sábado, 5 de novembro de 2011

Brasil vende o dobro do esperado em títulos e Tesouro capta US$ 1 bilhão


Embora reze a cartilha de esperar momentos de calmaria do mercado internacional para buscar recursos no exterior, o Tesouro Nacional resolveu testar, em plena crise, a atratividade dos títulos públicos brasileiros. Ontem, a equipe liderada pelo secretário Arno Augustin vendeu US$ 1 bilhão em papéis soberanos do país, com prazo de 30 anos. A procura pelo Global 2041 foi tão grande que a oferta inicial, estimada em US$ 500 milhões, foi dobrada. Apesar de o governo não revelar, por motivos estratégicos, a magnitude da procura pelos ativos, o cálculo feito pelos bancos envolvidos na operação é de que a demanda superou os US$ 6,5 bilhões, 13 vezes mais que o inicialmente oferecido.

A captação de recursos foi feita nos mercados norte-americano e europeu, negociada com uma taxa de retorno ao investidor de 4,694% ao ano, o menor percentual já pago por papéis com prazo de 30 anos. No jargão dos financistas, isso significa que o Tesouro vai pagar uma remuneração mais baixa aos seus credores. Para o secretário Augustin, negociações desse tipo são uma prova de que a economia do país, aos olhos do mercado, é sólida. Na semana passada, o técnico havia dito que o governo estudava o melhor momento para lançar os títulos no exterior. Para ele, porém, a hora certa não tinha relação direta com as turbulências na Europa. “O lançamento será provavelmente em dólar, até para deixar claro os nossos fundamentos”, observou na ocasião.

Volume
Os papéis negociados ontem têm vencimento em 7 de janeiro de 2041 e a emissão de foi coordenada pelos bancos Barclays Capital e Bank of America Marril Lynch. A última vez que o Global 2041 foi ofertado no mercado externo, em setembro de 2010, o governo captou US$ 550 milhões, com retorno de 5,202% ao ano para o investidor. A operação realizada ontem foi a segunda reabertura do papel, que deverá ser ofertado também no mercado asiático em mais US$ 100 milhões. Até ontem, o volume desse tipo de ativo na mão dos estrangeiros somava US$ 2,825 bilhões. 

Ao contrário do cenário vivido pelo país há cerca de 10 anos, quando as emissões no mercado externo realizadas pelo Tesouro eram feitas mediante a enorme necessidade de financiamento da economia, atualmente as captações fora do país são feitas com o objetivo de administrar a dívida atual. Por meio desses lançamentos, o governo torna o endividamento da máquina pública mais barato (ao conseguir taxas de retorno menores), alonga os prazos de pagamento e oferece às empresas brasileiras uma referência para que elas emitam seus próprios títulos. 

Crédito rotativo
O grupo de telecomunicações Oi tomou um crédito rotativo de US$ 1 bilhão com prazo de 5 anos em contrato celebrado com um conjunto de nove bancos comerciais multinacionais. Os coordenadores da operação são o Bank of America, HSBC, RBS e Citibank. Também integram a operação as instituições Tokio Mitsubishi, Barclays, Deutsche Bank, Morgan Stanley e Sumitomo Mitsui. “Isso mostra o bom momento do país e da companhia, pois é um sinal inequívoco de que os bancos estão confortáveis com o perfil de crédito da Oi”, afirmou o diretor de Tesouraria da companhia, Bayard Gontijo.

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