domingo, 27 de janeiro de 2013

Vocabulário da Guerra dos Drones


AUMF: Autorização de Uso de Força Militar, uma lei aprovada pelo Congresso dias após os ataques de 11 de setembro de 2001, autorizando o presidente a usar de "toda a força necessária e apropriada" contra qualquer pessoa envolvida nos ataques ou que desse abrigo aos envolvidos. Baseados na AUMF, tanto Bush quanto Obama reivindicaram autoridade ampla para deter e matar suspeitos de terrorismo.
AQAP: A Al Qaeda na Península Arábica é a filial iemenita da Al Qaeda ligada à tentativa de explosão de um avião comercial no dia de Natal de 2009.
No último ano os EUA intensificaram os ataques à AQAP, alvejando líderes e também militantes não especificados"Disposition Matrix": Um sistema para rastrear alvos terroristas e avaliar quando --e onde-- eles podem ser mortos ou capturados. O "Washington Post" divulgou no semestre passado que a matriz é uma tentativa de codificar para o longo prazo as "kill lists", ou listas de alvos da administração.
Glomar: Uma resposta que rejeita um pedido de informação sobre um programa classificado, alegando simplesmente que a existência da tal informação não pode ser confirmada nem desmentida. O nome remonta a 1968, quando a CIA disse a jornalistas que não poderia "nem confirmar nem negar" a existência de um navio chamado Glomar Explorer. Aos pedidos de informações sobre seu programa de drones, a CIA vem dando respostas glomar.
JSOC: O Comando Conjunto de Operações Especiais é um setor de elite e sigiloso das Forças Armadas. Unidades do JSOC realizaram o ataque a Bin Laden, operam os programas de drones das Forças Armadas no Iêmen e na Somália e também realizam coleta de informação.
Ataque a personalidade: Um ataque seletivo contra um indivíduo específico identificado como líder terrorista.
"Signature Strike": Um ataque contra alguém que se acredita ser militante, mas cuja identidade não é necessariamente conhecida. Esses ataques seriam baseados numa análise de "padrão de vida" --ou seja, informações sobre seu comportamento que sugerem que o indivíduo seja militante. Essa política, que teria sido iniciada por Bush no Paquistão em 2008, hoje é permitida no Iêmen.
TADS: Ataque de Interrupção de Ataques Terroristas, termo usado ocasionalmente para descrever alguns ataques em que a identidade do alvo é desconhecida. Funcionários do governo disseram que os critérios que definem esses ataques são diferentes dos critérios que determinam os "signature strikes", mas não está claro de que modo.
QUEM SEGUIR
Para reportagens e comentários no Twitter sobre a guerra com drones:
@drones reúne editoriais, artigos de opinião e notícias sobre drones. É administrado por membros da Electronic Frontier Foundation, que cobre segurança nacional
e manifesta diretamente preocupações com privacidade no uso de
drones dentro dos EUA.
@natlsecuritycnn traz últimas notícias.
@Dangerroom, da "Wired", cobre segurança nacional e tecnologia, incluindo muitas informações sobre drones.
@lawfareblog cobre as dimensões legais dos drones.
@gregorydjohnsen é especialista no Iêmen e acompanha de perto a
guerra nesse país.
@AfPakChannel, da New America Foundation e "Foreign Policy", tuíta notícias e comentários sobre Afeganistão e Paquistão.
FOLHA..SNB

França encurrala combatentes ligados à Al Qaeda no Mali


A guerra do Mali entrou na terceira semana com os franceses encurralando combatentes ligados à Al Qaeda em Gao (1.200 km de Bamaco), um dos principias bastiões dos rebeldes que ocupam o norte do país.
Do ponto de vista militar, começa a fase crítica do combate porque a luta por terra deverá se intensificar.
Desde 11 de janeiro, os franceses retomaram duas cidades do centro do país --Konna e Diabali-- seguindo a mesma fórmula: primeiro, ataques aéreos contra alvos da Al Qaeda antes de ocupar as zonas urbanas com blindados e forças especiais para, depois, entregar as áreas para o Exército malinês.A Al Qaeda do Magreb Islâmico e Ansar Dine, os principais grupos de radicais islâmicos, são capazes de se deslocar rapidamente em caminhonetes quatro por quatro e tiveram mais de sete meses para esconder suprimentos e armas pelo deserto.
Muitos dos rebeldes são veteranos da guerra civil da Argélia nos anos 1990 e dos combates na Líbia que antecederam à queda do ditador Muammar Gaddafi, segundo o Exército francês.
Na semana passada, o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, admitiu que os radicais islâmicos são bem treinados e têm grande conhecimento do terreno. Segundo ele, os rebeldes costumam se misturar à população civil para se proteger de ataques aéreos.
No campo político, as autoridades do Mali começaram a adotar um discurso otimista, prevendo uma vitória completa sobre os grupos que ocuparam o norte do país expulsando, praticamente sem resistência, o Exército local.
Embora tenha apoio logístico e material de uma dúzia de nações, a França é o único país europeu a ter enviado soldados para lutar no solo. O isolamento só não é maior porque Paris conseguiu convencer países vizinhos ao Mali a reforçar o efetivo.
Este isolamento é o foco das críticas que o presidente socialista François Hollande passou a receber da sua oposição de direita.
Quanto mais a guerra durar, mais tende a se agravar a situação humanitária no norte de Mali, um dos países mais pobres do mundo.
Até agora, segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 380 mil pessoas já abandonaram suas casas desde o controle dos radicais islâmicos. O número, segundo a agência, poderá chegar a 700 mil nos próximos meses.
No norte desértico, onde vivem cerca de 1,8 milhão de habitantes, a ofensiva militar interrompeu a chegada de alimentos e medicamentos por causa da linha de cerco imposto pelos franceses.
FOLHA SNB

Drones: controvertidos franco-atiradores


Enquanto Barack Obama se preparava para subir ao palco do Centro de Convenções de Washington e celebrar, dançando, sua segunda posse, apenas um pequeno grupo de manifestantes enfrentava a baixa temperatura e a polícia para protestar.
O alvo único? Aquilo que se tornou a marca --ou mácula-- registrada do primeiro governo do democrata e prêmio Nobel da Paz em 2009: os drones.
A palavra em inglês, roubada da zoologia (significa "zangões"), define aeronaves robóticas, não tripuladas, que conduzem tanto operações de vigilância como de ataque, e se tornou o código para uma controversa política de assassinatos seletivos que Obama ampliou em lugares como o Paquistão, a Somália e o Iêmen.
Números a esse respeito são estimativas com base em registros da imprensa. Mas um surto de mortes ocasionadas por ataques de drones em 2010 --quando elas somaram 818 só no Paquistão segundo a independente New America Foundation-- causou reveses de opinião pública e vozes dissidentes no governo e na academia.
De 20 países analisados pelo Centro Pew de pesquisas em 2012, só nos Estados Unidos uma maioria apoiava seu uso. E um em cada três americanos se opunha a ele.
CAMPANHA
Críticas e pedidos por transparência ganharam eco nos últimos meses, com a campanha que reelegeu Obama --um presidente que diz ter acabado com a tortura em suas fileiras e prometera, sem sucesso, fechar a prisão de Guantánamo para suspeitos de terrorismo, heranças do governo George W. Bush com as quais os drones competem em impopularidade.
"Há exagero do governo [americano] em dizer a toda hora que os drones são a melhor coisa que existe", reclamou em teleconferência nesta semana o almirante Dennis Blair, que de janeiro de 2009 a maio de 2010 foi Diretor Nacional de Inteligência.
"Isso é uma visão de curto prazo para algo que será um problema de longo prazo", afirmou.
Blair, como outros críticos militares e civis, não vê erro no uso de drones, que descreve como "evolução dos franco-atiradores usados por Estados contra inimigos de peso em situações de guerra".
Tampouco teme que ele se reverta a favor dos inimigos --a tecnologia dos robôs armados ainda é privilégio dos Estados Unidos e só agora começa a ser desenvolvida por Israel; além disso, para que ela tenha serventia é preciso contar com uma ampla rede de inteligência da qual outros governos e atores não estatais carecem.
O problema, ressalta o militar, é que falta ao governo transparência para explicitar sua política e a inexistência de balizas ao conduzi-la.
Micah Zenko, um especialista em segurança do influente centro de estudos Council on Foreign Relations, concorda e lista as consequências do silêncio público.
Autor de um estudo abrangente e sóbrio sobre o tema apresentado nesta semana, ele aponta para uma corrosão do "soft power" americano e para a alienação da opinião pública doméstica --ambos, a seu ver, fundamentais para amparar as operações.
"Nas áreas tribais do Paquistão e nas zonas rurais do Iêmen, os drones são a cara da política externa dos Estados Unidos. E, porque nós não articulamos nem descrevemos nossa política, permitimos que outros o façam", ponderou Zenko em entrevista à imprensa. "É um erro estratégico de comunicação."
Seu relatório, "Reformando as Políticas de Ataque com Drones dos Estados Unidos", traz recomendações à Casa Branca, ao Congresso dos Estados Unidos e às instituições internacionais, quase todas voltadas à melhor divulgação de informações, no primeiro caso, e à supervisão e à revisão das ações militares americanas, nos demais.
Uma de suas propostas é a criação de uma associação internacional de fabricantes de drones, que poderia coletar informações e produzir dados hoje inexistentes.
CIVIS
Por ora, o pesquisador usa uma média de estimativas de ONGs para contabilizar em 3.430 os assassinatos por drones nos últimos 12 anos. Ao menos 401 deles, calcula, são de civis. Mas muito poucos, frisa, são de líderes terroristas de alto escalão.
"O governo Obama afirma, por questões legais, que todos os indivíduos visados são líderes sêniores da Al Qaeda e que representam uma ameaça significativa e iminente à segurança dos Estados Unidos", afirma. "Na verdade, não são essas pessoas que os Estados Unidos visam, e isso traz à tona a questão dos 'signature strikes'."
Os "signature strikes" de que Micah Zenko fala são ações que visam militantes não identificados com base em seu perfil, seus padrões de comportamento e redes de contatos --uma aplicação, com pena capital, da máxima "diga-me com quem andas que te direi quem és".
"Os Estados Unidos deveriam explicar melhor sua política e rever esse aspecto, limitando os assassinatos a líderes de organizações terroristas internacionais e indivíduos com envolvimento passado ou corrente em tramas contras os Estados Unidos e seus aliados", argumenta Zenko.
No último domingo, o jornal "Washington Post", citando fontes no governo e militares, revelou que uma cartilha de contraterrorismo que vem sendo preparada pelo governo Obama com objetivo de fixar regras claras sobre potenciais alvos de operações de assassinato seletivo nada diz sobre drones.
folha SNB

sábado, 26 de janeiro de 2013

Reino Unido envia ao Mali um avião-espião


A Força Aérea do Reino Unido enviou ao Mali um avião-espião Sentinel R1 para apoiar a operação militar da França contra os islâmicos armados, informa o Ministério da Defesa britânico.

O ministro da Defesa Philip Hammond declarou que o avião “já provou sua importância na Líbia e em operações contra os rebeldes no Afeganistão”.
A Força Aérea do Reino Unido tem em serviço cinco aviões-espiões Sentinel, mas enviou ao oeste da África apenas um deles.
VOZ DA RUSSIA.. SNB

Para Davos, Brasil perde o brilho e Brics se reduzem ao 'C', de China


O encontro anual 2013 do Fórum Econômico Mundial termina neste sábado (26), com a constatação, no que se refere aos mercados emergentes, de que a sigla Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) perdeu brilho e, a rigor, acaba reduzida ao C, de China.
"A China joga em um campeonato próprio", comentou, por exemplo, John Defterios, editor de Mercados Emergentes da CNN, em debate ontem sobre tais mercados.
O programa irá ao ar amanhã e dirá que "a narrativa sobre a ascensão inevitável e impressionante dos Brics" que marcou Davos nos últimos anos agora está sendo substituída por uma avaliação "mais nuançada".
O que é explicável: o crescimento desses países deixou de ser luminoso. Mesmo o da China, na imponente altura dos 7,8%, é o menor desde 1999 --ou seja, desde antes de o Goldman Sachs inventar a sigla, em 2001.
O Brasil é um caso particular de desapontamento: pelas contas do FMI (Fundo Monetário Internacional), cresceu no ano passado apenas 1%, menos da metade do desempenho da África do Sul (2,3%), o segundo pior resultado do grupo.
Como se fosse pouco, a fila anda: já estão na pista os chamados "Próximos 11", países emergentes candidatos a tomar o lugar do que Defterios chamou de "velha guarda". Entre eles, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Turquia.
De certa forma, o México já atropelou o Brasil como o novo queridinho dos mercados, pelo menos no âmbito latino-americano, até porque cresceu quase quatro vezes mais que o Brasil.
A Nigéria, segundo o presidente de seu banco central, Sanusi Lamido Sanusi, prepara-se para dar um salto para um crescimento de dois dígitos. Para isso, precisa "reexaminar sua relação com a China", de forma a produzir valor agregado na própria África para vender para o país asiático, em vez de simplesmente exportar commodities.
DESAFIO À LÓGICA
É significativo que Carlos Ghosn, o marroquino-brasileiro que preside a Renault-Nissan, tenha cobrado "o desafio à lógica" que representa o fato de o Brasil exportar minério de ferro para a Coreia do Sul, por exemplo, e importar produtos acabados. Ou seja, não produz o valor agregado que a "nova guarda" coloca na agenda.
Já o Brasil não tem ambições tão grandes, ao menos a julgar pelo que disse o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no debate de ontem. Limitou-se a relatar as medidas já anunciadas pelo governo para aumentar a produtividade, via redução do custo da energia e dos impostos sobre a folha de pagamento.
De todo modo, Tombini reafirmou para a plateia global da CNN, de que Davos é um ótimo condensado, que o Brasil retomará um nível mais robusto de crescimento (3% neste ano).
É justo dizer, de todo modo, que Tombini tem um ponto: o magro crescimento de 2012 não impediu o país de criar 1 milhão de empregos e de viver uma situação de virtual pleno emprego.
São esses diferentes números (baixo crescimento/alto emprego) que criam um cenário em que a popularidade da presidente é elevadíssima internamente, mas a imagem do país, externamente, já não tem o brilho de dois anos atrás
  FOLHA.. SNB

Secretária americana alerta para o risco de um '11-S cibernético'


WASHINGTON - O Estado de S.Paulo
A secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Janet Napolitano, defendeu na quinta-feira em conferência no Woodrow Wilson Center uma lei proposta pelo governo do presidente Barack Obama para ampliar o controle sobre a internet. Segundo ela, os Estados Unidos estão sujeitos a um ciberataque em sua infraestrutura, com uma destruição comparável à da ação terrorista da Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001 e aos efeitos da passagem do furacão Sandy,
"Não podemos esperar até que haja um '11 de Setembro' no mundo cibernético. Há coisas que podemos fazer e deveriam estar sendo feitas agora. Se não prevenirem (um ataque), pelo menos mitigariam a extensão de seus danos", afirmou Janet, "Um ciberataque de Estados nacionais ou de grupos extremistas violentos pode ser tão destrutivo quanto o ataque terrorista do 11 de Setembro."
Desde o ano passado, a Casa Branca impulsiona a aprovação da Lei de Proteção e Compartilhamento de Informações Cibernéticas (Cispa, na sigla em inglês). A lei permitiria às autoridades americanas acesso a conteúdos protegidos da internet e a informações confidenciais sobre segurança cibernética de companhias privadas. E-mails e conversas pessoais pela internet poderiam ser monitorados.
Submetido ao plenário do Senado, em agosto, o projeto foi rejeitado, apesar de a maioria dos membros ser do partido democrata. A Casa Branca não desistiu desse caminho e, enquanto pressiona por uma nova votação, prepara um decreto de menor amplitude.
Napolitano não está sozinha nessa pressão. Em sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores, na quarta-feira, o senador John Kerry, futuro secretário de Estado, afirmou que a ameaça de ciberataque será, neste século, equivalente à do ataque nuclear, no século 20. O secretário da Defesa, Leon Panetta, por sua vez, teme um "Pearl Harbour cibernético". / D.C.M.
SNB

Armas e mulheres


GAIL COLLINS - THE NEW YORK TIMES - O Estado de S.Paulo
As mulheres nas Forças Armadas dos EUA terão de servir em combate. E não era sem tempo. "Acredito que as pessoas chegaram à conclusão sensata de que não se pode dizer que a vida de uma mulher é mais valiosa do que a vida de um homem", disse-me certa vez a general da reserva da Força Aérea Wilma Vaught.
Desde quando a recomendação tornou-se pública, na quarta-feira, exceto por críticas da Concerned Women for America ("nossas forças militares não podem continuar preferindo a experimentação social e correção política, em lugar de preparar-se para o combate"), a recepção parece em geral positiva.
É difícil lembrar - tantas partes da história recente parecem difíceis de lembrar hoje em dia -, mas foi o espectro de mulheres sob fogo que, mais do que qualquer outra coisa, ajudou a esmagar o movimento por uma Emenda de Direitos Iguais à Constituição dos EUA nos anos 70. "Nós dizíamos que esperávamos que ninguém entrasse em combate, mas, se entrasse, as mulheres deveriam estar lá também", recordou a feminista Gloria Steinem.
O medo de pôr mulheres nas trincheiras dispersou-se em dois fronts. Um, é claro, foi a mudança do modo como o público americano pensa sobre as mulheres. O outro foi a escassez de trincheiras na guerra moderna, quando um oficial nas linhas de frente não está necessariamente numa posição mais perigosa que um trabalhador de apoio.
Shoshana Johnson, uma cozinheira, foi baleada nos dois tornozelos, capturada e mantida em cativeiro por 22 dias após sua unidade ser separada de um comboio que cruzava o deserto iraquiano. Lori Piestewa, como Johnson uma mãe solteira, estava guiando no mesmo comboio repleto de funcionários e trabalhadores de manutenção. Ela estava conduzindo habilidosamente seu Humvee em meio ao fogo de morteiros quando um caminhão imediatamente à sua frente deu uma guinada e a roda dianteira do seu veículo foi atingida por um foguete. Ela morreu no acidente que ocorreu logo em seguida.
A maior preocupação de segurança para mulheres nas forças militares não é realmente tanto o fogo inimigo, mas sim abusos sexuais de colegas. Como o crime é bem pouco denunciado, é impossível dizer quantas mulheres sofrem ataques sexuais quando estão de uniforme, mas 3.192 casos foram registrados em 2011. Permitir que mulheres recebam os benefícios de servir em postos de combate não agravará essa ameaça. Aliás, poderá melhorar as coisas, pois significará mais mulheres nos altos escalões das Forças Armadas e isso, inevitavelmente, levará mais atenção às questões femininas.
A ideia dos militares sobre o que constitui um posto de combate tem mais a ver com burocracia do que com balas. Hoje, as mulheres estão em patrulhas armadas e aviões de caça. Mas não podem ocupar aproximadamente 200 mil postos oficialmente denominados "de combate", que com frequência trazem melhor remuneração e são o trampolim para promoções. O sistema é complicado. Mas os cínicos poderiam especular se algumas altas patentes militares não temem mais a mobilidade hierárquica das mulheres do que o perigo no front.
"Só temos uma mulher que é general quatro estrelas", disse a senadora Kirsten Gillibrand, de Nova York, membro da Comissão das Forças Armadas do Senado, que elogiou a nova recomendação do Estado-Maior. Foi "um grande passo adiante para nossos militares", disse ela, e um passo que não era de fato esperado. Só recentemente, recordou Gillibrand, ela e seus aliados declararam vitória quando meramente conseguiram uma fraseologia na lei de autorização de defesa requerendo que o Departamento de Defesa estudasse a questão de mulheres em combate.
As mulheres constituem hoje quase 15% dos militares americanos e sua disposição de servir tornou possível a mudança para um Exército só de voluntários. Elas assumiram seus postos com tanta tranquilidade que o país mal tomou conhecimento. O espectro que adversários julgavam impensável - nossas irmãs e mães morrendo sob fogo em terras estrangeiras - já aconteceu muitas vezes. Mais de 130 mulheres morreram e mais de 800 foram feridas no Iraque e no Afeganistão. A Câmara dos Deputados tem uma mulher duplamente amputada, a recém-eleita Tammy Duckworth, de Illinois, uma ex-piloto militar que perdeu as duas pernas quando seu helicóptero foi abatido no Iraque.
Percorremos um longo, por vezes trágico, e heroico caminho. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
* É COLUNISTA E ESCRITORA 
SNB