quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Viagem a Marte será obra de toda a humanidade, diz ex-cosmonauta


Efe
ASTANA - Uma missão tripulada a Marte só será possível com esforço internacional conjunto e com a promessa de um desenvolvimento pacífico do espaço, afirmou o ex-cosmonauta e presidente da Agência Nacional Espacial do Casaquistão, Talgat Musabayev.

"Uma tentativa individual por partes das grandes potências espaciais, como a Rússia, Estados Unidos, União Europeia e a China, seria muito difícil de ser bem sucedida pelo custo elevado. A viagem a Marte deve ser obra de toda a humanidade", explica Musabayev em entrevista à Agência Efe, na capital Casaque.
Para isso, é imprescindível conceber o desenvolvimento espacial "como uma empresa pacífica, que deixe para trás toda sua leviandade militar", incluindo os escudos antimísseis que usam o espaço como base, acrescenta o ex-cosmonauta.
Musabayev é o criador de uma estratégia para retirar seu país do ostracismo espacial, no marco da aprovação de uma lei nesta quarta-feira que irá facilitar o desenvolvimento da tecnologia no cosmos e em comemoração aos seus 20 anos de independência.
O primeiro passo, no entanto, foi dado pelo presidente Casaque, Nursultan Nazarbayev, ao criar em 2006 a Agência Nacional Espacial do Casaquistão, presidida por Musabayev.
Condecorado herói da Federação Russa e do Casaquistão, com a Legião de Honra francesa e atualmente recebendo a Ordem do Primeiro Presidente do Casaquistão, Talgat Musabayev possui o melhor dos expedientes no espaço com suas missões à estação Mir em 1994 e 1998.
Em abril de 2001, foi comandante da nave Soyuz TM-32 que levou à Estação Espacial Internacional (ISS) o primeiro turista do espaço, o milionário americano Dennis Tito.
Agora, o ex-astronauta substitui a emoção dos passeios pelo infinito pela não menos complicada missão de pôr seu país na primeira linha da nova "corrida espacial".
De acordo com Musabayev, o Casaquistão não só conta com quadro de especialistas nesse campo, mas neste país reside a pedra angular das missões espaciais do século passado e, provavelmente, das próximas décadas: Baikonur.
Esta base está em território Casaque e, embora esteja locada à Rússia, representa uma peça chave da estratégia do Casaquistão para desenvolver seu próprio programa espacial, principalmente depois que em 2007 seu Governo assumiu a responsabilidade pelo funcionamento e concessão das imprescindíveis permissões para as missões lançadas ali.
Criada em 1955, Baikonur foi concebida para ser um centro militar para o lançamento de mísseis balísticos, e depois passou a ser a maior base de uso civil do planeta, com uma superfície de 7,6 mil quilômetros quadrados, explicou Musabayev.
"Desde o início foi concebido como um lugar onde imperava segredo absoluto, o que pode ser visto aos muitos nomes que recebeu até 1995, quando passou a se chamar Baikonur", acrescenta.
Em 1957 já havia sido realizado o primeiro teste em suas instalações de mísseis balísticos e neste mesmo ano foi lançado o primeiro satélite ao espaço.
De Baikonur, partiu o primeiro voo espacial orbital, com o lendário Yuri Gagarin em 1961, lembra Musabayev.
"Para ser astronauta, além de uma rigorosa preparação que dura toda a vida, é necessário querer, desejar muito de todo o coração e eu quis desde 1961, quando vi aos dez anos a expedição ao espaço de Gagarin", disse.
Além de Baikonur e da legislação em andamento, o Casaquistão conta com novo centro tecnológico em Astana, dedicado à prova de aparelhos e instrumental espacial, que deve ficar pronto no final de 2013, com o lançamento de vários satélites de última geração.
Neste centro participam diretamente empresas francesas e companhias de outros países europeus.
O objetivo é "o uso pacífico e compartilhado do espaço", que "irá servir de base para aventuras de maiores, como a de Marte", conclui Musabayev.

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