sábado, 14 de maio de 2011

Brasil devassado

Sem um satélite próprio, o País depende de estrangeiros para proteger suas riquezas, fluir informações militares e até controlar o tráfego aéreo




Por Claudio Dantas Sequeira



Apesar dos avanços e recuos, uma das prioridades do governo brasileiro é reaparelhar as Forças Armadas. Pelos planos, em breve o Brasil ganhará um submarino de propulsão nuclear para patrulhar a costa, em especial a região do pré-sal, um grupo de caças de quinta geração para proteger o espaço aéreo do país; e armamentos de última geração para equipar os soldados que monitoram a porosa fronteira brasileira. Como em qualquer país com um poderio militar moderno, o plano do governo prevê que toda a comunicação entre as três forças seja feita via satélite, permitindo a troca rápida e segura de informações. Na teoria, a estratégia de defesa brasileira parece não ter falhas graves e obedece aos procedimentos das melhores forças armadas do mundo. Na prática, no entanto, existe um nó difícil de ser desatado e que, em tese, compromete todo o investimento bilionário que o País se prepara para fazer.



Ao contrário das principais nações desenvolvidas e emergentes do mundo, o Brasil não tem controle nem ao menos sobre um dos quase mil satélites que estão em órbita no mundo hoje. A Índia, por exemplo, tem seis deles dedicados a ela e a China, outros 60. Hoje, todas as informações brasileiras que trafegam pelo espaço – sejam elas militares, governamentais ou de empresas privadas nacionais – passam por satélites privados, controlados por uma única empresa, a Star One, do bilionário mexicano Carlos Slim. Na prática, o Brasil é um simples locador de um retransmissor espacial que tem como função principal gerar lucros para o seu dono. Em uma situação de conflito, seja ele militar ou econômico, em última instância o locador tem o poder de simplesmente cortar o sinal do satélite, fazendo com que todo o moderno aparato militar que o País pretende adquirir se torne completamente inútil.



Desde que o Brasil perdeu o controle sobre seus satélites, com a privatização da Embratel em 1998, nenhum caso semelhante ocorreu. Mas o que preocupa especialistas brasileiros em segurança é a mera possibilidade de que isso venha a acontecer. “Não há como negar, é uma ameaça à segurança nacional”, diz o engenheiro José Bezerra Pessoa Filho, do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e ex-diretor da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB). Sua opinião é compartilhada por diversos analistas e autoridades. “São informações fundamentais para a proteção de milhares de pessoas”, afirma Thyrso Villela, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB).



A dependência a satélites estrangeiros não é um problema restrito à área militar. O governo também depende da boa vontade alheia, ao custo de vários milhões de dólares, para obter dados meteorológicos vitais para a prevenção de desastres naturais como enchentes, furacões e tempestades tropicais. Ficam ameaçadas também a transmissão de dados bancários e as comunicações sobre tráfego aéreo, que em poucos anos terá de ser feito via satélite, conforme determina o padrão internacional. Algumas vozes argumentam que os contratos comerciais firmados pelo governo com empresas de satélites, como a Star One que comprou a Embratel, contêm salvaguardas que garantem a prestação do serviço. Nesse sentido, o descumprimento das cláusulas contratuais prevê multas milionárias. No entanto, numa situação extrema, seja de guerra ou de catástrofe natural, quem vai pagar a fatura pela perda de vidas humanas? O histórico recomenda cautela.



Ao menos em duas ocasiões o Brasil sofreu os efeitos da dependência. Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, um dos satélites meteorológicos que fornecia imagens para o governo foi reposicionado pelos Estados Unidos e deixou de fornecer informações sobre o clima em todo o Hemisfério Sul durante dois meses. Em 2005, por conta do furacão Katrina, os americanos precisaram usar toda a potência de varredura de seus satélites para rastrear o fenômeno, reduzindo a frequência das imagens da América do Sul e do Brasil. “Se fossemos atingidos naquela época por um evento da magnitude do ciclone Catarina, que varreu a região Sul em 2004, ficaríamos no escuro”, afirma Villela, da AEB.



A história de dependência começou com a privatização do sistema Telebrás, em 1998. A Embratel, que operava os satélites BrasilSat, passou às mãos da americana Verizon e depois da América Movil, do magnata mexicano Carlos Slim, dona da Star One. Embora fossem satélites comerciais, o governo brasileiro detinha dois transponders de banda X, exclusivos para comunicações militares, instalados nesses satélites. Com a privatização da estatal, todo o controle passou para as mãos privadas.



Há, logicamente, salvaguardas pelas quais a operação desses satélites é feita somente por brasileiros. Mas os militares não têm controle sobre esses equipamentos, não podem desligar o satélite ou mudar sua posição. “As salvaguardas servem para mitigar o problema da soberania”, reconhece o coronel da reserva Edwin Pinheiro da Costa, chefe da seção de Telemática do Ministério da Defesa e responsável pelo Sistema de Comunicações Militares (Siscomis). Vale lembrar que a Verizon foi arrolada nos EUA numa polêmica sobre fornecimento de dados telefônicos de seus clientes ao FBI e a agências de inteligência do governo.



Uma das diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa (END) é o desenvolvimento do Satélite Geoestacionário Brasileiro, o SGB. Para tirar o projeto do papel é preciso empenho político e recursos financeiros. Uma das tentativas é construir um foguete próprio capaz de lançar o satélite brasileiro. As primeiras tentativas terminaram com a destruição da Base de Alcântara, no Maranhão, após a explosão de um protótipo. O mais próximo que o Brasil chegou para voltar a ter satélites próprios foi uma minuta de intenções para firmar uma parceria com a França. No entanto, as negociações para que o acordo saia estão paradas há dois anos. Enquanto isso, todo o sistema de comunicações do País continua nas mãos do bilionário Carlos Slim.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saiba mais sobre o grupo de elite que matou Osama Bin Laden

Os homens designados para capturar ou matar Osama Bin Laden são parte de uma lendária unidade de forças especiais da Marinha dos Estados Unidos, os seals. Mas quem são eles?




A ação levou anos para ser planejada, mas foi executada em apenas 40 minutos. Mais de dez membros das forças americanas foram deixados perto da casa de três andares e muros altos nos arredores de Abbottabad, no noroeste do Paquistão.



Depois de um breve tiroteio, cinco pessoas foram mortas, incluindo Osama Bin Laden, que segundo relatos levou um tiro abaixo de seu olho esquerdo. Todos os soldados americanos escaparam ilesos, apesar de problemas técnicos com um helicóptero, que foi deixado para trás.




E a despeito dos perigos, coletaram computadores, DVDs e documentos antes de deixar o edifício.

Elite



Do ponto de vista americano, a missão, batizada de Geronimo, dificilmente poderia ter sido melhor, resultado da preparação e das habilidades dos homens que a conduziram.



Embora não tenha havido confirmação oficial, acredita-se que o grupo envolvido na missão tenha sido o Seal Team Six (ST6), oficialmente conhecido como o Naval Special Warfare Development Group, também chamado de DevGru. Eles são um grupo de elite treinado para conduzir operações altamente sigilosas.



Os seals são parte do Comando de Guerra Especial da Marinha e também integram o Comando das Operações Especiais dos EUA. Eles são frequentemente deslocados pelo mundo em operações para proteger os interesses americanos.



Há 2,5 mil seals no total, e o nome (que em inglês significa “focas”) deriva das iniciais dos locais em que estão treinados para trabalhar – mar, ar e terra. Mas a característica pela qual são mais conhecidos é a sua alta especialização para atuar na água.



Suas missões podem ter naturezas bastante diversas e incluem combates, resgate de reféns e ações antiterrorismo.




'Cavalos treinados'



Segundo Don Shipley, que passou duas décadas na Marinha americana como um seal, esses soldados são os melhores dos EUA. “Esses caras que se tornam seals têm visão perfeita, inteligência acima da média e são geneticamente construídos para suportar muita punição, apanhando muito. Esses são os caras que estão preparados para entrar (no treinamento), mas os que saem são como cavalos treinados para correr.”



Costuma-se descrever o treinamento como o mais duro para quaisquer forças em qualquer lugar do mundo. A taxa de desistência varia entre 80% a 85%.



Stew Smith, que foi um seal por oito anos, agora oferece treinamentos físicos no Estado de Maryland para pessoas que cogitam entrar no grupo. Ele diz que os primeiros seis meses de treinamento na unidade, conhecidos como Demolição Básica Subterrânea, são os mais duros. Eles incluem um treinamento que dura 120 horas seguidas e envolve nadar, correr, cursos de obstáculos, mergulho e navegação.



“Nunca pensei em desistir. As pessoas me perguntam por que não, e eu digo que você tem de ir lá com um espírito de competidor, não apenas de sobrevivência”.


Após a conclusão do curso, o soldado torna-se oficialmente um seal e é alocado em uma equipe, mas precisa passar outros 12 meses em treinamento com os novos colegas antes de ser enviado para uma missão, diz Smith. Para ele, o que torna os seals únicos é sua versatilidade. “Por confiarmos no barco e termos uma relação com a Marinha, nós respeitamos a mãe natureza e percebemos que quando se está no meio do oceano, você é só um pontinho.”




Segunda Guerra



Os seals surgiram na Segunda Guerra Mundial e são sucessores de grupos como a Unidade de Demolição de Combate Naval, que se envolveu na invasão do norte da África em 1942.



A criação ocorreu graças a um pacote de US$ 100 milhões aprovado pelo presidente John F. Kennedy para fortelecer as forças especiais americanas. Posteriormente, eles se envolveram no Vietnã, em Granada e no Panamá, onde quatro seals foram mortos ao tentar impedir que o líder Manuel Noriega escapasse. O episódio também ficou conhecido por um incidente alguns dias depois, quando rock em alto volume foi tocado durante dias e noites para forçá-lo a deixar seu refúgio na Cidade do Panamá.



Mais recentemente, os seals foram bastante empregados em missões no Afeganistão e no Iraque. Mas o papel deles na morte de Osama Bin Laden inaugura um novo capítulo na história do grupo.




quinta-feira, 21 de abril de 2011

Projetos de defesa apoiados pela FINEP foram expostos na LAAD

Projetos de defesa apoiados pela FINEP foram expostos na LAAD Inovações brasileiras na área de defesa e segurança são alguns dos destaques da LAAD 2001 (Latin America Aerospace and Defence), maior e mais importante feira do setor, que acontece no Riocentro, Rio de Janeiro, até o dia 15 de abril (sexta-feira). Entre os diversos produtos, entre maquetes, apresentações e protótipos, de mais de 600 expositores, estão uma mostra de projetos financiados pela FINEP.



Nos últimos dez anos, a agência do Ministério da Ciência e Tecnologia, investiu mais de R$ 1 bilhão em pesquisas tecnológicas que resultaram em produtos como o VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado), o Falcão, da Avibrás, os radares SABER M200 e M60, da CTEx, mísseis da Mectron e a Viatura Blindada de Transporte Pessoal Média de Rodas (VBTP-MR), da IVECO.




Segundo o presidente da FINEP, Glauco Arbix, as inovações em defesa e segurança são extremamente relevantes porque ajudam no desenvolvimento de outras áreas do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. Hoje, o Brasil é visto como mercado militar atrativo, já que tem o maior orçamento de defesa da América Latina.



Conforme anunciado pelo Ministério da Defesa, o Brasil encontra-se hoje em processo de aquisição de novas tecnologias para as três força e de busca de empresas internacionais para joint ventures. Também procura parceiros para programas atuais e futuros. Nos últimos seis anos o aumento do gasto militar brasileiro foi de 50%. No mercado da América Latina também houve crescimento significativo no que se refere à compra e importação de equipamentos e serviços na área de defesa. Os países que mais aumentaram seus gastos em defesa foram Brasil, Chile e Venezuela.



A Feira Latinoamericana reúne bienalmente empresas brasileiras e internacionais especializadas no fornecimento de equipamentos e serviços para as três Forças Armadas, polícias, forças especiais, serviços de segurança, consultores e agências governamentais.O evento no Brasil conta com o apoio do Ministério da Defesa, das Forças Armadas e das associações ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança) e AIAB (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil). A feira tem realização simultânea com o III Seminário de Defesa e com o V Simpósio Internacional de Logística Militar. [www.finep.gov.br].

Reportagem do dia 13/04/2010 sobre as novidades que o Exército Brasileiro apresenta na LAAD 2011. Entre elas: Nova família de blindados, nova família de fuzis IA2 e a aquisição de um moderno sistema de deesa antiaérea.



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Fonte: Revista Fator

terça-feira, 5 de abril de 2011

IVECO Cria Divisão de Veículos de Defesa e Investe R$ 75 Milhões em nova Unidade Produtiva em Minas Gerais

Iveco Veículos de Defesa vai cuidar da produção do veículo blindado VBTP-MR – Guarani, desenvolvido em conjunto com o Exército Brasileiro


Área produtiva será construída dentro do complexo industrial da Iveco em Sete Lagoas e ocupará área de 18.000 metros quadrados

Além do blindado, a nova unidade de negócios trabalhará na adaptação especial de caminhões Iveco para o uso militar, como já faz na Europa

Acesse a matéria distribuída pelo Governo de Minas Gerais



A Iveco vai criar uma divisão de veículos militares cuja primeira ação será gerenciar o projeto do VBTP-MR, o veículo blindado anfíbio que a empresa desenvolve em conjunto com o Exército Brasileiro. Nomeada Iveco Veículos de Defesa, a nova divisão começa com um investimento de R$ 75 milhões para a construção de uma unidade produtiva dentro do complexo industrial da Iveco em Sete Lagoas (MG). Uma área de 18 mil metros quadrados será totalmente reformulada para acolher a produção seriada das 2.044 unidades do VBTP já encomendadas pelo Exército e que está prevista para começar no segundo semestre de 2012. A plena carga, a nova unidade vai empregar 350 pessoas, muitas das quais treinadas para tarefas especializadas e raras no mercado, como solda de aço balístico.



A Iveco Veículos de Defesa foi anunciada oficialmente hoje (4/4) ao governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, em evento realizado no Centro Administrativo do Governo do Estado e que teve a participação do Comandante do Exército Brasileiro, General Enzo Peri, entre outras autoridades civis e militares. Na cerimônia, foi apresentado também o primeiro protótipo do VBTP-MR, batizado “Guarani”, que será exibido na Latin America Air & Defence (LAAD), a maior feira militar da América Latina que começa no dia 12 no Rio de Janeiro.



Após ser exibido na LAAD, o protótipo segue para o campo de provas do Exército Brasileiro em Marambaia (RJ), para um período de testes. Ao mesmo tempo, a Iveco Veículos de Defesa iniciará a construção de um lote piloto de 16 veículos previstos no período de desenvolvimento.



A criação da Iveco Veículos de Defesa é um desdobramento natural dentro do momento de ampliação acelerada das atividades da Iveco no Brasil. Desde 2007, a empresa construiu um centro de desenvolvimento de produtos (o primeiro da Iveco fora da Itália), uma nova unidade produtiva de caminhões pesados, um novo centro de distribuição de peças e lançou, no mercado, seis novas famílias de produtos. Nos últimos quatro anos as vendas da Iveco cresceram cinco vezes no País.



“Com a Iveco Veículos de Defesa poderemos não só melhor atender ao nosso parceiro e cliente, o Exército Brasileiro, como também desenvolver novos produtos para o segmento militar, seja para o Brasil, seja para a exportação”, disse Marco Mazzu, presidente da Iveco Latin America.



VBTP GUARANI – DESENVOLVIDO NO BRASIL



O VBTP Guarani é fruto de uma licitação de 2007 promovida pelo Exército Brasileiro e vencida pela Iveco. O projeto total envolverá recursos da ordem de R$ 120 milhões, incluindo a unidade de produção. Além disso, outros R$ 35 milhões serão empregados pela FPT Powertrain, empresa do grupo Fiat Industrial, para a produção do motor diesel de 9 litros a ser utilizado no projeto VBTP (e por outros modelos Iveco).



O primeiro protótipo do VBTP Guarani foi desenvolvido no Brasil por uma equipe conjunta do Exército Brasileiro e da Iveco, além de especialistas da Comau, empresa de engenharia automotiva do Grupo Fiat, num total de 30 pessoas. Boa parte do grupo realizou treinamento especial na Iveco Defence Vehicles, na Itália, uma divisão internacional da Iveco que projeta e produz diversos veículos militares, incluindo modelos similares ao VBTP brasileiro. Neste treinamento foram abordados conhecimentos específicos deste tipo de veículo nas áreas de engenharia, qualidade, logística, compras, tecnologia, funilaria, montagem e pós-venda. Um exemplo são os técnicos em solda de aço balístico da carroçaria do modelo.



O VBTP Guarani é um veículo blindado anfíbio de 18 toneladas e tração 6x6, capaz de transportar 11 militares. Ele mede 6,91 metros de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,34 metros de altura. O veículo possui características inéditas. Modelos deste tipo normalmente possuem carroçaria monobloco, mas o VBTP usa chassi em longarinas de aço, com o que o veículo ficou mais alto em relação ao solo, o que oferece algumas vantagens operacionais, como maior capacidade de proteção anti-minas.



Comparado ao modelo em uso hoje pelo Exército Brasileiro, o VBTP Guarani traz vantagens como proteção blindada superior, maior mobilidade, maior capacidade de transposição de trincheiras, maior capacidade de degrau vertical, maior vão livre, suspensão independente hidropneumática, sistema de freio com disco duplo e ABS. Por dentro tem melhor ergonomia, ar condicionado, GPS, sistema automático de detecção e extinção de incêndio, capacidade de operação noturna de série, sistema de detecção de laser.



Ele pode ser equipado com torre de canhão automático ou de metralhadora, operada por controle remoto. Ele pode ser aerotransportado por um avião tipo Hercules C-130.



O VBTP Guarani servirá, ainda, como plataforma base de uma família de blindados médios de rodas que poderá ter até mais dez versões diferentes, incluindo veículos de reconhecimento, carro de combate, socorro, posto de comando, comunicações, morteiro leve, morteiro pesado, central diretora de tiro, oficina e ambulância.



Boa parte dos componentes do protótipo e do lote piloto de 16 veículos será importada, mas o projeto tem como diretiva elevar o conteúdo nacional acima dos 60%, com o objetivo de reduzir custos de produção e de manutenção. Segundo a Iveco, essa meta pode ser alcançada porque o parque nacional de fornecedores é de alta qualidade em termos de componentes automotivos e motores.A cadeia produtiva deve envolver cerca de 110 fornecedores diretos e até 600 indiretos.



IVECO



A Iveco projeta, produz e vende uma ampla gama de caminhões leves, médios e pesados, ônibus, veículos para aplicações militares, fora de estrada, bombeiros, defesa civil etc. A Iveco emprega 25.000 pessoas e possui 23 fábricas em 10 países do mundo, utilizando excelente tecnologia desenvolvida nos cinco centros de pesquisa e desenvolvimento. A empresa opera na Europa, na China, Rússia, Austrália e América Latina. Mais de 5.000 mil concessionárias e pontos de serviços, distribuídos em 160 países, garantem suporte técnico onde quer que um produto Iveco esteja em serviço.



Fonte - IVECO

sábado, 2 de abril de 2011

Família de Mísseis

O Piranha foi concebido para fazer parte de uma família de mísseis. Ele também teria versões superfície-ar lançadas de terra ou navios além da versão ar-ar. O Exército e a Marinha parecem ter desistido destas versões.




A versão superfície-ar seria semelhante ao Chaparral americano, versão superfície-ar do Sidewinder, que também tem a versão embarcada chamada Sea Chaparral. O Sea Chaparral é usada em navios da Marinha de Taiwan.



A versão terrestre seria montada no blindado sobre lagartas Charrua e usada para defesa de colunas blindadas em movimento. Uma versão mais atual foi proposta para equipar o blindado sobre rodas Urutu. O Exército achou duvidoso o uso de um sistema ainda não testado.



Uma versão rebocada seria usada para defesa de alvos importantes como bases aéreas, postos de comando, pontes, usinas elétricas etc. O MAA-1A Piranha terrestre seria apoiado pelo FILA para vigilância e designação de alvos.



A falta de um sensor IR com capacidade "all aspect" torna o míssil muito limitado nesta tarefa pois só poderia atacar alvos por trás, ou seja, depois que já atacou o alvo. O míssil também sairia mais caro que sistemas dedicados com guiamento CLOS, radar semi-ativo e IR. A primeira proposta do MAA-1A Piranha antiaéreo era equipada com um motor acelerador para compensar a perda de energia usada para acelerar o míssil. O alcance chega a cair em até 70% na versão terrestre. O lançador acima está instalado no blindado CharruaUma versão terrestre do MAA-1A Piranha antiaéreo. A versão terrestre atual com o lançador é chamada SIMDABA (Sistema de Mísseis de Defesa Aérea de Baixa Altitude).

O Piranha também foi proposto para defesa de navios fluviais na Amazônia. A versão naval equiparia os navios da Marinha como fragatas, corvetas e navios de apoio
Por um tempo pensou-se que a fuselagem do Piranha estava sendo usada para um projeto de um míssil anti-radiação chamado MAR-1. O míssil seria equivalente ao SIDEARM (desenvolvido a partir do Sidewinder AIM-9C) e seria usado contra radares de controle de tiro de canhões e mísseis antiaéreos. O MAR-1 mostrado ao público tem uma configuração bem diferente.




Limitações Operacionais



Comparando o MAA-1A Piranha com outros mísseis mais atuais, a conclusão que se chega é que ele já está quase absoleto. O míssil demorou muito para ser desenvolvido e já deveria estar sendo substituído por modelos mais atuais, pois deveria ter entrado em serviço no fim da década de 80 ou início da década de 90.



Enquanto os projetos de mísseis de curto alcance atuais já estão classificados na quinta geração, o MAA-1A Piranha pode ser classificado como sendo de Segunda ou Terceira Geração (e meia).



A segunda geração é caracterizada por só poder engajar alvos por trás e os de terceira geração podem engajar alvos em qualquer quadrante. Por ter características atuais como espoleta laser, processadores modernos, algoritmos mais complexos e ângulos de visada maior que os projetos antigos ele pode ter um adicional. Com as capacidades atuais, o MAA-1A Piranha pode ser considerado apenas um bom projeto de pesquisa e capacitação de pessoal ou servir para ser um míssil de segunda linha para reserva e treinamento.







O potencial de crescimento é limitado. O sistema de navegação não permite realizar manobras agressivas típicas de mísseis de quarta geração nem aproveitar a capacidade de ser apontado muito fora da linha de visada da aeronave (high off-boresight) com miras no capacete (HMD). Com um sensor "all-aspect" o MAA-1A Piranha pode chegar no máximo na terceira geração.



O potencial de exportação também é pequeno. O míssil pode ser até mais caro que outros mísseis mais capazes e o comprador terá que integrar o míssil a uma nova aeronave se não for o F-5, ALX ou AMX.



Como exemplo, temos os mísseis russos vendidos baratos para países que já usam armas russas, principalmente caças. Os americanos devem vender mais de 200 mísseis AIM-9X de quinta geração (quase longo alcance e superagilidade) aos suíços por pouco mais de US$100 milhões e já integrado aos seus F/A-18A Hornet. Um Magic 2 com capacidade "all aspect" e com manobrabilidade maior custa US$220 mil cada. O primeiro lote do 100 mísseis MAA-1A Piranha irá custar US$20 milhões para a FAB ou US$200 mil por míssil.





Por outro lado, os mísseis de Terceira Geração como o AIM-9L e Python 3 não estão absoletos e ainda são de muita utilidade em alguns cenários. Até mesmo a USAF e US Navy irão usar o AIM-9M até 2020 até serem completamente substituidos pelo AIM-9X. Israel comprou um lote de 500 AIM-8M em 2007. Os mísseis de geração mais recente também são muito caros para substituir os mísseis mais antigos na razão de 1:1.



O uso do MAA-1A Piranha nas aeronaves de caça da FAB tem várias limitações:



O F-5E é um caça relativamente pouco manobrável comparado aos caças de última geração e não seria ideal em combate aéreo contra aeronave mais ágeis. A melhor possibilidade de sucesso do MAA-1A seria se aproveitar de táticas furtivas. A tática seria conseguir surpresa num ataque por trás, sem que o alvo faça manobras evasivas ou lance contramedidas. Isto aconteceu na maioria dos engajamentos com sucesso. Os R-99 podem ser usados como fonte de dados para o caça passando os dados direto para o HUD do F-5EM pelo datalink. No caso de perda da surpresa, o MAA-1A teria poucas chances de sucesso contra outro caça de Terceira ou Quarta geração. Um míssil ar-ar de combate aproximado de Quarta ou Quinta Geração seria necessário para garantir sucesso em todos os engajamentos a curta distância.

O AMX usaria o MAA-1A para autodefesa e cai no mesmo problema do F-5. O AMX é uma aeronave de ataque e deve sempre evitar um combate aéreo. Se tiver que lutar, então não conseguiu fugir e não vai conseguir surpresa contra um inimigo provavelmente de capacidade superior que passou pelos caças de escolta. A melhor defesa nesta situação seria um míssil última geração apontado por mira no capacete (HMD), pois permite atacar alvos sem ejetar cargas e sem apontar a aeronave para o alvo.


O A-29A/B também não precisaria do MAA-1A pelos mesmos motivos do AMX no caso de auto-defesa. O uso do ALX para interceptação de vôos ilícitos não justifica o uso de um míssil muito caro contra alvos mais baratos como o caso de pequenos monomotores a pistão. O MAA-1A também tem uso duvidoso em operações anti-helicópteros pois até os mísseis mais modernos tem dificuldades em trancar em helicópteros voando baixo.


No caso do Projeto FX, o MAA-1A estava muito desbalanceado com uma aeronave muito sofisticada como os candidatos do programa FX. Um caça de Quarta Geração precisa ser armado com um míssil ar-ar de última geração. O MAA-1A até que poderia ser uma arma de reserva ou para alvos secundários visto que a FAB não poderia comprar mísseis de última geração em grande quantidade.




A Mectron/CTA/IAE/Avibrás apresentaram a nova configuração do míssil ar-ar MAA-1B (Bravo) durante a LAAD 2007. O míssil usa a estrutura principal da fuselagem, a ogiva e a espoleta de proximidade e impacto do MAA-1A (Alpha), sendo o restante totalmente novo. O novo sensor de banda dupla (UV e IR) tem 80% de nacionalização, com grande capacidade de contra contramedidas, grande capacidade off-boresight (até 90 graus), com um buscador de altíssima velocidade, podendo ser apontada para o alvo pelo radar, pelo capacete do piloto ou ainda realizar busca autônoma. O piloto automático está programado para acompanhamento do tipo "lag pursuit" em um engajamento frontal de forma semelhante ao Python 4.






A configuração é do tipo canard duplo, com quatro canards fixos seguidos de quatro grandes canards móveis. Mais duas aletas foram adicionadas para controle de giro. A retirada dos rollerons sugere que o míssil tem um sistema de piloto automático digital que é necessário para mísseis de grande agilidade. Os atuadores tem o dobro da potência dos atuadores do modelo Alfa e pode puxar 60 g´s. O motor terá novo propelente "sem fumaça" aumentado o alcance em até 50% com impulso de dois estágios que queimam por seis segundos ao invés de dois segundos do MAA-1A. O piloto pode escolher o tipo de modo de operação de acordo com a ameaça, otimizando o desempenho para cada alvo. O comprimento e o diâmetro foram mantidos, mas o peso aumentou um pouco. O software será diferente para que o F-5EM não o perceba como sendo um MAA-1A e não aproveite toda sua capacidade. O sensor IR de antimoneto de irídio e telureto de chumbo tem seis elementos de busca com grande alcance.



O míssil pode ser considerado de Quarta Geração, considerado pelos técnicos como superior ao R-73 russo, mas inferior ao Python 4 israelense, com preço muito inferior aos similares no mercado. O custo previsto é de US$ 250 a 300 mil.





O período de desenvolvimento foi bem mais rápido em função das lições aprendidas com o MAA-1A. O projeto foi iniciado em 2005 com a produção de pré-série está prevista para o segundo semestre de 2008, com testes e homologação para o fim de 2008. A entrada em operação está prevista para 2009. O Projeto MAA-1B recebeu um orçamento de R$ 3 milhões em 2006. Ainda em 2006 foi terminada a oitava etapa do projeto (de 11 no total). A conclusão da décima primeira fase é esperado para para outubro de 2008. A pré-série do MAA-1B deve ficar pronta no terceiro trimestre de 2009 quando serão iniciados os testes. A avaliação operacional deve ser em 2010. Em novembro de 2008 foram realizados os testes de três motores do míssil MAA-1B na Avibrás.



Um lote de Python 5 (ou Python4) para armar os F-5EM/FM ainda está prevista para 2007, junto com a aparência e conceitos semelhantes ao Python 4, que off-sets tecnológicos podem estar sendo usados no MAA-1B. O projeto conjunto do A-Darter, de quinta geração, com os sul-africanos continua e deve terminar por volta de 2015, mas pode ter o projeto acelerado.

Montagem de um sistema antiaéreo montado em blindados com uma versão lançada de terra do MAA-1B com um motor foguete acelerador adicional.




Em 2004, o EB, FAB e MB estavam estudando uma versão lançada do solo do MAA-1 Piranha e o assunto voltou a ser estudado em 2007 sob iniciativa da Mectron. A Mectron provavelmente está interessada em desenvolver uma versão superfície-ar do MAA-1B com desempenho muito melhor e mais adequada para a função. O míssil teria o dobro do alcance do Igla já usado pelo EB e FAB. Um booster pode ser instalado para aumentar o alcance podendo ser usado contra novas ameaças como aeronaves atacando a média altitude com armas guiadas ou pontaria automatizada (CCIP/CCRP) quando estariam fora do alcance da artilharia antiaérea ou mísseis de curto alcance como o Igla, Mistral e Roland (não mais usado pelo EB).


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Rafale mantém estratégia na disputa pelo programa FX-2

Um dos três concorrentes na bilionária licitação para a renovação das unidades de combate da força aérea brasileira, que está adiada por tempo indeterminado, o consórcio Rafale procura ganhar adesões na classe empresarial. Hoje, o consórcio promove um seminário com potenciais fornecedores na Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg). A "joint-venture" das empresas francesas Dassault, Thales e Snecma já promoveu um encontro empresarial no início de fevereiro em São José dos Campos (SP), que concentra 80% da indústria Aeronáutica do país e ainda deve promover seminários no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.




"O diferencial da nossa proposta é a transferência total de tecnologia e estamos agora procurando ampliar os leques de parceiros brasileiros para isso. Já firmamos acordo com 42 empresas que serão nossas fornecedoras caso sejamos escolhidos e é importante montarmos uma rede em vários Estados", disse o coronel da Aviação do Exército francês Jean Marc Merialdo, diretor do consórcio no Brasil e representante da Dassault no conselho de acionistas da Embraer.



A renovação na FAB poderá envolver a troca de 100 aviões e investimentos da ordem de R$ 10 bilhões a até R$ 25 bilhões em trinta anos. O consórcio Rafale foi selecionado durante o governo Lula para participar da disputa que ainda envolve a sueca Saab Grippen e a americana Boeing. Até o fim de 2010, quando o processo foi suspenso a pedido da então presidente eleita Dilma Rousseff, o Rafale era o favorito no meio político, embora a Aeronáutica visse com mais simpatia a proposta da Boeing, já que o caça F-18 Super Hornet é considerado tecnicamente o melhor produto.



Segundo Merialdo, Minas Gerais entrou no foco da Dassault porque o governo estadual tenta estimular a formação de dois polos aeronáuticos. Um é o de Itajubá, onde está instalada a fábrica de helicópteros Helibrás, controlada pela francesa EADS e com participação acionária do governo estadual. O outro, ainda em fase embrionária, é o de Confins, local de uma base aérea e do aeroporto internacional metropolitano. Segundo Merialdo, a rede de fornecedores e prestadores de serviço só poderá ser instalada em locais com alto nível de oferta de mão de obra especializada. "Este projeto irá ocupar pelo menos mil engenheiros por um período longo de tempo."



O caça Rafale está sendo usado na intervenção internacional na guerra civil da Líbia. "Os jatos franceses foram os primeiros a furar o bloqueio da defesa anti-aérea líbia, que era bastante eficiente", disse Merialdo, afirmando ser absolutamente cético sobre a influência que o uso do Rafale em combate poderá ter na decisão da presidente Dilma. "Será possível imaginar que alguém realmente acredita que esta será uma variável importante?", indagou o executivo.



Fonte: Valor Econômico - César Felício