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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

ANGOLA: QUER COMPRAR O NOVO SISTEMA ASTROS DA AVIBRAS

O ministro da Defesa angolano, João Lourenço, conclui nesta quinta-feira (07AGO14), visita de trabalho ao Brasil, iniciada no domingo, para reforço da cooperação bilateral na área militar e de segurança. João Lourenço manteve conversações com o ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, visitou instalações militares e uma unidade da Embraer, fabricante de aviões civis e militares.

Um dos focos de Angola é o novo sistema ASTROS 2020, da AVIBRAS Aeroespacial, e também os aviões Super Tucanos, nos padrões dos usados pelo SIVAM. O desenvolvimento de munições guiadas torna o Sistema ASTROS 2020 um vetor interessante, e com custo-performance, muito interessante para países com requisitos operacionais e recursos mais limitados. Além da grande mobilidade do sistema.

Uma comitiva do Ministério da Defesa de Angola visitou a empresa AVIBRAS e conheceu detalhes referentes ao sistema ASTROS 2020.

Angola encomendou um lote de seis aeronaves  A-29 Super Tucano, que começou a receber em 2013. Agora procura um lote adicional. A Força Aérea Nacional de Angola foi a primeira do continente africano a encomendar e receber o Super Tucano.

Durante o encontro com Celso Amorim, em Brasília, foi reafirmado o acordo de parceria estratégia entre os dois países e o desenvolvimento de programas de cooperação naval, aeronáutica e entre exércitos, ensino e treinamento e indústria de defesa. Amorim convidou o ministro angolano a estar presente na Mostra da Base Industrial de Defesa do Brasil, que se realizará em setembro, em Brasília.

João Lourenço visitou uma exposição de armamento de fabricação brasileira no Quartel General do Exército e o Hospital das Forças Armadas em Brasília. Luanda e Brasília têm procurado estreitar relações na área da Defesa que levaram recentemente à criação do Comitê Interino Conjunto de Defesa, instalado no âmbito do acordo de parceria estratégica.

Em maio último, o comitê esteve reunido em Luanda, com uma pauta dedicada à formação de quadros, operações especiais, missões de paz e saúde militar. Várias empresas do setor de defesa e da construção civil de infra-estruturas têm se aproximado ao governo angolano para instalar escritórios e base de produção avançadas no país, tido com uma boa porta de entrada para o mercado africano.
DECLARAÇÃO CONJUNTA DOS MINISTROS DA DEFESA
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
E DA REPÚBLICA DE ANGOLA

A convite do Governo brasileiro, o Ministro da Defesa da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, manteve reunião de trabalho com o Ministro da Defesa da República Federativa do Brasil, Celso Amorim, em 5 de agosto de 2014, na cidade de Brasília.

Os Ministros da Defesa do Brasil e de Angola reafirmaram seu compromisso no contínuo fortalecimento da cooperação em matéria de defesa entre os dois países, de forma a dar consistência à Parceria Estratégica bilateral.

Os Ministros fizeram um balanço positivo da cooperação bilateral já desenvolvida. Entre outros, citaram os programas de cooperação em defesa nas áreas de:

- extensão da plataforma continental de Angola, concluída em 2012, e cujo Relatório de Submissão à ONU foi apresentado por Angola em 2013;
- saúde militar, objeto de um Memorandum de Entendimento firmado em 2013; - previdência militar e inserção social; e
-lançamento das bases de uma futura indústria de defesa em Angola, objeto de uma Declaração de Intenções, assinada em 2013.

Saudaram o reforço do arcabouço institucional da cooperação bilateral em defesa entre Brasil e Angola, por meio da criação de um Comitê Interino Conjunto de Defesa, em 2013, cuja primeira reunião se realizou em Luanda em maio de 2014. Notaram com satisfação as tratativas para o fortalecimento da cooperação em matéria de defesa nas áreas de fomiação acadêmica, saúde militar, Operações Especiais, Missões de Paz, Operações de Selva, Operações de Garantia da Lei e da Ordem e Simuladores. Neste contexto, o Ministro da Defesa do Brasil apontou com agrado a visita a ser realizada pela comitiva angolana ao Hospital das Forças Armadas do Brasil, na tarde do dia 5 de agosto.

Os Ministros referiram-se, ainda, à estreita cooperação entre Angola e Brasil no tocante à revitalixação da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), bem como no âmbito da cooperação em defesa na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Citaram a realização do exerdcio Atlanlic Tidings em Angola em 2014-2015, bem como o exercício Felino, da CPLP, a realizar-se igualmente em Angola.

Os Ministros reiteraram a importância da contribuição dos dois países nos esforços regionais africanos em prol da segurança marítima no Golfo da Guiné.

A partir dessa sólida base, os Ministros expressaram sua visão sobre a importância do contínuo reforço da cooperação bilateral em defesa, em particuixr nos seguintes eixos:

COOPERAÇÃO NAVAL

Os Ministros saudaram a culminação das consultas e negociações sobre a cooperação brasileira, por meio da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), da Marinha do Brasil, na implementação do Programa de Desenvolvimento do Podo Naval de Angola (PRONAVAL).

Nesse cenário, a parte brasileira procedeu à entrega de projeto de Memorando de Entendimento Técnico no âmbito da cooperação sobre o PRONAVAL, para posterior pronunciamento de Angola. O instrumento inclui cooperação relativa à:

- aquisição de seis navios-patrulha de 500, - construção de estaleiros navais;
 - capacitação de recursos humanos para a construção, manutenção e operação dos navios, estaleiros e sistema de vigilância; e,
- implementação de um sistema de vigilância marítima.

COOPERAÇÃO AERONÁUTICA

O Ministro da Defesa do Brasil convidou Angola a participar, com o envio de observadores A próxima edição, em 2015, do exercício aéreo multinacional CRUZEX, organizado pela Força Aérea Brasileira.

COOPERAÇÃO ENTRE EXÉRCITOS

A parte brasileira expôs elementos do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), em desnvolvimento pelo Exército Brasileiro, tendo o Ministro da Defesa de Angola expressado interesse  em conhecer mais de perto o sistema.

ENSINO E TREINAMENTO

Os Ministros consideram prioritário, no âmbito dos próximm passos da cooperação bilateral em defesa, reforçar o intercâmbio de alunos e instrutores — nos três ramoslforças militares (Exército, Marinha, Aeronáutica).

INDÚSTRIA DE DEFESA

O Ministro Celso Amorim convidou seu homólogo angolano a comparecer à Mostra da Base Industrial de Defesa, em setembro de 2014, em Brasília. Ao acolher o convite, o Ministro João Manuel Gonçalves Lourenço expressou interesse em aproveitar a oportunidade para auscultar as empresas da base industrial de defesa do Brasil sobre oportunidades do instalar-se em Angola, no quadro da implementação da indústria de defesa nacional angolana.

OPERAÇÕES MILITARES DE INTERESSE CíVICO-SOCIAL

Os Ministros concordaram que, , ocasião das próximas operações Ágata, no Brasil, comitiva angolana será acolhi. com vistas a observar a realização das chamadas "Ações Cívico-Sociais", em benefício das populaçdes civis em zonas inóspitas.
Julio Ottoboni
Exclusivo DefesaNet
SEGURANÇA NACIONAL BLOG,SNB

MILITARES EVITAM PARCEIROS PRIORITÁRIOS DA DIPLOMACIA PETISTA

Alguém pode perguntar por que os parceiros estrangeiros preferenciais da Assessoria Internacional da Presidência da República e da parcela do Itamaraty acumpliciada aobolivarianismo sul-americano, não conseguem se afirmar como sócios confiáveis das Forças Armadas e dos industriais brasileiros do setor de Defesa.

Nessa área há certa cooperação com a Rússia (bem menos do que Moscou gostaria) e uma notável indiferença em relação aos programas militares de China e Índia. A colaboração mais promissora é com a África do Sul – concentrada, hoje, no setor de desenvolvimento de mísseis.

A opção do governo chavista pela aquisição de tecnologias militares russa, chinesa e iraniana, produziu um afastamento natural entre os aparatos de Defesa do Brasil e da Venezuela.

Entre os bolivarianos, Argentina e Equador se afiguram como clientes potenciais da Base Industrial de Defesa, mas a capacidade de investimento deles é tão limitada – e sujeita a tantas intercorrências (como a que acontece nesse momento, produto da crise financeira platina) –, que o futuro dos relacionamentos com Buenos Aires e Quito não empolga.

A liderança ideológica exercida pelo historiador Marco Aurélio Garcia, assessor internacional da presidenta Dilma, e pelo ex-embaixador em Caracas Antônio Ferreira Simões – atual chefe dos assuntos relativos às Américas do Sul, Central e Caribe dentro do Ministério das Relações Exteriores – gostaria imensamente que as alardeadas parcerias de Brasília com o BRICS (grupo dos países de economia emergente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e com o Bolivarianismo pudessem reproduzir ambientes de cooperação como os que unem os militares brasileiros à França, Suécia e Estados Unidos. Mas, apesar do empenho pessoal do Ministro da Defesa, Celso Amorim, tal expectativa não encontra amparo na realidade.

Na verdade, o que se verifica é quase um cabo-de-guerra. Os diplomatas e assessores do Executivo petista puxam para um lado; os militares e industriais da área de Defesa puxam para outro.

É isso que explica o desinteresse da Força Aérea Brasileira (FAB) pelo caça multifunção Tejas – que se encontra em fase final de homologação pela aviação militar indiana –, ou a indiferença da Embraer e suas associadas pelo supersônico de combate sino-paquistanês JF-17 e os projetos dele derivados – ou ainda a prudente distância que a Marinha do Brasil guarda da indústria naval russa.

Oficiais da FAB foram convidados a conhecer o programa Tejas, e não ficaram bem impressionados. O aparelho foi oficialmente incorporado ao componente de combate da Força Aérea da Índia em 2013, mas ainda não é completamente operacional. Diferentes testes e avaliações indicaram a conveniência de os militares indianos aguardarem uma versão mais aperfeiçoada da aeronave, que incluirá modificações na capacidade de manobra (em alta performance) do aparelho.

A indústria bélica indiana, que se caracterizou, nas últimas décadas, por implantar programas a partir de projetos russos, tem a fama de apresentar resultados queimando etapas, em busca de uma redução no tempo de desenvolvimento dos seus produtos. Essa metodologia causou sérios problemas durante a construção do “Arihant”, primeiro submarino nuclear do país, e também na fase de acabamento do “Vikramadytia”, um porta-aviões obtido por 942 milhões de dólares junto à esquadra da Rússia. O navio ainda está em fase de aceitação, mas seu custo já cruzou o marco dos 2,5 bilhões de dólares.

Atualmente os indianos tentam vender à Marinha do Brasil o míssil mar-mar BrahMos, que possui uma versão terra-mar, de defesa costeira. O projeto não empolga os chefes navais brasileiros (concentrados em modelos similares fabricados pelo Ocidente), mas é o sonho de alguns almirantes venezuelanos, que gostariam de ver o míssil instalado em seus navios de patrulha oceânica recebidos, na década de 2000, do estaleiro espanhol Navantia.

Em Brasília, militares em postos importantes do Ministério da Defesa não escondem sua predileção pelas tecnologias européia e americana, ainda que elas sejam mais difíceis de se obter, e muito mais caras de se adquirir. O que faz a diferença é o resultado operacional. E o exemplo disso está bem perto de nós. 

Após três anos de decepções, o Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador finalmente decidiu comprar no Ocidente radares de defesa aptos a substituir os modelos CETC-YLC/2V-3D e YLC-18, comprados por 60 milhões de dólares na China, que nunca funcionaram perfeitamente.

A própria aquisição dos helicópteros russos Mi-35, de ataque, pela FAB, gerou, de parte dos compradores brasileiros, muitas reclamações referentes a atrasos na entrega das aeronaves e a um comportamento dos vendedores que, no Brasil, é educadamente resumido como um “pós-venda sofrível”.

A postura das autoridades do Exército e da Força Aérea tem sido a de optar pelo produto russo somente quando não há esperança de o Ocidente fornecer produto similar a preços competitivos – caso da importação já feita dos mísseis antiaéreos Igla, e da negociação em curso para a encomenda de baterias antiaéreas Pantsir S1.

De resto, é preciso ter em mente que, nos últimos cinco anos, o investimento feito pelo segundo governo Lula e pela administração Dilma no reequipamento das Forças Armadas, distanciaram o aparato de Defesa brasileiro dos seus congêneres argentino e venezuelano. Ainda que, nos últimos 12 anos, Caracas tenha incinerado cerca de 14 bilhões de dólares na substituição de equipamentos de origem americana por produtos russos e chineses, além de investir em áreas de pesquisa (para combustível de mísseis e explosivos de alta potência) que contam com o respaldo iraniano. Hoje as Forças Armadas da Venezuela possuem um dos maiores arsenais das Américas, mas, em Brasília, isso não é interpretado, de forma automática, como elevação do nível de preparo militar.

Os caças supersônicos Sukhoi SU-30MK2 comprados pelos venezuelanos à Rússia na década de 2000, ainda requerem manutenção de uma missão técnica russa em território venezuelano, e a entrada em funcionamento dos chamados centros integrados de defesa regional apresentam problemas.

Foi isso que se observou, por exemplo, na terça-feira, 18 de março deste ano, quando um monomotor Cessna 210 suspeito de estar a serviço do narcotráfico invadiu o espaço aéreo venezuelano (procedente de Honduras), foi perseguido por dois caças F-16 e mesmo assim conseguiu escapar.

De nada valeram os esforços do contra-almirante Edglis Herrera Balza, comandante daZona Operativa de Defensa Integral de Falcón (ZODI-Falcón), no norte do país, que acionou um helicóptero Super Puma e embarcações da Guarda Costeira local.

Durante quatro horas a torre de controle do Aeroporto Internacional de Las PiedrasJosefa Camejo e o centro de defesa aérea sediado em Caracas se esforçaram por rastrear o aviãozinho – um modelo com tecnologia da década de 1980 e grande sucesso, por sua simplicidade, entre proprietários rurais. Voando a muito baixa altitude, o Cessna misturou sua silhueta ao relevo e às copas das árvores, conseguindo evadir-se.

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