sábado, 20 de abril de 2013

Países expandem rede submarina de transmissão


JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Estado de S.Paulo
Vivendo uma forte expansão no acesso da população à internet, o Brasil está na rota de alguns dos maiores investimentos em cabos submarinos para acelerar a capacidade de transmissão da rede ao País. Mas, ao mesmo tempo, é o pior entre as grandes economias no que se refere ao marco regulatório para o investimento de provedores em novos serviços no setor.
A avaliação é da União Internacional de Telecomunicações (UIT) que, ontem, divulgou um dos seus principais levantamentos e que apontou para uma expansão sem precedentes da internet e das tecnologias de comunicação no mundo.
Entre 1994 e 2010, a média do crescimento do tráfego de dados na web aumentou em 140% ao ano. Apenas nos últimos oito anos, o volume se multiplicou por oito. Entre 2011 e 2016, a previsão é de um aumento em quatro vezes, chegando a 1,3 zettabytes e conduzido principalmente pelos dados em smartphones.
Até 2016, a Ásia terá um tráfego de internet duas vezes superior ao dos Estados Unidos e da Europa. Regiões como a América Latina e a África terão expansões acentuadas.
Para atender a essa nova demanda, o número de cabos submarinos novos instalados quase dobrará até o final deste ano em comparação ao que foi instalado entre 2010 e 2011. Nesses anos, 19 novos cabos começaram a operar, com investimentos de US$ 3,7 bilhões. De 2012 ao fim deste ano, o mundo deve ganhar 33 novos cabos, com investimentos de US$ 5,5 bilhões.
A construção desses cabos é considerada como fundamental. O primeiro cabo a ligar os Estados Unidos à China, inaugurado em 2008, aumentou a capacidade de transmissão de dados entre os dois países em 60 vezes. Agora, um novo cabo ligará os Estados Unidos ao Brasil e à Colômbia, e será instalado ainda em 2013. Outros dois estão programados para serem colocados em 2014, também ligando Brasil, Colômbia, Panamá e EUA.
O
utros dois cabos ligarão o Brasil e a África. Em 2013, o primeiro cabo entre Brasil e Angola começa a funcionar e, em 2014, será a vez de um cabo ligando Brasil e Nigéria, ampliando de forma considerável a capacidade africana de comunicação.
Críticas. Apesar dos investimentos, a UIT alerta que o Brasil "ainda não implementou legislação de proteção de dados", o que poderia causar incertezas para empresas que queiram atuar na transmissão de informações no Brasil. A entidade admite que a Constituição, Código de Defesa do Consumidor e outras leis poderiam ser interpretadas como uma proteção. Mas não disfarça esperar que o Marco Civil da internet seja aprovado.
"A atual falta de legislação não dá uma referência ou certeza a empresas que processam dados pessoais e isso, com casos legais diferentes, potencialmente transformaria os serviços das operadoras em nuvem pouco atraentes", alertou a UIT. Segundo ela, é por essa razão que a consultoria BSA colocou o Brasil como o País menos preparado em termos de serviços de computação em nuvem entre as 25 maiores economias do mundo.
Para a UIT, essa modalidade de serviços será fundamental nas comunicações nos próximos anos. Hoje, ela cresce mais de 22% ao ano e, em 2020, seu mercado movimentará US$ 241 bilhões. Já em 2016, dois terços do tráfego da internet ocorrerá por esse modelo.
A agência internacional não deixa de se surpreender com a expansão dos meios de comunicação. Em 20 anos, o tráfego da rede aumentou 44 mil vezes. No total, o que circulou ao final de 2012 exigiria 200 mil anos de uma conexão discada de internet para ser transmitida.
Por mês, 2013 verá uma expansão no volume equivalente ao tráfego global acumulado entre 1994 e 2003. Ao final do ano, o número de internautas chegará a 2,7 bilhões de pessoas em todo o mundo, enquanto o número de aplicações que serão alvos de download superará a marca de 50 bilhões.
SNB

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