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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

BRASIL TENTOU ABAFAR CASO DE ESPIÃO DA ABIN

Tânia Monteiro 
Brasília 
 
A operação abafa, que culminou na orientação da direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para que o "agente 008997" pedisse aposentadoria, dividiu o comando do órgão. O diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, e mais um dos diretores, defenderam que não houvesse sindicância e o caso fosse encerrado com o afastamento do servidor, apesar das imagens, fotos e gravações que a contrainteligência tinha obtido. 
 
No entanto, outros dois integrantes da cúpula da Abin queriam a sindicância e um processo administrativo. O assunto foi levado aos superiores, que concordaram com a aposentadoria. A decisão foi chancelada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito, a quem a Abin está subordinada. 
 
O episódio preocupou o Palácio do Planalto, porque ocorreu 110 momento que a presidente Dilma Rousseff cobra do governo dos EUA explicações sobre espionagem no Brasil. O problema é que, enquanto Dilma cobra explicações, integrantes da própria Abin teriam agido de forma irregular e sem punição, com a direção do órgão jogando para "debaixo do tapete" informações "preciosas" por parte de agentes que fizeram o rastreamento. 
 
Mesmo com as evidências de conduta irregular, o "agente 008997" foi "aposentado voluntariamente com proventos integrais", em 17 de dezembro de 2012.0 ex-servidor, então, voltou a morar em Foz do Iguaçu, no Paraná, onde montou, segundo informações obtidas pelo Estado, um escritório que funciona como uma pequena Abin (uma "Abinziha" como descrevem os servidores da Abin). 
 
A desconfiança da contrainteligencia da Abin sobre o agente brasileiro já existia quando ele estava na subchefia da unidade de Foz do Iguaçu, posto que ocupava até ser nomeado, em 28 de julho de 2011 para a Superintendência do Amazonas. A investigação foi aprofundada quando ele chegou a Manaus e tentou acessar - sem necessidade - documentos do escritório de Foz. 
 
Até aí, a operação era de rotina, já que a região de Foz do Iguaçu é o paraíso dos agentes de inteligência, por ser fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai. Na ocasião, nada justificava o fato de o agente continuar mantendo ligação com os americanos e tentar acessar documentos indevidos. 
 
Há gravações do agente brasileiro em jantar com americanos, além de fotos e gravações da conversa ocorrida em agosto de 2012, em Curitiba, Os agentes brasileiros ficaram revoltados com a tentativa de abafar o caso, pois parte de uma lista de informantes daqui pode ter sido repassada para os americanos, deixando toda a rede comprometida. 
ESTADO DE SÃO PAULO ,,,SEGURANÇA NACIONAL BLOG

MILITARES BRASILEIRAS EXALTAM EXPERIÊNCIA DE ATUAR EM MISSÃO NO HAITI

Reconhecida internacionalmente e elogiada no próprio Haiti – onde integra, desde 2004, missão de paz das Nações Unidas (Minustah) –, a atuação militar brasileira no país caribenho é moldada, também, pela crescente participação feminina nas tropas.
Durante os quase dez anos de missão, 75 militares brasileiras já serviram no Haiti. Recentemente, a proporção de mulheres enviadas só tem aumentado. Dezesseis brasileiras compõem o efetivo atual, e outras 16 vão integrar o contingente que desembarca no país em dezembro.
“Sou apaixonada pela carreira militar, tenho fascínio em ouvir o hino nacional e me sinto orgulhosa por estar com a farda”, conta a capitão tenente Gislaine Cantamessa, lotada na base do Grupamento dos Fuzileiros Navais em Porto Príncipe, capital haitiana.
Ali, a médica da Marinha realiza um trabalho fundamental: cuidar da saúde do batalhão, ajudando a mantê-lo preparado para o desafio que a missão militar impõe. “Estou aqui em prol da paz. Mesmo sem estar na rua, ajudando diretamente os haitianos, apoio os militares que garantem a segurança desse povo tão sofrido”, diz.
A major do Exército Fátima da Costa também integra o atual contingente no Haiti. Na função de assistente jurídica, ela se ocupa de processos que abrangem desde a contratação de funcionários haitianos até eventuais acidentes de trânsito envolvendo integrantes das tropas brasileiras.
Segundo a major, a experiência trouxe a dupla oportunidade de trabalhar junto à tropa e conhecer uma nova cultura. “Eu nunca tinha vivido nada parecido. Além de estar em campo, trabalhando com o batalhão, há a convivência com o povo haitiano”, explica. “Consegui fazer amizades e saber como eles vivem. Tudo isso engrandece a minha vivência aqui.”
Tarefas variadas
A rotina das militares brasileiras no Haiti começa cedo. Elas acordam às 6h da manhã com o toque da alvorada. Vinte minutos depois, estão de pé para o treinamento militar, que envolve corrida e alongamento. O expediente vai de 8h às 18h. Aos sábados, trabalham até às 14h.

Dependendo da Força de origem e da função que exercem – além de médicas e assistentes jurídicas, há dentistas, intérpretes, veterinárias e até administradoras –, elas também se revezam em outras atribuições, em esquema de plantão.
“Não há diferença entre homens e mulheres na atividade de peacekeeper [mantenedores da paz]. Ambos cumprem tarefas muito importantes, trabalhando diariamente com grande profissionalismo, responsabilidade e respeito”, diz o brasileiro que comanda os cerca de 7 mil soldados das Nações Unidas que atuam no Haiti, general Edson Leal Pujol.
“As mulheres, assim como os homens, trabalham em todo tipo de atividade, tais como oficial de Estado-Maior, pilotos, mecânicos de helicópteros e veículos, engenheiros, jornalistas, dentistas e médicos, entre outras”, completa o force commander da Minustah.
A tenente do Exército Gizelly Bandeira exemplifica o quão amplo pode ser o leque de atividades desempenhadas no Haiti. Como veterinária, é responsável pelo controle sanitário das três bases militares brasileiras. A atividade envolve a coordenação de ações de higienização e controle de alimentos e o tratamento de água e esgoto, além de outras medidas profiláticas que visam à redução da contaminação do batalhão.
Há anos o país caribenho sofre com condições sanitárias adversas. Dos 9,8 milhões de habitantes, 80% não possuem água encanada, cenário que torna imprescindível a adoção de cuidados capazes de ajudar na prevenção de enfermidades.
O trabalho da tenente, contudo, não se restringe aos desafios sanitários. Ela também gerencia um projeto de reflorestamento na capital Porto Príncipe. Segundo ela, nos últimos quatro meses, 2 mil mudas foram replantadas pelo Exército Brasileiro na cidade.
A iniciativa conta com o apoio da ONG Viva Rio, que tem sede no Haiti, e é prova viva de que aspectos humanitários e de segurança convivem em harmonia na atuação dos brasileiros e brasileiras que atuam na missão.
O que diz a ONU

As Nações Unidas estabelecem, como patamar mínimo, um percentual de 2% na participação de efetivos femininos em tropas que atuam sob sua égide em missões de paz.
Atualmente, dos quase 6.300 capacetes azuis que compõem a Minustah, 184 militares são mulheres (o equivalente a aproximadamente 3% do total). Segundo a porta voz da missão, Sophie Boutaud de La Combe, essa estatística tem se mantido estável nos últimos anos. No entanto, assegura, a ONU examina iniciativas para trazer mais mulheres para o campo.
Segundo o force commander da missão, general Edson Leal Pujol, o primeiro critério para seleção em operações de paz não é o gênero, mas o fato de o interessado apresentar-se como voluntário. Posteriormente, deverá receber instruções e treinamentos adequados, trabalho desenvolvido por cada país.
A triagem daqueles que irão compor o contingente também fica a cargo das diferentes nações. Embora a ONU recomende que os países contribuidores com tropas enviem, ao menos, 2% de mulheres, o quantitativo, assim como o critério de seleção, são decisões soberanas de cada país.
MDF ...SEGURANÇA NACIONAL BLOG

imagens da nova corveta da Marinha

Alide mostra primeiras imagens da nova corveta da Marinha
Apenas duas semanas após o lançamento pelo Centro de Projetos de Navios da Marinha do Brasil da concorrência para a indústria naval desenhar em detalhes (o chamado “Projeto Preliminar e de Contrato”) a nova corveta brasileira, ALIDE apresenta com exclusividade pela primeira vez os detalhes e as imagens que a guiará neste trabalho.
É uma corrida contra o tempo, o início da construção da primeira das quatro corvetas derivadas do projeto da Barroso (V34) já está marcado pelo Planalto para ocorrer em dezembro de 2014 e, até lá, muita coisa terá que ser ainda definida e detalhada neste projeto. Para os políticos de Brasília, mais do que um meio militar, este programa é a coroação do esforço nacional para um desenvolvimento autóctone de navios militares. É o tão cobiçado “Produto Nacional feito com Tecnologia Nacional” e isso tem um claro valor político.
O Centro de Projeto de Navios, localizado dentro do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, desenvolveu sozinho as duas primeiras etapas deste programa: a fase da determinação da exequibilidade dos requerimentos de alto nível do sistema (RANS) e em seguida o seu Projeto de Concepção. Enquanto os vários estaleiros e escritórios de design naval concorrentes montam suas propostas de serviço, o Centro de Projeto de Navios da Marinha do Brasil se encontra em meio ao processo de concluir os desenhos do Projeto de Concepção, o insumo que a empresa vencedora usará para realizar seu trabalho.
A empresa de engenharia a ser contratada preparará o Projeto Preliminar que consequentemente fará parte da documentação do processo de seleção do estaleiro que será contratado para construir o primeiro navio. A decisão e o cronograma de construção dos demais três navios depois dos primeiros testes do navio cabeça de série, a Marinha não deseja de forma alguma repetir os erros da construção das corvetas Classe Inhaúma.
Na CV03 (sigla que da MB significa o “terceiro projeto de corveta”) algumas coisas já são fato, enquanto outras ainda estão sub judice.
Na primeira categoria está aquilo que a Barroso teve de melhor, seu casco. As formas exteriores (hidrodinâmicas) do casco serão rigorosamente as mesmas do modelo atual, as avaliações operacionais da Barroso foram muito satisfatórias e está confirmado que todos os notórios vícios marinheiros das corvetas classe Inhaúma foram devidamente sanados. O comprimento segue o mesmo com 103,40m, a boca, com 11,40m, também não mudou e apenas o calado revelando o impacto do modesto aumento do deslocamento de 2350 para 2480 toneladas.
O casco e a estrutura

Não mudarão o arranjo estrutural da CV Barroso, o espaçamento entre os perfis primários e secundários, o espaçamento entre anteparas estanques e as espessuras de chapas do navio. Já a disposição dos compartimentos no interior do navio foi mexida consideravelmente e poderá evoluir ainda mais após a conclusão do trabalho realizado pelo escritório de design naval ora em contratação.
O espaço interno dedicado à acomodação dos 185 militares aumentará em 30m2 ou cerca de 6%.  Este número grande inclui seus tripulantes, o Destacamento Aéreo Embarcado (DAE), um Estado Maior da Força e um destacamento de mergulhadores de combate (GRUMECs).
Com uma organização de compartimentos mais otimizada, uma das reclamações da tripulação da Barroso será atendida, o corredor longitudinal dos conveses ficará mais reto e também resultará menos obstruídos por caixas e sistemas instalados nas suas paredes. O convés principal passará a fazer parte da estrutura “viga-navio”, dando assim uma maior resistência à sua estrutura. Na Barroso isso não ocorre por que o convés superior tem um “tosamento”, uma mudança da sua inclinação de maneira pronunciada, entre a antepara mais dianteira da superestrutura e o extremo da proa. Esta mudança criará ainda uma melhor utilização dos espaços existentes logo abaixo do convés principal. Foi decidido pelo Almirantado que o novo navio ainda não teria uma proa encoberta como as FREMM e outros navios mais modernos, mas, as tradicionais balaustradas (as grades de alumínio que costumavam circundar a proa) na Barroso ficaram no passado, sendo aqui substituídas por uma “borda falsa”, uma extensão do casco para cima, de forma a impedir que os marinheiros caiam no mar por acidente. O tanque de JP-5, o querosene de aviação para os helicópteros foi expandido, saltando de 29m3 para 33m3 no novo projeto.
Na lateral da nova superestrutura de linhas stealth, exatamente como tantas obras de “fan art” que circularam nos últimos anos nos fóruns militares brasileiras, é perfeitamente lisa para melhor reduzir a “seção-reta-radar” da nova classe.  A antepara exterior localizada abaixo do passadiço, por exemplo, apresenta clara uma inclinação para frente, perfazendo um ângulo de 4 graus em relação ao eixo vertical.
A ré, o convoo foi estendido completamente por sobre a popinha do convés inferior. Permitindo, por consequência, que no novo projeto o hangar seja movido para ré cerca de dois metros quando comparado àquele instalado na Barroso. Numa das mudanças mais radicais, o volume de água para banho, cozinha e sanitários é praticamente seis vezes maior do que o existente na Barroso conforme narrado no artigo de ALIDE sobre a Barroso esta restrição de aguada comprometia fortemente o conforto da tripulação durante os períodos de porto (como tantos na África) em que por acaso não houvesse o fornecimento regular de água potável.
Como parte da superestrutura será fabricada em alumínio, mas, o casco será feito em aço, o edital especifica o uso de “barras cladeadas” que têm um de seus lados feito em  com alumínio e o outro feito com aço. Esta barra permite ao estaleiro construtor soldar com alumínio e com aço ao mesmo tempo com toda simplicidade resolvendo todos os problemas tradicionais da interface entre painéis dos dois metais. O estaleiro INACE usou esta tecnologia nos dois NPa500 da classe Macaé construídos lá. Por sua vez, o estaleiro EISA optou por não usar esta tecnologia nos seus próprios NPas ainda em construção no Rio de Janeiro.
Propulsão
A Marinha inegavelmente estava satisfeita com a propulsão CODOG (combinada diesel e turbina a gás) usada anteriormente na Barroso, no entanto, foi justamente uma análise cuidadosa dos padrões de operação desta última corveta, especialmente do tempo gasto em cada faixa de velocidade, que a permitiu realizar uma decisão importante que quebrou um tradicional paradigma. O estudo apontou de forma inquestionável o fato de que a Barroso, em todos estes seus anos em serviço, usou a sua turbina GE LM2500 em não mais que 4% do tempo! Somando-se isso com a alta velocidade passível de ser conseguida operando os agora quatro motores diesel MTU 16V 1163 idênticos aos da Barroso, não havia maneira de se defender a continuação do uso de uma propulsão com turbina, por mais anacrônico que isso possa parecer a princípio. A retirada da turbina e de sua engrenagem redutora de alta velocidade reduz dramaticamente a faina de manutenção da propulsão, corta os custos de aquisição e de operação de forma notável e simultaneamente reduz as dificuldades de exportação dos navios da nova classe, que com a nova propulsão terá um raio de ação de até 6000 milhas náuticas navegando a uma velocidade econômica de 12 nós.
Hoje, quando os navios da MB estão operando no exterior e não é possível dispor de um navio tanque brasileiro no Grupo Tarefa a preocupação do time de máquinas é o de fazer qualquer coisa para não ter que usar combustível local, potencialmente contaminado de toda sorte de impurezas, uma vez que as turbinas a gás são sempre muito mais vulneráveis a danos por este diesel fora de padrão. A existência dos quatro novos motores diesel, ainda permite que o CHEMAQ eficientemente distribua as horas de uso de cada um destes motores para poder prolongar sua perspectiva de vida útil. Para atingir sua máxima velocidade a nova corveta terá que usar todos os quatro motores diesel em paralelo.
Dentro do princípio de baixa visibilidade, a nova corveta estará equipada com “mufflers” nos dutos de saída dos motores que devem reduzir o ruídos dos motores e um sistema misturador de ar à exaustão que abaixará a temperatura dos gases da propulsão no final da chaminé de mais de 350 graus centigrados para menos de 150 graus.
A engenharia é a arte do possível. Muitas vezes restrições outras impedem a escolha daquela que seria normalmente a melhor opção. A CV03, por exemplo, devido ao uso dos mesmos tanques compensados (permanentemente cheios de diesel e agua salgada) da Barroso não poderá nunca ser 100% “MARPOL compliant”, mas isso, por si só, não pode ser entendido como um defeito crítico e incontornável. É apenas um inconveniente.
Armamento
Segundo o fabricante BAE Systems informou à Royal Navy britânica, 2035 será a data limite para o suporte técnico ao conhecido canhão de proa de 4,5pol Vickers Mk8 usado na Barroso (e das Inhaúmas e Niteróis antes dela). Por isso, não faz sentido usá-lo uma vez mais nas novas corvetas uma vez que a primeira delas só entrará em serviço a partir 2020. Para o seu lugar irá muito provavelmente um canhão mais leve, o Otomelara de 76mm, que infelizmente reduzirá a capacidade da nova classe na atividade de suporte de fogo contra alvos em terra. À ré, sobre o hangar, um outro canhão entre 30 e 40mm será utilizado para a defesa aérea aproximada do navio, mas qual modelo exatamente, ainda não foi definido pela Diretoria de Sistemas de Armas da marinha (DSAM) Mas se nos fiarmos pelas ilustrações unicamente, o Millenium Gun da Rheinmetall (ex-Oerlikon Contraves) da Suíça parece estar agradando, especialmente pelo seu revolucionário sistema de munição AHEAD com a espoleta do projetil sendo programada na exato momento em que ele deixa a extremidade do tubo do canhão.
Nenhuma das corvetas anteriores da Marinha do Brasil foi equipada com mísseis antiaéreos para sua própria defesa orgânica. Isso se deveu não apenas por questões de custos, mas, prioritariamente, pela dificuldade de dispor de espaço adequado no pequeno casco das corvetas para instalar um grande lançador conteirável como o Albatros dos mísseis Aspide, modelo empregado na Niteroi ModFrag. Do período de construção da Barroso até hoje, os diversos lançadores verticais, assim como seus mísseis, se tornaram um padrão universal para navios de todos os portes. A DSAN deve anunciar em meados de novembro o tipo de míssil e de lançador vertical escolhidos para uso nas novas corvetas. Se encontravam em avaliação neste momento cinco sistemas, entre eles o Barak (israelense), o ESSM (americano), o MICA VL (francês) e o Umkhonto (sul-africano). O lançador vertical de um destes mísseis deve ser instalado justamente no espaço criado com a movimentação do hangar para ré.
O design da nova corveta incluiu ainda dois lançadores triplos de torpedos fabricados pela indústria nacional, unidades idênticas àquelas usadas nas Barroso, e ainda, duas lanchas rápidas bem diferentes das baleeiras que originalmente ocupavam os turcos das Inhaúma e da Barroso..
Também em novembro deste ano será batido o martelo no sistema de sensores que embora neste momento tenda para o uso do mastro integrado da Thales Netherlands I-Mast 100 pode acabar por restrição de peso alto E de custo reverter para um mix de mastro tradicional com radares rotativos. A preferência pelo I-Mast na MB mais do que unicamente baseada em seu desempenho e seus alcances, se explica muito mais por ele entregar para o subcontratado (à Thales) absolutamente todas as atividades de compatibilização das antenas emissoras e receptoras, especialmente da resolução dos conflitos e interferências mútuas entre eles, uma atividade complexa e cara de ser realizada. O I Mast 100 é uma versão mais compacta e mais leve do I Mast 400 usado no navio de patrulha oceânica Holland da marinha holandesa. O material entregue pela Thales para a Marinha mostra que sob o I Mast 100 conhecido dos folhetos públicos, será inserido um convés adicional de base quadrada sob ele que permitirá a instalação de ainda mais antenas. Os principais radares do I Mast 100 oferecidos ao Brasil são o radar de busca aérea SeaMaster 40X combinado com o radar de superfície SeaWatcher100. Uma das possibilidades em consideração é a de instalar no I Mast os sensores do sistema de Medidas de Apoio a Guerra Eletrônica Defensor Mk2. Estes mastros seriam montados e parcialmente fabricados sob licença no país pela subsidiária local da Thales, a Omnisys. Já se sabe que a chaminé herdada da Barroso da nova corveta, no entanto, faz uma pequena sombra no quadrante traseiro do navio, detalhe este que terá que ser trabalhado na etapa seguinte do programa.
A decisão rápida da DSAM sobre o armamento e os sensores da nova corveta é crítica para que os projetistas da empresa contratada possam realizar seu trabalho, e especialmente para que se possa começar a construção do navio no momento político desejado.
Operações aéreas
Por instrução do próprio Comandante da Marinha, a nova corveta precisará ser capaz de operar além do AH-11A Super Lynx, do novos helicópteros antissubmarino da Aviação Naval, o Sikorsky MH-16 SeaHawk a despeito disso não constar originalmente nos Requisitos de Alto Nível de Sistema (RANS) aprovados pelo Almirantado. Esta é uma aeronave muito maior que o Super Lynx e por isso também será instalado um sistema de retenção e movimentação da aeronave ASIST (Aircraft Ship Integrated Secure and Traverse) da empresa IDAL Technologies. O ASIST já é empregado em navios da Marinha do Chile, de Cingapura e da Turquia, além da Marinha e da Guarda Costeira americanas. Com isso, o tamanho do DAE poderá ser diminuído uma vez que apenas um militar será necessário para poder movimentar o helicóptero no convoo e ainda tirá-lo e recoloca-lo do hangar.
Eletronica/comando e controle
Devido à velocidade do programa de construção deste primeiro navio deve ser colocado nele o Siconta Mk III, e o Sistema de Controle e Monitoração (SCM) de máquinas, idêntico aos instalados na Barroso, os navios seguintes poderão receber versões mais avançadas destes sistemas. Inclusive o RANS pede que o software de controle do navio possa ser usado para dar bate a um incêndio e que também controle e monitore o sistema de geração e de distribuição de energia a bordo. O IPqM já indicou que pode e deseja agregar estas funcionalidades ao seu SCM o que dispensaria a aquisição e a integração de softwares estrangeiros semelhantes.
As barreiras conceituais
A indústria naval ao receber a documentação da concorrência reagiu de saída ao tamanho de tripulação solicitado pela MB. O número de 185 militares é grande, sendo quase o dobro do número de tripulantes da fragata FREMM francesa, um navio muitíssimo mais complexo e que desloca 6000 toneladas. Para eles, este número de tripulantes quando conjugado com o pequeno tamanho do casco da CV03 automaticamente afetará deleteriamente o nível de conforto da tripulação e a capacidade do navio permanecer no mar por períodos mais longos de tempo. Um Buque de Acción Marítmo (BAM) da espanhola Navantia, por exemplo, desloca 2500 toneladas, algo mais que os 2400 da nova corveta brasileira, mas é tripulado por apenas 35 homens e mulheres. Os BAN, diferentemente das novas corvetas brasileiras, não são equipados para levar um Estado Maior embarcado. Esta tarefa na Armada Española é delegada a outras classes de navios maiores, desde as fragatas Álvaro de Bazán, aos navios de desembarque da classe Galícia, o navio tanque Cantábria e principalmente ao Buque de Projección Estrategica (BPE) Juan Carlos I. Mas como a MB tem uma cultura bem mais tradicionalista e aferrada à sua história ela exige que a maior parte das manutenções dos sistemas embarcados, especialmente as de 1º nível, seja sempre realizada pelos próprios operadores no navio.
Segundo às empresas estrangeiras. o padrão mais moderno no mundo é que times de técnicos baseados em terra, muitas vezes gente terceirizada dos próprios fabricantes, se desloquem até o porto onde o navio entrar (onde quer que isso seja pelo mundo afora) e que ao chegar lá realize a devida manutenção. Segundo eles hoje em dia o tripulante é de longe o item de custo mais relevante. Quanto mais gente a bordo mais custará cada período do navio no mar, e isso é um cálculo relativamente fácil de ser feito. Mas nem tudo está escrito em pedra neste caso.  Aparentemente haverá uma solicitação interna para que o CON reavalie este número de tripulantes e que desta forma isso o traga para baixo, nem que isso represente apenas um corte pequeno. Na questão conforto, a decisão de se usar um casco comprovado, mas de pequeno tamanho e uma grande tripulação acabou tornando impossível a acomodação de uma academia de ginástica para a tripulação manter seu condicionamento físico em longas missões no Brasil e no exterior.
Conclusão
Mais do que apenas mais um navio militar, a futura corveta inaugura para a indústria naval brasileira o que pode ser uma nova família de produtos com real potencial de exportação, focados especialmente para marinhas de países na África e na América do Sul. Em 2010 a Emgepron mencionou abertamente a possibilidade de ofertarmos para exportação um novo navio patrulha desenvolvido a partir do casco de uma fragata Barroso simplificada.  Depois de um longo período de absoluto silêncio, fontes na Marinha contaram a ALIDE que eles se espera concluir o estudo de exequibilidade deste navio, conhecido internamente como “NaPaOc Br”, já em novembro deste ano.

A partir da experiência obtida com a operação dos NaPaOcs britânicos da classe Amazonas, a Marinha decidiu projetar um navio patrulha 100% nacional e de grande semelhança com a CV03, que supere aquele modelo em um número de áreas. Naturalmente, as grandes e mais óbvias vantagens dela fabricar este navio em lugar de mais derivados do Amazonas é que a MB não precisaria pagar royalties e ainda estaria desenvolvendo valiosas novas competências, não apenas na construção mais também na área de projeto de embarcações militares complexas.
Last Updated on Wednesday Felipe Salles
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Tensão no Extremo Norte

James Stavridis* - O Estado de S.Paulo
O general canadense Walt Natynczyk, ex-comandante das Forças Armadas do Canadá, foi certa vez indagado sobre qual seria sua resposta se o Ártico canadense fosse invadido. Com uma leve piscada, ele respondeu: "Se alguém for tolo o bastante para nos atacar no Extremo Norte, minha primeira missão será de busca e resgate".
Deixando de lado o bom humor, o raciocínio foi bem compreendido. A probabilidade de uma operação militar ofensiva e convencional no Ártico é muito baixa, apesar da retórica de alguns comentaristas. Embora ainda sejam muitos os desafios, é provável que a comunidade internacional seja capaz de criar no futuro uma zona de cooperação verdadeira em torno do Círculo Polar Ártico para evitar que a região se transforme numa zona de conflito.
Mas, para evitar tensões, há questões que precisam ser abordadas conforme a concorrência se intensifica na região. Os riscos são conhecidos. Há uma redução nas formações de gelo que cobrem o Ártico, resultado do aquecimento global - a calota polar diminuiu 40% nos últimos 30 anos. Isto significa que recursos minerais e bilhões de barris de petróleo, boa parte das reservas de gás natural ainda não descobertas, e um trilhão de dólares em minerais do leito marinho ficarão mais expostos, que o movimento das rotas comerciais do Ártico aumentará, assim como uma presença maior dos turistas, especialmente no verão. Isto vai trazer problemas, como vazamentos de petróleo, riscos para a fauna, operações de busca e resgate de navios comerciais e turísticos, e zonas de manobra para forças navais dos países do Ártico.
Embora o Tratado do Direito do Mar tente definir certas normas legais, não existe acordo universal regendo essas fronteiras e tem sido difícil solucionar disputas do tipo. Rússia e Noruega chegaram recentemente a um acordo envolvendo um antigo conflito, mas há outras disputas entre Rússia, Canadá e Dinamarca. O potencial de mineração nas profundezas oceânicas do Extremo Norte, bem como as reservas de petróleo e gás, vai, sem dúvida, criar novas discórdias e disputas.
Tudo isso afetará as comunidades indígenas dos vários países que compõem a linha de frente do Ártico. Ainda que o incipiente Conselho do Ártico seja um bom ponto de partida enquanto organização internacional, há disputas envolvendo as regras de participação, com países sem territórios no Ártico (a China, por exemplo) exigindo um lugar à mesa.
O recente aumento nas tensões entre a Rússia e os demais países da frente do Ártico - por acaso, todos eles membros da Otan - não tem ajudado. No momento, EUA, Canadá, Noruega, Dinamarca e Islândia discordam da posição russa em relação a uma série de temas, desde a ocupação da Geórgia até o sistema de defesa antimísseis da Otan, passando pela crise na Síria. Existe a tendência de isso afetar as negociações envolvendo outros temas, reduzindo a cooperação.
Assim, como os EUA poderiam traçar aquilo que os canadenses chamam de política de "baixa tensão no Extremo Norte"? Em primeiro lugar, os EUA precisam se preparar melhor para atuar no norte. Os americanos têm apenas dois navios quebra-gelo na Guarda Costeira, o Healy e o Polar Star, e nenhum deles está em boas condições. Outros países estão fazendo um trabalho muito melhor de construção de navios, aeronaves e sistemas necessários para operações em condições extremas. A Rússia tem, sozinha, dúzias de quebra-gelos e os chineses estão à frente dos americanos.
É preciso investir mais em navios do tipo para que os EUA possam realizar operações de busca e resgate, mapeamento para navegação, pesquisa e desenvolvimento e resposta ambiental durante todo o ano. Ainda que esses navios sejam caros, custando US$ 860 milhões, sua utilidade é inquestionável, levando-se em conta a crescente abertura no gelo. Isso consta na estratégia para o Ártico, publicada recentemente pela Guarda Costeira.
Além disso, os EUA precisam incentivar a cooperação entre diferentes agências no extremo norte. Em segundo lugar, é preciso dobrar a aposta na cooperação internacional por meio do Conselho do Ártico, hoje uma organização de pequena escala, carente de apoio e recursos.
A ratificação do Tratado do Direito do Mar, um tópico permanente na política externa americana, também aumentaria a influência dos EUA no Ártico. Para os americanos, faz sentido trabalhar com o Canadá e seus parceiros da Otan, reduzindo o custo individual para os países. Devemos usar o Conselho do Ártico para garantir que as intenções, movimentações militares e padrões de operação sejam compreendidos, reduzindo a perspectiva de tensões desnecessárias. Há também importantes projetos chamados de "Track II", como a conferência anual promovida pela ArticCircle.org, associação de especialistas que se reuniu na Islândia, na semana passada.
Em terceiro, os americanos precisam trabalhar com os russos no Ártico. Embora sejam inevitáveis os desacertos envolvendo outros temas, é possível que o extremo norte seja uma região de cooperação com Moscou. Demonstramos a capacidade de trabalhar juntos no Afeganistão, combatendo as drogas, o terrorismo, a pirataria e avançando na redução e controle dos arsenais estratégicos. Os americanos devem fazer todo o possível para que isso se torne realidade.
Em quarto lugar, os EUA devem investir uma quantia razoável nos sensores e na tecnologia de mapeamento e monitoramento do Ártico: satélites, voos de reconhecimento e vigilância subaquática. Isso está ligado a investimentos em tecnologias que possibilitem operações seguras e o monitoramento do meio ambiente. Tudo isso deve ser feito de maneira ecologicamente responsável.
Há quase 100 anos, ao comentar sobre o polo oposto, o contra-almirante americano Richard Byrd se disse esperançoso que a Antártida, com seu simbólico manto branco, "brilhe como um continente de paz". Se quisermos criar uma zona pacífica semelhante no Extremo Norte, temos trabalho a fazer.
*James Stavridis é ex-comandante-geral da OTAN.

TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
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