a construção de cinco submarinos, sendo um deles de propulsão nuclear. O primeiro desses submarinos já está em fase adiantada de construção no estaleiro de Itaguaí (PR) com total transferência de tecnologia. A parceria com a França prevê a construção dos outros quatro submarinos até 2025.
O país europeu só não aceitou compartilhar a tecnologia do propulsor nuclear que servirá para o quinto submarino, por isso a Marinha brasileira já se ocupa em desenvolver o equipamento no tamanho e nas condições específicas para esse equipamento.
Pesa contra os franceses o custo mais alto da aeronave e da reposição de suas peças. No entanto, o próprio governo brasileiro pondera que esse é preço por desenvolver autossuficiência no setor, decisão tomada pela França desde o governo do presidente Charles de Gaulle, no início da década de 1960.
Já o sueco Gripen NG, da empresa Saab, era apenas um projeto quando entrou na concorrência. Hoje, já existem aviões em teste. Pesam contra a Gripen o fato de que muitos componentes são comprados de outras empresas. Conta a favor a total disposição da Suécia de transferir tecnologia para a construção de caças mais modernos, chamados de 5ª geração. O F-18 Super Honet e o Rafale fazem parte da 4ª geração de caças.
Urgência
A valorização da “confiança mútua” é posição pessoal do ministro da Defesa, Celso Amorim, que considerou gravíssimo o episódio do monitoramento dos contatos de Dilma Rousseff. Também é posição do comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) Junite Saito, que defendeu que o critério “geopolítico” seja considerado pela presidente. Saito espera que a compra seja fechada até o final desse ano.
A urgência alegada por Saito leva em consideração o fato de que, mesmo que a compra se efetive em 1013, o governo não conseguirá garantir que os aviões estejam à disposição para substituir os aviões do tipo Mirage 2000-C, também produzidos pela Dessault, que até 2015, vencem seu prazo de uso. Dos 12 caças Mirage 2000-C, seis já saem de operação no final deste ano.
Enquanto aguardam a posição de Dilma, a Aeronáutica trabalha na definição um novo desenho de para que um nível mínimo de segurança aérea seja mantido. O governo tem ciência de que o país não terá o nível de segurança aérea atual. Este novo desenho inclui equipar as aeronaves F-5M com funções de caça e interceptador desempenhadas pelo Mirage 2000-C, até que a presidente Dilma Rousseff decida quem será o vencedor do processo de aquisição dos novos aviões.
Tensão
Enquanto não toma a decisão, Dilma tem dado chances aos Estados Unidos de tornar menos constrangedor o episódio. Na conversa de 40 minutos com o presidente Barack Obama , realizada na semana passada em São Petersburgo, na Rússia, Dilma deixou claro que cabe a ele a responsabilidade de criar condições políticas para que a visita de Estado da presidente ao país norte-americano, planejada para outubro ocorra.
Por enquanto, a viagem está suspensa. Na conversa, a presidente brasileira disse que essa condição política depende de seu conhecimento de tudo que foi monitorado.
No encontro, Obama assumiu a responsabilidade de cuidar pessoalmente do caso e prometeu uma resposta até esta quarta-feira (10). Na segunda, por meio de nota, Dilma também se referiu às denúncias de espionagem americana sobre a Petrobras, caso que ela mesma já havia citado na entrevista concedida na Russia.
A presidente considerou que as denúncias evidenciam interesses econômicos e estratégicos da espionagem dos Estados Unidos e não somente a segurança nacional e o combate ao terrorismo.
FONTE  IG..SNB