terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Embraer sobe em ranking das empresas de material militar


GENEBRA - O Estado de S.Paulo
Encomendas do governo brasileiro inflam as vendas militares da Embraer e a empresa ganha espaço entre as maiores companhias do mundo. Enquanto a crise global e os cortes nos orçamentos dos ministérios de Defesa de todo o mundo geram uma queda na venda do setor, a empresa nacional segue a tendência contrária à média.
Segundo o Instituto Internacional de Pesquisas de Paz, em Estocolmo, o segmento militar sofreu uma contração em suas vendas de cerca de 5% em 2011 por conta da decisão de algumas das maiores potências militares em reduzir seus gastos diante da crise. Já as vendas da Embraer aumentaram cerca de 30%.
Os dados revelam que as cem maiores empresas militares do mundo realizaram vendas de US$ 410 bilhões em 2011, apenas em armas e equipamentos militares. A lista continua a ser dominada por empresas americanas e europeias. Entre as cem maiores estão 44 companhias dos Estados Unidos, que representam 60% das vendas de armas no mundo. Há também 30 empresas europeias, que respondem por 29% do mercado internacional.
Mas, em 2011, a entidade constatou uma queda na venda de armas, em parte por conta dos cortes de gastos por países, além do adiamento de programas de renovação de arsenais por conta da crise. Na Europa, diversos governos abandonaram programas militares lançados antes da crise da dívida e encomendas de aeronaves e outros equipamentos foram suspensos.
Segundo os especialistas, a redução dos conflitos no Afeganistão e no Iraque, além da sanção na Líbia, também contribuíram para a queda de vendas. Ainda assim, em dez anos, essas empresas aumentaram suas exportações em 51%.
Mas, tomando um caminho oposto ao setor, a brasileira Embraer estaria ganhando espaço entre as maiores empresas militares do mundo. No ranking de 2011, ela já aparece na 81.ª posição entre as maiores fornecedoras de equipamentos militares, 14 posições acima do ranking do ano anterior.
Em 2011, a Embraer vendeu o equivalente a US$ 860 milhões em equipamentos militares, ante um volume de US$ 670 milhões em 2010. Segundo o instituto sueco, 15% das vendas da empresa brasileira - que chegam a US$ 5,8 bilhões - já são para o setor militar.
De acordo com Stephanie Blenckner, uma das especialistas da entidade, o que está garantindo um aumento de vendas da Embraer é justamente as compras realizadas pelo governo brasileiro. "A empresa entregou Super Tucanos e armas modernas aos militares brasileiros em 2011", indicou.
Crise. Empresas como a Lockheed Martin e a Boeing continuam sendo as maiores fornecedores de armas do mundo, ambas com mais de US$ 30 bilhões em vendas apenas em 2011. Cerca de 45% das atividades da Boeing, por exemplo, estão dedicadas às armas. Mas, diante da decisão de governos de cortar seus gastos, algumas das gigantes do setor passaram a adotar estratégias para driblar os cortes. "Produtores de armas estão tentando se proteger das medidas de austeridade", indica Susan Jackson, especialista da entidade em Estocolmo.
Uma das alternativas tem sido a especialização, enquanto outras passaram a optar por incrementar suas vendas em regiões como a América Latina, Oriente Médio e Ásia, onde governos continuariam a gastar com armas.
Outra estratégia das empresas é focar suas atividades em cibersegurança, que começa a surgir como um mercado dinâmico. Gigantes como a Raytheon, BAE System e EADS Cassidian vêm diversificando suas ações nesse campo, justamente para compensar a queda de vendas em armas tradicionais. / J.C.
SNB

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