terça-feira, 8 de novembro de 2011

Rússia lança nesta terça-feira sonda para lua de Marte


MOSCOU - A Rússia espera acabar com uma ausência frustrante de duas décadas do espaço profundo com o lançamento, nesta terça-feira, 8, às 18h16 (Horário de Brasília), da ambiciosa missão Phobos-Grunt de três anos para trazer uma amostra do solo de Fobos, uma lua de Marte.
Os cientistas russos sonham em estudar o satélite em forma de batata desde o auge das pioneiras incursões soviéticas ao espaço na década de 1960. A poeira de Phobos, dizem, irá conter pistas para a formação dos planetas do sistema solar e ajudar a esclarecer mistérios duradouros de Marte, incluindo se ele é ou já foi adequado para a vida.
Mas a missão Phobos-Grunt, que vai custar 5 bilhões de rublos (US$ 163 milhões) está sendo assombrada por memórias de fracassos passados nos esforços de Moscou para explorar Marte e suas luas. "Marte sempre foi um planeta inóspito para a Rússia. Os Estados Unidos têm tido muito mais sucesso lá", disse Maxim Martynov, projetista-chefe do projeto da NPO Lavochkin, a empresa líder no setor aeroespacial russo que desenvolveu a missão Phobos-Grunt.
"Se dividirmos esta despesa entre a população russa, cada cidadão teria que pagar US$ 0,10 por ano durante dez anos. Não é muito", garantiu Victor Jartov, designer-chefe da Associação de Produção Científica Lavochkin, segundo agências de notícias russas. 
Se o projeto tivesse sido elaborado pela Agência Espacial Europeia ou pela Nasa, custaria de 300 a 400 milhões de euros, afirmou Lev Zeleni, diretor do Instituto de Estudos Espaciais da Rússia.
A Rússia manteve cosmonautas em órbita durante a década de 1990 e é agora o único país com o ofício de transportar as tripulações da Estação Espacial Internacional. No entanto, o último voo interplanetário de Moscou foi em 1988 - antes do colapso de 1991 da União Soviética.
Aquela missão foi a segunda de duas sondas soviéticas Phobos a falhar, perdendo o sinal a 50 metros da superfície prateada da lua. Em 1996, uma sonda russa para Marte pegou fogo em um lançamento que deu errado.
Enquanto isso, os Estados Unidos já registraram centenas de horas de imagens em Marte, Índia e China enviaram sondas para a lua da Terra e o Japão visitou um asteroide e trouxe amostras.
Depois de tão longa ausência, a missão Phobos-Grunt tornou-se um teste da indústria espacial da Rússia após uma geração de orçamentos limitados. A perda de uma oportunidade de lançamento para a missão em 2009 foi vista como a razão pela qual o ex-chefe da Lavochkin perdeu o emprego.
Este ano, o novo chefe da agência espacial russa disse que Moscou supervalorizou os voos espaciais tripulados e deveria mudar o foco para projetos com maior retorno científico e tecnológico. "Este é realmente um projeto muito difícil, se não o mais difícil interplanetária até agora", disse o cientista Alexander Zakharov, por trás de uma pilha de papéis bagunçados e de uma maquete de Phobos no Instituto de Pesquisas Espaciais de Moscou.
"Nós não temos uma expedição interplanetária bem-sucedida há mais de 15 anos. Nesse tempo, as pessoas, a tecnologia, tudo mudou. É tudo novo para nós, de muitas maneiras estamos trabalhando a partir do zero", disse.
Depois de uma viagem através de muitos milhões de quilômetros, o maior desafio será o pouso da sonda em um mundo desconhecido e sem peso. Os cientistas esperam que a sonda vá tocar um local plano e encontrar chão macio o suficiente para fazer uma raspagem. "Qualquer grande rocha perto da superfície pode fazê-la capotar", disse Zakharov. "Estamos preocupados com cada fase única. É como nosso filho."
Jartov afirmou que cerca de 10 mil pessoas participaram do projeto, e mais de 30 farão parte da tripulação após o lançamento da nave. Além disso, todos os módulos da estação são novos, e nunca foram utilizados antes, informou o designer-chefe. Um dos módulos da nave russa aterrissaria em Fobos, a lua marciana, que, segundo alguns cientistas, foi um asteroide atraído pela força da gravidade de Marte.
O projetista Maxim Martinov lembrou que o voo da nave espacial para Marte durará 11 meses, e o retorno à Terra, de 9 a 11 meses. Na lua marciana funcionaria durante longo tempo uma estação automática que pesquisaria o espaço próximo e o clima do planeta.
O projeto Phobos-Grunt possibilitará testes das principais tecnologias das futuras expedições a Marte, como situações de falta de gravidade e, principalmente, a operação de aterrissagem. As amostras que forem analisadas deverão servir para compreender como os planetas do sistema solar foram formados.
Recentemente, a Agência Espacial Russa (Roscosmos) e a Agência Espacial Europeia assinaram um acordo para utilizar os centros europeus de acompanhamento para guiar a Fobos-Grunt.

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