domingo, 13 de novembro de 2011

Nave espacial russa Soyuz TMA-22


Nave espacial russa Soyuz TMA-22, que levará uma nova tripulação para a Estação Espacial Internacional (ISS), é transportada para a plataforma de lançamento em Baikonur, Cazaquistão, nesta sexta-feira, 11 de novembro. O início da nova missão Soyuz com o astronauta Dan Burbank, dos EUA, e os cosmonautas russos Anton Shkaplerov e Anatoly Ivanishin, está agendado para segunda-feira, 14 de novembro. (AP Photo / Mikhail Metzel)

Nave espacial russa Soyuz TMA-22, que levará uma nova tripulação para a Estação Espacial Internacional (ISS), é transportada para a plataforma de lançamento em Baikonur, Cazaquistão, nesta sexta-feira, 11 de novembro. O início da nova missão Soyuz com o astronauta Dan Burbank, dos EUA, e os cosmonautas russos Anton Shkaplerov e Anatoly Ivanishin, está agendado para segunda-feira, 14 de novembro. (AP Photo / Mikhail Metzel)

Rússia convida os EUA a construir defesa anti-asteróide


Rússia convida os EUA a construir defesa anti-asteróide
Foto: AP
A iniciativa do diplomata visa a construção de um escudo conjunto não só contra os mísseis como também contra os asteróides, tem o nome de   “Defesa Estratégica da Terra” e já foi levada ao conhecimento do presidente russo. Dmítri Medvedev deixou no documento uma nota dizendo apenas “Engraçado” e pediu que seu assessor de política externa, Serguêi Prikhodko, e Dmítri Rogózin ajustassem a proposta e lhe dessem o acabamento necessário.

Em agosto deste ano, foi informado que o Centro Nacional de Foguetes da Rússia Makeev estaria desenvolvendo um sistema espacial de destruição de asteróides perigosos para a Terra com a ajuda de mísseis nucleares e que o projeto preliminar do sistema já estaria pronto.

A confrontação entre a Rússia e os EUA na questão da defesa antimíssil faz lembrar cada vez mais uma telenovela sem fim. Após a retirada dos EUA do Tratado ABM de 1972 e a decisão do presidente George W. Bush de acelerar os trabalhos para a instalação de elementos do escudo antimíssil norte-americano na Europa, nem a Rússia nem os Estados Unidos conseguiram desatar o nó de contradições existentes. Após 10 anos de existência do problema, a comunidade internacional tem de constatar que as negociações sobre a defesa antimíssil chegaram a um impasse.

A nova concepção de escudo antimíssil europeu foi aprovada pela cúpula da Otan de Lisboa no ano passado. Recorde-se que, anteriormente, os EUA, sob o governo de Bush filho, quis instalar escudos antimísseis na Polônia e um radar na República Tcheca. Moscou acolheu esses planos como ameaça direta a seus arsenais estratégicos e prometeu responder à altura. O atual presidente norte-americano, Barack Obama, repensou a estratégia de defesa antimíssil e se absteve dos planos norte-americanos em relação à Polônia e à República Tcheca, não abdicando, contudo, de instalar os elementos do  escudo antimíssil americano na Europa. 

Agora, segundo a Agência de Defesa Antimíssil do Pentágono, os EUA estão construindo seu sistema de defesa antimíssil em quatro etapas. Na primeira etapa, os EUA planejaram colocar, até o final de 2011, no Mediterrâneo navios armados com escudos antimísseis e um radar no sul da Europa. Na segunda etapa, que vai durar até 2015, o Pentágono quer transferir baterias móveis de mísseis interceptores SM-3 para a Romênia, segundo um acordo firmado entre Washington e Bucareste em 13 de setembro.

Na terceira etapa, prevista para se encerrar em 2018, os EUA planejam instalar baterias semelhantes na Polônia e até 2020 substituir os atuais mísseis interceptores por armas mais sofisticadas capazes de proteger todo o território dos países membros da Aliança do Atlântico Norte não só contra os mísseis balísticos de curto e médio alcance mas também contra os mísseis intercontinentais.

Não é necessário dizer que o referido programa recebe uma reação muito negativa da Rússia. No final de outubro, Moscou anunciou que começa a preparar uma resposta militar às ações dos EUA e que vai contrapor à defesa antimíssil européia os mísseis tático-operacionais mais recentes Iskander que serão instalados na cidade de Luga da Região de Leningrado.

Depois que o novo embaixador dos EUA na Rússia, Michael McFaul, se recusou a garantir legalmente que a defesa antimíssil européia não iria atentar contra a Rússia, Moscou anunciou a instalação da primeira brigada de mísseis Iskander capazes de transportar ogivas nucleares.
Os norte-americanos salientaram amiúde sua disponibilidade de conceder à Rússia as garantias, inclusive por escrito, de que a defesa antimíssil européia não iria atentar contra a Rússia, mas não há, até agora, nenhum documento jurídico que os obrigue a respeitar seus compromissos. Em contrapartida, os EUA convidaram a Rússia a participar de testes de mísseis interceptores destinados à Europa. O convite foi formulado, em meados de outubro, pelo diretor da Agência de Defesa Antimíssil, general Patrick O'Reilly. Em resposta, a Rússia convidou os EUA a participar da construção de uma defesa anti-asteróide. Cabe agora à Otan  pronunciar-se.

Brasil poderá comprar aviões russos de quinta geração


Pelo menos mil caças de quinta geração serão construídos até 2050 no âmbito do programa russo-indiano de aeronaves, disse nesta quinta-feira à Agência RIA-Novosti o diretor do Centro de Análise do Comércio Internacional de Material de Guerra (CACIMG), Igor Korotchenko. Segundo o responsável, a Força Aérea Russa poderá precisar de 200 a 250 caças.

Conforme disse recentemente o comandante da Força Aérea Russa, coronel-general Aleksandr Zélin, a primeira parcela de caças de quinta geração chegará à tropa entre 2014 e 2015.

De acordo com as declarações de altos funcionários do ministério da defesa indiano, a Índia pretende comprar cerca de 250 aeronaves russas. Atualmente estão sendo testadas duas aeronaves e outros dois protótipos devem ser submetidos a testes até ao final do ano, segundo disse o presidente da Corporação Unificada de Construção Aeronáutica.O CACIMG cita como compradores em potencial da versão de exportação do caça de quinta geração a Argélia (no período entre 2025 e 2030), a Argentina (entre 2035 e 2040), o Brasil (entre 2030 e 2035), a Venezuela (entre 2027 e 2032), o Vietnã (entre 2030 e 2035), a Indonésia (entre 2028 e 2032) e o Irã (entre 2035 e 2040, caso seja levantado o embargo à venda de armas a esse país). Na mesma relação estão o Cazaquistão (entre 2025 e 2035), a China (em determinadas condições, entre 2025 e 2035), a Malásia (entre 2035 e 2040) e a Síria (entre 2025 e 2030).

O volume total da encomenda de caças é estimado pelo CACIMG entre 274 e 388 aeronaves. “O mapa de exportação de aeronaves russo-indianas poderá ser muito mais amplo caso sejam feitos acordos de 

O volume total da encomenda de caças é estimado pelo CACIMG entre 274 e 388 aeronaves. “O mapa de exportação de aeronaves russo-indianas poderá ser muito mais amplo caso sejam feitos acordos de venda com países da Comunidade de Estados Independentes (CEI)”, disse Igor Korotchenko.Como resultado, segundo a revista “The Military Balance-2011”, dos 267 carros de combate atualmente em serviço no Exército brasileiro só 90 são de origem norte-americana (diversas versões do M-60). Os outros são os Leopards alemães.

Mais do que isso, a empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann, fabricante de blindados sob a marca Leopard, ganhou um contrato de manutenção técnica do parque de seus blindados no Brasil para os próximos cinco anos e de fornecimento de equipamentos de treinamento de uso dos mesmos. Para esses fins, a empresa pretende abrir na cidade de Santa Maria uma filial com a participação de especialistas locais. Embora o valor do contrato se mantenha em sigilo comercial, sabe-se que o acordo equivale a vários milhões de euros.

Segundo o Cacimg, o Brasil tem uma experiência, ainda que pequena, de cooperação com a Rússia da qual já comprou sistemas portáteis de defesa antiaérea Igla e helicópteros militares de carga e de ataque Mi-35. Pretende comprar também sistemas de mísseis antiaéreos para o Exército, Tor-M2, para proteger seguramente seu espaço aéreo durante as Olimpíadas de 2016. Todavia, a problemática da defesa antiaérea do Brasil e dos aviões de combate brasileiros merecem uma conversa à parte.

O parque aeronáutico do Brasil é composto principalmente pelos caças norte-americanos e franceses obsoletos. O Brasil anunciou várias vezes a licitação para a compra de um caça moderno e teve, entre outras, a proposta de caça russo Su-35 de geração 4 + +. A vitória no concurso  renderia à empresa russa Sukhôi cerca de US$ 700 milhões, além de uma cooperação com o Brasil na indústria aeronáutica. Mas o concurso não chegou a acontecer por razões econômicas, entre outras. Da última vez, a proposta russa não foi sequer admitida no concurso.

O Brasil havia sugerido à Rússia uma “troca econômica”: se a empresa Sukhôi tivesse vencido o concurso, Moscou teria comprado, em contrapartida, do Brasil uma parcela de aeronaves regionais de curto curso da empresa Embraer e até teria começado sua produção sob licença nas empresas russas. A Rússia não aceitou a proposta brasileira, pois estava prestes a lançar no mercado de voos regionais sua própria aeronave, Sukhôi SuperJet, construída pela subsidiária da Sukhôi, a empresa Aeronaves Civis Sukhôi.

No entanto, mais tarde verificou-se que a Aeronaves Civis Sukhôi, assim como suas congêneres nacionais Antonov e Tupolev, não têm, no momento, condições para satisfazer todas as necessidades da Rússia em aeronaves regionais de curto e médio curso. Por essa razão, o presidente Dmítri Medvédev anunciou que Moscou está disposta a comprar no exterior aeronaves regionais. Esse anúncio abre o mercado russo de aeronaves regionais à Embraer e também à canadense Bombardier e proporciona aos exportadores nacionais de material de guerra a oportunidade de se fixar no mercado de armas brasileiro. Se isso acontecer, a carteira de pedidos de compra no valor de US$ 270 milhões poderá parecer demasiadamente pequena para os dois países.


sábado, 12 de novembro de 2011

Combate Aereo Malvinas - Falklands Air Combat

1982 Falklands War qualidade, cheio de altura.

(2007) documentário Fabuloso legendados em castelhano. Este documentário mostra o quão difícil a campanha das Malvinas foi o mais perto que o resultado final saiu. Completo com imagens originais e narração divertida.

Espanhola Navantia fecha acordo com fornecedores brasileiros


A proposta do estaleiro espanhol Navantia para a construção de onze navios de superfície, entregue à Marinha brasileira em abril, excedeu os € 3,1 bilhões estipulados pelo governo brasileiro, confirmou o diretor comercial da empresa, Jorge López Novo. Em entrevista ao Valor, ele não revelou o excedente, mas adiantou que 60% do conteúdo a ser utilizado na fabricação das embarcações serão brasileiros.
As companhias brasileiras fornecerão principalmente geradores elétricos e compressores, caso os espanhóis saiam vitoriosos da licitação, à qual concorrem também empresas de Alemanha, Coreia do Sul, França, Itália e Inglaterra.
Com uma proposta que talvez não seja a mais competitiva financeiramente, a Navantia tem como diferencial o fato de seus navios estarem mais enquadrados às exigências da Marinha do que os da concorrência, avaliou Novo.
Além disso, Novo acrescentou que o processo de transferência de tecnologia da Navantia à Marinha e às empresas brasileiras participantes da produção das embarcações, exigência do governo brasileiro a qualquer participante do certame, conta a favor, já que a companhia trabalhou com repasses tecnológicos à Índia. A Navantia atendeu também a países como Noruega, Venezuela, Austrália, Tailândia, Chile e Malásia.
De acordo com Novo, não há riscos no processo de transferência de tecnologia, pois os governos brasileiro e espanhol têm acordos nesse sentido para facilitar acertos, e à medida que surjam atualizações nas tecnologias durante o processo de produção dos navios, as modificações serão feitas e repassadas à Marinha e às companhias brasileiras.
Dos onze navios – cinco fragatas escolta, cinco patrulhas oceânicas e uma embarcação de apoio logístico -, a empresa espanhola pretende construir dez em estaleiros brasileiros e um, o primeiro da série, na Espanha, em razão do início do processo de transferência de tecnologia. Segundo a Navantia, a construção dos navios no Brasil gerariam 20 milhões de horas de trabalho, ocupando de 5 mil a 10 mil trabalhadores. A empresa ainda não precisou quantas dessas vagas seriam preenchidas por novos funcionários.
As conversas com estaleiros e possíveis fornecedores de peças e equipamentos brasileiros foram iniciadas. Estão fechados acordos de colaboração de estaleiros com a Odebrecht e com o Synergy Group, disse Novo. Houve negociações também com a Camargo Corrêa, mas elas não evoluíram.
Apesar dos acordos firmados, a Navantia ainda não decidiu onde serão construídos os onze navios. Caso saia vencedora da licitação, a empresa acredita que haverá produção no Rio de Janeiro, onde a Odebrecht tem estaleiros e o Estado serve de base da Marinha. “Isso não quer dizer que haverá construções de navios apenas no Rio.”
A expectativa da Navantia é que a Marinha anuncie o vencedor da licitação no início de 2012. Assim, a empresa começaria a produção do primeiro navio, na Espanha, em 2014 e entregaria a embarcação seis anos depois, em 2020. Todos os navios seriam entregues ao governo em até 11 anos, ou 2023, disse Novo. Ao todo, estão associadas à Navantia mais de 30 empresas espanholas, que poderão ser fornecedoras de serviços ou peças na fabricação dos navios.
FONTE: Valor Econômico 

Longos tentáculos brasileiros incomodam vizinhos


Com o domínio americano na região em queda, o Brasil exerce poder político e econômico maior no continente e enfrenta conflitos e rejeição

Simon Romero, The New York Times
Manifestantes indígenas de sandálias em La Paz têm acusado o presidente boliviano, chamando-o de “lacaio do Brasil”. Protestos irritados na frente da Embaixada do Brasil denunciam suas tendências “imperialistas”. Intelectuais bolivianos criticaram a “burguesia de São Paulo”, comparando-a aos caçadores de escravos que expandiram as fronteiras do Brasil colonial.
Palavras tão agressivas costumavam ser reservadas para os Estados Unidos, país que têm exercido influência extraordinária em toda a América Latina. Mas, conforme o domínio americano na região diminui e o Brasil exerce cada vez mais seu poder político e econômico, o país começou a experimentar também as armadilhas deste papel: uma reação contra o seu poder crescente no hemisfério.
“O poder mudou de um lado da Avenida Arce para o outro”, disse Fernando Molina, colunista de um jornal local, referindo-se à rua em La Paz onde a residência do embaixador brasileiro fica em frente à embaixada dos Estados Unidos.
Foto: Noah Friedman-Rudovsky/The New York Times Ampliar
Grupos indígenas da Bolívia marcham das planícies centrais do país para a capital La Paz: protesto contra um projeto rodoviário do Brasil na região
Empreendimentos brasileiros estão sendo recebidos com cautela em vários países. Uma proposta para construir uma estrada pelas selvas da Guiana até a sua costa está parado por causa de temores de que o Brasil possa tomar conta do seu pequeno vizinho com migração e comércio.
Na Argentina, as autoridades suspenderam um grande projeto de uma empresa de mineração brasileira, acusando-a de não contratar moradores locais o suficiente. Tensão no Equador por causa de uma usina hidrelétrica levou a uma batalha legal amarga e protestos de índios Ashaninka na Amazônia peruana que têm questionado um projeto da represa brasileiro.
Mas talvez nenhum projeto brasileiro na região tenha provocado tanta ira quanto um em La Paz.
Financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Brasil – um gigante financeiro que supera os empréstimos do Banco Mundial e se tornou um dos principais meios para o Brasil projetar o seu poder na América Latina e além –, o projeto visava construir uma estrada através de um remoto território boliviano indígena. Mas ele provocou uma revolta lenta. Centenas de manifestantes indígenas chegaram aqui em outubro, após uma extenuante marcha de dois meses que os levou até a coluna vertebral da Cordilheira dos Andes, denunciando o seu antigo defensor, o presidente Evo Morales, por apoiá-lo.
“Llunk’u do Brasil”, dizia um de seus cartazes, chamando o presidente de um lacaio do Brasil, em Quechua, uma língua indígena. Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia e um ambientalista confesso, de repente viu-se em desacordo com uma parte importante da sua base política, defendendo um projeto brasileiro que poderia aumentar o desmatamento. Ele finalmente cedeu às exigências dos manifestantes e abandonou o projeto da estrada por seu território.
Empresas de outros países, principalmente da China, também estão se expandindo rapidamente na América Latina e, ocasionalmente, enfrentando hostilidade. Mas o Brasil é o maior país da região, com uma população de cerca de 200 milhões de pessoas, e o tamanho e a ousadia de sua ascensão ao longo dos últimos dez anos ajudam a explicar algumas das tensões geradas.
Foto: Noah Friedman-Rudovsky/The New York Times
Indígena boliviano participa de manifestação em La Paz: empreendimentos brasileiros estão sendo recebidos com cautela em vários países
Centenas de milhares de imigrantes brasileiros, apelidados de brasiguayos, se instalaram no Paraguai, muitas vezes comprando terras para agricultura em grande escala em um país com uma população muito menor. Eles têm sido tanto aclamados por ajudar a expansão da economia do Paraguai quanto demonizados por controlar grandes extensões de terra, às vezes levando ativistas rurais a queimar a bandeira brasileira.
Mais de um século atrás, antes de se tornar uma república, o Brasil era um império com invasões ocasionais do território de seus vizinhos, e muitas vezes servia como um árbitro em disputas na América Latina.
O Brasil agora conta com um corpo diplomático sofisticado, um aumento na contribuição à ajuda estrangeira e os bolsos fundos de seu banco de desenvolvimento, que financia projetos não apenas na América Latina, mas também na África.
“Quando Kissinger veio ao Brasil mais de três décadas atrás, ele advertiu seus anfitriões que eles poderiam acabar por ser mais temido do que amados por seus próprios vizinhos”, disse Matias Spektor, professor da Fundação Getúlio Vargas no Brasil, uma instituição educacional de elite, referindo-se ao ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry A. Kissinger, e seus esforços para forjar laços mais fortes com o Brasil na década de 1970.
“Agora o Brasil está se envolvendo mais profundamente na América Latina, sem uma política clara para lidar com a ansiedade que pode acompanhar este processo”, disse Spektor. “Há um perigo real de que o país seja recebido com raiva em determinados lugares.”
Na Bolívia, os Estados Unidos já tiveram influência inigualável, antes da eleição de Morales em 2005. De lá para cá, Morales entrou em conflito várias vezes com Washington, enquanto se aproximou de outros países, principalmente Brasil, Venezuela, Cuba e Irã. Desde 2008, quando Morales expulsou o embaixador americano Philip S. Goldberg, os Estados Unidos nem sequer têm um embaixador no país.
Mas a importância do Brasil tem crescido. Uma empresa brasileira, a OAS, ganhou o contrato de US$ 415 milhões para a construção da estrada boliviana em 2008, com financiamento proveniente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social no Brasil. Essa instituição de fomento está fazendo cerca de US$ 83 bilhões em empréstimos em 2011. O Banco Mundial, em comparação, emprestou US$ 57,4 bilhões.
À medida que a marcha de protesto contra a estrada começou a avançar pela planície da Bolívia, em agosto, o popular ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, viajou para a Bolívia para fazer um discurso para empresários, patrocinado pela empresa brasileira, e para se reunir com Morales. (Assessores de Lula argumentaram que a disputa da estrada não fazia parte da agenda da viagem.)
A viagem aconteceu em momento crítico, quando as negociações estavam num impasse. Mas a viagem de Lula não conseguiu aliviar a tensão e descobriu-se posteriormente que ela fazia parte de uma viagem por três países financiada pela OAS e pela Queiroz Galvão, outra empresa de construção civil brasileira, que incluiu paradas na Costa Rica e em El Salvador.
“É óbvio que o Brasil só quer os nossos recursos”, disse Marco Herminio Fabricano, de 47 anos, um artesão do grupo indígena Mojeno que estava entre os manifestantes de La Paz. “Evo acha que pode nos trair com seus aliados brasileiros.”
As autoridades brasileiras insistem que a estrada não tem nada a ver com traições ou apreensão de recursos.
“Queremos que o Brasil seja rodeado por países prósperos e estáveis”, disse Marcel Biato, embaixador do Brasil na Bolívia, falando sobre o financiamento de infraestrutura na Bolívia e em outros lugares na América do Sul.
De fato, as autoridades brasileiras argumentam que seu país tem acesso a outras fontes de matérias-primas, bem como a rotas em todo o continente através das quais pode enviar mercadorias para portos no Pacífico.
Mas a estrada tem importância estratégica para os produtores de coca, talvez o eleitorado mais fiel de Morales, composto em grande parte por índios de língua Quechua e Aymara, estabelecendo assim um confronto entre eles e outros grupos indígenas que vivem no território.
O Brasil continua a cultivar uma variedade de planos na Bolívia, incluindo vários projetos hidrelétricos e uma ambiciosa política anti-drogas que envolve a implantação de aviões não tripulados na fronteira e o treinamento das forças de segurança bolivianas.
Mas a disputa pela estrada colocou o Brasil em alerta no país. “Assim como a China consolida a hegemonia regional na Ásia, o Brasil quer fazer o mesmo na América Latina“, disse Raul Prada Alcoreza, um ex-funcionário do governo da Bolívia que hoje é um crítico feroz de Morales.
“Um processo boliviano que pretendia fornecer uma alternativa e os movimentos sociais que ajudaram a tornar este governo possível”, disse Prada, “acabam sendo pisoteados pelos interesses brasileiros.”