sábado, 29 de dezembro de 2012

O porta-mísseis Yuri Dolgoruki entra na composição da frota


O cruzador submarino porta-mísseis estratégico Yuri Dolgoruki, principal porta-mísseis do projeto 955 Borei, entrará na composição da frota em 2012.

Para a frota russa é muito oportuno o início de funcionamento do Yuri Dolgoruki: a gradual retirada dos velhos submarinos do projeto 667BDR Kalmar levou a redução séria da composição marítima das forças nucleares estratégicas russas e a introdução mesmo de um novo porta-mísseis será uma ajuda considerável: estarão em plantão de combate 16 mísseis que portam quase 100 ogivas.
Yuri Dolgoruki foi projetado em 1996, mas de fato sua construção começou na década seguinte – o financiamento nos primeiros anos foi quase zero. Esse atraso, junto com o necessário aperfeiçoamento do projeto sob novos equipamentos, fez com que a construção do cruzador se estendesse por longos 12 anos – o lançamento do novo porta-mísseis à água foi somente em fevereiro de 2008. O submarino entrou em testes, depois da construção, já no verão de 2009, mas foi preciso adiar o início de funcionamento – era preciso o acabamento do complexo balístico e dos equipamentos de bordo do submarino e também a construção de obras necessárias da infra-estrutura costeira.
O segundo porta-mísseis da série Alexander Nevsky foi iniciado em 2004. E sua construção foi feita muito mais depressa – o lançamento do porta-mísseis à água foi em dezembro de 2010 e o início dos testes foi no outono de 2011. E já na primavera-verão de 2013 o cruzador deverá ser inaugurado depois de disparos e carregado o conjunto de combate.
O terceiro submarino – Vladimir Monomakh também percorreu o caminho, desde o início até o lançamento, em 6 anos: iniciado em 2006, em 30 de dezembro de 2012 ele será retirado da oficina da Sevmach. Sua inauguração está marcada para 2015. No futuro o prazo de construção de porta-mísseis desde o início até a entrega à frota deverá ser reduzido, graças ao desenvolvimento da produção em série dos agregados necessários e complementos e também à modernização das potencias de produção da própria Sevmach. O programa estatal de armamentos atual prevê a entrega de oito novos porta-mísseis até o ano de 2020.
Os primeiros submarinos do projeto Borei deverão entrar na composição da Frota do Pacífico, entretanto a infra-estrutura costeira em Viliutchinsk (base das forças submarinas da Frota do Pacífico em Kamchatka) por enquanto não está pronta para receber novos submarinos. Espera-se que estes trabalhos serão concluídos até o verão de 2013. Considerando isto, é mais provável que o Yuri Dolgoruki, passará no mínimo os primeiros meses no norte e irá para o oceano Pacífico somente na primavera do próximo ano. Para lá também deverá ir o Severodvinsk, que recebeu esse nome em homenagem à capital da construção russa de submarinos, o primeiro submarino do projeto 885 Yasen, que deverá substituir os submarinos soviéticos de mútiplas finalidades.
Se tudo ocorrer de acordo com os planos, as forças submarinas da Frota do Pacífico, até o final do decênio, estarão praticamente renovadas inteiramente, o que possibilitará falar de renascimento da potência marítima da Rússia nesse sentido. A atenção elevada de Moscou pelo Extremo Oriente é perfeitamente natural, considerando o aumento das forças das outras grandes potências nessa região.
VOZ DA RUSSIA ..SEGURANÇA NACIONAL BLOG

Irã inicia exercício naval no estreito de Ormuz


O Irã iniciou nesta sexta-feira um exercício naval com seis dias de duração no estreito de Ormuz, numa exibição de sua capacidade militar em uma rota fundamental para o transporte mundial de petróleo e gás, informou a agência de notícias oficial Irna.
O comandante da Marinha, Habibollah Sayyari, disse que o exercício "Velayat 91" vai durar pelo menos até quarta-feira sobre uma área de 1 milhão de quilômetros quadrados no estreito de Ormuz, o Golfo de Omã e em partes do oceano Índico, segundo a Irna.
Sayyari disse que o objetivo das manobras é mostrar "as capacidades militares das Forças Armadas" para defender as fronteiras do Irã, além de enviar uma mensagem de paz e amizade aos países vizinhos.
Autoridades iranianas já disseram algumas vezes que o Irã pode bloquear o estreito - por onde passa 40% da exportação marítima de petróleo do mundo - se for atacado militarmente devido à disputa sobre seu programa nuclear.
O Irã realizou um exercício similar de 10 dias em dezembro de 2011, e quatro meses atrás enviou um submarino e um destróier ao Golfo Pérsico, num momento em que os EUA e marinhas aliadas realizavam exercícios nas mesmas águas.
Sayyari disse esta semana que o novo exercício vai testar os sistemas de mísseis dos navios iranianos, os navios de combate, submarinos e métodos de patrulha e reconhecimento.
O Ocidente mantém uma presença firme no Golfo Pérsico com o objetivo de impedir qualquer tentativa de fechamento do estreito de Ormuz
Reuters ..SEGURANÇA NACIONAL BLOG

Rival do GPS, serviço de navegação chinês começa a operar na Ásia


Um satélite de navegação chinês, criado para eventualmente competir com o Global Positioning System (GPS), dos Estados Unidos, começou a oferecer seus serviços para usuários asiáticos, de acordo com a agência AP.
O porta-voz Ran Chengqi afirmou que o Beidou está oferecendo a partir desta quinta-feira serviços de posicionamento, navegação, tempo e mensagens de texto para usuários na região da Ásia-Pacífico.
A China espera que o Beidou gere cerca de US$ 63 bilhões anuais, em serviços para os setores de transporte, meteorologia e telecomunicações. O gigante asiático, e em especial suas Forças Armadas, usa há anos o dominante GPS, dos Estados Unidos. Os chineses temem que Washington possa retirar o sistema do ar em um possível conflito ou emergência.
Terra..SEGURANÇA NACIONAL BLOG

França e países africanos enviam tropas para República Centro-Africana


Após avanço da aliança rebelde, Paris envia grupo de paraquedistas à República Centro-Africana, como "medida de precaução". Nações vizinhas também concordaram em despachar soldados para o país.
Após os recentes protestos contra a embaixada francesa em Bangui, capital da República Centro-Africana, a França aumentou sua presença militar no país. Como informado pelo Ministério da Defesa em Paris na madrugada deste sábado, 150 soldados franceses se deslocaram nesta sexta-feira do Gabão para o Estado africano.
Segundo o ministério, trata-se de uma "medida de precaução" para a "proteção de cidadãos franceses e europeus". O grupo de paraquedistas reforça agora os 250 soldados franceses que já se encontram estacionados na base militar M'Poko, no aeroporto da capital, Bangui.
Há duas semanas, a aliança rebelde Séléka iniciou uma ofensiva armada contra o presidente centro-africano, François Bozizé. Os rebeldes querem derrubar seu governo porque Bozizé teria, supostamente, rompido um acordo de paz assinado em 2007. Várias cidades foram dominadas pelos rebeldes. Milhares de pessoas estão em fuga devido aos combates.
Posição francesa
Na quarta-feira, centenas de apoiadores do governo atacaram a embaixada francesa em Bangui, acusando a antiga metrópole colonial de não reagir frente ao conflito que assola o país.
Por volta de 1.200 franceses vivem na República Centro-Africana. O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, reiterou que Paris pretende, no entanto, ficar fora dos combates.
Países vizinhos enviam soldados
A Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC) se esforça agora por um cessar-fogo. Numa reunião no Gabão, os Estados-membros concordaram com o envio de tropas de países vizinhos para evitar que o governo da República Centro-Africana seja derrubado pelos rebeldes.
No entanto, ainda não se sabe quantos soldados deverão ser enviados e quando eles irão chegar. "Elaboramos agora os preparativos necessários para que a missão possa começar o mais cedo possível", disse o ministro do Exterior do Gabão, Immanuel Issoze-Ngondet. Anteriormente, a CEEAC havia enviado delegações para as duas partes conflitantes.
O presidente François Bozizé apelou por ajuda internacional na última quinta-feira, diante de temores crescentes de que os rebeldes possam atacar a capital, Bangui.
Os Estados Unidos fecharam sua embaixada em Bangui na sexta-feira. Representantes diplomáticos e outros cidadãos norte-americanos e estrangeiros foram retirados do país. O presidente norte-americano, Barack Obama, se recusa a apoiar Bozizé com o envio de tropas.
DW..SEGURANÇA NACIONAL BLOG

Bolívia nacionaliza empresa de eletricidade com capital espanhol


O presidente de BolíviaEvo Morales, promulgou nesta terça-feira (1º) um decreto que determina a nacionalização da empresa Transportadora de Eletricidade S.A., gerida pela empresa Rede Elétrica Internacional, filial do grupo Rede Elétrica Espanhola. De acordo com a agência oficial de notícias da Bolívia, Morales determinou às Forças Armadas a ocupação das instalações da companhia.
"O presente decreto supremo tem por objetivo nacionalizar a favor da Empresa Nacional de Eletrificação (ENDE), representante do Estado Plurinacional, o pacote acionário em mãos da sociedade Rede Elétrica Internacional na Empresa Transportadora de Eletricidade", afirmou Morales em um ato público no presidencial Palácio Quemado.
Morales justificou a desapropriação afirmando que considerou baixo o investimento da empresa espanhola – US$ 81 milhões para 16 anos.
A TDE foi fundada em 1997 e possui 73% das linhas de transmissão, segundo sua página oficial na internet na Bolívia. Cerca de 99,94% de seu capital estava em mãos da Rede Elétrica Internacional e 0,06% pertencia aos trabalhadores da empresa, de acordo com a página da empresa.
O decreto prevê a contratação de uma "empresa independente" para definir o valor a ser pago pelas ações da companhia em um período de 180 dias.
Morales, um descentente indígena de tendência esquerdista, tomou a medida em meio a protestos de sindicatos, que exigem um incremento salarial superior aos 8% oferecidos pelo governo.
O líder boliviano já realizou outras nacionalizações no Dia do Trabalho desde que chegou ao poder em janeiro de 2006, para nacionalizar a produção de petróleo, empresas de eletricidade e de fundições.Repsol
Apesar de suas medidas nacionalistas, Morales tem evitado opinar sobre a decisão argentina de expropiar 51% da petroleira YPF, sob o controle da espanhola Repsol. "É um tema da Argentina e da Espanha", disse ele em recente coletiva de imprensa.
A expropriação decidida pela presidente argentina Cristina Kirchner "não vai nos trazer nenhum problema porque temos uma relação de muita confiança com a Repsol (...). A Repsol, como empresa, respeita todas as normas bolivianas e os investimentos que a Repsol está fazendo vão bem", afirmou.
Depois da nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos em 2006 e após árduas negociações, dez petroleiras estrangeiras, entre elas a Repsol-YPF (que controlava 27% das reservas gasíferas bolivianas), alcançaram acordos com o governo Morales sobre as novas condições para operar na Bolívia.
G-1..SEGURANÇA NACIONAL BLOG

O alto custo da retirada

É JORNALISTA, WALTER, PINCUS, THE WASHINGTON POST, É JORNALISTA, WALTER, PINCUS, THE WASHINGTON POST ----- Estado de S.Paulo
Os Estados Unidos gastaram quase US$ 600 bilhões nos últimos dez anos para instalar suas forças de combate no Afeganistão. Agora terá de gastar mais US$ 5,7 bilhões nos próximos um ou dois anos para transferir ou trazer de volta a maior parte dos soldados e equipamentos enviados para aquele país, segundo o Escritório de Contabilidade do Governo (GAO na sigla em inglês).
O porte da retirada é alucinante. Mas com o "abismo fiscal" se aproximando rapidamente, vale a pena entender que a dispendiosa operação afegã vai para um cartão de crédito, juntamente com US$ l trilhão ou mais gasto no Afeganistão.
Iraque e Afeganistão são as primeiras guerras travadas pelos Estados Unidos em que a sociedade americana não pagou nenhum centavo em impostos adicionais.
O que estávamos pensando? À medida que apresento a lista das novas despesas, considere quem vai pagar por tudo isso e quando. O Congresso e o presidente Barack Obama estão negociando um aumento de receita e um corte de gastos, mas os bilhões que serão usados na retirada do Afeganistão não podem ser reduzidos e precisam ser pagos. O pagamento será analisado no próximo mês, quando o Congresso debaterá um aumento no limite da dívida.
Por outro lado, o Departamento da Defesa estima que o Exército possui mais de 750 mil itens importantes, o equivalente a mais de US$ 36 bilhões, no Afeganistão, incluindo 50 mil veículos e mais de 90 mil contêineres para transporte de material, segundo relatório do GAO.
No ano fiscal de 2011, o Comando de Transporte dos Estados Unidos transportou 268 mil toneladas de suprimentos - mais de 42 mil contêineres - para o Afeganistão, através de rotas ao norte, envolvendo vias férreas e para caminhões passando por países europeus e da Ásia Central. Essas rotas de abastecimento foram criadas depois que os comboios de caminhões que passavam pelo Paquistão foram interrompidos em 2011 em resposta ao ataque americano que matou Osama bin Laden.
O Departamento de Defesa tem três maneiras para se desfazer do material no Afeganistão: transferir o equipamento para outra agência estadual ou federal ou para um governo estrangeiro, destruir o material no Afeganistão ou retorná-lo para outro local do Pentágono. Os Estados Unidos possuem três sítios no Afeganistão e pretende criar um quarto onde o material será destruído, e dez áreas de armazenamento onde o equipamento será inspecionado e preparado para ser transportado para os Estados Unidos.
A retirada do Iraque mostrou a importância de um planejamento antecipado. Os planos de saída começaram em 2008, três anos antes da partida final das tropas de combate, em dezembro de 2011. No Afeganistão, os Fuzileiros Navais e a Marinha iniciaram seus preparativos em 2009 e o Exército, em 2010.
Os Fuzileiros Navais estabeleceram uma "estratégia de realocação de equipamentos", tendo criado um "manual" contendo o que o GAO descreve como "uma recontagem detalhada e simples de cada um dos 78.168 itens importantes no Afeganistão, juntamente com "instruções para sua disposição previstas inicialmente (retorno, transferência ou destruição) de cada item".
Por exemplo, o manual de julho de 2012 mostrou que os marines tinham tinha 33 vans "blackscatter" no Afeganistão, veículos com capacidade de raio X que são usados em postos de fronteira e postos de controle de entrada para identificação de armas ocultas, contrabando e explosivos. Custam de US$ 700 mil a US$ 800 mil cada uma quando novas.
O plano é retornar todas as 33 vans para os Estados Unidos usando transporte aéreo e marítimo, a um custo que pode chegar a mais de US$ 150 mil por van, segundo o GAO. Contudo, o manual dos marines indica que apenas 28 são necessárias para atender às necessidades nos Estados Unidos. O GAO sugere que as cinco restantes, consideradas desnecessárias, em termos de custo-benefício, deveriam ser deixadas no Afeganistão.
Um problema no Iraque foi fazer a contabilidade dos equipamentos de propriedade do governo fornecidos ao pessoal terceirizado. De acordo com relatório do GAO, de setembro de 2011, "houve ocasiões em que os terceirizados deixaram os campos e instalações no Iraque sem um encerramento adequado, deixando equipamentos abandonados, pessoal não repatriado (especialmente cidadãos de outros países), sem obter os vistos de saída apropriados e não devolveram para o governo o equipamento fornecido".
A relação dos equipamentos no Afeganistão não incluiu o equipamento do governo usado pelos terceirizados, mas o comando afegão informou ao GAO que está criando uma unidade para resolver o problema.
Uma outra questão exclusiva do Afeganistão refere-se às rotas de saída de material, por causa do "ambiente geopolítico complexo na região, segundo o GAO.
Sair do Afeganistão é muito mais difícil e mais dispendioso do que deixar o Iraque. No Iraque os Estados Unidos tinham acesso por rodovias ao Porto de Umm Qasr e uma grande base logística no Kuwait, na fronteira. A partir dali era fácil despachar o material por mar usando portos jordanianos e do Kuwait.
As antes grandes rotas de transporte de equipamentos através do Paquistão que foram reabertas em julho estão em fase de testes para o material que sairá do Afeganistão. Por outro lado, o Departamento de Defesa "enfrenta problemas para converter as rotas ao norte em apoio para a retirada por causa de questões ligadas a autorizações alfandegárias e diplomáticas".
No Afeganistão, país sem saída para o mar, há também equipamentos prioritários, incluindo munições, transportados por mar e depois pelo ar. Seu retorno pode chegar a até US$ 75 mil cada veículo, se transportados por mar ou aéreo, e até US$ 153 mil usando empresas aéreas comerciais, segundo o GAO. Enviar um veículo utilizando estradas poderá chegar a US$ 43 mil.
Com base em planos anteriores o Comando de Transporte projetou que "14,2% de todo equipamento de retorno aos Estados Unidos será transportado por meio de estradas ao norte, 19,9% por estradas paquistanesas e 65,8% usando transporte aéreo e marítimo".
No planejamento anterior, a agência de Logística de Defesa e as forças americanas no Afeganistão estabeleceram metas para os veículos e contêineres. A meta mensal era de 1.200 veículos e mil contêineres.
Tudo isso é complicado? Sim. Vale a pena prestar atenção nos custos monetários e humanos de entrar e sair de aventuras militares para que o país esteja mais bem preparado da próxima vez. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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Brasil foi rota de armas para Argentina durante as Malvinas, revelam arquivos


AMIL CHADE , CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Estado de S.Paulo
Aviões argentinos usaram o território brasileiro - mais especificamente, o aeroporto do Recife - para trazer um amplo arsenal da Líbia de Muamar Kadafi para a junta militar de Buenos Aires durante a Guerra das Malvinas. A informação, que inclui detalhes sobre as armas líbias e acusações contra o governo de João Batista Figueiredo, está entre os 6 mil documentos secretos da guerra de 1982 que o National Archives, de Londres, liberou ontem.
A inteligência britânica usava um informante no Recife que conseguiu entrar em um dos aviões que faziam a "ponte aérea" Líbia-Argentina. Londres confrontou o Itamaraty com a informação, mas a chancelaria brasileira silenciou sobre o caso. Em uma reunião de gabinete, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, chegou a estudar a possibilidade de abater um desses aviões argentinos que faziam escala no Brasil.
Os britânicos estavam convencidos de que o "mais alto escalão" do governo brasileiro tinha pleno conhecimento da operação entre argentinos e líbios. O Brasil, que representava os interesses da Argentina em Londres, não teria coragem de enfrentar a questão, acusam os britânicos.
Rubens Ricupero, à época responsável do Itamaraty para assuntos sul-americanos, confirma que o embaixador britânico no Brasil, George Hardings, reclamou do suposto uso do Recife como entreposto para envio de armas da Líbia à Argentina. "Ele me trazia com muita frequência esse tipo de reclamação. Eu reportava isso ao ministro (Ramiro Saraiva Guerreiro) e o assunto ia para a área de inteligência do governo, principalmente para o Serviço Nacional de Inteligência (SNI). Nunca tive um retorno", diz Ricupero.
No entanto, ele afirma ser "pouco plausível" a informação de que o Brasil tinha participação na operação. "Não havia intenção nossa em manter a disputa (nas Malvinas) acesa. Sempre houve muita especulação, mas acho que era fantasia (dos britânicos)." Londres pediu ajuda à Casa Branca para pressionar o Brasil. De acordo com um telegrama de 1.º de junho, os americanos sabiam da rota Líbia-Argentina via Recife.
Informantes. Em um telegrama enviado a Londres em 1.º de junho de 1982, o embaixador britânico no Brasil dá detalhes sobre um carregamento de armas. Ele fora até Recife "investigar" o caso e constatou que, até aquele momento, dois aviões haviam pousado na cidade, fazendo o trajeto da Líbia à Argentina.
O primeiro havia sido no dia 25 de maio, com registro WAS TC93. Pilotado pelo "capitão Catiella" e com base em El Palomar, o avião estava vazio e parou apenas para abastecer. Ele seguiria para Trípoli.
O mesmo avião voltaria em 27 de maio. Uma hora depois, decolaria para a Argentina. "A fonte no Recife pôde ver dentro do avião e reportou seis longas caixas de madeira", indica o embaixador. "A fonte" trabalhava no aeroporto e as caixas teriam mísseis Exocet. Outras menores ocupavam o restante do espaço. Tanto para o pouso quanto decolagem, o avião usou toda a pista, o que indicaria seu peso.
No dia 28 à noite, mais um voo foi registrado pelos britânicos, dessa vez das Aerolíneas Argentinas e em direção a Trípoli, comandado pelo piloto civil identificado como "Cunivert". O mesmo avião retornaria no dia 30, carregado.
No mesmo dia, o embaixador viu a chegada de mais um avião, também das Aerolíneas. Segundo ele, pilotos falaram com o cônsul argentino, enquanto homens armados cuidavam do avião e outros, "nervosos", acompanhavam a situação. Os voos receberam a "autorização do Ministério da Aeronáutica", afirma o diplomata.
Em outro telegrama enviado pelos britânicos em Trípoli, em 1.º de junho, diplomatas de Londres confirmam que viram um avião civil argentino na área restrita a militares no aeroporto líbio. Segundo o documento, ele carregava 400 mísseis ERM.
O assunto rapidamente chegaria a Thatcher. No dia 11 de junho, o procurador-geral britânico, Michael Havers, relatou a ela que havia sido solicitado a dar sua opinião sobre o impacto jurídico que teria uma eventual interceptação dessas aeronaves.
"Um avião voando diretamente de Trípoli para Recife, no Brasil, sem parar para abastecer, não poderia ser interceptado ou forçado para Ascensão (ilha britânica no Atlântico), porque não teria combustível suficiente", explicou. Os britânicos pediram a ajuda da diplomacia francesa para contactar diretamente Muamar Kadafi e obter informações. Paris apenas relatou que o ditador líbio negou qualquer envolvimento com o tráfico de armas para a Argentina. / COLABOROU ROBERTO SIMON
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