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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Otan lança megaoperação contra o Talebã no Afeganistão




A ofensiva visa retomar o controle da cidade, reduto dos talebãs

Tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), sob o comando dos Estados Unidos, lançaram uma megaoperação contra o Talebã que está sendo considerada a maior ofensiva no país desde a queda do regime dos talebãs, em 2001, segundo autoridades americanas.



A operação, na cidade de Marja, na província de Helmand, a 600 km da capital, Cabul, conta com milhares de soldados americanos e afegãos com o apoio de forças britânicas e teve início na madrugada de sábado (tarde de sexta-feira em Brasília). Soldados em helicópteros estão atacando insurgentes na área.



O objetivo é reassumir o controle da cidade, considerada um reduto dos talebãs no sul do país, além de ameaçar o apoio aos militantes na região.



A operação, batizada de Moshtarak (que significa “juntos” no idioma local, pashtun), marca a primeira grande ação militar no Afeganistão desde que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o envio de mais 30 mil soldados americanos ao país.



A cidade de Marja é a maior do sul do país ainda sob o controle do Talebã.



Planejamento



O planejamento começou há várias semanas, com helicópteros da Otan despejando folhetos sobre a região pedindo para que os moradores deixem a área.



Funcionários do governo local dizem que cerca de 35 mil moradores de Marja estariam deixando a cidade e se deslocando para outras partes da província.



No final de semana, em preparação para a ofensiva, o general britânico, Nick Carter, um dos líderes da operação, disse que a ofensiva teria pela primeira vez as forças afegãs envolvidas no planejamento.



Segundo ele, isso foi possível graças à introdução nas forças afegãs de um grande número de homens treinados pela coalizão internacional.



No passado, segundo ele, operações do tipo contra o Talebã fracassaram por não haver um número de soldados locais suficientes para manter a segurança após a expulsão do Talebã.



O comandante da Otan no Afeganistão, general Stanley McChrystal, disse que a operação enviará “um sinal forte de que o governo afegão está expandindo seu controle da segurança”.



O especialista em segurança da BBC Frank Gardner, que está no quartel-general da ofensiva, em Kandahar, diz que os comandantes têm consciência da reputação muitas vezes dúbia das forças afegãs e estão se preparando para monitorar seu desempenho durante a operação.
Disparo simultâneo de Mísseis AASM-IR e MICA-EM


 
Um Rafale disparou pela primeira vez uma bomba guiada AASM e um míssil ar-ar Mica na mesma missão demonstrando a sua flexibilidade operacional .


                                                                  
Um Rafale disparou pela primeira vez uma bomba guiada AASM e um míssil


ar-ar Mica na mesma missão demonstrando a sua flexibilidade operacional     -No dia 27 de Outubro 2009 um caça Rafale pertencente a unidade de ensaios Centre des Expériences Aériennes Militaires (CEAM), em Mont-de-Marsan, disparou em uma mesma missão dois tipos de armas no campo de provas de Biscarosse.




primeiro o caça disparou um AASM-IIR (ar-terra arma modular) equipado com um sensor infravermelho (IIR)para ataque a alvos terrestres. O AASM-IIR atingiu o alvo com a acuracidade esperada após ter sido lançado de mais de 45 km.



O caça então disparou um míssil ar-ar MICA EM (sistema de guia radar) que atingiu um alvo que simulava uma ameaça aérea. Ambos disparos tiveram êxito.



Esses disparos demonstram a abilidade do Rafale em lancer armas de precisão longo alcance e ainda manter a sua capacidade de defesa contra ameaças aéreas.



O AASM-IIR é uma versão avançada da da bomba guiada AASM INS / GPS (sistema de guia inercial/GPS) em uso desde 2008 no Afeganistão.



Como a versão anterior, o AASM-IIR tem um sistema de guia que combina o GPS e INS (navegação inercial) mas incorpora um sistema de guia infravermelho.



Com o sistema de guia híbrido GPS/inercial, a acuracidade obtida é entre 5 a 10 metros. Incorporando um sensor infravermelho a acuracidade aumenta para menos de cinco metros.



Após ser lançada do avião, a AASM-IIR segue para a área cujas coordenadas foram previamente programadas no sistema de navegação inercial. Na fase terminal do vôo, a bomba é guiada até o alvo pela comparação das imagens obtidas com as que foram previamente registradas em sua memória, aumentando assim a precisão do ponto de impacto.




Ambas versões da AASM oferecem a flexibilidade da capacidade do ataque de precisão, enquanto permitem ao Rafale permanecer fora do alcance efetivo das defesas antiaéreas do inimigo, assim incorporando a sua capacidade operacional tanto que pode conduzir operações de apoio aéreo aproximado como missões em profundidade no território inimigo.



O CEAM espera fornecer o AASM-IIR às unidades operacionais no início de 2010.



Uma terceira versão da AASM com guia laser, que será empregada preferencialmente contra alvos móveis está atualmente em desenvolvimento
O AASM (Armement Air-Sol Modulaire) é uma arma guiada de precisão de fabricação francesa, que entrou em serviço operacional em 2006.O programa de desenvolvimento começou em 1997, quando a DGA (direction générale de l’armement) lançou uma concorrência internacional para o projeto da arma. De 31 empresas que participaram, a Sagem levou o contrato no ano 2000.




A primeira campanha de testes começou em 6 de dezembro de 2004, terminando em 26 de junho de 2005. Embora demonstrando excelentes resultados, esta campanha mostrou a necessidade de alterar algumas das características aerodinâmicas da arma.



Em seu estado atual, o AASM é capaz de recuperar a altitude na fase final do voo, a fim de obter um ângulo mais forte com mais energia cinética. Isso é particularmente útil contra alvos duros e bunkers.



A França demonstrou ter uma necessidade operacional de 3.000 unidades da nova arma (2.000 para a Força Aérea e 1.000 para a Marinha). O ASSM existe em duas variantes: décamétrique tout temps (todo tempo com CEP de 10m) e précision métrique jour/nuit (bom tempo dia/noite com CEP de 1m).



A versão précision métrique também usa guiagem por infravermelho e guiagem adicional por GPS/INS da décamétrique tout temps.



Cada Força na França receberá 50% de cada variante. A Índia demonstrou interesse na arma e ela deverá ser exportada para clientes operadores de Mirage 2000 e futuramente o Rafale, ao contrário do SCALP-EG, que tem restrições.



O custo total de desenvolvimento do AASM chegou a 408 milhões de euros.







Características operacionais

O AASM é uma arma ar-superfície do tipo “fire and forget” (dispare e esqueça) e “stand-off”, com alcance de 15km para lançamentos à baixa altitude e 50km em altas altitudes. A arma pode ser lançada do Mirage 2000 e pelo Rafale.



Cada míssil pode ser mirado em alvos independentes, que serão atingidos com uma precisão de 10m na versão de guiagem inercial/GPS e com poucos metros na versão guiada por infravermelho.



O AASM é uma bomba de 250kg que segue em trajetória balística, guiada por um kit de guiagem na frente na traseira. A guiagem é híbrida (filtragem Kalman) combinando a posição dada pelo receptor GPS e os dados inerciais fornecidos por um giroscópio/acelerômetro (IMU = Inertial Measurement Unit).



Quando o AASM é carregado no avião, o sistema “alinha” seu sistema de navegação com o sistema de navegação inercial do avião. O filtro Kalman do AASM passa a operar no modo “alinhamento em voo”.



O “alinhamento em voo” significa que a IMU do míssil recebe os dados de navegação da aeronave e ajusta seus próprios dados “navegando lado a lado”. Se a aeronave transportadora da arma decolar de um navio-aeródromo, o AASM faz um alinhamento similar (”alinhamento no mar”), para coincidir com o sistema inercial/GPS do navio-aeródromo, desenvolvido pela Sagem.



Quando o AASM é disparado, ele é guiado autonomamente através dos sistema de navegação híbrida de um ponto de lançamento, cujas coordenadas foram preparadas juntamente com o plano de voo da aeronave lançadora, usando um sistema digital de planejamento de missão.







Existem outras versões do AASM em estudos para desenvolvimento: um kit para bombas de 1.000kg e 500kg, uma versão guiada a laser e outra por radar. Outros conceitos também estão sendo analisados, como uma versão anti-radar, com data-link, submunição, com cabeça de penetração melhorada e uma versão antinavio.
O bombardeiro vai incorporar todas as tecnologias stealth mais recentes  O ministério russo da Defesa e a Tupolev assinaram um contrato para o desenvolvimento de um bombardeiro de última geração (PAK DA) para a força aérea russa.






O bombardeiro vai incorporar todas as tecnologias stealth mais recentes e substituir 3 tipos de bombardeiros atualmente ao serviço da força aérea russa, todos da Tupolev: o Tu-22M3, o Tu-95MS e o Tu-160. Todos estes aparelhos precisarão ser substituídos, mas a entrada ao serviço do novo avião não deve acontecer antes de 2020.



O bombardeiro será projetado para transportar armamento convencional e nuclear e espera-se que o primeiro voo de um dos seus protótipos ocorra antes de 2015.
Desembarca domingo em São Paulo a maior aeronave do mundo. O modelo Antonov AN 225, ucraniano, estará pela primeira vez na América Latina para transportar três válvulas para a Petrobras. Elas serão levadas a Paulínia por terra.




O NA 225 foi projetado pelo programa espacial soviético. Sua área de carga tem capacidade para o equivalente a 1.500 pessoas.





A chegada da aeronave está prevista para as 9h de domingo, no aeroporto de Guarulhos.







Programação prevista para os voos da aeronave de transporte Antonov An-225 no Brasil, que estará trazendo equipamentos de grande porte para Petrobrás.
Desenvolvido por meio de um convênio entre Brasil, França, Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda e Itália, o satélite CoRoT é um símbolo de sucesso no espaço.




Depois de realizar um dos seus principais objetivos, a descoberta de um exoplaneta (planetas localizados fora do Sistema Solar) com características semelhantes à Terra, a missão do satélite foi prorrogada por mais três anos. O CoRoT deve permanecer no espaço até 2012.



A iniciativa em encontrar outros planetas semelhantes ao nosso se deve à possibilidade de identificar vida extraterrestre. Além de identificar novos planetas, o CoRoT ajuda em estudos sobre estelemotos (equivalente espacial a terremotos).
A Índia pretende testar um novo míssil nuclear com alcance de 5 mil quilômetros, principal cientista militar do país nesta quarta-feira, uma notícia que pode complicar a já volátil situação de segurança na região.




O míssil colocaria a maior parte da China ao alcance da Índia, além de outros alvos a leste e a oeste do país.



“O Agni-5 saiu da prancheta. Pretendemos fazer um voo de teste dentro de um ano”, disse V.K. Saraswat a jornalistas.



A Índia testou com sucesso no fim de semana o Agni-3, com alcance de 3 mil quilômetros, que está pronto para ser incorporado ao arsenal.



Avanços militares da Índia normalmente são respondidos à altura por seu maior rival, o Paquistão. Nova Délhi tem, no entanto, buscado melhorar suas relações com Islamabad, abaladas por causa dos atentados islâmicos de 2008 em Mumbai.



As relações entre Índia e Paquistão, por sua vez, têm influência direta sobre os esforços internacionais para estabilizar o Afeganistão, já que Washington conta com a ajuda paquistanesa para isso, e não deseja que uma ameaça indiana sirva de pretexto para que Islamabad desvie seu foco.



Na semana passada, autoridades indianas e paquistanesas se reuniram em Nova Délhi para decidir a agenda de discussões bilaterais que a Índia propõe que ocorram ainda neste mês.



Analistas dizem que o Agni-5 pode ter mais a ver com a preocupação indiana em relação à ascensão militar chinesa. Os dois países mais populosos do mundo disputam a liderança da Ásia, e uma antiga disputa fronteiriça entre ambos sempre ameaça degringolar para um conflito mais sério.



“A mensagem é que a situação com relação à China é muito frágil, e a Índia está tentando reforçar sua capacidade dissuasória”, disse Brahma Chellaney, professor de assuntos estratégicos do Centro para a Pesquisa Política de Nova Délhi. “Indiretamente, a Índia está alertando a China contra qualquer aventura militar.”



Saraswat disse que o Agni-5 será capaz de transportar uma ogiva nuclear de 1,5 tonelada. “Pode-se reduzir a carga e aumentar o alcance”, explicou
Pois, segundo ele, a China vai avançar ainda este ano sobre o posto do Japão, tornando-se a nº 2, o Brasil “em breve” desafiará Inglaterra e França, e Índia e Rússia não estão muito longe disso. “O verdadeiro sucesso brasileiro foi a tomada de um crescimento ‘inclusivo’”, diz O’Neill, em entrevista ao iG, na qual elogia a estabilidade macroeconômica do País e classifica de “sábio” o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.




Na entrevista a seguir, concedida de seu escritório, em Londres, O’Neill descreve as vantagens e desvantagens de brasileiros, russos, indianos e chineses. Do Brasil, em especial, ressalta o fato de termos, entre os quatro BRICs, a “democracia mais avançada”, indicadores e políticas macroeconômicos “bons e estáveis” e uma demografia favorável ao crescimento sustentado: uma população economicamente ativa que continuará a crescer até 2025.



Mas o economista também faz cobranças. Defende ações mais enérgicas do Brasil contra a corrupção e pede menor intervenção estatal na economia. “A participação dos gastos do governo precisa ser mais controlada em 2010”, sugere.



Jim O’Neill estará no Brasil neste mês. Será uma das principais estrelas de um seminário organizado pela Prefeitura do Rio, destinado a discutir e apresentar propostas para a próxima reunião de cúpula dos BRICs, prevista para abril, em Brasília.



Assunto da moda no debate internacional, o sucesso do grupo de países heterogêneos e jamais concebidos como um bloco fizeram O’Neill e a sua equipe atualizarem o trabalho original. Nove anos atrás, a previsão inicial olhava para 2050, depois reduziu o horizonte para 2041, mais tarde para 2039 e em seguida para 2032. Agora a estrela do Goldman Sachs já fala em 2020. “Esses países deviam me conceder o título de cidadão honorário”, brinca.



Para muitos dos seus críticos, no entanto, o termo não passou de uma peça publicitária concebida para vender mais papéis dos países emergentes após as crises do México, da Rússia e da Ásia. Nesta entrevista ao iG, O’Neill também responde aos críticos: “Não tínhamos ideia de que isso se tornaria tão grande. Mas a realidade vem confirmando nossas previsões”.





iG: O seminário do qual o senhor participará no Rio pretende apresentar proposta de pauta e conteúdo da próxima reunião de cúpula dos BRICs, prevista para abril, no Brasil. O que se pode esperar como avanço dessa cúpula?

O’Neill: Eu acho excelente a ideia de trazer para o líderes dos BRICs e seus conselheiros um conjunto de políticas a serem trabalhadas, e ajudar a executar reformas mais profundas em matéria de produtividade e crescimento sustentado. Imagino que isso possa fazer com que esses países sejam capazes de atuar melhor, tanto separadamente quanto no contexto do G-20.



iG: O senhor tem afirmado que a crise econômica global favorecerá o grupo e vai acelerar as mudanças na economia que garantirão a Brasil, Rússia, Índia e China ocupar um lugar de destaque entre as potências mundiais já em 2020. Dentro dessa projeção, como o Brasil aparece em relação aos demais integrantes do grupo?

O’Neill: O Brasil está numa boa posição. No Goldman Sachs nós calculamos escores numéricos para o crescimento sustentado, um índex que vai de zero a 10 em algumas variáveis que pensamos serem relevantes. O escore do Brasil está em torno de 5.3. Está ao lado da China, que também tem 5.3. Rússia tem 5.1 e Índia 4.0. O Brasil é também o que melhor avançou para que nossa projeção de longo prazo se confirme, a de que todos esses países se tornarão líderes da economia global. Eles terão de trabalhar para crescer mais esses escores. Algo em torno de 7.0 é a nossa sugestão para que eles definitivamente cheguem lá.



iG: Mas para ampliarem esses escores e para que “cheguem lá” em 2020, os quatro países precisarão de reformas ou podem continuar com seus atuais modelos de desenvolvimento?

O’Neill: Todos precisam continuar a ampliar o uso de tecnologia, de computadores e de internet de suas populações. O Brasil, em especial, precisa fazer mais para reduzir a corrupção, impulsionar o comércio internacional e o investimento externo, e reduzir o papel do governo. A Rússia precisa reduzir dramaticamente a corrupção, também impulsionar comércio internacional e o investimento estrangeiro, e ampliar o uso da tecnologia para além da elite. A Índia tem necessidades similares ao Brasil e à Rússia, e também precisa melhorar dramaticamente sua infraestrutura, e crescer consideravelmente os níveis de educação básica e superior. A China precisa continuar a trabalhar para ampliar o uso de tecnologia, também reduzir a corrupção e – seu maior desafio – manter a estabilidade política e social enquanto cresce a riqueza de seus cidadãos.



iG: Quais as vantagens e desvantagens de cada um?

O’Neill: China e Índia apresentam maior vantagem pelo fato de terem mais de um bilhão de habitantes, muitos dos quais ainda estão se urbanizando. Essa é uma grande vantagem para o crescimento. O Brasil tem vantagens no fato de ter uma população jovem e dinâmica, que ainda está crescendo. É também o que tem uma democracia mais avançada, seus indicadores e políticas macroeconômicos são bons e estáveis. Não estou certo de que o fator commodity é necessariamente uma clara vantagem como muitos dizem. É claro que isso ajuda o Brasil para crescer mais facilmente. Mas isso também pode distrair o País de outras coisas.



iG: Por exemplo?

O’Neill: Por exemplo, pode afastar o Brasil da preocupação de ampliar investimentos e produtividade em não-commodities. Os maiores desafios do Brasil, lembre-se, são abrir-se mais para o comércio global e o investimento e reduzir a participação do governo na economia.



iG: E a Rússia? É o patinho feio do grupo?

O’Neill: A Rússia é frequentemente criticada, difamada, mas não é tão fraca quanto muitos dizem. Os preços do petróleo e sua dependência ao petróleo são fatores igualmente positivos e um transtorno, e é claro, comparado com os outros três, sua demografia é fraca. Até 2050, a população economicamente ativa da Rússia vai diminuir 25%. No Brasil, ela continuará a crescer. Esse é um ponto muito importante.



iG: O Goldman Sachs prevê que os BRICs se tornarão potências globais. Ao mesmo tempo, a renda per capita dos países do atual G7 continuará aumentando. Os recursos naturais vão aguentar a pressão de tanta demanda?

O’Neill: Há poucos anos, nós aplicamos nossas projeções para 2050 para os mercados de energia e, em muitos aspectos, isso pode ser considerado como um teste para todos os recursos naturais. Descobrimos que, a partir de 2020, aproximadamente, quando China atingirá um certo nível de tamanho e riqueza, e sua população terá envelhecido, a demanda por recursos vai diminuir drasticamente, bem como o grau de eficiência será mais forte. Portanto, vemos isso como um desafio de 20 anos, e não um problema vitalício.



iG: Os EUA relutam em se comprometer com metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. O uso de energia verde é incompatível com o desenvolvimento?

O’Neill: Eu não acho que seja de todo incompatível, é fato. Se você olhar especificamente a China, fica claro que energias alternativas têm se tornado uma das principais metas de suas políticas. Seu plano para os próximos cinco anos terão metas muito específicas para o uso de energias alternativas. Isso é muito interessante. Esse é outra decepção sobre os EUA, que não pode se organizar nesta área.



iG: A demanda chinesa e indiana por recursos naturais tende a diminuir. Isso pode ser um problema para o Brasil, onde muitos críticos alertam para o risco de o País se tornar um exportador basicamente de commodities. Como o senhor vê esse problema?

O’Neill: Não vejo isso como um problema. As oportunidades de longo prazo para o Brasil estão ligadas à sua economia doméstica, seus 200 milhões de pessoas e sua capacidade de poupar, investir e consumir. O maior problema que o Brasil enfrentou nos últimos 30 anos foi a hiperinflação. O essencial agora é o governo incentivar um ambiente de baixa inflação, baixa taxa de juros e onde as empresas vão querer assumir riscos e investir. Com expectativas baixas de inflação, haverá mais confiança no País.



iG: Muitos economistas brasileiros criticam a expansão de gastos com o presidente Lula. Essa expansão é explicada pela crise? Ou seria possível conter os gastos mesmo num ambiente de turbulência internacional?

O’Neill: O governo Lula tem sido, em geral, muito sábio ao fornecer crédito a empresas e consumidores. O verdadeiro sucesso foi a tomada de um crescimento “inclusivo” e isso deu a ele um grande mandato para o crescimento. No entanto, a participação dos gastos do governo precisa ser mais controlada em 2010. O que o governo brasileiro poderia fazer é não se envolver tanto em assuntos econômicos.