sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Incidente naval entre China e Índia faz Ásia temer poderio chinês


Por Ben Bland e Girija Shivakumar | Financial Times, Hanói e Nova Déli
Um navio de guerra chinês confrontou um navio da Marinha indiana logo depois que este deixou águas vietnamitas no final de julho, no primeiro enfrentamento desse tipo relatado entre as marinhas dos dois países no Mar do Sul da China.
A belonave chinesa não identificada exigiu que o INS Airavat, um navio de assalto anfíbio, se identificasse e explicasse sua presença em águas internacionais, pouco depois de este ter realizado uma escala programada no Vietnã, disseram ao “Financial Times” cinco pessoas cientes do incidente.
Esse mais recente exemplo de assertividade naval chinesa irritou autoridades de defesa indianas e vietnamitas. A China reivindica seu direito sobre a totalidade do Mar do Sul da China, rejeitando direitos parciais reivindicados por Vietnã, Brunei, Malásia, Filipinas e Taiwan sobre a região rica em recursos naturais.
“Qualquer marinha do mundo tem plena liberdade para navegar nessas águas ou em alto mar”, disse um oficial indiano ciente do incidente. “É inaceitável que qualquer país proclame a posse ou questione o direito de passagem por qualquer outro país.”
O Ministério de Relações Exteriores do Vietnã confirmou que o INS Airavat visitou o país entre 19 e 22 julho, mas disse não ter informações sobre o incidente. Os ministérios chineses de Defesa e de Relações Exteriores, assim o governo indiano, recusaram-se a comentar o caso.
A projeção da China como potência marítima, especialmente no Oceano Índico, intensificou as preocupações de segurança nacional em Nova Déli, que questionou Pequim sobre o incidente.
O caso também gerou inquietação em Hanói, que acredita ter se tratado de uma provocação deliberada de Pequim, de acordo com diplomatas estrangeiros, que interpretaram o confronto naval como consequência da convicção chinesa de que tem o direito de policiar o Mar do Sul da China.
A China e o Vietnã vêm tentando aparar arestas surgidas desde que Hanói afirmou, em maio, que barcos de patrulha chineses haviam sabotado navios vietnamitas empregados na prospecção de petróleo. Na segunda-feira, o tenente-general Nguyen Chi Vinh, vice-ministro da Defesa do Vietnã, concluiu uma visita de alto nível a Pequim, onde reuniu-se com o general Liang Guanglie, ministro de Defesa da China. As duas partes concordaram em ampliar a cooperação militar e criaram uma linha de comunicação militar direta.
Uma onda sem precedentes de protestos anti-China ocorreu em Hanói em junho, com a clara aprovação de autoridades de segurança vietnamitas. Apenas recentemente o governo reprimiu as manifestações de protesto.

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