domingo, 14 de novembro de 2010

U-Boot O primeiro submarino

O prezado leitor de ALIDE poderá estranhar o subtítulo desta matéria, mas com o decorrer da leitura, este será compreendido.




É sabido que os alemães conseguiram na II Guerra Mundial, elevar em muito os padrões de engenharia naval, sobretudo na construção de submarinos.

Na I Guerra Mundial, os alemães estiveram muito perto de cortar as linhas de comunicações aliadas, graças à ação dos seus U-boats. Nesta época porém, a engenharia de submarinos estava de certo modo, engatinhando. Estes não podiam ficar submersos por longos períodos, o que fazia de fato que este fosse um submersível e não um submarino. O Grande Almirante Dönitz, comandante da Força de Submarinos Alemã, os chamava “vasos de mergulho”. Após o fim da I Guerra, os alemães ficaram proibidos de construir submarinos pelo Tratado de Versalhes, mas o tratado não mencionou nada sobre a construção em outros países. Era a brecha necessária para que a engenharia naval alemã se mantivesse na vanguarda e quando Hitler assumiu o poder, um vasto programa de construção naval teve início. Mas se a construção de submarinos foi iniciada, sua tecnologia não era muito diferente a do conflito de 1914-1918, com seus aperfeiçoamentos é claro, mas ainda assim os submarinos ainda eram vasos de mergulho, o que não impediu que os comandantes de submarinos alemães na II Guerra obtivessem feitos notáveis. Os aliados estavam em sérias dificuldades nesta segunda Batalha do Atlântico. A maré só virou contra o III Reich com a quebra dos códigos alemães e da captura da máquina de cifrar Enigma, o que permitiu aos aliados, organizar os comboios de modo mais seguro, aumentando o número de submarinos afundados pelos aliados, que também desenvolveram técnicas e equipamentos antisubmarinos, o que exigiu uma resposta dos alemães.





No penúltimo ano da II Guerra, os alemães apresentaram ao mundo algumas armas realmente extraordinárias, dentre elas, os caças Me-262 e Me-163. Isso sem mencionar, foguetes antiaéreos e as famosas V-1 e V-2. É óbvio que a arma submarina teve o seu quinhão de progresso e este veio de modo consagrador, na forma do Tipo XXI, um submarino revolucionário para sua época, anos à frente de qualquer outro modelo, de qualquer país. A concepção do Tipo XXI ocorreu durante a guerra, mas o seu sistema de propulsão revolucionário já tinha sido criado, teoricamente pelo Professor Helmuth Walter (1900-1980). O sistema, hoje conhecido como AIP(Air Indepedent Propulsion) conferiu ao Tipo XXI, a classificação de submarino, de fato. Além dos motores diesel o Tipo XXI usava peróxido de hidrogênio para suas baterias quando submerso. Além disso, tal propulsão permitia velocidades de até 17 nós quando mergulhado, o que permitia fuga ou manobra contra qualquer alvo. Outro dado interessante é o design do casco. Suas linhas, mesmo após 65 anos do fim da II Guerra Mundial, continuam incrivelmente atuais. Não foi a toa que os aliados findo o conflito, caíram como moscas no mel sobre os restos dos estaleiros alemães. O Tipo XXI serviu de base para o desenho de muitos submarinos no pós guerra, notadamente, americanos e russos. Basta comparar o perfil do primeiro submarino nuclear da história, o USS Nautilus, com o Tipo XXI.




Os submarinos do Tipo XXI viram pouco ou nenhuma ação, mas um deles merece destaque. Em abril de 1945 o CC Adalbert Schnee (1913-1982) um veterano agraciado com as Folhas de Carvalho da Cruz de Cavaleiro, deparou-se com um comboio e suas escoltas, que o plotaram, mas simplesmente não conseguiram acompanhá-lo. Poucos dias mais tarde ele encontrou no Mar do Norte, um cruzador acompanhado de vários contratorpedeiros britânicos. Schnee teve a audácia de chegar a 400m de distância de um dos contratorpedeiros sem que sua presença fosse notada.



Somente no pós guerra, quando por coincidência Schnee encontrou-se com o comandante do navio inglês, ao qual ele chegara tão perto é que os ingleses tomaram conhecimento do quão perto estiveram de serem alvejados. A reação inicial dos ingleses foi de descrença. Somente quando os diários de bordo foram comparados é que os ingleses perceberam do que haviam escapado.




O Tipo XXI era armado com 6 tubos na proa, com recarga de 20 torpedos e 2 canhões duplos de 20 mm. A tripulação consistia de 6 oficiais e 52 marinheiros.



Deslocava 1621 toneladas na superfície e 1819 toneladas quando submerso.



Mede 76,7 m de comprimento total e 60,5m mede o casco de pressão e boca de 6,6m.



A propulsão era assegurada por 2 motores de 6 cilindros gerando 4000 HP e 2 motores elétricos que geravam 5000 HP. Tal potência permitia velocidades de 15,6 nós na superfície e 17,2 submersos

Technikmuseum U-boot Willhem Bauer é o único submarino Tipo XXI do mundo. Sua construção começou em 29 de outubro de 1944 e seu lançamento ocorreu em 13 de janeiro de 1945 já com o indicativo U-2540. Em 4 de abril de 1945 o comandante Rudolf Schultze (1922-2000), deu ordens para afundar o submarino. E no fundo do mar ele ficou até 1957, quando foi erguido. Mas ao contrário do que muitos podem imaginar, ele foi erguido não para ser um museu, mas sim para ser operacional. A Alemanha Ocidental já fazia parte da OTAN nessa época e recebeu permissão dos integrantes da organização para operar apenas um submarino e mesmo assim, apenas como submarino de testes. Em 1960 o submarino foi recomissionado com Wilhelm Bauer. E assim ele ficou operacional até 1968, quando foi descomissionado. Durante este período, segundo dados do museu, o submarino justificou plenamente os custos de retirada do fundo do mar e todo o investimento feito para torná-lo operacional. Em 1970 ele foi novamente comissionado como submarino para testes. Em 1982, finalmente foi retirado do serviço ativo e colocado à venda, com a recomendação de que ele fosse usado como museu. No ano seguinte o Museu Marítimo Alemão, junto com a Associação de Patrocinadores do Museu, iniciou negociações para aquisição da nave.


Em abril de 1984, o museu foi aberto ao público.




Chegando lá: Bremerhaven no norte-noroeste da Alemanha. As melhores opções são alugar um carro ou ir de trem, partindo de Frankfurt ou Berlin.

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