sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Agência espacial russa revisa programa após série de acidentes


MOSCOU - A Agência Espacial Russa, Roscosmos, anunciou nesta sexta-feira, 7, a revisão de seu programa de desenvolvimento após uma série de fracassos e acidentes como o do cargueiro Progress, que caiu em agosto com uma carga vital para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
"O mercado espacial mundial representa este ano US$ 267 bilhões. Nós só temos 3%", disse Vladimir Popovkin, diretor da Roscosmos, ao ser consultado pelas agências russas.
Popovkin ressaltou que a Rússia tem que aumentar sua presença no setor de serviços espaciais internacionais, que tem atraído cada vez mais países, além de antecipar que em 2015 se multiplicará por quatro o número de sondas e também se aumentarão os satélites de comunicações para operações de salvamento Cospas-Sarsat.
Sobre os satélites para o sistema de navegação russo Glonass, semelhante ao GPS americano, e que deveria entrar em funcionamento no mundo todo dentro de um mês, também serão aumentados de 24 para 30, acrescentou.
Popovkin destacou que a Rússia deve cooperar com a China, a potência espacial emergente, embora tenha enfatizado que a Roscosmos não tem intenção de ceder ao gigante asiático toda sua tecnologia.
Em relação às mudanças das datas de lançamento pela catástrofe do Progress, no final de agosto, o diretor antecipou também que um novo cargueiro será lançado em 30 de outubro "para comprovar que tomamos as medidas necessárias".
"Em 14 de novembro lançaremos uma Soyuz com três astronautas e outros três serão lançados em 21 de dezembro, data em que a Estação Espacial Internacional voltará a operar com normalidade", disse Popovkin, que antecipou também que em 8 de novembro a nave Fobos-Grunt será enviada a Marte, para instalar uma estação automática em um satélite desse planeta.
O voo da nave espacial foi adiado em setembro de 2009 para reduzir riscos e aumentar a confiabilidade da missão interplanetária.
O projeto permitirá estudar o espaço e clima próximos, como a radiação afeta a vida em Marte e ensaiar as principais tecnologias das futuras expedições a este planeta, como a realização de testes em condições de falta de gravidade e, principalmente, a operação de aterrissagem.
Por causa do acidente do Progress, a Rússia teve que interromper as atividades dos foguetes Soyuz, suspensão que se somou a dos foguetes portadores Proton e dos blocos aceleradores Briz-M.
O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, determinou que a Roscosmos aumentasse os controles de qualidade na fabricação de naves espaciais e seus componentes, principalmente antes de seu lançamento.
O acidente do Progress foi o primeiro desde 1978 e ocorreu pouco depois que os cargueiros e as naves Soyuz russas se tornaram a única ligação entre a Terra e a ISS, após a aposentadoria das naves americanas.

Especialistas destacam disposição brasileira em controlar fluxo de bens sensíveis


Participantes de seminário em Campinas ressaltam participação ativa do Brasil nos fóruns das Nações Unidas que visam a não-proliferação de armas de destruição em massa
O empenho brasileiro para controlar o fluxo internacional de tecnologias sensíveis de uso dual foi demonstrado nas palestras de abertura do 8º Seminário de Ciência, Tecnologia e de Inovação do Ministério da Defesa, que se realiza em Campinas, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer. Até sexta-feira, o evento irá debater questões de importância global, como o uso pacífico da energia nuclear e a não-proliferação de armas de destruição em massa e ações de contraterrorismo.
O Brasil é signatário de acordos internacionais que vedam a utilização ou estocagem de armas químicas e biológicas. A Constituição Federal proíbe a utilização de armas nucleares. O país também participa de acordos e regimes internacionais visando o controle desses produtos e das tecnologias necessárias para sua elaboração.
Agilidade e cerceamento
Uma das principais autoridades no tema, o secretário-executivo da Comissão Interministerial de Controle de Exportação de Bens Sensíveis (Cibes), Sérgio Frazão, destacou a velocidade das ações de governo na área. “Nosso esquema de atualização das listas de controle de bens sensíveis, por meio de soluções da comissão, é muito mais ágil que o sistema de atualização dos Estados Unidos ou da Rússia”, exemplificou. “As listas brasileiras podem ser atualizadas em um mês após uma inclusão de novos itens decidida em plenárias das convenções e dos regimes internacionais de desarmamento e não proliferação. Em média, os outros países levam em torno de um ano para realizar o trabalho.”
Frazão reafirmou também a qualidade da participação brasileira nos fóruns relacionados a bens sensíveis. “Mesmo as nações que procuram cercear nossos esforços de pesquisa reconhecem a transparência de nossas ações. Devemos lembrar que armas de destruição em massa não se limitam a exterminar vidas humanas. Atacam a fauna e a flora. Realizamos um trabalho humanitário, que visa a preservação de populações e do meio-ambiente”, acentuou.
Antes, o diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia e Industrial da Secretaria de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, major-brigadeiro Álvaro Knupp, descrevera a amplitude dos esforços brasileiros nos organismos internacionais. “Participamos, integrados ao MCTI, de todos os fóruns de controle de bens sensíveis nas áreas atômica, biológica, química e de controle de foguetes e mísseis.” Mesmo assim, de acordo com o brigadeiro, o país precisa antecipar ações de cerceamento “impostas por países que não querem, por motivos políticos ou econômicos, que tenhamos independência tecnológica.”
Um dos gargalos citados pelo brigadeiro Knupp foi a ausência de um laboratório de pesquisas biológicas de nível 4, que oferece o maior grau de segurança no estudo de micro-organismos altamente contagiosos, como o vírus Ebola. “Há relatos de pesquisadores brasileiros que enviaram cepas de agentes patogênicos para o exterior e que não tiveram acesso ao resultado das analises por determinação de agências de controle estrangeiras”, contou. “Essa fragilidade não é admissível diante da realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.”
O professor Amândio Balcão, do CTI Renato Archer, atacou a questão da segurança e defesa na área cibernética ao descrever o projeto Pandora-Sandbox, que procura malwares para estudo por meio de pesquisas em sites potencialmente malignos. “Quando encontramos um item, ele é direcionado para um servidor, que analisa a ameaça e o grau de virulência do agente.” No ano passado, segundo Balcão, foram descobertos 38 mil malwares, 17 mil deles únicos. Desse total, 22% não foram detectados por antivírus disponíveis no mercado.
Abertura
O diretor do CTI, Victor Mammana, abriu o encontro com um breve relato dos trabalhos desenvolvidos pela unidade. Em seguida, o subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa do MCTI, Arquimedes Ciloni, destacou o avanço das atividades de desenvolvimento e pesquisa no Brasil. “Hoje, ocupamos o 38º lugar em número de trabalhos publicados, logo após a República Popular da China. Nossa nota de desempenho saiu de 1,6, em 2007, para 21,2, no ano passado.”
Apesar disso, restam muitas vulnerabilidades, principalmente na área de TI. Faltam 90 mil especialistas e, seguindo o atual índice de crescimento, esse total chegará a 800 mil em 2014.
O secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Murilo Marques Barbosa, destacou o impacto da Medida Provisória número 544, que criou mecanismos de incentivo para indústrias estratégicas nacionais, inclusive para as de bens sensíveis e duais. Ele ressaltou os estreitos laços de cooperação da Defesa com os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), das Comunicações e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
“Trabalhamos intensamente com esses órgãos para definir as características do novo satélite geoestacionário, lançado no mesmo dia da MP 544, que terá uso dual e estará operacional em 2014”, exemplificou. “Setenta por cento da capacidade será destinada à banda KA, de emprego civil, e 30% à banda X, de emprego militar.”
Com isso, será possível estender a internet de banda larga para os rincões mais distantes do território nacional, além de ampliar a capacidade de comando e controle das Forças Armadas, interligando unidades terrestres, aéreas e marítimas.

Brasil negocia participação em projetos militares com Turquia


A Turquia, aonde a presidente Dilma Rousseff chegou ontem à noite, negocia com o Brasil parceria nos campos naval e aeronáutico. As conversas com o país, membro da Otan (aliança militar ocidental), estão a cargo do ministro da Defesa, Celso Amorim.
Dois projetos em especial devem ser tratados hoje na reunião de Amorim com o colega turco, Ismet Yilmaz, em Ancara: uma participação turca no desenvolvimento do cargueiro militar KC-390, da Embraer, e uma contribuição brasileira no desenvolvimento de caças para a Turquia.
Para Amorim, Brasil e Turquia devem aproveitar o fato de serem “duas potências emergentes, que compartilham visões políticas semelhantes e possuem nível de desenvolvimento tecnológico similar”.
“A indústria de defesa turca é muito desenvolvida e possui larga experiência em joint-ventures e em absorção de tecnologias. Essa experiência pode ser muito útil ao Brasil”, disse à Folha.
O KC-390 é um avião de transporte militar, que pode substituir, no mercado internacional, o americano Hércules C-130, da década de 50. A FAB (Força Aérea Brasileira), que estabeleceu os requisitos do KC-390, já anunciou querer comprar 28 aviões.
O projeto do cargueiro já tinha virado moeda de troca na licitação para a compra de caças pelo Brasil, que se arrasta há anos. A França foi a primeira a acrescentar a promessa de compra de dez unidades do KC-390 se o Brasil optasse pela compra do caça Rafale. A americana Boeing e a sueca Saab também adicionaram o tema às suas propostas.
O Brasil tem interesse em participar do desenvolvimento turco de caças de quinta geração -mais modernos do que a FAB deve adquirir por meio da concorrência. O que o país tem a oferecer é a experiência da Embraer na área de aerodinâmica.
Amorim, no entanto, descartou a possibilidade de conversar com o homólogo turco sobre “temas de responsabilidade do Itamaraty”, como a segurança no Oriente Médio, o processo de paz entre israelenses e palestinos ou mesmo o programa nuclear do Irã. Hoje, Amorim acompanha Dilma em encontro com o presidente turco, Abdullah Gül.

Oliver VTOL anuncia conceito de aeronave militar de carga pesada tiltrotora com seis motores


A empresa Oliver VTOL LLC, anunciou nessa quarta-feira, dia 5 de outubro, uma nova aeronave de Heavy Lift Hexplane (HHL) conceito que tem o potencial para atender à necessidade dos militares de aeronaves de carga com capacidade de decolagem e pouso vertical (VTOL).
Com base na inovadora tecnologia Hexplane (seis motores) da empresa, o conceito HHL da Oliver VTOL poderá ser um forte concorrente para atender aos requisitos do programa Força Tarefa de Aeronave Vertical Conjunta (JVATF) dos militares norte americanos. As proposta das aeronaves de Transporte de Carga Pesada Conjunta ??(JHL), de Carga Pesada do Exército (AHL) e da Substituta de Carga Pesada (HLR) tem continuamente mudado desde que o programa Quad Tilt Rotor (QTR) foi proposto em 1999, principalmente devido ao crescimento das cargas úteis do Sistema Planejado Futuro (FCS) do Exército. Estima-se que a aeronave JHL custaria tanto ou mais de US$ 200 milhões cada.
O conceito Hexplane HHL da Oliver VTOL foi dado entrada num escritório de registros de Patentes dos EUA no dia 12 de setembro de 2011. O avião tem três asas e seis unidades de propulsão rotativas com uma capacidade de carga semelhante à capacidade de carga de um Lockheed C-130J-30.
Com base nas análises iniciais e simulações de vôo, o HHL Hexplane iria voar acima de 25.000 pés em velocidades de cruzeiro superiores a 450 mph com autonomia superior a 1.500 milhas. Os requisitos para pouso do Hexplane HHL são significativamente menores que os conceitos atuais QTR JHL, um fator chave para a capacidade de um VTOL de carga pesada para operar a partir de navios e zonas de pouso confinadas.
A aeronave conceito equipada com seis motores tiltrotores poderá transportar cargas que uma aeronave C-130 Hercules atualmente transporta. (Foto: Oliver VTOL)
“Independentemente da capacidade de carga, o Hexplane JHL e outros modelos de carga pesada Hexplane podem voar mais rápido, mais além e com mais segurança do que qualquer outro conceito VTOL de carga pesada existente hoje no mercado”, disse Richard Oliver, fundador e CEO da Oliver VTOL. ”Acreditamos que o Hexplane Heavy Lift ??(HHL) é uma solução muito atraente para os esforços em estudo das forças armadas para garantir diversas soluções futuras de aeronaves de carga pesada.”
O conceito HHL vem após o anúncio da Oliver VTOL no último mês do Hexplane. Com o Hexplane, a versão HHL pode continuar a executar as operações de voo vertical com peso bruto total mesmo se uma hélice do motor, ou uma caixa de transmissão falhar – o primeiro VTOL concebido com esta capacidade.
Um demonstrador de tecnologia planejado do Hexplane deverá possuir um teto operacional maior do que 35 mil pés e transportar uma carga de 1.000 quilos, num percurso de 1.000 milhas numa velocidade de 400 quilômetros por hora. Esta é uma capacidade que a Agência de Projetos de Pesquisas Avançadas em Defesa (DARPA) desafiou a indústria da aviação a realizar.
O escritório de Patentes dos EUA publicou a aplicação de patente de Richard Oliver para o Hexplane no dia 14 de julho de 2011. A empresa espera receber uma patente para as aeronaves nos próximos 12 a 18 meses.
Os membros da Oliver VTOL acreditam que a tecnologia Hexplane poderá ser usada em ambas as operações de vôo tripuladas e não tripuladas para os militares. A aeronave pode ser usado como uma ambulância aérea porque a sua velocidade e alcance permitiria o transporte de pacientes mais rapidamente e com maior acesso aos principais centros hospitalares do que atualmente possível, particularmente a partir de locais remotos. Outras aplicações incluem suporte as plataformas offshore de petróleo, tarefas de busca e salvamento, e até mesmo na aviação executiva.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reino Unido garantirá segurança de Ilhas Malvinas, diz ministro da Defesa


O ministro da Defesa britânico, Liam Fox, afirmou nesta quarta-feira que o Reino Unido “garantirá a segurança” das Ilhas Malvinas e protegerá a população do território, que é reivindicado pela Argentina, enquanto ela quiser permanecer sob o domínio britânico.
A posição de Fox, reiterada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, e pela diplomacia do país em diversas ocasiões, é de que o Reino Unido se compromete com a defesa do direito dos malvinenses de escolher seu futuro.
Fox ainda declarou sua admiração pela ex-primeira ministra britânica Margaret Tatcher (1979-1990) durante um discurso proferido no Congresso Anual do Partido Conservador, em Manchester.
O ministro disse que “uma vitória foi possível [nas Malvinas] graças à resolução de outro premiê conservador”, referindo-se a Thatcher. Ele explicou que “foi durante seu governo, em 1982, que o Reino Unido travou uma guerra com a Argentina pelo domínio da região”.
Fox, no entanto, relembrou que, diferentemente do ocorrido nos anos 1980, agora “estamos buscando relações mais próximas” com Buenos Aires.
A declaração foi feita poucas semanas após a companhia petroleira britânica Rockhopper Exploration Plc. ter anunciado um investimento de US$ 2 bilhões (R$ 3,7 bilhões) nas águas das Ilhas Malvinas para transformar a área em um polo de extração de petróleo.
As Ilhas Malvinas (conhecidas no Reino Unido como Ilhas Falkland), são um território inglês pelo qual a Argentina reclama posse desde o século 19. Em 1982, os dois países travaram uma guerra por seu domínio e, mesmo com o Reino Unido tendo sido vencedor, o governo argentino ainda reclama seus direitos sobre as ilha.

Fragata brasileira fará patrulhas no Líbano


Navio da Marinha participará de missão de paz da ONU para auxiliar no controle das fronteiras e evitar a entrada ilegal de armas no país árabe

fragata F-45 União, da Marinha do Brasil, parte na quinta-feira, 6, da Base Naval de Mocanguê, em Niterói, levando 300 militares para participar da Força-Tarefa Naval das Nações Unidas no Líbano. A missão é complexa: garantir a paz e a segurança no sul do país e “auxiliar no controle das fronteiras de modo a evitar a entrada ilegal de armas e materiais correlatos”, de acordo com o almirante Sávio Nogueira, comandante da Força de Superfície.
Roberto Godoy, de O Estado de S.Paulo
A possibilidade de um confronto é grande. Desde 2006, a Força-Tarefa inspecionou 28,2 mil embarcações e encaminhou 400 delas para inspeção do governo do Líbano. Foram disparados 69 tiros de advertência, destinados a intimidar navios que não obedeceram à ordem de verificação. Segundo o assessor da Unifil, Jean D’Escragnole, “até agora não foi necessário adotar nenhuma medida mais forte”.
A bordo da União seguem fuzileiros navais e mergulhadores de combate, os Grumec, time de forças especiais da Marinha. A fragata é a mais nova das seis – ou sete, se considerada a “Brasil”, convertida em navio-escola – compradas no estaleiro inglês Vosper Thornycroft.
Quatro foram construídas em Portsmouth. As três últimas saíram do Arsenal da Marinha, no Rio. A União é a mais nova, recebida em 1980. Revitalizada entre 1997 e 2003, a frota ganhou recursos eletrônicos atualizados, como um radar com alcance na faixa de 200 quilômetros e um sistema de combate que dá prioridade à ação antissubmarino. Um helicóptero armado Super Lynx é orgânico da F-45.
A fragata volta ao Brasil só em junho de 2012. “Se houver necessidade, o meio poderá ser substituído”, diz Sávio. A Força-Tarefa (FTM) é formada por oito navios – três da Alemanha, mais dois de Bangladesh, um da Turquia, um da Grécia e um do Brasil. O governo de Beirute dispõe apenas de embarcações leves, para patrulha em águas rasas.
O comandante da FTM é o contra-almirante brasileiro Luiz Caroli, apoiado por quatro oficiais e quatro praças, também do Brasil, o seu estado-maior.
Pelo telefone, Caroli disse ao Estado que “o objetivo da missão é colaborar com a paz e dar projeção e protagonismo internacional ao País”. Para o oficial, “trata-se de um trabalho delicado em uma região de grande tensão, uma experiência profissional única, engrandecedora”.
FONTE: Estadão

Petrobrás e Vale vão gerar energia na Antártica

SÃO PAULO - O Brasil será o primeiro país a ter energia elétrica gerada tendo como matéria-prima o etanol no continente antártico. A partir de novembro, a Estação Antártica Comandante Ferraz vai substituir o diesel mineral por etanol hidratado na produção de eletricidade.A iniciativa conta com investimentos de R$ 2,5 milhões vindos de parceria entre a Petrobrás Biocombustível, Vale Soluções em Energia (VSE) e pela Marinha do Brasil.
De acordo com o diretor de etanol da Petrobrás Biocombustível, Ricardo Castello Branco, a iniciativa abre a expectativa de criação de um novo campo de uso para o etanol brasileiro na produção de energia elétrica, além de possuir um forte efeito simbólico. "Queremos desenvolver na geração de energia elétrica limpa o mesmo conhecimento e competência que temos na área de etanol combustível", disse Castello Branco.
O executivo explica que, a partir de novembro, será realizado um teste na estação Antártica que deve durar um ano, para que a utilização de etanol sob condições climáticas extremas seja analisada.
O teste deve consumir 350 mil litros de etanol hidratado, que serão disponibilizados pela Petrobrás, assim como o transporte até a estação. "Desenvolvemos tanques especiais para levar o etanol até lá, construídos sobre trenós para que ele deslize sobre o gelo", explica.
Segundo o executivo, a utilização de etanol para geração de eletricidade pode ser um mercado importante no médio prazo. "Veja a necessidade de energia do Japão, por exemplo. Grandes geradores que funcionem a partir de etanol poderiam suprir parte dessa demanda", disse.
Parceira do empreendimento, a Vale Soluções em Energia (VSE) produziu o gerador, com capacidade de 250 quilowatts. Segundo o presidente da VSE, James Pessoa, esse volume de energia é suficiente para abastecer e iluminar toda a estação de pesquisa na Antártica. A VSE é uma parceria entre a Vale (que detém 53% da empresa) e o BNDESPar (dono dos outros 47%), que investe em pesquisa, desenvolvimento e produção de sistemas de geração sustentável.
Sem aditivo. Pessoa explica que a VSE desenvolveu o gerador que opera com etanol hidratado para geração de energia. "Ao contrário do motor que desenvolvemos para ônibus coletivos que estão sendo testados em São Paulo, o gerador da Antártica não precisa de um aditivo extra e funciona apenas com o etanol hidratado puro", disse.
A VSE também construiu geradores para a Amazonas Energia, da Eletrobrás, para produzir energia elétrica na Amazônia de forma mais limpa e reduzir a utilização de diesel na região.
Em 2012, a presença brasileira na Antártica completará 30 anos, e a expectativa é de que toda a eletricidade gerada durante a cerimônia que será realizada venha do etanol. Uma das prioridades do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é a qualidade ambiental das operações do Brasil na Antártica.
Por meio desse programa, gerenciado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), o Brasil realiza estudos sobre os impactos do aumento da concentração de gases de efeito estufa no planeta, além de pesquisas científicas sobre os fenômenos que ocorrem no continente.